Deputado pediu propina como doação, diz delator

Do Estadão Conteúdo

O lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador de propinas do PMDB, afirmou à Procuradoria-Geral da República, em delação premiada, que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pediu propina em forma de doação eleitoral para o partido.

As declarações de Baiano foram prestadas no dia 10 de setembro e juntadas ao pedido que gerou novo inquérito contra Cunha no Supremo Tribunal Federal. A sugestão do atual presidente da Câmara teria sido feita em 2012, ano das eleições municipais.

O modelo recomendado é o mesmo que a Operação Lava Jato atribui ao PT. O ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto, já condenado a 15 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, teria exigido propina para sua agremiação em forma de doação eleitoral

Segundo o delator, o lobista Júlio Camargo estava atrasando o pagamento de propina sobre contrato do navio-sonda Vitória 10000, da Petrobrás. Camargo atuava como representante de multinacionais perante a Petrobrás. Ele escancarou o capítulo relativo à propina do presidente da Câmara.

“Júlio Camargo começou a dizer que estava tendo dificuldade para disponibilizar dinheiro em espécie para pagar Eduardo Cunha; que, então, o depoente (Fernando Baiano) sugeriu que Júlio Camargo fizesse uma doação oficial para Eduardo Cunha ou para o PMDB; que esta ideia em verdade partiu do próprio Eduardo Cunha”, afirmou Fernando Baiano. “Júlio Camargo disse que não tinha como fazer a doação, em razão dos limites de faturamento/doação impostos pela legislação eleitoral.”

Eduardo Cunha já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República, por corrupção e lavagem de dinheiro. O presidente da Câmara defende enfaticamente o modelo de doação de empresas a campanhas políticas.

Ainda segundo Fernando Baiano – condenado a 16 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro do esquema Petrobrás -, em 2012, “que era mais uma vez ano eleitoral, Eduardo Cunha passou a pressionar o depoente para cobrar Júlio Camargo”.

As revelações de Fernando Baiano, divididas em vários depoimentos à Procuradoria-Geral da República, confirmam os relatos anteriormente dados pelo lobista Camargo, que afirmou ter sido pressionado por Eduardo Cunha, em 2011, a pagar propina de US$ 5 milhões. Segundo ele, as cobranças “foram feitas em reuniões pessoais com Eduardo Cunha”.

Cunha negou reiteradamente o recebimento de propinas no esquema investigado. O PMDB afirma que jamais autorizou qualquer pessoa a agir em nome do partido.

Líder do governo no Senado recebeu propina na Lava Jato, afirma delator

Delcídio Amaral (PT-MS) disse nas redes sociais considerar “um absurdo” menção ao seu nome (Foto: ABr)

Do Congresso em Foco

Um dos principais delatores da Operação Lava Jato, o empresário Fernando Baiano mencionou o nome do líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), entre os parlamentares que receberam propina do esquema de corrupção descoberto pela Polícia Federal na Petrobras. Segundo depoimento de Baiano, apontado como operador do PMDB nas fraudes em contratos com a estatal, o petista recebeu R$ 1 milhão ou R$ 1,5 milhão quando da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras. As informações são da TV Globo.

Delcídio constava da lista inicial de suspeitos apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF), em 6 de março, pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Mas, naquele mesmo mês, o STF disse não haver razões para dar sequência à investigação contra o senador, citado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, outro delator do esquema de corrupção. Em um de seus depoimentos, Costa disse ter ouvido falar que o parlamentar recebeu propina quando chefiou a diretoria de Gás e Energia da petrolífera, entre 2000 e 2002.

Agora, com a nova citação, agora por Baiano, delegados e procuradores da força-tarefa da Lava Jato passam a investigá-lo. Segundo o delator, os valores serviram para bancar os custos de campanha de Delcídio ao governo do Mato Grosso do Sul em 2006. É a primeira vez em que o senador é formalmente citado como beneficiário de propina no âmbito da Lava Jato.

