Aliados de Cunha vão rever processo de cassação

Os aliados do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pretendem adiar para agosto, após o recesso parlamentar, a decisão final sobre a cassação do peemedebista, já aprovada no Conselho de Ética da Casa. Nesse sentido, pretendem pedir vistas coletivas, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), ao relatório a ser apresentado na próxima quarta-feira (6) pelo deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF) sobre o pedido de anulação de todo o processo. Pesa contra Cunha o fato de que ele é réu em duas ações penais correlatas na Operação Lava Jato, no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF), uma delas referente ao objeto da denúncia no Conselho contas secretas na Suíça.

O pedido de vistas obrigará o presidente da CCJ, Osmar Serraglio (PMDB-PR), a conceder pelo menos mais uma semana de prazo para as manifestações de outros membros da comissão sobre o mesmo assunto. O fim dos novos prazos coincidirá com o início do recesso, previsto para a segunda semana de julho. Os aliados de Cunha alegam na CCJ que o Conselho de Ética limitou o direito de defesa do parlamentar e tomou a decisão de cassá-lo sem analisar adequadamente os argumentos da defesa.

O pedido de vistas coletivo está previsto no Regimento Interno da Câmara e poderia ser negado, mas as manobras contam com a simpatia de Serraglio, amigo de Cunha. O relator Ronaldo Fonseca também é aliado do presidente afastado e deve acatar o argumento de que o colegiado não permitiu a ampla defesa do peemedebista durante o julgamento.

Mesmo que isso ocorra e Cunha tenha uma decisão favorável ao seu recurso na CCJ, não significa que o assunto estaria sepultado. Segundo as normas da Câmara, basta que um deputado recorra à Mesa Diretora para que a questão seja levada ao conjunto do plenário – no palco das decisões, são necessários 257 votos (metade dos 513 deputados mais um, ou seja, maioria absoluta) para decretar a perda de um mandato parlamentar, em votação aberta. Em tal condição, a pressão da opinião pública pesa contra o peemedebista, ainda mais em ano de eleições municipais.

Ibope: Temer tem aprovação de 13% e desaprovação de 39%

Do Congresso em Foco

O presidente interino Michel Temer foi avaliado como ruim ou péssimo por 39% da população brasileira, segundo a pesquisa CNI/Ibope. O levantamento mostrou ainda que Temer foi considerado bom ou ótimo por 13% dos entrevistados. A pesquisa foi feita em junho e divulgada
ontem (1º) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Este é o primeiro levantamento de opinião popular feito pelo Ibope sobre governo de Michel Temer. Na última pesquisa, referente à presidente afastada Dilma Rousseff, em março, 69% dos entrevistados consideram o governo da petista ruim ou péssimo e apenas 10% aprovavam sua gestão.

A popularidade do presidente interino é maior que a da presidenta afastada Dilma Rousseff, apesar de não representar um número expressivo da população. Entre os entrevistados, 31% aprovam a maneira de Temer governar e 53% desaprovam. No caso de Dilma, no mês de março, 82% desaprovavam a maneira dela governar e 14% aprovavam. Já os que avaliam o governo Temer como regular somam 36%.

Sobre a confiança, 27% does entrevistados confiam no presidente Temer enquanto 66% não confiam no peemedebista. O índice de confiança de Dilma era de 18% e 80% não confiavam na presidenta afastada. Na comparação entre os dois presidentes, 44% dos entrevistados consideram que a gestão Temer está sendo igual a de Dilma, 23% dizem estar sendo melhor e outros 25% avaliaram como pior o governo do peemedebista. Em relação às perspectivas futuras, 35% dos entrevistados acreditam que a gestão Temer ficará entre ruim ou péssima. Outros 24% acham que o governo do PMDB vai melhorar e 32% avaliam que ficará regular.

Corrupção

As notícias sobre corrupção lideram as citações espontâneas da pesquisa, mas 63% sequer lembram de alguma notícia relacionada ao assunto sobre o governo. Dos 37% que responderam, 7% citaram o afastamento de ministros do governo Temer por denúncias de corrupção; 6% lembraram da Lava Jato e 3% citaram a cassação de Eduardo Cunha. Entre os temas lembrados por 2% dos entrevistados estão as manifestações gerais contra a corrupção, os protestos contra Temer, a posse do peemedebista, e a redução do número de ministérios.

Para 40% dos entrevistados, as notícias sobre corrupção são mais desfavoráveis ao governo Temer, enquanto 10% dizem ser piores para Dilma. Aqueles que afirmam não fazer diferença nem para Dilma, nem para Temer somam 25%. Em março, 76% consideravam o noticiário ruim para Dilma.

Temer assumiu o governo em 12 de maio, quando o Senado aprovou a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A pesquisa foi feita entre os dias 24 e 27 de julho com 2.002 pessoas, em 141 municípios. A margem de erro é dois pontos percentuais e, segundo a CNI, o grau de confiança da pesquisa é 95%.