Opinião: PM mata camelô

Por Luiz Flávio Gomes

Um PM executou sumariamente um camelô, em SP. As imagens não mostram situação de legítima defesa (porque o camelô não avançou contra o policial, sim, tentou retirar-lhe o “spray”). Ele foi preso em flagrante. Qual o significado social e político dessa execução sumária? Nenhum. Pobre quando mata pobre faz a alegria do nobre. Todos deveríamos ser “animais domesticados” (Nietzsche).

Os pobres, no entanto, para nossa elite dirigente, devem ser menos domesticados (a escola pública que temos é a prova maior dessa assertiva; a falta de bom treinamento dos policiais antes de saírem para as ruas, armados, constitui outro exemplo – veja o estudo realizado com 21.101 policiais militares, civis, federais, rodoviários federais, bombeiros e peritos criminais de todos os Estados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, pelo Centro de Pesquisas Jurídicas Aplicadas da Fundação Getúlio Vargas e pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (veja UOL).

Seja quando um PM mata um pobre, seja quando um pobre mata um PM (dizem que para cada 4 civis mortos, assassina-se um PM – veja recente matéria da BBC), nenhuma diferença faz para a política estatal genocida, fundada no segregacionismo, na discriminação, na desigualdade e no total desrespeito aos direitos dos pobres e dos policiais. Todos eles no Brasil são homo sacer (pessoas que podem ser exterminadas, em regra impunemente, – veja Agamben).

De acordo com a ótica deplorável da nossa elite aristocrática, a morte do pobre significa um “animalzinho” a menos. Só um a menos (no grupo dos pobres ou nas fileiras da PM), e a vida segue. A relevância, em 2014, do assassinato de um pobre ou de um PM (para a elite dirigente) é a mesma da morte dada a um escravo pelo seu senhor de engenho na época colonial. Tudo caminha de acordo com a tradição. A elite está ignorando que por detrás dos ratos mortos há uma grande peste, que mata todo mundo (veja A peste, de Albert Camus). Historicamente, toda indignação insuportável sempre chegou a uma revolta (que um dia poderá unir o pobre e a polícia). Quando, onde, de que modo? É sempre difícil saber.

Vários jornais noticiaram o enorme desfalque que a pirataria vem causando aos cofres públicos e aos fabricantes legalizados (R$ 782 bilhões por ano – Valor 17/9/14: A2). Vejamos a descrição dessa roubalheira pirata (a pesquisa é da FGV e do Etco): a indústria e o fisco perderam mais R$ 30 bilhões em 2013, com contrabando, sonegação, pirataria e falsificação; indústria de óculos: R$ 8 bilhões; produtos de limpeza: R$ 2,24 bilhões; perfumes: R$ 2,5 bilhões; cigarros: R$ 4,8 bilhões; TV por assinatura: R$ 1,8 bilhões. A ilegalidade está diretamente ligada à sonegação fiscal, perda de empregos formais e riscos ao consumidor. O contrabando paraguaio seria responsável por mais de R$ 20 milhões de sonegação.

Na Escandinávia, pelo grau da sua civilização, o fisco partiria devassadoramente para cima dos sonegadores e fraudadores; no Brasilquistão, a PM sai matando os camelôs nas ruas fora da situação de legítima defesa. Os camelôs são, no entanto, a ponta final da fraude, que conta com a conivência de 68% dos adultos brasileiros, que compram produtos pirateados – veja Datafolha.

O Estado brasileiro (um simulacro de Estado, na verdade), comprado vergonhosamente pelos fraudadores-financiadores das campanhas eleitorais, nada ou pouco faz contra os criminosos de cima. Porque se trata de uma roubalheira de gente grande (que integra e comanda o Estado, formando um enorme crime organizado). A PM não chega nessa elite (porque ela foi programada para cuidar da patuleia).

Luiz Flávio Gomes é jurista e diretor-presidente do Instituto Avante Brasil.

