Longe do céu

Folha de S.Paulo

O professor Darcy Ribeiro dizia que o Senado é melhor do que o céu, porque não é preciso morrer para frequentá-lo. Melhor do que ser senador, só ser suplente. Além de continuar vivíssimo, o felizardo não tem que passar pelo desconforto de pedir votos para chegar lá.

Gim Argello foi um suplente de sorte. Passou menos de seis meses na reserva de Joaquim Roriz, o notório ex-governador do Distrito Federal. Acusado de corrupção, o senador renunciou pouco depois da posse. Assim, o substituto foi presenteado com sete anos e meio de mandato.

Ex-vendedor de carros, Gim levou o gosto por negócios para a política. Começou como assessor de Mário Andreazza, o ministro das obras faraônicas da ditadura. Depois especializou-se na Câmara Legislativa de Brasília, laboratório de escândalos recentes como o mensalão do DEM.

No Senado, mostrou rapidamente que não seria um suplente qualquer. Aproximou-se de caciques do PMDB, como José Sarney e Renan Calheiros. Em outra frente, bajulou a então ministra Dilma Rousseff até cair nas graças do governo petista.

Em 2014, o suplente participou de duas CPIs da Petrobras que terminaram em pizza. Mais tarde, o delator Léo Pinheiro contaria à Lava Jato que ele cobrou R$ 7,35 milhões para abafar as investigações e evitar a convocação de empreiteiros. Numa das planilhas da corrupção, Gim era identificado como “Alcoólico”, um trocadilho com o seu apelido.

Nesta quinta (13), o petebista foi condenado a 19 anos de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça. Depois de roçar as estrelas, Gim deve passar uma longa temporada longe do céu.

Obra inacabada causa transtornos a moradores

Pedro Augusto

Em outubro de 2013, quem se atentou para a placa da construção do CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados), do bairro Maria Auxiliadora, em Caruaru, certamente deve ter ficado animado com a infraestrutura que o local iria disponibilizar. Afinal, a população passaria a contar com mais uma praça, uma quadra poliesportiva, uma pista de cooper, uma pista de skate, além de salas para a promoção de oficinas e cursos gratuitos. Porém hoje, quase um ano e seis meses depois de ela ter sido erguida, o que se vê no empreendimento não lembra em nada ao esboço divulgado. Os espaços até que chegaram a sair do papel, ao menos que parcialmente, mas já se encontram, assim como a placa, desgastados e com aspectos de abandono.

Um próprio funcionário da Prefeitura de Caruaru, que presta serviço no local, ficou encarregado de descrever a situação do empreendimento. “Na verdade, a obra deste CEU encontra-se inacabada. Tanto é que ele nunca foi inaugurado. Em vez de famílias, estudantes, jovens e adultos, já um bom tempo que o local tem contado com a presença cada vez maior de marginais e prostitutas que vêm pintando e bordando. Já colocaram fogo em uma das paredes, pixaram várias delas, quebraram janelas, portas, o banheiro foi destruído, ou seja, uma esculhambação total”, pontuou. Com receio de ser demitido, já que a PMC é quem está à frente da construção do espaço, ele preferiu não ter o nome revelado.

Conforme a própria segunda placa do complexo informa em letras e números ainda visíveis, o prazo da obra do CEU corresponderia de 14 de outubro de 2013 a 1º de dezembro de 2014. Para construí-lo, a Prefeitura firmou parceria com o Ministério da Cultura, que aprovou o repasse na ordem de R$ 1.945.266,98. Com o objetivo de obter respostas sobre a finalização da obra e o suposto abandono do local, o vereador Jajá (PSDC) chegou a apresentar requerimento, no mês passado, na Câmara Municipal.

Segundo o legislador, o prefeito José Queiroz tem o prazo de 30 dias para se defender. “Após coletarmos várias denúncias por parte dos moradores da comunidade, nos dirigimos até aqui e constatamos este cenário de abandono. Apesar de a obra ter sido estimada para acabar em 2014, hoje, em pleno março de 2016, ela ainda não foi concluída. Queremos saber do senhor prefeito José Queiroz, quais os motivos para que este equipamento ainda não esteja sendo utilizado pela comunidade e pelo próprio poder Executivo na medida em que estavam previstas a realização de várias atividades de cunho educacional e artístico no local. O requerimento citado foi encaminhado no último dia 8 e se até o próximo dia 8 abril, nada for respondido, o prefeito poderá responder por improbidade administrativa”, argumentou Jajá.

