Silvio Costa pede coerência da bancada de PE na Câmara

Do Blog da Folha

O deputado e vice-líder do Governo na Câmara, Silvio Costa (PSC), cobrou posicionamento de alguns partidos da bancada de parlamentares de Pernambuco sobre a Operação Lava Jato. Segundo ele, alguns membros de legendas como DEM, PSDB, PSB, PMDB e PPS usam de dois pesos e duas medidas em relação às denúncias do esquema de corrupção.

Silvio Costa também pediu uma posição mais clara do PSB em relação ao discurso da bancada estadual. Segundo ele, o grupo de parlamentares é incoerente ao criticar a presidente Dilma Rousseff (PT) e ser aliado ao Partido Socialista Brasileiro. O argumento do social-cristão é reforçado pelas notícias envolvendo atores políticos de Pernambuco na própria Operação Lava Jato.

Confira a nota na íntegra:

“A maioria dos deputados federais pernambucanos do DEM, PSDB, PSB, PMDB e do PPS quase todos os dias vai a Tribuna da Câmara Federal e à imprensa brasileira criticar, de forma muito dura, a Presidente Dilma e o ex-presidente Lula. Não consigo entender esta ética seletiva dos senhores parlamentares.

Esta semana, mais uma vez, tivemos notícias gravíssimas da operação Lava-Jato envolvendo atores relevantes da política pernambucana. E mais uma vez, semelhante à operação Fair-Play também ocorrida em nosso estado, eles silenciaram.

Tenho repetido em todas as minhas falas que todos os envolvidos na Lava-Jato sejam punidos, independente da sua filiação partidária.

Em função das novas denúncias, cobro publicamente uma posição mais contundente e esclarecedora do PSB e lamento um silencio ensurdecedor dos parlamentares pernambucanos que, em Brasília são ferrenhos opositores ao governo da presidente Dilma e em Pernambuco são afáveis aliados do PSB.

Não acredito na incoerência.

SILVIO COSTA
Deputado Federal PSC/PE”

Artigo: A coerência indonésia e as incoerências brasileiras

Por Tiê Felix

Num período de crise moral como se vive no Brasil a morte do brasileiro na Indonésia somente realça as questões candentes da ética nacional. Apesar de tudo o que lhe aconteceu naquele país extremamente rigoroso e da iminência de ser morto pela justiça, o brasileiro insistiu em oferecer um churrasco ao chefe da prisão num ato amistoso daqueles bastante comuns numa cultura do “deixa pra lá”.

É a história  um traficante profissional que passou anos e anos fazendo rotas de distribuição de drogas pela Europa e pela Ásia, achando que todos os lugares do mundo são iguais ao Brasil e pensando, provavelmente, que  bastaria uma conversinha qualquer para resolver seus problemas jurídicos.

Assim também fazem os nossos políticos. acham que basta apenas fazer uma cara de santo e de boa praça para que sua culpabilidade seja instaurada. Há quem até mesmo pense que são de fato inocentes. Em alguns lugares do mundo é inadmissível desfazer-se da lei; é ela que sustenta as relações sociais e a confiança nos negócios realizados em sociedade. Numa sociedade  em que a lei apenas é uma representação,  as relações sociais de modo algum nem sequer se aproximam do ideal proposto pela lei.

Pode-se questionar a pena capital e a ausência de recursos na Indonésia, mas não podemos aqui pensar que nossa democracia é eficiente, porque simplesmente os prisioneiros sabem que mesmo praticando qualquer crime hão de sair, assim como sabem  que possuem recursos “infinitos” para não sofrerem os efeitos da lei e de sua ilegalidade. O que lá na Indonésia parece excessivo aqui legitima a democracia ao avesso – os crimes simplesmente dificilmente são punidos de fato no Brasil, mas são punidos efetivamente na Indonésia.

Não se deve defender um moralismo excessivo, assim como não podemos considerar inaceitáveis o exercício da lei.

Tiê Felix é professor.