Miguel Arraes será homenageado

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O governador Paulo Câmara comanda nesta sexta-feira (26.08), às 10h, no Palácio do Campo das Princesas, cerimônia que homenageará o ex-governador Miguel Arraes, em iniciativas da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Hélder Câmara (CEMVDHC) e da bancada federal de Pernambuco.  A Comissão da Verdade entregará ao governador e aos familiares de Arraes exemplares do “5o. Caderno da Memória e Verdade – IBAD Interferência do Capital Estrangeiro nas Eleições do Brasil”. Já a bancada federal assinará projeto de lei para a inclusão do nome de Miguel Arraes no “Livro dos Heróis da Pátria”. O ato desta sexta-feira integra as comemorações do Centenário de Arraes.
 
“Doutor Arraes é o personagem mais importante da História política de Pernambuco do século 20. Seu compromisso com os que mais precisam e a defesa que sempre fez dos interesses de Pernambuco, do Nordeste e do Brasil continuam nos inspirando. E em momentos de crise, como o que vivemos, sua ausência é ainda mais sentida. Doutor Arraes é uma referência permanente”, disse o governador Paulo Câmara.
 
O “Livro dos Heróis da Pátria” integra o acervo do Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves”, localizado em Brasília. Trata-se de um projeto do arquiteto Oscar Niemeyer, inaugurado em 1986. Entre os personagens do livro estão: Tiradentes, Deodoro da Fonseca, Dom Pedro I, Duque de Caxias, Santos Dumont, José Bonifácio de Andrada e Silva e Leonel Brizola, entre outros.
 
Já o lançamento do “5o. Caderno da Memória e Verdade – IBAD Interferência do Capital Estrangeiro nas Eleições do Brasil” é resultante do trabalho de investigação dos 17 volumes que compõem o dossiê do IBAD e faz parte da relatoria temática “IBAD/IPES: Preparação do Golpe, Financiamento da Repressão”. Editado pela Companhia Editora de Pernambuco (CEPE), tem 320 páginas. Fernando Coelho, coordenador da CEMVDHC, é relator das investigações, em conjunto com os sub-relatores Henrique Mariano, Socorro Ferraz e Manoel Moraes, membros da Comissão pernambucana.
 
O trabalho para elaboração do livro teve início em 6 de agosto de 2014, no Palácio do Congresso Nacional, quando integrantes da Comissão da Verdade Dom Helder Câmara, obtiveram, com exclusividade, cópia digitalizada da CPI do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) que, instaurada em 1963, funcionou no Congresso Nacional antes do Golpe Militar de 1964. O dossiê denuncia o financiamento na compra de apoio de candidatos opositores à esquerda em todos os estados brasileiros. 
 
A publicação traz fotos que integram o acervo do Instituto Miguel Arraes de Alencar. Traz o depoimento do ex-governador de Pernambuco – transcrito na íntegra em 60 páginas; o histórico da CPI do IBAD; o parecer final do relator e deputado federal Pedro Aleixo, representante do partido da União Democrática Nacional, na Câmara Federal – com mais de cem páginas em fac-símile. 
 
“O homem público que, mesmo deposto, preso e exilado em 1964, voltou a ser duas vezes governador de Pernambuco, marcando o seu tempo em benefício dos interesses nacionais”, afirma Fernando Coelho, coordenador CEMVDHC.

João Lyra Neto destaca trajetória do ex-governador Miguel Arraes

“O maior legado de Miguel Arraes de Alencar foi o compromisso com a redução das desigualdades sociais. A trajetória do ex-governador de Pernambuco foi realmente exemplar, mas posso aqui destacar dois momentos: a criação do Movimento de Cultura Popular (MCP), quando Arraes foi prefeito do Recife; e o Acordo do Campo, que teve como princípio a implantação da justiça na relação trabalhista dos canavieiros com os donos de usinas, no seu primeiro mandato como chefe do Executivo pernambucano”.
EBO_1713Foi o que disse o governador João Lyra Neto, na manhã desta segunda-feira (15/09), durante a cerimônia que marcou a passagem dos 35 anos do regresso do ex-governador a Pernambuco. Arraes permaneceu exilado na Argélia por um período de 14 anos, retornando ao Brasil em 1979, ano em que foi promulgada a Lei 6.683, conhecida como a Lei da Anistia, ainda durante a ditadura militar.
 
