Nas redes sociais, FHC rebate denúncia de Cerveró

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso usou as redes sociais, hoje, para rebater a denúncia do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. À Procuradoria-Geral da República, Cerveró disse que a venda da empresa petrolífera Pérez Companc envolveu uma propina ao Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2003) de US$ 100 milhões.

“Afirmações vagas como essa, que se referem genericamente a um período no qual eu era presidente e a um ex-presidente da Petrobras já falecido (Francisco Gros), sem especificar pessoas envolvidas, servem apenas para confundir e não trazem elementos que permitam verificação”, disse Fernando Henrique Cardoso.

Em outubro de 2002, a Petrobras comprou 58,62% das ações da Pérez Companc e 47,1% da Fundação Pérez Companc. Na época, a Pecom, como é conhecida, era a maior empresa petrolífera independente da América Latina. A Petrobras, então sob o comando do presidente Francisco Gros, pagou US$ 1,027 bilhão pela Pérez Companc.

Neste documento, o ex-diretor não explica para quem teria ido a suposta propina ou quem teria feito o pagamento. O ex-presidente disse que as declarações de Cerveró são vagas. “Não tenho a menor ideia da matéria. Na época o presidente da Petrobras era Francisco Gros, pessoa de reputação ilibada e sem qualquer ligação político partidária.”

As informações de Cerveró constam de documento apreendido no gabinete do senador Delcídio Amaral (PT/MS), ex-líder do governo no Senado. O documento com as declarações de Cerveró é parte do resumo das informações que o ex-diretor prestou à Procuradoria-Geral antes de fechar seu acordo de delação premiada. O papel foi apreendido no dia 25 de novembro, quando Delcídio foi preso sob acusação de tramar contra a Operação Lava Jato. O senador, que continua detido em Brasília, temia a delação de Cerveró.

Cerveró delata propina a Jaques Wagner, segundo jornal

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Do Congresso em Foco

O ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró afirmou que o atual ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner (PT), recebeu “um grande aporte de recursos” para sua campanha ao governo da Bahia, em 2006, por meio do então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. A informação é do jornal Valor Econômico.

Segundo a reportagem, as declarações de Cerveró às quais o Valor teve acesso foram encontradas em um conjunto de documentos apreendidos pela Polícia Federal no gabinete do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), preso desde novembro por tentar obstruir as investigações da Lava Jato. Esses documentos foram usados para compor a delação premiada de Cerveró.

Em um dos anexos, o ex-diretor da área internacional da estatal afirma que os recursos do suposto caixa dois para a campanha do petista vieram de operações de trading atribuídas a Gabrielli e ao seu antecessor na presidência, José Eduardo Dutra, ex-senador petista falecido ano passado. Outra parte, segundo ele, decorreu da transferência de parte do setor financeiro da Petrobras do Rio para Salvador. De acordo com Cerveró, não havia justificativa para a transferência, determinada por Gabrielli, que também é do PT da Bahia.

Ainda de acordo com o Valor, Cerveró disse que as informações sobre dinheiro enviado para a campanha de Wagner, em 2006, foram da ex-ouvidora-geral da Petrobras Maria Augusto (já falecida) e do ex-chefe de gabinete de Gabrielli Armando Tripodi.

O documento da delação de Cerveró apreendido no gabinete de Delcídio também sustenta que os desvios para a campanha de Wagner eram de “conhecimento notório de todos os diretores da Petrobras”.

A obra do prédio da estatal em Salvador ficou a cargo do fundo de pensão da Petrobras, o Petros, também alvo de investigação da Lava Jato. O Petros contratou a Odebrecht e a OAS para a construção, as duas empreiteiras também são acusadas de participar do esquema de corrupção e cartel na estatal.

Em nota ao Valor, Gabrielli repudiou “mais uma vez, o método utilizado para obtenção e o conteúdo das acusações levantadas através de vazamentos seletivos de delações premiadas”.

“O trecho citado no vazamento da delação, de posse do jornal e sem que eu tenha tido acesso a ela, fala de pessoas já falecidas, como a ex-ouvidora geral da Petrobras e do meu ex-chefe de gabinete, que nega a informação veiculada”, disse Gabrielli. “Nem há uma acusação explícita, até pelo próprio delator, segundo a parte do material a que o jornal se refere, sobre minha participação direta nos pretensos fatos delatados”, acrescentou o ex-presidente da Petrobras (leia aqui).

Jaques Wagner, segundo o Valor, não se manifestou sobre o assunto.

