Anastasia também entrou na delação de Odebrecht

O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) é um dos governadores delatados por Marcelo Odebrecht, em Curitiba. Segundo o empreiteiro, o ex-governador de Minas também recebeu recursos de caixa dois durante sua administração, em que a Odebrecht participou de obras relevantes, como a construção da Cidade Administrativa, nova sede do governo estadual.

Relator do impeachment, e braço direito do senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato que perdeu última disputa presidencial e não aceitou o resultado, Anastasia produziu um relatório que propõe a cassação da presidente Dilma Rousseff pelas chamadas “pedaladas fiscais.”

Questionado, Anastasia se limitou a dizer que desconhece o teor da delação de Marcelo Odebrecht, segundo informa o colunista Lauro Jardim.

Num artigo recente, o jornalista Janio de Freitas afirmou que nunca se viu tanta hipocrisia no Brasil como em 2016 e disse que Anastasia é seu símbolo maior.

“As 441 folhas do relatório do senador Antonio Anastasia não precisariam de mais de uma, com uma só palavra, para expor a sua conclusão política: culpada. O caráter político é que explica a inutilidade, para o senador aecista e seu calhamaço, das perícias técnicas e pareceres jurídicos (inclusive do Ministério Público) que desmentem as acusações usadas para o impeachment”, escreveu Janio de Freitas “Do primeiro ato à conclusão de Anastasia, e até o final, o processo político de impeachment é uma grande encenação. Uma hipocrisia política de dimensões gigantescas, que mantém o Brasil em regressão descomunal, com perdas só recompostas, se o forem, em muito tempo – as econômicas, porque as humanas, jamais.”

Delação: além de Temer, Odebrecht abateu Serra

Além de destruir o governo provisório de Michel Temer, ao delatar que o interino pediu ajuda para o PMDB que se materializou num caixa dois de R$ 10 milhões em dinheiro vivo, a Odebrecht também abateu o chanceler interino José Serra e pode ter aniquilado seu sonho de chegar à presidência da República. Em sua delação premiada, Marcelo Odebrecht, preso há mais de um ano, relatou que Serra recebeu R$ 23 milhões, via caixa dois, em sua campanha presidencial de 2010, segundoreportagem da jornalista Bela Megalho, na Folha de S.Paulo reportagem da jornalista Bela Megale, da Folha de S.Paulo, que foi a Curitiba recolher as informações.

Parte dos recursos, que, corrigidos pela inflação, hoje equivaleriam a R$ 34,5 milhões, foi paga no exterior, o que, em tese, poderia levar à cassação do registro do PSDB.

Além disso, as doações também podem ser decorrentes de propina e desvios de recursos públicos da Dersa, uma estatal paulista, uma vez que a Odebrecht também apontou corrupção na construção do Rodoanel e supostos intermediários de Serra na arrecadação de propinas.

O chanceler interino nega irregularidades e diz que sua campanha transcorreu dentro da legalidade. No entanto, a Odebrecht pretende apresentar recibos de pagamentos feitos no exterior e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não terá alternativa a não ser denunciar Serra.

Delator vai acrescentar mais 50 na delação

O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado deverá entregar à Procuradoria Geral da República um complemento à sua delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato. No complemento haverá uma lista com os 50 nomes dos deputados federais para quem Machado diz ter arrecadado dinheiro de campanha em 1998, em troca de voto para eleger o hoje senador Aécio Neves à Presidência da Câmara em 2001. A informação é do colunista Lauro Jardim, do Globo.

A delação de Machado, feita em junho,  diz que o senador tucano, um dos principais defensores do impeachment de Dilma Rousseff, teria recebido R$ 1 milhão em dinheiro de um fundo criado por ele junto com Machado e o então presidente do PSDB, senador Teotonio Vilela, a fim de financiar a bancada tucana na Câmara e no Senado.

O plano era “eleger a maior bancada federal possível na Câmara para que pudessem viabilizar a candidatura de Aécio Neves à presidência da Casa no ano 2000”. A maior parcela dos cerca de R$ 7 milhões arrecadados foi para Aécio, segundo Machado.