Artigo: A arte de influenciar pessoas

Por Claiton Fernandez

A literatura corporativa está repleta de livros que prometem revelar as “técnicas ocultas” utilizadas pelos grandes líderes para influenciar e mobilizar pessoas.

O psicólogo norte-americano Howard Gardner, um dos renomados pesquisadores da Universidade de Harvard, elaborou, ao longo de uma década, uma espécie de raio-x dos cérebros mais influentes da história. Focalizando da primeira ministra britânica Margaret Thatcher ao superCEO Jack Welch, ele analisou como essas personalidades “mudaram a cabeça” de outros indivíduos. O resultado da pesquisa deu origem ao livro Changing Minds – The Art and Science of Changing Our Own and Other People’s Minds (na tradução literal, Mudando Ideias – A Arte e Ciência de Mudar as Ideias Próprias e de Outras Pessoas). A obra comprova que, ao contrário do que se imaginava, a ciência da persuasão vai muito além dos exercícios de oratória ou das nuances da linguagem corporal.

Acreditava-se até então que influenciar pessoas era uma habilidade comportamental e não intelectual. Uma pesquisa bastante conhecida na área de Programação Neurolinguística, por exemplo, pregava que apenas 7% da comunicação interpessoal ocorre através das palavras. A entonação da voz responderia por 38% da mensagem, enquanto a postura corporal e as expressões do rosto transmitiriam nada menos do que 55% das informações captadas pelo cérebro humano.

Diziam que o cantor é mais importante do que a canção. Da mesma forma, quem fala é mais importante do que aquilo que está sendo falado. No entanto, descobriu-se que os líderes mais influentes do mundo expõem suas ideias de uma forma racional e sistemática – e com uma estrutura de argumentação envolvente. Resumindo, as palavras têm muito mais importância no discurso persuasivo do que se pensava.

Na verdade, a mente processa e arquiva informações de diversas formas. Cada ideia que temos é representada ou por uma imagem, ou por um som ou por outros tipos de signos mentais. Para mudar uma pessoa, ou suas opiniões, é necessário, portanto, remodelar essas roupagens que a mente dá a cada ideia. E isso pode ser feito de várias maneiras, inclusive conversando.

Não que a neurolinguística esteja ultrapassada, mas a pesquisa ajudou a desvendar, de quebra, por que algumas pessoas conseguem mover multidões com o dom da palavra. Hoje, provocar mudanças é uma habilidade obrigatória para qualquer líder. Na atual dinâmica da economia global, as empresas são obrigadas a estarem sempre em compasso de transição.

O problema é que raramente as pessoas estão preparadas para mudar na velocidade que o mundo dos negócios exige. Pelo contrário, por natureza, a mente humana prefere as mordomias da estabilidade às incertezas da mudança. Os indivíduos geralmente criam uma fixação pelos hábitos e comportamentos que se mostraram eficazes no passado.

A tendência à acomodação é uma verdadeira dor de cabeça para os gestores que tentam implantar novos paradigmas em suas empresas. Sem a devida preparação, dificilmente eles conseguem contornar as resistências e levar seus projetos adiante. Influenciar pessoas está cada vez mais difícil.

Claiton Fernandez é palestrante, consultor e educador. Autor dos livros “Caminhos de um Vencedor” e “Da Costela de Adão à Administradora Eficaz”. Site: www.claitonfernandez.com.br .

OPINIÃO: Bônus para a polícia é política pública equivocada e incompleta

Por Fernando Fabiani Capano

Com o objetivo de tentar reduzir a criminalidade, o governo do Estado de São Paulo instituiu o projeto de pagamento de bônus a policiais militares que cumprissem a meta de diminuir os índices de violência, em especial, o de mortes violentas e roubos ou furtos de veículos. Para o advogado, Fernando Fabiani Capano a atitude do governo de tentar melhorar os salários dos policiais, apesar de válida, trata-se de “política pública equivocada e incompleta”.