Ontem, em nota, o ministro disse estar “absolutamente tranquilo” em relação às mensagens interceptadas pela Polícia Federal trocadas entre ele e o ex-presidente da OAS José Aldemário Pinheiro Filho, mais conhecido como Léo Pinheiro. Jaques Wagner também criticou a “prática de vazamento de informações preliminares e inconsistentes” da Operação Lava Jato, o que, segundo ele, não contribui para o andamento das apurações.

De acordo com o Estadão, diálogos indicam que o ministro da Casa Civil ajudou executivo da OAS a negociar liberação de verba quando era governador da Bahia.

Segundo a reportagem, que teve acesso aos diálogos obtidos pelos investigadores em Curitiba e remetidos à Procuradoria-Geral da República, há conversas diretas entre os dois e também de interlocutores do governo baiano na segunda gestão de Wagner (2011-2015). A suspeita é de que parte dos contatos tenha sido feita para tratar de doações de campanha para a candidatura de Nelson Pellegrino (PT) à prefeitura de Salvador em 2012.

Teori Zavascki nega liminar para revogar prisão de Cerveró

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Do Estadão Conteúdo

O ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), negou em caráter liminar (provisório) a revogação da prisão do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró. Preso preventivamente desde janeiro, Cerveró já foi condenado em dois processos, a 12 e a 5 anos de prisão.

Ao STF, a defesa alegou, entre outros pontos, que a prisão preventiva está fundamentada apenas em “presunções” contidas em declarações prestadas por outros réus que fizeram delação premiada e que Cerveró sempre esteve à disposição das autoridades. Os advogados de Cerveró também sustentam que o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR) expediu um novo decreto de prisão no início do ano para “evitar a soltura”do ex-diretor, o que torna o decreto de prisão ilegal.

Cerveró negocia com o Ministério Público Federal um acordo de delação premiada. Para o ministro Teori Zavascki, as questões levantadas pela defesa não trazem à tona as hipóteses que autorizam a revogação da prisão de forma cautelar. “As questões suscitadas, embora relevantes, não evidenciam hipóteses que autorizem, liminarmente, a revogação da prisão preventiva. Consideradas as circunstâncias da causa, o exame da pretensão será feito no momento próprio, em caráter definitivo”, escreveu Zavascki.

Cerveró recebeu suborno de US$ 300 mil, indicam procuradores suíços

Procuradores da Suíça que auxiliam nas investigações da operação Lava Jato enviaram comunicado às autoridades brasileiras relatando que o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró recebeu suborno de US$ 300 mil de uma “potencial fornecedora da Petrobras” em maio de 2009. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

De acordo com o documento, Cerveró recebeu recursos da ordem de US$ 675 no período, mas apenas US$ 300 mil foram tratados como pagamento de propina. “A transferência para a conta de Cerveró foi feita por Alexandre Amaral de Moura, dono da Comtex Indústria e Comércio, que fabrica câmeras e equipamentos de vigilância, segundo os suíços”, informa a Folha.

Cerveró está preso desde janeiro sob a acusação de ter recebido propina em contratos da estatal. Ele também é acusado do crime de lavagem de dinheiro. No período investigado pelos procuradores suíços, Cerveró estava à frente da BR Distribuidora. Ele foi demitido da BR apenas após as investigações da Operação Lava Jato.

Do Congresso em Foco

Justiça do Paraná confirma prisão de Nestor Cerveró

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava Jato, decretou ontem (22) nova prisão preventiva do ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró. Segundo o juiz, Cerveró deve continuar preso na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, para evitar que ele continue em “atividade delitiva específica” para ocultar seu patrimônio. Cerveró teve prissão preventiva decretada pela primeira vez pelo juiz de plantão na Justiça Federal de Curitiba e agora Moro confirmou a decisão.

Na decisão, o juiz afirma que o ex-diretor continua praticando crimes de lavagem de dinheiro mesmo após a deflagração da Lava Jato, no ano passado. De acordo com Moro, a transferência de apartamentos para os filhos mostra que Cerveró tenta ocultar a origem dos bens. O juiz cita um apartamento no Rio de Janeiro que está em nome de uma empresa offshore (fora do país e sem identificação de proprietário), que pertenceria ao ex-diretor.

“Outro fato relevante, em apuração, diz respeito à ocupação por Nestor Cerveró, a título de aluguel, entre 2010 a 2014, de imóvel avaliado em 7,5 milhões de reais, no Rio de Janeiro, e pertencente à empresa Jolmey do Brasil Administradora de Bens, empresa subsidiária da offshore Jolmey Sociedad Anônima, offshore uruguaia. O imóvel em questão foi adquirido pela Jolmey em 03/04/2009, após o período dos crimes imputados a Nestor Cerveró. Há indícios veementes de que a locação seria simulada, pois a empresa em questão e a própria offshore pertenceriam de fato a Cerveró”, diz o juiz.