Soma de derrotas aproxima Cunha de delação

Jornal do Brasil

A soma de derrotas do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) nos dois últimos dias e o risco de cassação estão pesando para o lado de um acordo de delação premiada do peemedebista. Segundo o site Antagonista, a decisão pessoal já está tomada, mas precisa ser formalizada numa proposta que será levada pela advogada Fernanda Tortima à Procuradoria-geral da República.

Caso se efetive, a delação de Cunha seria um complemento à do doleiro Lúcio Funaro e atingiria muitos nomes. Comenta-se que a dupla teria informações sobre 14 ministros do STJ, ao menos dois ministros do STF, de grupos frigoríficos, de quatro grandes bancos, dois advogados, além de caciques do PMDB e do PT.

Deputado afastado foi derrotado nesta quinta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara

Eduardo Cunha foi derrotado nesta quinta-feira (14) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, ao ter seu recurso rejeitado pelo colegiado. Ele pedia que seu processo de cassação de mandato voltasse algumas etapas no Conselho de Ética, onde o Psol e a Rede protocolaram o pedido de perda do cargo do peemedebista em outubro de 2015. Cunha vai recorrer no STF, mas aliados e opositores já dão como certa a cassação de seu mandato, quando o processo foi apreciado no Plenário da Câmara.

Cunha também é réu em duas ações penais no Supremo Tribunal Federal, por crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e ocultação de contas no exterior, no âmbito das investigações da Lava Jato. O deputado ainda é investigado e denunciado em outras operações.

Detida na Lava Jato, doleira acerta delação e é solta

Da Folha de São Paulo

16172215 (1)

Primeira detida na Operação Lava Jato e umas das personagens mais icônicas da investigação, a doleira Nelma Kodama deixou a prisão nesta segunda-feira (20) após firmar um acordo de delação premiada.

Autointitulada “a última grande dama do mercado”, Kodama, 49, que já teve um relacionamento com o doleiro Alberto Youssef, ganhou notoriedade após cantar “Amada Amante” durante uma sessão da CPI da Petrobras, no ano passado, e salvar um carcereiro de um ataque cardíaco na Polícia Federal.

A delação, que foi negociada durante meses, ainda não foi homologada pelo juiz Sergio Moro. Em declarações anteriores, a doleira prometeu detalhar como mudanças na regulamentação bancária abriram caminho para a abertura de contas ocultas no exterior, facilitando a lavagem de dinheiro.

Kodama estava presa havia dois anos e três meses, desde março de 2014 –quando foi pega no aeroporto de Guarulhos (SP) com 200 mil euros na calcinha, ao tentar sair do país. Ela instalou uma tornozeleira eletrônica e irá permanecer em prisão domiciliar.

A doleira já foi condenada a 18 anos por corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro, mas irá cumprir uma pena diferenciada por causa do acordo. O advogado de Kodama, Juan Marciano Viera, não quis se manifestar sobre os detalhes da negociação.

“Ela está bem tranquila, consciente da situação em que está e da punição que já teve. Foi uma experiência que certamente trouxe muito aprendizado para ela”, disse à Folha.

Quando estava presa, Kodama ainda prometia escrever um livro sobre suas experiências. O advogado diz que “material para isso ela tem”. “Só falta ver se ela vai levar o plano adiante.”

DELAÇÃO PREMIADA

Presa na primeira fase da Lava Jato, Nelma Kodama chegou a firmar um acordo de delação premiada com a Polícia Federal meses depois de ser detida, revelando informações usadas na deflagração das fases iniciais da operação.

A negociação, porém, não envolveu a força-tarefa de Curitiba (PR), que é a responsável pela condução das negociações.

A doleira passou então a fazer uma nova tratativa, desta vez com o Ministério Público Federal, para que conseguisse usufruir dois benefícios da colaboração. Esse fato culminou na sua soltura, nesta segunda.

O mesmo aconteceu com Iara Galdino, braço-direito de Nelma e administradora de empresas de fachada. Há duas semanas, ela progrediu para prisão domiciliar após acertar acordo com os procuradores da força-tarefa. Inicialmente, Iara também havia negociado delação comente com a PF. Nos dois casos, os delegados destacaram aos procuradores a importância de as colaborações fossem aceitas pelo MPF. O advogado de iara é o mesmo de Nelma, Juan Vieira.