Fernando Capano explica que os bônus seriam pagos para policiais lotados em distritos policiais e quartéis que apresentassem números que comprovassem a diminuição dos índices de violência em sua respectiva área de atuação, porém, iniciativas que contemplem pontualmente apenas algumas áreas geográficas e a diminuição de alguns tipos de crime produzem poucos resultados efetivos na segurança pública. “Segurança pública é, antes de mais nada, uma sensação. As métricas que medem o sucesso de uma política pública tão especial como a da Segurança Pública são complexas e precisam ser consideradas em conjunto, de maneira sistêmica”, defende.

O especialista argumenta que o pagamento de bônus eventuais não garante a necessária valorização do policial militar e que, se o governo paulista pretende resgatar o prestígio das instituições de segurança, será necessária instituir uma política consistente e sistemática. “Será necessário, antes de mais nada, mirar o ser humano policial, praticando uma política pública que contemple, antes dos bônus eventuais e transitórios, vencimentos e salários dignos do risco da profissão policial e da qualidade dos serviços que todos esperamos”.

Fernando Fabiani Capano é advogado da Capano Passafaro Advogados e Professor Universitário,  milita tutelando os interesses de Associações e Sindicatos de Servidores Policiais. 

Opinião: Cadê o sotaque?

Por Menelau Júnior

Nos últimos dez dias, os programas jornalísticos deram uma atenção especial ao Rio Grande do Sul por causa de um episódio envolvendo a torcida do Grêmio. Não deve ter sido difícil perceber a pronúncia diferente dos jornalistas de lá quando usam palavras com a letra “r” no fim de alguma sílaba. “Porta”, “corpos” e “marcas” são apenas algumas.

O “r” pronunciado à moda sulista recebe o nome de “retroflexo”. É bastante comum também no interior de São Paulo. Quando um morador dessas áreas é entrevistado, logo se percebe a pronúncia “enrolada” da letra “r”. Mas por que normalmente os jornalistas tendem a não apresentar essa marca regional de forma tão contundente?

A resposta é simples: porque a maioria das redes de televisão tenta, com a ajuda de fonoaudiólogos, extirpar qualquer marca de regionalismo dos repórteres. Para muitas dessas redes, o “r” retroflexo é visto como algo “caipira”, “matuto”. Mudar a pronúncia é, pois, uma exigência para estar no ar em rede nacional.

O resultado, muitas vezes, soa esquisito. É estranho para um gaúcho ouvir um conterrâneo que fala sem as marcas linguísticas da região. No Rio, as TVs retiram o “s” chiado; no Nordeste, evita-se a fala meio “cantada”.

A intenção, óbvio, é uniformizar a língua. Vã tentativa. O idioma muda invariavelmente. Querer que  repórteres falem da mesma forma de norte a sul é como querer que todos os brasileiros pensem do mesmo jeito e tenham os mesmos hábitos. Esses falares regionais, que são marcas identitárias do povo, só aparecem na TV de forma estereotipada, principalmente no caso dos nordestinos.

A língua muda conforme suas próprias necessidades. As variações, muito mais que marcas de desorganização, constituem a base de todas as línguas, conferindo-lhes riqueza e soberania. As tentativas de uniformizar os falares são, portanto, artificialidades que a nada levam e que em muito prejudicam a identidade do povo. Mais importante que retirar à força as marcas regionais dos jornalistas seria dar-lhes autonomia para dar às reportagens a “cara” de cada região. E isso está intimamente ligado à forma como falamos.

Menelau Júnior é professor de língua portuguesa.

Marina abre 12 pontos na frente de Dilma em Pernambuco

Do Blog do Magno

Na disputa presidencial em Pernambuco, a candidata do PSB, Marina Silva, abre uma frente de 12 pontos percentuais sobre a presidente Dilma. Segundo levantamento do Instituto Opinião, com exclusividade para este blog, se as eleições fossem hoje Marina teria 44,5% dos votos contra 32,9% de Dilma, enquanto o candidato do PSDB, Aécio Neves, desponta com apenas 3,1% das intenções de voto.