Para justificar a manutenção da prisão, Moro também afirmou que parte do patrimônio mantido em segredo, as tentativas de se desfazer dos bens e dupla nacionalidade (brasileira e espanhola) impedem que a prisão de Cerveró seja substituída por outras medidas.

“Nesse contexto, a dissipação do patrimônio pode ser valorada não só como tentativa de preservar seu patrimônio em detrimento ao sequestro, mas também como passo preparatório de uma futura fuga, deixando a Justiça criminal no pior dos mundos, sem o corpo e sem os bens do acusado. Aqui não se trata de presunção de fuga, mas prognóstico de risco baseado em fatos concretos, a dissipação e ocultação do patrimônio aliada à dupla nacionalidade e a ocultação desta condição”, justificou.

Cerveró está preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, desde quarta-feira (14), por tentar ocultar seu patrimônio. A prisão ocorreu no  Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, quando retornava de uma viagem à Espanha e à Inglaterra, previamente comunicada ao Ministério Público do Rio de Janeiro.

De acordo com relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), no dia 16 de dezembro, Cerveró sacou R$ 500 mil de um fundo de previdência privada e transferiu o valor para sua filha, mesmo tendo sido alertado pela gerente do banco de que perderia 20% do valor. Em junho do ano passado, Cerveró havia transferido imóveis para seus filhos, com valores abaixo dos de mercado. Na intepretação do MPF, o ex-diretor tentou blindar seu patrimônio. Por isso, a prisão foi requerida e decretada pelo juiz Sérgio Moro.

 

Diretoria da Petrobras aprovou compra de sondas sem licitação, diz Cerveró

O ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró disse na última quinta-feira (15) à Polícia Federal (PF) que a compra de sondas de perfuração sem licitação teve a aprovação da então diretoria executiva da estatal, em 2006, recebeu parecer do setor jurídico e foi feita para atender a uma necessidade específica e imediata da estatal, mas não passou pelo crivo do Conselho de Administração, responsável pela definição do planejamento estratégico da empresa.

O ex-diretor prestou depoimento aos delegados na manhã desta quinta-feira, na Superintendência da PF em Curitiba, onde está preso. Ele confirmou que mantinha relação de amizade com o empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, acusado de receber propina para intermediar contratos com a Petrobras, mas negou que tenha recebido “vantagem financeira” durante as negociações para a assinatura dos contratos. Cerveró também afirmou que não tem contas no exterior.

Em depoimento de delação  premiada, o consultor Júlio Gerin de Almeida Camargo afirmou que pagou U$ 40 milhões a  Fernando Soares para intermediar a compra de sondas de perfuração para a Petrobras. No depoimento, o delator declarou que o valor foi repassado para Soares por meio de contas indicadas por ele no Uruguai e na Suíça.

Para fechar o negócio, Camargo disse que procurou o empresário “pelo sabido bom relacionamento” dele na área internacional e de abastecimento da empresa, dirigidas à época por Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa, respectivamente.

Para tratar do negócio, o delator disse que participou de uma reunião na sala de Cerveró, na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, onde  também estavam presentes o então gerente executivo da área internacional Luiz Carlos Moreira, o então vice-presidente da Samsung, Harrys Lee, e o gerente da Mitsui no Rio de Janeiro, Ishiro Inaguage. O ex-diretor confirmou a realização da reunião no depoimento de hoje.

Cerveró disse à Polícia Federal que tem relação de amizade com Fernando Soares. O ex-diretor relatou que conheceu o empresário em 2000, quando ocupava o cargo de gerente executivo de Energia. Segundo Cerveró, Soares representava empresas do setor de energia térmica interessadas em atuar no mercado brasileiro. A Union Fenosa, representada por Soares, fechou um contrato a Petrobras. De acordo com o ex-diretor, posteriormente, o empresário continuou a frequentar a Petrobras, representando outras empresas, com atuação nas diretorias de Abastecimento e de Gás e Energia.

Sobre a acusação de tentar blindar seu patrimônio para evitar a apreensão dos bens, razão pela qual ele está preso, Cerveró disse que não adquiriu patrimônio de forma ilícita. Sobre as movimentações financeiras, o ex-diretor declarou que precisava pagar despesas pessoais com a filha.

De acordo com relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), no dia 16 de dezembro, Cerveró sacou R$ 500 mil em um fundo de previdência privada e transferiu o valor para sua filha, mesmo tendo sido alertado pela gerente do banco de que perderia 20% do valor. Em junho do ano passado, Cerveró havia transferido imóveis para seus filhos, com valores abaixo dos de mercado. Na intepretação do Ministério Público Federal (MPF), o ex-diretor tentou blindar seu patrimônio, e por isso, a prisão foi requerida.