Filho de delator também fecha acordo de delação

Expedito Machado Neto, filho do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, fechou acordo de delação premiada com a Justiça na Operação Lava Jato. Ele será colaborador da mesma delação junto com o pai. O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, homologou a delação de Sérgio e Expedito Machado.Nos últimos dias, vieram a público gravações que Sèrgio Machado fez de conversas com políticos.

Diálogos gravados por ele já derrubaram um dos principais ministros do presidente da República em exercício, Michel Temer (PMDB), o senador Romero Jucá(PMDB), e também o então ministro da Transparência, Fabiano Silveira

Também vieram à tona áudios que implicam o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente José Sarney(PMDB-AP).

A expectativa é que o conteúdo da delação traga novos fatos envolvendo políticos. Nos depoimentos, Sérgio deve dar detalhes sobre participantes do esquema de corrupção investigado na Lava Jato enquanto Expedito deve falar sobre o caminho do dinheiro.
Aliado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Machado assumiu a presidência da Transpetro em 2003, no início do governo Lula, por indicação política do PMDB.

No período em que ficou na subsidiária daPetrobras, colocou em prática o Programa de Modernização e Expansão da Frota, com encomenda de 49 novos navios para transporte de combustíveis, inicialmente orçado em R$ 4,4 bilhões.

O programa previa a obrigatoriedade de construção dos navios no Brasil e fixava uso mínimo de componentes nacionais. Isso o ajudou a reaquecer o setor naval no Brasil, algo que era frequentemente comemorado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela presidente afastada Dilma Rousseff. Entretanto, houve atraso na entrega de navios, que acabaram custando mais caro que o previsto inicialmente.

Após a chegada de Dilma à Presidência da República, a Petrobras passou por mudanças.

Diretores foram substituídos e, na presidência da estatal, Dilma colocou Maria das Graças Foster no lugar de José Sérgio Gabrielli. Machado, entretanto, foi mantido na Transpetro como indicado do PMDB.

Em novembro de 2014, a Transpetro anunciou a licença de Machado da presidência da subsidiária, em princípio, por 31 dias.

A licenção foi motivada pelas denúncias de corrupção na Petrobras e após pressão da empresa PwC (PricewaterhouseCoopers), que exigiu o afastamento do executivo como condição para assinar a auditoria de um balanço da estatal.

Em fevereiro de 2015, Machado pediu demissão do cargo de presidente da Transpetro.

Delação de Machado implica Renan, Sarney, Jucá e Lobão

O conteúdo da delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado é considerado mais explosivo do que as próprias gravações feitas por ele em conversas com o presidente do Senado, Renan Calheiros, o ex-presidente José Sarney e o senador Romero Jucá.

Na delação, Sérgio Machado faz revelações sobre todo o esquema que teria sido montado pelo PMDB do Senado em torno dele para conseguir recursos na estatal.

Machado afirma na delação que Renan, Sarney, Jucá e o senador e ex-ministro Edison Lobão eram beneficiários diretos do esquema – os políticos negam ter cometido irregularidades.

Quem já teve acesso ao conteúdo da delação anotou que Sérgio Machado acrescenta muitos detalhes do esquema do PMDB do Senado que não aparecem nas gravações das conversas.

Pedro Corrêa assina acordo de delação premiada

O ex-deputado e ex-presidente do PP, Pedro Corrêa, assinou acordo de colaboração premiada com o Ministério Publico Federal em Curitiba. A TV Globo confirmou nesta segunda-feira (14) que ele formalizou a delação na semana passada e que prestará os depoimentos a procuradores da força-tarefa da operação Lava Jato. A delação ainda precisa ser homologada pela Justiça.

Corrêa é o segundo político que decide entregar o que sabe em troca de possível redução de  pena. O primeiro foi o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que firmou acordo com a Procuradoria Geral da República. Na delação de Delcídio, o senador fez acusações ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à presidente Dilma Rousseff, conforme revelou a revista “IstoÉ”.

