Artigo: Respeito para ser respeitado

Por Paulo Roberto

Diante de todos os protestos que acontecem pelo mundo, principalmente no Brasil, temos que observar realmente o que está sendo reivindicado. Podemos pedir para respeitar nossa saúde, nossa educação se não conseguimos respeitar o próximo? Respeito todas as formas de protesto, pois vivemos em uma democracia, mas, a partir do momento que o respeito acaba, perdemos o direito ao que já temos e ao que pleiteamos.

Infelizmente, a sociedade passa por uma situação de inversão de valores. Muitos pedem o que não são capazes de colocar em prática. Senti na pele e de fato o peso desta inconsequência no último protesto realizado em Caruaru. Eu, como presidente da Associação dos Defensores de Direitos Humanos e dos Homossexuais do Agreste Central (Caruaru) – ADDHAC, repudio as ações desrespeitosas realizadas por uma minoria de militantes de diversas classes e que se diziam representantes da sociedade civil LGBT. Pensei: como lutamos tanto para sermos respeitados e alguns agem com tamanho desrespeito? Constrangimento e indignação foram meus sentimentos ao saber que Júnior Sherman(militante), que é empresário da noite LGBT, e a quem eu tenho respeito e admiração por ser um grande parceiro na luta contra a homofobia; Priscilla Presley, presidenta do GRGC – Grupo de Resistência Gay de Caruaru, o qual digo o mesmo; as militantes Teo Bibiano e Raquel Bibiano, e o meu querido André, que presidiu o protesto; levaram nossa bandeira do movimento à avenida, em uma demonstração legítima da democracia, a qual respeito, e terceiros se aproveitaram da situação para denegrir a imagem do chefe do executivo, desrespeitando também a nobre iniciativa dos colegas militantes e a sociedade civil LGBT, que não foi consultada. Estas atitudes não representam a sociedade civil LGBT.

No momento que fui informado de como procederiam, imediatamente, me recusei a participar, pois, como já citei, são atos que não nos representam. Ainda, as reivindicações que o pequeno grupo fazia são completamente infundadas, pois sempre recebemos o apoio do governo municipal.

Não sou nem nunca fui partidário, mas partindo do princípio do respeito e da cidadania, não posso desmerecer as ações realizadas pelo prefeito José Queiroz junto à sociedade civil LGBT. No seu governo, foi criada a Assessoria Municipal de Políticas LGBT; Caruaru sediou o encontro de gestores e gestoras LGBT; criou decreto que garante a adoção do nome social nas repartições públicas; apoia a realização das paradas Gays do Agreste Central, disponibilizando parte da infraestrutura; ofereceu transporte gratuito e café da manhã para participarmos da Parada da Diversidade, realizada em Recife; além da utilização de banheiros químicos de acordo com a identidade de gênero, o mesmo vale para as filas de revista durante os eventos públicos realizados na cidade. Reconheço que ainda precisamos de muitos avanços, mas tenho que reconhecer também que muito já foi feito por nós.

Em nome da  sociedade civil LGBT, venho pedir desculpas ao prefeito José Queiroz pelas agressões verbais realizadas por este grupo que não nos representa.Então, peço que sejamos unidos, como sociedade civil LGBT, e busquemos os nossos direitos de forma cidadã, racional e, acima de tudo, respeitosa, pois essa é uma das nossas principais bandeiras: o respeito! Nunca conseguiremos algo que não somos capazes de ser exemplo!

Paulo Roberto é Presidente da Associação dos Defensores de Direitos Humanos e dos Homossexuais do Agreste Central (Caruaru) – ADDHAC