“O nome de Delcídio também é citado em outro contrato da Petrobras, de navios-sonda. Baiano revelou um acerto envolvendo Delcídio, o presidente do Senado, Renan Calheiros [PMDB-AL], o senador Jader Barbalho [PMDB-PA] e o ex-ministro [de Minas e Energia, entre 2005 e 2007] Silas Rondeau, os três do PMDB”, diz trecho da reportagem. “E US$ 4 milhões desse contrato seriam desviados para pagá-los. As negociações avançaram e o valor final foi de US$ 6 milhões”, acrescenta a matéria.

Em seu perfil no Facebook (leia íntegra abaixo), Delcídio disse considerar “um absurdo” a menção ao seu nome. Disse ainda ter conhecido Baiano na década de 1990, e que desde então não voltou a ter contato com ele. Ao Jornal Nacional, Jader disse não conhecer o delator, e que sequer era senador à época da denúncia. Por sua vez, o presidente do Senado, também investigado na Lava Jato, voltou a negar as acusações, como tem feito desde a inclusão de seu nome na lista de Janot, em março. A reportagem não conseguiu contato com o ex-ministro.

Confira a íntegra da nota de Delcídio Amaral:

“Em respeito à verdade, transcrevo a íntegra da minha resposta que o Jornal Nacional simplesmente ignorou na matéria onde [sic] sou citado:

1 – Além de absurdo, é muito estranho que meu nome tenha sido novamente citado nessa investigação, colocado numa época em que eu era considerado ‘persona non grata’ por todos que estavam sendo investigados pela CPMI dos Correios, cuja presidência exerci exatamente nesse período (2005/2006).

2 – Fui apresentado ao senhor Fernando Soares, na década de 90 pelo empresário Gregório Marin Preciado, e, depois dessa época, nunca mais o vi nem tive nenhum tipo de contato com o mesmo.

3 – Lembro que a própria Procuradoria Geral da República solicitou ao STF (e foi atendida) o arquivamento de procedimentos onde meu nome foi citado no âmbito dessas investigações.

Delcídio Amaral
Senador (PT-MS)”

Em delação, Fernando Baiano diz que pagou despesas pessoais de filho de Lula

Do blog de Lauro Jardim

Está destinada a causar um estrondoso tumulto a delação premiada de Fernando Baiano, cuja homologação foi feita pelo ministro Teori Zavascki na sexta-feira.

O operador (de parte) do PMDB na Petrobras pôs no olho do furacão nada menos do que Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha.

Baiano contou que pagou despesas pessoais do primogênito de Lula no valor de cerca de R$ 2 milhões. Ao contrário dos demais delatores, que foram soltos logo após a homologação das delações, Baiano ainda fica preso até 18 de novembro, quando completa um ano encarcerado. Voltará a morar em sua cobertura de 800 metros quadrados na Barra da Tijuca.

A propósito, quem teve acesso ao conteúdo da delação conta que Eduardo Cunha é, sim, citado por Baiano, que reconhece suas relações com o presidente da Câmara. Mas não entrega nada arrasador contra Cunha.

Supremo homologa delação de Fernando Baiano

Da Agência Brasil

O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou ontem (9) a delação premiada do empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, investigado na Operação Lava Jato. Baiano está preso desde novembro do ano passado, acusado de intermediar o pagamento de propina em contratos para aluguel de navios-sonda pela Petrobras.

O conteúdo das informações prestadas aos investigadores não foi divulgado porque a delação está em segredo de Justiça. Com a assinatura da delação com o Ministério Público Federal (MPF), Soares deve receber benefícios como redução de pena e a possibilidade de ir para o regime de prisão domiciliar imediatamente. Ele citou nomes de pessoas com foro privilegiado e, por isso, o acordo foi validado pelo ministro Zavascki.

Fernando Baiano foi condenado pelo juiz federal Sergio Moro a 16 anos de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Ele é apontado como um dos operadores do esquema de superfaturamento de contratos da Petrobras e pagamento de propina a partidos e agentes políticos.