O Pastor Everaldo (PSC) aparece com 0,7%, Luciana Genro (PSOL) 0,3%, Zé Maria (PSTU) 0,2% e os demais – Eymael, Eduardo Jorge, Levy Fidelix e Rui Costa 0,1%. Brancos e nulos somam 7% e 10,9% se apresentaram indecisos. Estratificando por regiões, Marina só perde para Dilma no Sertão.

Na Região Metropolitana, onde estão concentrados mais de 40% do eleitorado do Estado, Marina tem 51,5% dos votos contra 23,1% de Dilma. Na Zona da Mata, 44,6% contra 33,6% em favor da socialista. No Agreste, Marina se apresenta com 42,3% contra 38,7% da petista, enquanto no São Francisco Marina tem 45,5% contra 34,8% de Dilma.

Os maiores percentuais de Marina no Estado estão entre os eleitores com renda familiar entre cinco e 10 salários mínimos (62,4%), entre os eleitores com grau de instrução superior (60,7%) e entre os eleitores jovens, na faixa etária de 16 a 24 anos (49,3%). Por sexo, 46,6% dos seus eleitores são homens e 42,6% mulheres.

As menores taxas de Marina aparecem entre os eleitores com grau de instrução até a 4ª série (29,6%), entre os eleitores com renda familiar até um salário mínimo (33,2%) e entre os eleitores na faixa etária acima de 60 anos (38,8%).

Já a presidente Dilma tem seus melhores percentuais no Estado entre os eleitores com grau de instrução até a 4ª série (48,2%), entre os eleitores com renda familiar até um salário mínimo (47,7%) e entre os eleitores na faixa etária acima de 60 anos (37,8%). Por sexo, 34,2% dos seis eleitores são homens e 31,8% homens.

As suas menores taxas estão entre os eleitores com renda familiar acima de 10 salários mínimos (15,4%), entre os eleitores com grau de instrução superior (18,9%) e entre os eleitores na faixa etária de 35 a 44 anos (31,1%).

Fernando Bezerra reduz diferença para 10 pontos frente a João Paulo

Do Blog do Magno

Na corrida para o Senado, o candidato do PT, João Paulo, permanece na liderança com 32,1% das intenções de voto, enquanto Fernando Bezerra (PSB) tem 22,3%, segundo levantamento exclusivo do Instituto Opinião para este blog. Simone Santana desponta com 2,5%, Albanize Pires tem 1% e Oxis 0,3%. Brancos e nulos somam 12,5% e 29% dos eleitores se confessaram indecisos.

Por regiões, Fernando Bezerra só está acima de João Paulo nos sertões do São Francisco, onde aparece com 58,3% contra 15,9% e nos demais sertões – 20,8% a 15%. A maior frente de João está na Região Metropolitana, com 39,4% das intenções de voto contra 23,8% de Bezerra. No Agreste, João tem 29,8% contra 14,1% de Bezerra, enquanto que na Zona da Mata o petista aparece com 37,6% contra 17,1% do socialista.

Estratificando os números para o Senado, os maiores percentuais de João Paulo aparecem entre os eleitores com grau de instrução da 5ª a 8ª séries (36,8%), entre os eleitores com renda familiar entre três e cincos salários (36,6%) e entre os eleitores jovens, na faixa etária de 16 a 24 anos (34,8%).

As menores taxas do petista aparecem entre os eleitores com grau de instrução até a 4ª série (24,9%), entre os eleitores com renda familiar acima de 10 salários mínimos (26%) e entre os eleitores na faixa etária de 45 a 59 anos (29,2%). Por sexo, João tem a preferência dos eleitores masculinos – 35,1% contra 30% dos eleitores femininos.

