Propostas de Temer atrapalham Marta e Pedro Paulo

Do ponto de vista da economia, se o governo Temer adiar o envio da reforma da Previdência ao Congresso depois de ter dito tantas vezes que a proposta estava pronta, enviará um sinal negativo aos investidores e ao empresariado.

É fato que enviar agora, a cinco dias do primeiro turno das eleições municipais, é irrelevante em termos de tramitação. Obviamente, vai gerar desgaste para candidatos mais identificados com o governo Temer.

Na avaliação do Palácio do Planalto e de caciques do PMDB, a candidatura de Marta Suplicy à Prefeitura de São Paulo perdeu força porque os adversários da senadora conseguiram ligá-la a projetos de reforma da governo, sobretudo às mudanças na Previdência e à Proposta de Emenda de Constitucional que cria um teto para limitar o crescimento das despesas públicas.

Pesou ainda a descaracterização de Marta como política de esquerda. Ela, que deixou o PT pelo PMDB, chegou a dizer que nunca se colocou nesse campo ideológico, apesar de toda uma carreira turbinada por bandeiras de esquerda.

Portanto, tem tido efeito contra candidatos mais ligados ao governo o bombardeio à reforma da Previdência e à PEC do Teto. Há uma avaliação no PMDB de que a candidatura de Pedro Paulo também sofre no Rio por essa razão, entre outras.

Politicamente, Temer terá de tomar uma decisão difícil. Ceder e não enviar a reforma da Previdência já sinalizará na largada que haverá dificuldade maior do que a vendida pelo governo para aprovar suas propostas no Congresso.

Enviar a reforma da Previdência poderá ser a pá de cal na chance de Marta ir ao segundo turno em São Paulo, viabilizando na segunda fase um duelo entre João Doria, do PSDB, e Celso Russomano, do PRB.

Apesar de Fernando Haddad ter crescido nas pesquisas por bater mais duro em Marta, associando-a a Temer, as chances do petista passar à segunda fase ainda são improváveis, salvo uma reviravolta de última hora.

PMDB do Senado sonda Marta para enfraquecer Temer

Do Blog da Folha

Com a provável saída da senadora Marta Suplicy (SP) do PT, partidos aliados da presidente Dilma Rousseff, como PMDB e PDT, e também da oposição, caso do PSB e do Solidariedade, disputam sua filiação.

O objetivo é lançá-la candidata a Prefeitura de São Paulo em 2016. Em uma ação para tentar diminuir a influência do presidente do PMDB e vice-presidente, Michel Temer, a bancada peemedebista do Senado já fez um convite informal à petista.

A oferta de filiação foi feita durante um jantar em dezembro na casa do presidente da Casa, Renan Calheiros (AL), com seu grupo político. Feito o convite, Marta respondeu que estava avaliando a conjuntura política e que, àquela altura, não tinha conversado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre seu futuro. Afirmou ainda estar “magoada” com o tratamento que tem recebido do PT. Mas ficou de dar um posicionamento aos presentes quando tomasse uma decisão.

Uma eventual ida de Marta para o partido diminuiria o poder de Temer em São Paulo, seu berço político. A avaliação dos senadores peemedebistas é que o vice-presidente saiu fortalecido na reforma ministerial em detrimento das bancadas do Senado e da Câmara. Também creditam a Temer parte do fracasso por resultados eleitorais em outubro, como em disputas a governos estaduais. Articulam ainda um nome para suceder-lhe no comando do partido em março do próximo ano.

Contudo, a ação dos peemedebistas do Senado esbarra em acertos locais. O PMDB paulistano já fechou apoio à reeleição do prefeito Fernando Haddad. O deputado federal e presidente do PMDB na capital, Gabriel Chalita, decidiu assumir recentemente a Secretaria Municipal de Educação e deverá ser o vice de Haddad. Marta também conversou em dezembro com outro partido aliado, o PDT.

Segundo relato do presidente da legenda, Carlos Lupi, ela demonstrou desconforto com o espaço limitado que tinha no PT e os dois ficaram de retomar o diálogo neste mês. A vantagem seria oferecer a ela uma plataforma mais à esquerda. Mas uma possível filiação passaria pela postura a ser adotada por Marta no Senado até o pleito. Como o PDT é da base de apoio da presidente Dilma Rousseff, ela não poderia atuar como oposição. No máximo, independência.

Fora da base aliada, uma possibilidade para Marta seria o bloco PSB, Solidariedade e PPS. Na conversa com o presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva, ela ouviu que o bloco deve atuar junto nas eleições de 2016, o que lhe garantiria um bom tempo de televisão. No caso do PSB, a sondagem também já ocorreu, conforme relatos.

Marta não deixará PT para disputa em SP, diz Falcão

Do Blog do Magno

O presidente do PT, Rui Falcão, disse, hoje, não acreditar que a ex-ministra da Cultura, Marta Suplicy, saia do partido para disputar a Prefeitura de São Paulo contra Fernando Haddad, em 2016, pelo PMDB ou por outra legenda.

“A Marta não vai fazer isso”, afirmou Falcão, após participar de um seminário promovido pela bancada do PT na Câmara. “Ela é uma companheira valorosa e, se quiser mesmo ser candidata, tem espaço e pode se submeter ao processo de escolha no partido”, emendou.

Na terça-feira,  quando a presidente Dilma Rousseff já estava no exterior, Marta entregou sua carta demissão do Ministério da Cultura com duras críticas ao governo e à condução da política econômica. O tom da carta provocou mal-estar no Palácio do Planalto e expôs a divisão no PT.

Senadora, Marta foi preterida pelo partido nas últimas disputas e, em 2016, fará de tudo para concorrer novamente à Prefeitura de São Paulo. Apesar do discurso conciliador, porém, a cúpula do PT não quer saber de prévia entre ela e Haddad – candidato ao segundo mandato -, sob o argumento de que esse processo desgasta o partido.