Lava Jato: mais de cem alvos em 120 endereços

As investigações da operação “lava jato” no Supremo Tribunal Federal, onde estão os inquéritos referentes a autoridades com foro privilegiado, já resultaram na quebra de sigilos fiscal, bancário e telefônico de mais de cem alvos, além de operações de busca e apreensão em cerca de 120 endereços. Fora do universo da “lava jato”, porém, casos se arrastam na corte.

O Supremo demorou 12 anos para quebrar os sigilos bancário e fiscal do senador Romero Jucá (PMDB-RR), em um inquérito que investiga desvio de recursos destinados à prefeitura de Cantá, em Roraima.

Além disso, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), até hoje não virou réu num inquérito sigiloso em que foi denunciado por ter tido despesas de uma filha supostamente pagas por uma empreiteira. Maurício Quintella, ministro dos Transportes, é suspeito de superfaturamento e desvio na compra de merenda escolar em Alagoas.

Ex-deputado morto há 6 anos, vira alvo de investigados

Folha de S. Paulo

Ele é constantemente delatado, motiva ações da Lava Jato e vem sendo usado até como bode expiatório pelos suspeitos investigados na operação.

Morto há seis anos, o ex-deputado federal paranaense José Janene, do PP, é figura recorrente em audiências com o juiz Sergio Moro ou em documentos da operação.

Sua presença é tão significativa que seu nome consta na primeira frase da delação do doleiro Alberto Youssef, um dos pivôs do escândalo.

O relato começa com Youssef recordando que virou amigo de Janene em 1997.

Estadão admite: impeachment foi vingança de Cunha

O jornal Estado de S. Paulo admite, no editorial “O entulho começa a ser removido”,  que houve desvio de finalidade na aceitação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff por Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados. Cunha agiu por vingança, por não ter logrado receber votos do PT contra sua cassação no conselho de ética.

“Eduardo Cunha, por sua vez, convive com claras evidências de corrupção desde seus primeiros passos na vida pública. Nem mesmo o grande serviço que prestou ao País com a decisão de aceitar, como presidente da Câmara, o início da discussão do processo de impeachment de Dilma decorreu de um sentimento de grandeza ou da percepção da gravidade do momento. Foi motivado pelo fato de não ter logrado um acordo com o Planalto para evitar o processo de cassação de seu próprio mandato, que sempre colocou a serviço de seus escusos interesses pessoais”, diz o texto.

O editorial também afirma que “é verdade que contra  a presidente afastada não pesa suspeita de ter-se locupletado com a corrupção”.

Temer dá a Dilma acesso às pedaladas fiscais

Folha de S.Paulo 

A presidente afastada, Dilma Rousseff, negociou com o governo interino de Michel Temer acesso a dados que embasem sua defesa no julgamento do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre as contas da administração petista de 2015.

A Folha teve acesso ao conteúdo do acordo que foi fechado entre ambos e assinado pela presidente afastada em 23 de junho.

O protocolo autoriza que o advogado privado dela, Ricardo Lodi Ribeiro, solicite informações à AGU (Advocacia-Geral da União).

Pelo acerto, porém, a liberação dos dados será controlada pelo governo interino, que será responsável por dar prosseguimento aos pedidos e poderá recusá-los caso não sejam relativos às contas governamentais de 2015.

Segundo a Folha apurou, o acordo foi fechado entre o advogado da petista e o atual advogado-geral da União, Fábio Medina Osório.

Como a presidente afastada optou por não destacar um integrante da AGU para sua defesa no TCU, o acesso de sua equipe a dados do governo era limitado.

O protocolo também restringe a utilização pela petista das informações repassadas. Ele inclui cláusula de confidencialidade que delimita o uso dos dados apenas para o processo de defesa.

O acordo define ainda prazo de dois dias para o acesso a informações relativas diretamente à AGU.

No caso de pedidos a outros órgãos federais, cada pasta ficará responsável por estabelecer um prazo.

Serra está nas delações da OAS e Odebrecht

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (PSDB-MG), não é o único presidenciável tucano que pode vir a ser abatido por delações premiadas de empreiteiros (leia aqui sobre o caso Aécio). O chanceler interino José Serra, que também sonha com a presidência da República, está sendo delatado por Léo Pinheiro, da OAS, e Marcelo Odebrecht.

As informações foram publicadas na coluna de Lauro Jardim, mas tratadas com pouco destaque pelo jornal O Globo.

Confira, abaixo, a nota de Jardim, com a resposta de Serra:

José Serra aparece em delações da Odebrecht e da OAS

José Serra já sabe que terá um segundo semestre de cão. Seus problemas nada têm a ver com Nicolás Maduro ou qualquer outro bolivariano, mas com a Lava-Jato.

Serra aparece nas duas megadelações que estão sendo negociadas, as da Odebrecht e OAS. As duas empreiteiras revelarão histórias de propinas em obras públicas nos tempos em que Serra era governador de São Paulo, entre 2007 e 2010.

No caso da OAS, a história a ser relatada gira em torno de uma propina negociada (e paga) diretamente entre Léo Pinheiro, sócio e ex-presidente da empreiteira, e uma pessoa muito próxima de Serra, que dizia falar em nome do então governador.

O rolo com a Odebrecht é relativo ao Rodoanel, a maior obra viária de São Paulo.

A Odebrecht promete detalhar a propina que teria dado a Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, o controverso ex-diretor da empresa que administrava a construção de rodovias no estado.

José Serra dá uma resposta sucinta, sobre o conteúdo das delações: “Não cometi nenhuma irregularidade, tampouco autorizei terceiros a falar em meu nome”.

A premonição do escândalo

O Globo

A devassa da Lava-Jato mudou os critérios para nomeação para os cargos regionais e nos estados. Antes prevalecia a presunção da inocência, agora o que conta é a premonição do escândalo. Esse é um dos motivos, além dos políticos, que retardam a nomeação para os cargos públicos no governo Temer.

A devassa dos serviços de informação é mais rigorosa e o Planalto mais exigente. Isso explica, por exemplo, porque depois de deixar, por razões políticas, a presidência da Eletrosul, Djalma Berger ainda não conseguiu voltar para o cargo.

Irmão do senador Dário Berger (PMDB) e ex-prefeito de São José (SC), Djalma já foi declarado inelegível por oito anos por abuso de poder político e captação ilícita de votos. E, ainda, foi indiciado por fraude em licitação quando era prefeito de São José.

O temor do desgaste também fez o presidente interino, Michel Temer, afastar o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (foto), do comando do Ministério do Planejamento. Temer e Jucá acertaram sua volta para a pasta quando o PGR, Rodrigo Janot, arquivar as investigações contra o senador. Jucá é considerado,  no Planalto, um dos maiores operadores políticos do Congresso, além de suas qualidades como executivo.