Já o candidato da Frente Popular, Fernando Bezerra, tem suas melhores taxas entre os eleitores com renda superior a 10 salários (41,5%), entre os eleitores na faixa etária de 45 a 59 anos (25%) e entre os eleitores com grau de instrução superior (36,3%). Por sexo, 25,7% dos homens disseram que votariam no socialista contra 19,4% das mulheres.

As menores intenções de voto de Fernando na disputa pelo Senado aparecem entre os eleitores com renda familiar até um salário mínimo (18,6%), entre os eleitores com grau de instrução até a 4ª série (17,1%) e entre os eleitores na faixa etária de 25 a 34 anos (20,2%).

Paulo Câmara cresce 25 pontos e empata com Armando

Do Blog do Magno

Na segunda rodada de pesquisa de intenção de voto para governador de Pernambuco, o Instituto Opinião, de Campina Grande (PB), aponta um crescimento de 25 pontos percentuais para o candidato do PSB, Paulo Câmara, que já aparece empatado, tecnicamente, com o candidato do PTB, Armando Monteiro. Se as eleições fossem hoje, Armando teria 34,7% dos votos contra 33,1% de Câmara.

Os candidatos nanicos pontuaram abaixo de 1%. Jair Pedro (PSTU) com 0,8%, Zé Gomes (PSOL) também 0,8%, Pantaleão (PCO) 0,7% e Miguel Anacleto (PCB) 0,3%. Brancos e nulos somam 8,4% e indecisos chegam a 21,2%. O levantamento, com dois mil questionários, foi a campo entre os dias 30 e 31 de agosto e 1 e 2 de setembro, em 80 municípios do Estado. A margem de erro é de 2,2% para mais ou para menos.

Em relação à pesquisa anterior, realizada entre os dias 9, 10, 11 e 12 de julho, Câmara cresceu 25 pontos percentuais, passando de 8% para 33%, enquanto Armando perdeu seis pontos, oscilando de 40% para 34%. A pesquisa está registrada no TSE sob o número 00493/2014 e no TRE sob o número 00020/2014.

Estratificando por regiões, Paulo Câmara já ultrapassou Armando no Grande Recife, onde aparece com 37,4% dos votos contra 29,6% do trabalhista. Na Zona da Mata já aparece empatado – 34.6% de Armando contra 33,9% do socialista. Nas demais regiões, entretanto, Armando mantém vantagens. No Agreste, Armando tem 40,9% dos votos contra 31,3% de Câmara.

Na região do São Francisco, de influência do candidato a senador pela Frente Popular, Fernando Bezerra Coelho, Câmara também continua em desvantagem. Ali, Armando aparece com 41,7% contra 28% do adversário, enquanto nos demais sertões (Pajeú, Moxotó, Araripe. Sertão Central e Itaparica) Armando tem 35,8% contra 23% de Câmara.

Os maiores percentuais de aceitação de Armando se encontram entre os eleitores com renda familiar até um salário mínimo (38,8%), entre os eleitores jovens, na faixa etária de 16 a 24 anos (38,7%) e entre os eleitores com grau de instrução até a 4ª série (37,7%). O trabalhista tem mais votos entre os eleitores masculinos – 38,3% contra 31,5% dos eleitores do sexo feminino.

Seus menores indicativos de votos estão entre os eleitores com renda familiar acima de 10 salários mínimos (23,6%), entre os eleitores com grau de instrução superior (28,7%) e entre os eleitores na faixa etária de 45 a 59 anos (32,6%).

Já o candidato do PSB, Paulo Câmara, tem suas maiores taxas de intenção de voto entre os eleitores com renda familiar acima de 10 salários mínimos (50,4%), entre os eleitores com grau de instrução superior (46%) e entre os eleitores na faixa etária dos 45 a 59 anos (35,5%). Por sexo, tem também a preferência dos eleitores masculinos – 35,9% contra 30,7% dos eleitores do sexo feminino.

Suas menores taxas de intenção de voto aparecem entre os eleitores com renda familiar até um salário mínimo (25,5%), entre os eleitores com grau de instrução até a 4ª série (21,6%) e entre os eleitores na faixa etária acima de 60 anos (29,2%).

