Dilma recebe Temer, aliados e Nelson Barbosa

Depois de defender o ajuste fiscal na TV e pedir “paciência” e “compreensão” aos brasileiros, a presidente Dilma Rousseff (PT) dá continuidade nesta segunda-feira, aos diálogos necessários para melhorar o relacionamento com o Congresso Nacional e para avaliar as reações dos vários setores às ações do governo, sobretudo no campo econômico. Pela manhã, Dilma conversa com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP).

O encontro com Temer deve contar também com os seis ministros do chamado núcleo duro do governo – Aloizio Mercadante (Casa Civil) Miguel Rossetto (Secretaria-Geral), Pepe Vargas (Relações Institucionais), José Eduardo Cardozo (Justiça) e Jaques Wagner (Defesa). Ontem, Dilma já havido reunido o núcleo político para discutir os desdobramentos da Operação Lava Jato.

No fim da tarde, Dilma recebe líderes dos partidos aliados no Senado, às 17h30. A reunião de Dilma com parlamentares ocorre depois da divulgação da lista de políticos que serão investigados no âmbito da Operação Lava Jato. A relação foi enviada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal e divulgada na última sexta-feira.

Serão investigados 11 senadores, 26 deputados federais e outras pessoas sem prerrogativa de foro acusadas de participação no esquema. Entre os parlamentares, estão o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Aliados de Dilma atribuem à Lava Jato sua quase derrota

Auxiliares da presidente Dilma Rousseff até hoje atribuem aos desdobramentos da Operação Lava-Jato a redução da diferença entre ela e Aécio Neves (PSDB) no segundo turno das eleições. O primeiro revés foi a divulgação de que, segundo o doleiro Alberto Youssef, Dilma e o ex-presidente Lula sabiam das fraudes na Petrobras. O segundo foi a internação de Youssef em um hospital de Curitiba dois dias antes das eleições. A internação repentina alimentou boatos de que o doleiro, delator do esquema de corrupção, teria sido envenenado por aliados do governo.

As feridas desta campanha e de eleições anteriores deixaram os auxiliares mais próximos da presidente ainda mais desconfiados sobre qualquer assunto relacionado à Polícia Federal. O temor tem ganhado contornos de paranoia. Recentemente, um assessor do Palácio do Planalto se esquivou de um encontro com um assessor da PF com receio de que, se a conversa viesse a público, poderia ser interpretada como uma tentativa de interferência do governo na PF por causa da Operação Lava-Jato.

Com tantas nuances em jogo, a presidente teria resolvido deixar as trocas no Ministério da Justiça e na PF para ocasião menos tensa no futuro.(De O Globo)