A solenidade, que aconteceu no Instituto Miguel Arraes (IMA), no Poço da Panela, Zona Norte do Recife, marcou ainda a inauguração do Espaço Cultural Eduardo Campos, também ex-governador de Pernambuco e falecido em um acidente aéreo no dia 13 de agosto deste ano. Eduardo era neto de Miguel Arraes e governou o Estado de janeiro de 2007 a abril de 2014, quando se desincompatibilizou do cargo para concorrer à Presidência da República. Para João Lyra Neto, o legado de Eduardo será o modelo gestão focado na educação. “Acredito que todos clamam por uma educação de qualidade e, apesar de ter muito ainda a ser feito, hoje nós temos o reconhecimento, com o quarto lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica”, disse, lembrando em 2007, Pernambuco ocupava a 21ª posição no ranking nacional.
 
Sobre a revisão dos processos referentes ao regime militar, o governador classificou como importante para que se faça justiça. “Esse já um movimento nacional feito por diversas comissões e nós temos que apoiar”, disse Lyra Neto. O presidente do Conselho Deliberativo do IMA, Antônio Campos, que é neto de Miguel Arraes e irmão de Eduardo, afirmou que a anistia do povo brasileiro vai se completar quando todos tiverem o acesso à educação. “É através do conhecimento que vamos dar a liberdade que o Brasil precisa”, completou o advogado.
 
Após a cerimônia oficial, que contou com a presença da viúva de Miguel Arraes, Magdalena Arraes, os presentes plantaram uma muda de Pau-Brasil no jardim do instituto, em homenagem ao ex-governador Eduardo Campos. “Em meio a tristeza da perda de um amigo e de uma jovem liderança, renovo aqui o meu compromisso de fazer um Brasil melhor”, finalizou Lyra Neto.
 
TRAJETÓRIA – Miguel Arraes de Alencar nasceu em Araripe, no interior do Ceará, mas construiu sua carreira política em Pernambuco. Foi deputado estadual, federal, prefeito do Recife e governador de Pernambuco por três mandatos. Em 1979, quando retornou ao Brasil após 14 anos de exílio na Argélia, Arraes retomou sua vida política, sendo eleito governador de Pernambuco, em 1986 e 1994. Faleceu aos 88 anos, no dia 13 de agosto de 2005, no exercício do mandato de deputado federal.

Eduardo Campos morreu no mesmo dia do avô Miguel Arraes

Do G1

O candidato a presidente do PSB, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morreu na manhã desta quarta-feira (13) após a queda do jato particular em que viajava em um bairro residencial em Santos, no litoral paulista. Campos tinha 49 anos e morreu no mesmo dia que seu avô, Miguel Arraes, que também foi governador de Pernambuco. Arraes morreu de infecção generalizada em 13 de agosto de 2005.

Miguel Arraes de Alencar, de 88 anos, nasceu em Araripe, no Ceará. Filho de pequenos agricultores, estudou direito no Rio de Janeiro, mas concluiu o curso no Recife. Começou a carreira política em 1947, como secretário da Fazenda de Pernambuco. Três anos depois, foi eleito deputado estadual pelo Partido Social Democrático.

Assumiu novamente a secretaria da Fazenda em 1959 e, no mesmo ano, venceu as eleições para a prefeitura do Recife. Miguel Arraes chegou ao governo de Pernambuco em 1962, com o apoio do partido comunista brasileiro. Ele foi responsável, por exemplo, pelo acordo do campo, uma negociação entre os cortadores de cana de açúcar e os usineiros, que criou um salário acima do mínimo para os trabalhadores rurais.

Em 1964, Arraes foi cassado e preso pelos militares e se exilou na Argélia. Só voltou ao Brasil em 1979 com a lei da anistia. Em 1982, foi eleito deputado federal. Quatro anos depois, governador de Pernambuco, pela segunda vez. Em 1990, deixou o PMDB e criou o Partido Socialista Brasileiro. De 1994 a 1998 governou o estado de Pernambuco, pela terceira vez.