METODOLOGIA – modalidade de pesquisa adotada envolveu a técnica de Survey, que consiste na aplicação de questionários estruturados e padronizados a uma amostra representativa do universo de investigação. Foram realizadas entrevistas pessoais e domiciliares. As entrevistas foram realizadas por sete equipes de entrevistadores, devidamente treinadas para abordagem desse tipo de público; supervisionadas pelos coordenadores de campo da OPINIÃO – Pesquisas Sociais Ltda.

Opinião: Um planejamento estratégico e participativo é possível em Caruaru?

Por Sandro Vila Nova

Há pouco foi realizada uma audiência pública para apresentação da LDO, a Lei de Diretrizes Orçamentárias.  Esta é a lei que define os rumos e orienta como serão fixadas as despesas e estimadas as receitas para um exercício fiscal futuro, no caso, para o ano de 2015.  Um plano diretor é o ponto de partida para o planejamento urbanístico de uma cidade, em uma perspectiva estratégica de dez anos, pelo menos.

O plano diretor de Caruaru em vigência é a Lei Complementar nº 05, de 27 de julho de 2004 (alterada pelas Leis Complementares nºs 07/2006 e 08/2006), portanto já conta mais de dez anos, e sofreu suas mais recentes modificações por ocasião das discussões na Câmara Municipal que resultaram na alteração dos coeficientes de construção (Leis Complementares nº 33/2012 e 41/2013), na criação de “áreas de urbanização específica” (Lei Complementar nº 45/2014), além de outras questões de relevo para o planejamento urbano e para a tributação municipal… Tudo aprovado em meio ao turbilhão dos pontos finais de dezembro de 2013.

Em maio do ano passado, na Conferência Municipal da Cidade realizada na FAFICA, os participantes aprovamos, entre outras, a proposta “Atualizar o Plano Diretor de forma participativa e com profissionais locais capacitados”.  Bem, ao final desta Conferência, criou-se o Conselho da Cidade – ConCidade em cuja composição há treze titulares com os respectivos suplentes, sendo cinco indicados pelo Poder Público e oito eleitos pela sociedade civil. Desde a criação do ConCidade e da aprovação de seu Regimento Interno, as tentativas são de se fazerem observadas a natureza e a eficácia das suas atribuições, cumprindo-se as disposições dos Decretos nºs 49/2013 e 28/2014.

E não está fácil em função de algumas ausências tanto dos representantes do Poder Público como da sociedade civil, que não está organizada, infelizmente.  Quando se alcança o quórum de deliberação nas reuniões, o ponto de discussão fixado como que permanentemente na pauta é único: a revisão do plano diretor (com a elaboração de um plano municipal de mobilidade inserido, ou em separado). Há um Termo de Referência apresentado pelos arquitetos e urbanistas, técnicos da Empresa de urbanização e planejamento de Caruaru – URB e profissionais da cidade, com base nas observações de alguns conselheiros, documento que serve para definir os rumos e orientar os trabalhos de uma empresa que venha a fazer os estudos e pesquisas necessários à revisão do plano diretor e à elaboração de um plano de mobilidade.

Contudo, na reunião mais recente do ConCidade, realizada na ACIC, no dia 20 de agosto de 2014, o secretário de Planejamento e Gestão acenou que o prefeito quer definir essa questão e pretende autorizar a contratação (mediante convênio, sem licitação) de um serviço de consultoria que seria prestado pela Fundação Apolônio Salles, a FADURPE, uma entidade sem fins lucrativos com cerca trinta anos de existência.  O secretário falou também que consultou outras empresas que fazem planos diretores, e também outros municípios que já teriam feito planos diretores com a FADURPE.

