Lei Maria da Penha completa nove anos nesta sexta-feira

A Lei Maria da Penha (LMP) completa, nesta sexta-feira (07), nove anos de existência. Marco na legislação brasileira, a norma tem sido um importante instrumento para coibir a violência doméstica e familiar cometida contra as mulheres, impactando na redução em 10% da taxa de homicídios femininos em residências, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de 2015. Apesar dos avanços, a superação do problema está distante e exige uma atuação mais eficaz do poder público, no sentido de garantir a efetividade da lei; e da própria sociedade, em conhecer a norma de forma plena e denunciar.

Pesquisa Data Popular/Instituto Patrícia Galvão (2013) mostra que apenas 2% dos brasileiros nunca ouviu falar sobre a Lei Maria da Penha. “Mas, até que ponto, de fato, as pessoas conhecem o poder e o alcance da norma?”, questiona Gleizy Gueiros, coordenadora da ONG Diaconia no Recife, organização que articula projetos/ações de enfrentamento à violência e empoderamento das mulheres no Estado.  Para ela, o desconhecimento da LMP, juntamente com o medo de denunciar, ainda são fatores que contribuem para a impunidade dos agressores.

Associar a violência doméstica apenas àquela que deixa marcas no corpo, praticada pelo companheiro da vítima, é uma das falhas mais comuns, ocasionadas pela falta de informação. “A Lei Maria da Penha define outros quatro tipos de violência domesticam, além da física – a psicológica, a moral, a sexual e a patrimonial. O agressor também pode ser qualquer pessoa, inclusive do sexo feminino, com quem a vítima possua ou tenha tido uma relação íntima de afeto”, esclarece Gueiros, lembrando que a íntegra da LMP pode ser acessada no site www.planalto.gov.br.

Como denunciar – Todo o caso de violência doméstica e intrafamiliar é crime, deve ser apurado através de inquérito policial e ser remetido ao Ministério Público. Para denunciar, a vítima pode ligar no 180, Central de Atendimento à Mulher, serviço que pertence à Secretaria Nacional de Política para as Mulheres; ou procurar delegacias e outros órgãos especializados em atendimento à mulher na sua cidade.

Segurança pública voltada para as mulheres é tema de audiência

Acontece nesta quarta-feira (9), a partir das 9h, a audiência pública que irá abordar a Política de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, na Câmara de Vereadores de Caruaru.

O encontro foi requerido pelo vereador Marcelo Gomes (PSB) após o caso da professora universitária Amanda Figueiroa, que foi espancada dentro de sua própria casa e na presença da filha. O agressor, seu ex-namorado Téocrito Amorim, foi condenado em abril deste ano a um ano e sete meses de prisão em regime fechado com base na Lei Maria da Penha.

“Quero que, com o meu exemplo, outras mulheres possam denunciar esse tipo de situação para que o agressor não fique impune”, ressaltou a caruaruense Amanda, que participará da audiência.

O evento contará com a presença de representantes de vários órgãos, a exemplo do Conselho Municipal da Mulher, Polícia Civil, Ministério Publico, secretarias da Mulher e de Políticas Sociais, entre outros.

Campanha da prefeitura celebra aniversário da Lei Maria da Penha

A Secretaria Especial da Mulher de Caruaru inicia, na tarde desta quarta-feira (7), a campanha “Lei Maria da Penha Vai às Escolas”. O Colégio Municipal Álvaro Lins será a primeira instituição de ensino a receber o projeto em novo formato, que atenderá, além da rede pública, as escolas particulares.

A Lei Maria da Penha completa hoje sete anos. O mecanismo judicial mais expressivo de defesa das mulheres reconhece a responsabilidade do Estado na garantia da segurança de todas nos espaços públicos e privados.