Com residência ao lado do CEU, o autônomo Paulo Silva também se mostrou conhecedor da dura realidade do espaço. “Como essa construção encontra-se inacabada, muitos meliantes têm utilizado o local para consumir drogas. Vários objetos já se encontram quebrados e o pior que ainda custarão mais dinheiro para serem substituídos por novos dando mais um belo exemplo de como se gastar dinheiro público à toa”, criticou. Quem reforçou os questionamentos do autônomo foi o presidente da Associação dos Moradores do Bairro Maria Auxiliadora, Israel Silva. “A Prefeitura está sendo omissa com o CEU. A empresa que havia sido contratada por ela para executar a obra, parou de prestar serviço, porque deixou de receber dinheiro”.

Respostas

Em entrevista por telefone, o secretário municipal de Infraestrutura, Bruno Lagos, não estipulou prazo, mas afirmou que a obra do CEU será retomada o mais breve possível. “O que ocorreu foi que tivemos problemas com a empresa que estava sendo responsável pela construção do mesmo, porém já estamos acionando-a judicialmente e uma nova será contratada. A população do Maria Auxiliadora pode ficar tranquila, porque daremos continuidade à obra. Quanto ao repasse do Ministério da Cultura, como se tratou de uma emenda parlamentar, o dinheiro estava sendo repassado na medida em que os equipamentos estavam sendo instalados. Ou seja, não recebemos a quantia por completo”.

O secretário também falou a respeito do requerimento protocolado pelo vereador Jajá bem como comentou sobre a falta de segurança no local. “Ele (Jajá) terá as respostas no momento certo e não haverá essa de improbidade administrativa. O prefeito José Queiroz é uma pessoa séria, que já está no seu quarto mandato. Já no que diz respeito à segurança, instalaremos iluminação como também reforçaremos a vigilância”, finalizou.

Estatuto do Comitê Gestor do CEU será finalizado na segunda-feira

Na noite da próxima segunda-feira (17), a partir das 19h, na Escola Professora Tereza Neuma, no bairro Maria Auxiliadora, acontecerá a segunda reunião com a equipe de mobilização da Secretaria da Criança, do Adolescente e de Políticas Sociais. Desta vez, o encontro tem por objetivo a finalização da construção do estatuto do comitê gestor que irá regular questões essenciais referentes a comportamentos e atitudes das pessoas/usuárias do CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados).

A reunião será composta por representantes das secretarias da Criança, do Adolescente e de Políticas Sociais, Participação Social, Educação, Mulher e Direitos Humanos e Fundação de Cultura.

O CEU, que funcionará em uma área de três mil metros quadrados localizada na avenida Caruaru, no Maria Auxiliadora, cujas obras estão em andamento, contará com quadra poliesportiva coberta, pista de cooper, pista de skate, aparelhos de ginástica, quadra de areia, playground, biblioteca, telecentro e cineteatro/auditório com capacidade para 60 pessoas.

Estatuto do CEU será votado nesta segunda

Na noite desta segunda, 20, a partir das 19h, na Escola Professora Tereza Neuma, situada no bairro Maria Auxiliadora, acontece reunião com a equipe de mobilização da Secretaria de Políticas Sociais, que apresentará aos moradores do bairro Maria Auxiliadora, bairros vizinhos e a quem possa interessar, o regimento interno que irá regular o funcionamento do Centro de Artes e Esportes Unificado (CEU).

Na oportunidade, também serão  apresentados os  titulares e suplentes que irão compor o comitê gestor do Ceu, formado por cinco representantes da sociedade civil organizada, cinco pessoas da comunidade e cinco representantes do poder público, ligadas às secretarias de Políticas Sociais, Participação Social, Educação e Fundação de Cultura.

Os presentes na reunião também poderão conhecer e votar no estatuto, lei orgânica que irá gerir o equipamento. O estatuto tem por objetivo regular questões essenciais, referentes a comportamentos e atitudes das pessoas dentro de uma sociedade comum.

O CEU, que funcionará em uma área de 3.000 m², localizada na avenida Caruaru, no bairro Maria auxiliadora, cujas obras estão em andamento, contará com quadra poliesportiva coberta, quadra de areia, pista de cooper, pista de skate, aparelhos de ginástica, playground, biblioteca, telecentro e cineteatro/auditório com capacidade para 60 pessoas.