O valor dessa consultoria oscila de novecentos mil a um milhão e oitocentos mil reais… Haveria, segundo o secretário, preocupações em se fazer a escolha por edital: as empresas devem ter a “expertise” necessária (sem a qual o plano diretor de 2004 resultou um “copia-e-cola”); há de se acrescer ao plano diretor o plano de mobilidade; e os produtos do Termo de Referência (a realização de nove audiências públicas por região da cidade, o georreferenciamento com mapas digitais, outros estudos e pesquisas etc.) poderiam resultar numa licitação deserta etc.

Assim, destaca-se que dependerá da participação e mobilização da sociedade caruaruense se será dada a transparência ativa e a publicidade para esse novo processo de elaboração de um plano diretor com um plano de mobilidade.  Segundo defendem integrantes da Secretaria de Participação Social, o empoderamento dos cidadãos se iniciou com o programa “Ciclo 2013 do Orçamento Participativo”.

Porém, sem participar das audiências públicas (por falta delas ou por falta de divulgação com antecedência de uma única consulta popular desta natureza) como o povo poderá definir questões prioritárias no orçamento, e como construirá seu futuro?!  É isso que se deve garantir: que tudo seja construído ouvindo-se antes a população. Simples.  Não é muito. Basta cumprir as disposições da Lei de Responsabilidade Fiscal (Artigos 9º e 48), bem como as do Estatuto das Cidades (Artigos 2º, 4º, e principalmente 40, 43 e 44). Um exemplo de como se dever observar estas leis é a proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias para o exercício de 2015, projeto de lei que já seguiu do Executivo para a Câmara para que os vereadores tomem conhecimento dessa “lei balizadora”, que diz o que é prioridade para 2015.

E os cidadãos caruaruenses tivemos pouquíssimo tempo para saber o quanto do futuro está sendo decidido até o dia 31 do mês da agosto.  Seria suficiente fazer apenas uma audiência na Câmara? E com poucos dias para discussão, já se aprovar uma matéria tão importante como uma peça orçamentária ou um plano diretor, sem ouvir o que se quer e o que se precisa nas comunidades, bairros, povoados e vilas de Caruaru, atenderia a lei e a justiça social? E o que falar de uma matéria como o plano diretor, basta ser apresentada a algumas entidades no âmbito de um Conselho?!  Torcemos para que não se chegue à “verdade inconveniente” de que não era nada disso o que se queria para o futuro de Caruaru, como fora no plano de 2004.  E não dá para esperar mais dez anos para corrigir os erros.  E não se devem errar os mesmos erros.

Podemos até aprender errando erros diferentes, mas com cada vez mais vontade de acertar!  Dissemos que um plano diretor é o ponto de partida para o planejamento urbanístico e estratégico de uma cidade. Mas também é um meio para se fiscalizar o desenvolvimento do município de modo que esse atenda às demandas da sociedade que vai usufruir a infraestrutura e os serviços já devidamente pagos com o dinheiro dos impostos. Esse planejar de orçamento não é uma tarefa exclusiva dos gestores e do Legislativo. E ao tomar parte dessa ação, os cidadãos exercem diretamente a democracia.

 

Sandro Vila Nova é Servidor público do Tribunal de Justiça de Pernambuco e Conselheiro no ConCidade e no Orçamento Participativo

Opinião:Famílias podem receber auxílio para cuidar de idosos

Por Patrícia Zanotti

Os cuidados devem ser constantes em qualquer fase da vida, mas é fato que a terceira idade exige mais atenção. Ter um idoso doente em casa ou que já esteja há tempos em uma situação delicada, e, muitas vezes inesperada requer algumas mudanças na rotina da família. Em virtude disso, as famílias com renda mensal per capita igual ou inferior a um salário mínimo podem receber auxílio financeiro para ajudar nos cuidados dos idosos.

