Forças Armadas farão inspeções periódicas em presídios

O Globo

As Forças Armadas farão inspeções rotineiras dentro dos presídios estaduais, para fazer apreensões, a depender da aprovação dos governadores de cada estado. O presidente Michel Temer, por meio do porta-voz, afirmou que a crise no sistema prisional atingiu “contornos nacionais” e pede ações “extraordinárias”. O anúncio foi feito após reunião do presidente com órgãos de inteligência no Palácio do Planalto nesta terça-feira.

“Haverá inspeções rotineiras dos presídios com vistas à detecção e apreensão de materiais proibidos. Essa operação visa a restaurar a normalidade e os padrões básicos de segurança dos estabelecimentos carcerários brasileiros”, declarou Temer por meio do porta-voz, Alexandre Parola.

O governo federal também anunciou que haverá mais integração entre os órgãos de segurança nacional, como aconteceu na Olimpíada do Rio, no ano passado, com um centro de controle e com comunicação facilitada entre os agentes. Desta vez, o trabalho será focado nas facções criminosas nos presídios.

Como os estados são os responsáveis constitucionais pelos presídios, os governadores terão de autorizar a presença das Forças Armadas dentro das cadeias. O governo ainda detalhará a proposta, mas as ações serão periódicas, e o contato direto com os detentos vai continuar sendo feito pela polícia do estado. O Ministério da Defesa já está de acordo com a ideia.

Também foram dois criados grupos de trabalho. Uma comissão — formada por membro dos três Poderes e sociedade civil — terá a missão de “reformar” o sistema penitenciário. Foi anunciado ainda um “comitê de integração e cooperação” na área de inteligência.

PLANALTO MUDA TOM

Em uma mudança radical de tom do presidente sobre o sistema penitenciário, o uso das Forças Armadas em presídios estaduais é visto no Palácio do Planalto como uma resposta à ameaça “iminente” de colapso das carceragens. No governo, as operações futuras dos militares são comparadas à Força de Pacificação do Complexo da Maré, pelo caráter provisório e pelas surpresas das operações. Cada governador deverá solicitar ajuda federal, e o presidente Temer decidirá caso a caso.

A ideia de usar as Forças Armadas é comparada à Força de Pacificação do Complexo da Maré, no Rio, já que as ações serão pontuais e com tempo limitado. Assim que a situação voltar à normalidade, o governo estadual retoma a gestão. Os militares ficaram um ano e três meses no complexo da Maré, que tem 15 favelas e cerca de 150 mil pessoas, e realizaram 83 mil ações, 674 prisões e 255 apreensões de menores. As inspeções periódicas das Forças Armadas serão feitas de surpresa, e ainda não se sabe quais tropas irão para quais presídios. O orçamento também é desconhecido.

Auxiliares do presidente Michel Temer argumentam que a Força Nacional não daria conta da situação “dramática” das carceragens brasileiras, e que o governo teme que a crise se espalhe para outros estados. A medida é vista como uma resposta mais concreta à crise penitenciária, e com potencial de impacto em curto prazo. Esses auxiliares também preveem que o combate dos militares deve ser muito mais “duro” do que os das forças de segurança estaduais.

“Se as rebeliões continuarem e chegarem a outros estados, a panela estoura”, disse um assessor do Planalto.

Os debates são intensos no governo. Na manhã desta terça-feira, secretários de segurança estaduais de Justiça, Segurança e Assuntos Penitenciários foram ao Ministério da Justiça. Ainda nesta terça-feira, a Associação dos Magistrados Brasileiros reúne juízes de Varas de Execução Penal de todo o Brasil. Temer, no entanto, cancelou uma reunião que teria nesta terça-feira com todos os governadores. A intenção é dividi-los em grupos menores, de acordo com perfis dos presídios.

O tom do presidente mudou quanto aos massacres nos presídios, que já deixaram mais de 130 mortos. Somente quatro dias de silêncio total após o primeiro episódio, em Manaus com 56 detentos brutalmente assassinados, Temer chamou a matança de “acidente”. Criticado pelo posicionamento, ele reafirmou a opinião, publicando no Twitter sinônimos da palavra.

Na semana passada, o presidente admitiu “angústia” com as condições “desumanas” nas cadeias do país, e defendeu que a União aumente a participação na questão, por se tratar de questão de segurança nacional. Mesmo reconhecendo a precariedade no sistema carcerário, Temer defendeu o governo, argumentando que a ex-presidente Dilma Rousseff, ex-companheira de Presidência por mais de cinco anos, havia investido menos no Fundo Penitenciário Nacional (Funpen).

