Condenado à prisão, Cassol defende impeachment por falta de credibilidade

Condenado a quatro anos e oito meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por fraude em licitações, o senador Ivo Cassol (PP-RO) defendeu a admissibilidade do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff e se apresentou como modelo de administrador público. Além de condenado em última instância, Cassol é réu em outras duas ações e sete inquéritos no STF.

Segundo o senador, condenado em agosto de 2013, Dilma não tem credibilidade para continuar no cargo por causa da denúncia de crime de responsabilidade. Cassol defendeu que o afastamento da petista é necessário e que, se ficar comprovada sua inocência ao final do processo, ela poderá retornar ao Palácio do Planalto.

“Fui prefeito de Rolim de Moura e governador de Rondônia por dois mandatos. Todas as minhas contas foram aprovadas pelo tribunal de contas do meu estado. Como administrador público, fui transparente e zelei pelo uso do recurso público”, discurso em plenário o senador, que se mantém em liberdade e no exercício do mandato há quase três anos à espera da análise de último recurso no Supremo.

“Na vida privada de uma pessoa, de um comerciante ou de um político, tem algo que jamais se pode perder que se chama credibilidade. A partir do momento que um governo perde credibilidade, ele não reconstrói. Além de credibilidade, falta (a Dilma) a junção de um proposito só”, afirmou o rondoniense, que começou a discursar às 5h desta quinta-feira.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já pediu ao STF que Cassol comece a cumprir a pena em regime semiaberto de prisão. Os ministros adiaram no mês passado a análise daquele que é considerado pela acusação o último recurso a que o parlamentar tem direito.

Aécio Neves será investigado na Lava Jato

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de inquérito contra o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, para apurar os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O pedido de abertura de investigação foi feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com base em depoimentos da Operação Lava Jato.

A suspeita é de que o tucano é beneficiário de um esquema de corrupção em Furnas, empresa estatal subsidiária da Eletrobras.
O caso foi inicialmente distribuído ao ministro Teori Zavascki, que relata a Lava Jato no Supremo. Teori, no entanto, não viu relação entre os indícios contra Aécio e os desvios na Petrobras. O pedido foi repassado, então, a Gilmar Mendes. Com o novo inquérito, 24 senadores no exercício do mandato respondem a acusações criminais no Supremo.

O inquérito foi aberto com base nas acusações feitas pelo doleiro Alberto Youssef em delação premiada. Janot também incluiu no pedido de abertura de investigação “fatos novos” a partir dos depoimentos de Delcídio do Amaral (sem partido-MS), senador cassado por quebra de decoro na última terça-feira (10).

O ex-senador afirma que o ex-presidente Lula lhe contou que Aécio lhe pediu a permanência de Dimas Toledo no comando da hidrelétrica. Dimas é apontado como responsável por desvios na estatal.

Aécio é alvo de outro pedido de investigação de Janot baseado em declarações de Delcídio. O ex-líder do governo no Senado afirma que o tucano agiu para alterar dados bancários do Banco Rural na CPI dos Correios, que apurou o mensalão em 2005.