Condenação
Em outubro do ano passado, Pedro Corrêa foi condenado pela Justiça Federal do Paraná pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro a 20 anos, 7 meses e dez dias de prisão. Em dezembro, o juiz Sérgio Moro corrigiu a sentença e reduziu em quatro meses a pena, que agora é de 20 anos, três meses e dez dias de reclusão.

A alteração foi feita após o Ministério Público Federal (MPF) alertar o juiz de que ele havia errado o cálculo da pena relativa aos crimes de lavagem de dinheiro cometidos por Pedro Corrêa.

Amigo de Lula intermediou encontro com Palocci, diz lobista

Da Folhapress

Na acareação com Paulo Roberto Costa, na sede da Polícia Federal em Curitiba, o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, disse que foi o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do então presidente Lula, que marcou um encontro entre Costa e o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho durante a campanha de 2010.

Trata-se de um novo ingrediente para a intrincada narrativa de um suposto repasse clandestino de R$ 2 milhões do petrolão à campanha da candidata Dilma Rousseff.

No final do primeiro semestre de 2010, Palocci já era um dos “três porquinhos” -como ficou conhecido o trio formado ainda por José Eduardo Cardozo e José Eduardo Dutra, que tomaria as decisões estratégicas da campanha da escolhida de Lula.

Na acareação da última quinta (5), que durou dez horas, Paulo Roberto Costa negou a existência da reunião com Palocci da qual Baiano disse ter participado e apresentou uma série de detalhes.

Baiano manteve a versão de acompanhou Costa no encontro com Palocci para pedir apoio à permanência à frente da diretoria de Abastecimento da Petrobras. Pela narrativa de Baiano, os dois se hospedaram no hotel Meliá ou Naoum, em Brasília e foram em um Corolla preto ao encontro de Palocci em uma casa próxima ao lago Paranoá. Baiano não soube explicar a localização exata do imóvel.

Segundo ele, tratava-se de um imóvel residencial com uma sala de paredes azuis e os dois foram levados a um escritório onde esperaram a chegada de Palocci. Dez minutos depois, o então homem-forte da campanha presidencial da escolhida de Lula teria chegado.

Baiano diz que, depois de algumas amenidades, Costa foi direto ao assunto: pedir o apoio de Palocci para continuar no comando da diretoria de Abastecimento.

O então diretor, sempre segundo Baiano, teria dito que divergências no PP – partido que o indicara – e a difícil relação com Dilma Rousseff, que presidira o conselho de administração da Petrobras, ameaçavam sua permanência no cargo.

Palocci, na versão do lobista, teria tranquilizado Costa, afirmando que, não estavam sendo discutidas nas diretorias da Petrobras e que ele era muito bem avaliado pelo desempenho à frente da área de abastecimento.

Paulo Roberto Costa voltou a negar categoricamente que a reunião descrita com Baiano tenha ocorrido, mas voltou a confirmar a existência de um pedido de R$ 2 milhões, entregues pelo doleiro Alberto Youssef, a um emissário do ex-ministro, em um hotel em São Paulo.

Baiano foi o primeiro delator a levar a Lava Jato ao encalço de Bumlai, um pecuarista do Mato Grosso do Sul que se aproximou de Lula durante a campanha de 2002 e que se tornou companheiro frequente de churrascos e pescarias presidenciais.

Em depoimento anterior da delação premiada, o lobista afirmou que Bumlai acertou pagamento de 5 milhões de dólares em propina, pagos pelo Grupo Schahin, em troca de contrato de operação do navio-sonda Vitória 10.000.

PROPINA DO PMDB

Em outro impasse importante da acareação, Costa confirmou que Baiano atuou como operador do PMDB no pagamento de propinas geradas por contratos da Diretoria de Abastecimento.

O lobista refutou que ocupasse o papel de intermediário dos pagamentos a peemedebistas fora dos contratos da diretoria internacional -um feudo do partido.

Baiano disse que ajudou a garantir apoio do PMDB à permanência de Costa no cargo em 2006, chegando a se reunir com o deputado Aníbal Ferreira Gomes (PMDB-CE).