No presídio: espero que meu filho esteja vivo, diz mãe

Folha de S.Paulo 

Dezenas de familiares aguardam informações sobre presos em frente à Penitenciária de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal, onde acontece uma rebelião desde a tarde deste sábado (14) e pelo menos 10 detentos foram mortos, segundo o governo do Estado.

Os clima é de tensão e nervosismo no local. Um helicóptero sobrevoou o presídio durante a madrugada, enquanto policiais e bombeiros faziam ronda ao redor da unidade. Do lado de fora, é possível escutar barulho de tiros, bombas e gritos dos presos.

Até o começo da madrugada, a Polícia Militar ainda não havia entrado no presídio e o motim continuava em andamento. Todos os presos deixaram as celas e ocuparam a área dos pavilhões.

Zélia de Melo, 44, espera por notícias do filho, Diego, 26, condenado por a seis anos de prisão por tráfico de drogas –falta um ano para ele ser solto, segundo a mãe.

“Espero que esteja vivo. Só vou sair daqui quanto tiver informações”, afirma. Ela diz que bloqueadores de celular não impedem contato com os presos. Detentos repassam informações para as famílias, segundo pessoas no local. Durante todo o dia, familiares compartilhavam fotos e vídeos do massacre.

Detentos fogem de penitenciária em Tacaimbó

Do G1 Caruaru

Quatro detentos fugiram, na madrugada de hoje, da penitenciária de segurança máxima de Tacaimbó, no Agreste de Pernambuco, segundo a Seres. De acordo com o presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária de Pernambuco (Sindasp), João Carvalho, os homens fizeram um buraco na parede da cela de disciplina e conseguiram fugir.

Em nota, a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) informou ao G1 que o policiamento da região já foi acionado para providências cabíveis e um procedimento disciplinar foi instaurado pela para apurar as circunstâncias do caso.

Fuga por ‘falha na construção’

Em novembro de 2016, um detento de 29 anos fugiu da Penitenciária de Tacaimbó. Na ocasião, o Sindasp informou que a fuga se deu “por uma falha na construção” do prédio da penitenciária.

‘Segurança máxima’

A Penitenciária de Tacaimbó foi inaugurada em 8 de abril de 2016. De acordo com o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, o presídio é de segurança máxima e tem capacidade para 676 vagas. O prédio está localizado na BR-232, no Km 166, na Fazenda Água Branca, zona rural do município.

Ao G1, Pedro Eurico disse que a penitenciária tem quatro alas. A assessoria de comunicação informou que a obra foi orçada em R$ 30 milhões, com verba do Governo do Estado. A unidade tem 21.166,24m², sendo 8.826,39 de área construída.

Juiz pede para acelerar obras de presídio federal

O presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Roberto Veloso protocolou, ontem, no Ministério da Justiça, ofício direcionado ao titular da Pasta, ministro Alexandre de Moraes, solicitando o empenho do Governo do presidente Michel Temer na conclusão das obras da Penitenciária Federal de Brasília. “A presente solicitação – diz Veloso no pedido –  se justifica diante da situação calamitosa do sistema penitenciário nacional, enquanto os presídios federais se apresentam como solução emergencial de encarceramento dos líderes de facções criminosas”. A inauguração estava prevista para junho de 2014, mas, até o presente momento, as obras não foram concluídas e por isso é necessária uma atenção especial do Ministério da Justiça.

A construção da Penitenciária Federal de Brasília, no Distrito Federal, exemplifica bem o ritmo de execução das obras no sistema penitenciário brasileiro. Com previsão de ficar pronta em 2014, o empreendimento está paralisado em razão de questões negociais com a construtora vencedora da licitação. Com 208 vagas, a penitenciária federal de Brasília integrará o Sistema Penitenciário Federal (SPF), do qual já fazem parte as penitenciárias federais de Catanduvas (PR), Mossoró (RN), Porto Velho (RO) e Campo Grande (MS). Assim como as demais, a unidade de Brasília terá características de segurança máxima e sua finalidade será prestar apoio aos Estados e Distrito Federal na custódia de pessoas que se enquadrem em um dos requisito s definidos no Decreto 6.877/2009.

