Apesar de crise, Dilma quer ter imagem humana

Por ANDRÉIA SADI, VALDO CRUZ e NATUZA NERY
Da Folha de S. Paulo

Apesar dos 10% de popularidade, inflação de quase 9% e rusgas com o padrinho Lula, a presidente Dilma Rousseff tem esbanjado sorriso em solenidades, passeia quase diariamente de bicicleta e surpreende com frases como a que saudou a mandioca.

Os mais próximos tentam blindar a presidente, afirmando que mesmo em meio ao turbilhão político e econômico, ela ainda “tranquila” e que a nova silhueta tem ajudado, após dieta que a fez enxugar mais de 10 quilos.

A nova imagem, um esforço para “humanizar” o figurino de mandatária turrona, combina pouco com os bastidores que ministros narram reservadamente.

Há alguns dias, ela tirou uma assessora do controle de um Power Point e começou a mudá-lo durante uma reunião de trabalho sobre previdência. “Sai daí, deixa isso comigo”, disse ela, tomando o assento da auxiliar.

Além dos problemas da vez, agravados pela Lava Jato, Dilma trava batalhas para tentar reaver algum patamar de popularidade e evitar que um Congresso hostil imponha mais perdas.

Recentemente, queixou-se de críticas feitas pelo antecessor à sua gestão. Algo raro. Pouquíssimos auxiliares viram cena assim. Ficou “pasma”, disse um deles.

Para resolver as animosidades, ela mandou um emissário ao Instituto Lula. Coube ao ministro Edinho Silva (Comunicação Social) conversar com o líder do PT.

Petistas com trânsito junto aos dois contam que a relação nunca foi tão ruim. “Ele está de saco cheio de falar e não ser ouvido”.

Mas ninguém aposta em rompimento. As dificuldades transformam criador e criatura em personagens dependentes entre si. O fracasso de um levaria outro, dizem.

Lula ouviu apelos para que contenha as críticas e assuma o papel de liderança em meio à crise. Ele teria prometido pensar em um jeito para defender o governo.