Na versão do lobista, houve confusão porque o deputado do PMDB queria que as empreiteiras começassem a fazer pagamentos imediados das obras em andamento quando o combinado, segundo ele, teria sido os repasses somente em relação a novas obras. Aníbal é investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Na acareação, Baiano voltou a contar que o o esquema de corrupção na área internacional da Petrobras começou em 2006, com o ex-diretor Nestor Cerveró, e envolveu os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Delcídio Amaral (PT-MS), Jader Barbalho (PMDB-PA) e o ex-ministro Silas Rondeau, que, após o mensalão, substituiu a então ministra Dilma Rousseff no cargo.

Outro ponto abordado pelos investigadores foi o papel de Otávio Marques de Azevedo, principal executivo da Andrade Gutierrez, no pagamento de propinas.

Tanto Costa como Baiano relataram episódios de encontros ou conversas com o então presidente da holding, que está preso desde junho, sobre um projeto de uma planta de produção de coque verde na Arábia Saudita, mas negaram ter tratado de propina com ele.

Baiano relatou que fora procurado por Alberto Youssef para conseguir uma doação R$ 1,5 milhão da Andrade Gutierrez ao PP. O lobista diz ter se encontrado com Azevedo. O empreiteiro teria dito que um conselho da empresa examinaria estes pedidos, mas nunca deu retorno.

OUTRO LADO

A reportagem não conseguiu ouvir as defesas de Antonio Palocci Filho e José Carlos Bumlai até a publicação desta reportagem.

Em ocasiões anteriores, os senadores Renan Calheiros, Jader Barbalho, Delcídio Amaral e o deputado Aníbal Ferreira Gomes negaram ter recebido repasses de propina de empreiteiras por contratos com a Petrobras.

Deputado pediu propina como doação, diz delator

Do Estadão Conteúdo

O lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador de propinas do PMDB, afirmou à Procuradoria-Geral da República, em delação premiada, que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pediu propina em forma de doação eleitoral para o partido.

As declarações de Baiano foram prestadas no dia 10 de setembro e juntadas ao pedido que gerou novo inquérito contra Cunha no Supremo Tribunal Federal. A sugestão do atual presidente da Câmara teria sido feita em 2012, ano das eleições municipais.

O modelo recomendado é o mesmo que a Operação Lava Jato atribui ao PT. O ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto, já condenado a 15 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, teria exigido propina para sua agremiação em forma de doação eleitoral

Segundo o delator, o lobista Júlio Camargo estava atrasando o pagamento de propina sobre contrato do navio-sonda Vitória 10000, da Petrobrás. Camargo atuava como representante de multinacionais perante a Petrobrás. Ele escancarou o capítulo relativo à propina do presidente da Câmara.

“Júlio Camargo começou a dizer que estava tendo dificuldade para disponibilizar dinheiro em espécie para pagar Eduardo Cunha; que, então, o depoente (Fernando Baiano) sugeriu que Júlio Camargo fizesse uma doação oficial para Eduardo Cunha ou para o PMDB; que esta ideia em verdade partiu do próprio Eduardo Cunha”, afirmou Fernando Baiano. “Júlio Camargo disse que não tinha como fazer a doação, em razão dos limites de faturamento/doação impostos pela legislação eleitoral.”

Eduardo Cunha já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República, por corrupção e lavagem de dinheiro. O presidente da Câmara defende enfaticamente o modelo de doação de empresas a campanhas políticas.

Ainda segundo Fernando Baiano – condenado a 16 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro do esquema Petrobrás -, em 2012, “que era mais uma vez ano eleitoral, Eduardo Cunha passou a pressionar o depoente para cobrar Júlio Camargo”.

As revelações de Fernando Baiano, divididas em vários depoimentos à Procuradoria-Geral da República, confirmam os relatos anteriormente dados pelo lobista Camargo, que afirmou ter sido pressionado por Eduardo Cunha, em 2011, a pagar propina de US$ 5 milhões. Segundo ele, as cobranças “foram feitas em reuniões pessoais com Eduardo Cunha”.

Cunha negou reiteradamente o recebimento de propinas no esquema investigado. O PMDB afirma que jamais autorizou qualquer pessoa a agir em nome do partido.