O que muitas pessoas ainda não sabem, é que os idosos com 65 anos ou mais podem receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que assegura um salário mínimo mensal para a família que mantém sob seus cuidados pessoa nessa faixa etária. De acordo com a Dra. Patrícia Zanotti, advogada do CEPAASP – Centro Paulista de Apoio aos Aposentados e Servidores Públicos, esse é um mecanismo de proteção à velhice que garante assistência necessária para os cuidados durante esta fase. “O pagamento de um salário mínimo mensal para as famílias, já é uma ajuda para custear algumas despesas do idoso, como remédios, terapias, passeios. É importante alertar que com ajuda desse auxílio, podemos diminuir o grande número de idosos que vivem em asilos ou instituições em condições precárias” alerta.

A família beneficiada deve empregar o dinheiro ao uso exclusivo da saúde e bem estar do idoso, sob pena de responsabilização civil. O BPC é um direito assegurado pela Constituição Federal, e o direito ao benefício está amparado também na Lei 10.741/03, que institui o Estatudo do Idoso. É importante salientar que a família deve comunicar em até 30 dias às autoridades caso haja falecimento do idoso que estava sob seus cuidados.

“Devemos deixar claro que o benefício deixa de ser pago quando há aumento das condições de renda per capita da família ou pela morte do beneficiário. O benefício assistencial é intransferível, portanto, não gera pensão aos dependentes”, aponta a Dra. Patrícia Zanotti.

Patrícia Zanotti é advogada do CEPAASP – Centro Paulista de Apoio aos Aposentados e Servidores Públicos.

Opinião: O mistério da última viagem

Por Menelau Júnior

Há duas semanas, Eduardo Campos dava uma pausa em sua agenda política para passar o Dia dos Pais com a família. Não sabia ele que a fatalidade do destino arrancaria seu sopro de vida alguns dias depois.

O Brasil se emocionou com a história do político que dava seu primeiro grande voo na política nacional. Chamado de “tolo”, “mimado” e de “traidor” pelo PT, que hoje o chama de “exemplo”, Eduardo ousou romper com alianças antigas para levar uma mensagem de esperança aos brasileiros. Em uma de suas últimas entrevistas, disse na bancada do Jornal Nacional: “Não vamos desistir do Brasil”.

Mas o mistério da última viagem estava reservado ao ex-governador. A mesma viagem que todos faremos um dia. Sendo impossível compreendê-la, resta-nos aceitá-la. Inesperada, repentina, inexplicável, a última viagem deixa aos que ficam a mensagem de que nada podemos contra ela, de que teremos de fazê-la mais cedo ou mais tarde.

Talvez mais assustador que nossa última viagem seja ver nossos entes queridos fazê-la – ainda mais quando sequer existe aviso de que ela estaria se aproximando. Da quarta fatídica até hoje, quantos filhos e pais assassinados, quantos mortos em nosso trânsito selvagem… Quantas famílias não estão chorando hoje também?

A crença em Deus ajuda numa hora dessas? Tenho certeza de que sim. A esperança de que a vida não acaba aqui – mesmo quando retirada de forma brutal – nos enche de esperanças num outro mundo. Dá sentido à vida, mesmo na hora da morte. Ajuda a aceitar, mesmo quando não queremos compreender. Ou ajuda a compreender, se não queremos aceitar.

Mortes como a de Eduardo Campos, que provocam comoção nacional, nos lembram, insistentemente, que sonhar com voos mais altos é intrínseco à condição humana. Sofrer com as perdas também. Nessas horas de dor, a crença numa força maior nos ajuda a ver sentido nos passos que ainda temos de dar, nos voos que ainda temos de fazer. Até que um dia, quando tivermos de “viajar”, possamos nos orgulhar do que aqui fizemos, do que aqui deixamos. Na esperança de que, noutro lugar, seja possível enxergar a luz do futuro, a mesma luz que se apaga quando nosso corpo padece.

O mistério da morte existe para nos lembrar de que a vida só faz sentido quando se faz o bem, sem olhar a quem. O mistério da morte nos cala, nos faz chorar e sofrer. Mas também serve para que reconheçamos como é bom viver – e como devemos cuidar uns dos outros.

Menelau Júnior é professor de língua portuguesa.