De acordo com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), o último levantamento aponta que o estágio de execução se encontra em 61,2%. Em função do processo de negociação, ainda não há prazo para finalização das obras. Em termos de valores, dos R$ 34,8 milhões previstos no contrato inicial, já foram desembolsados R$ 19,4 milhões.

Dados do Portal da Transparência mostram que alterações de projetos na 5ª Penitenciária Federal fizeram com que fosse realizado um termo aditivo ao contrato. Dessa forma, o valor do contrato passou para R$ 35,9 milhões. O termo aponta que houve prorrogação do prazo de execução por mais de 124 dias, contando o prazo e execução para até janeiro de 2016 e a vigência contratual até junho de 2016.

Enquanto a construção de presídios patina, a população carcerária não para de crescer. O Brasil tem 622.202 presos, número superior à população de Aracaju (SE). Os últimos dados são do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, divulgados no final de abril pelo Ministério da Justiça. O número refere-se a dezembro de 2014. Desde o ano 2000, o Brasil ganhou 389.477 presos, um aumento de 167%. O número de vagas em presídios não acompanhou essa expansão. Hoje, faltam 250.318 vagas no sistema penitenciário. É o equivalente à população de Palmas (TO).

O Brasil tem a 4ª maior população de presos do planeta, segundo o estudo do Ministério da Justiça. Só Estados Unidos, Rússia e China têm mais presidiários do que o Brasil. A população carcerária brasileira é maior que a da Índia, país com 1,2 bilhão de habitantes.

O número de presos também é alto quando comparado ao tamanho da população. No Brasil, são 306 presos para cada 100 mil habitantes. A média mundial é de 144 presos por 100 mil pessoas. Além disso, grande parte dos presos brasileiros (cerca de 250 mil pessoas) está detida de forma provisória. Isto é, são pessoas que não foram condenadas nem mesmo em 1ª Instância e que aguardam julgamento. Segundo o estudo, há indícios de que parte dessas pessoas, caso condenadas, não receberiam penas de privação de liberdade.

Temer anuncia construção de presídio de segurança

O presidente da República, Michel Temer (PMDB), anunciou, hoje, em discurso em Esteio, na Grande Porto Alegre, a construção de um presídio federal de segurança máxima no Rio Grande do Sul.

Em sua primeira visita ao Estado desde que assumiu a presidência, Temer disse que, embora não seja agradável anunciar a construção de penitenciárias, a realidade social exige medidas dessa natureza.

Na esteira dos massacres em prisões no Norte do País, o governo federal anunciou a construção de cinco presídios no Brasil – um por região. Durante o discurso, Temer, criticado por declarações dadas após as rebeliões, disse hoje que o governo tem preocupação “inafastável” com a segurança pública.

Economia

Em discurso durante entrega de ambulâncias do Samu em Esteio, Temer destacou a queda da inflação no País e a possibilidade do quadro gerar novos investimentos. Ele disse que quando a inflação cai, permite que os juros caiam “responsavelmente” e investimentos sejam retomados.

O presidente afirmou que, quando assumiu a Presidência, o índice de inflação prevista para 2016 era de 10,70%: “Nós entregamos no ano que terminou a inflação com 6,70%. Baixamos quatro pontos na inflação em seis meses”, destacou.

Temer citou ainda que “certa e seguramente”, com inflação caindo, os juros poderão cair “pouco a pouco” e incentivar novos investimentos.

Ministro: houve falha da empresa que administra presídio

Do G1

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou, hoje, em uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto, que houve “falha” por parte da empresa Umanizzare – que administra o Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) – no massacre que deixou 56 mortos nesta semana em Manaus.

O motim na unidade – que ocorreu entre domingo (1º) e segunda-feira (2) – durou 17 horas e, além dos 56 mortos, também registrou 180 fugas.

Aos jornalistas, o titular da Justiça ressaltou que a empresa tinha a responsabilidade de verificar a entrada de armas e celulares.

“A responsabilidade vai ser analisada pela força tarefa que está fazendo a investigação. O presídio é terceirizado. Não é uma PPP. É uma terceirização dos serviços. De cara, óbvio, houve falha da empresa. Não é possível que entre armas brancas, facões, pedaços de metal, armas de fogo inclusive escopeta”, declarou o ministro.

Moraes destacou ainda que relatórios de inteligência elaborados em outubro de 2016 indicavam que havia possibilidade de fuga na penitenciária da capital amazonense entre o Natal e o Ano-Novo.

“As autoridades locais disseram que tomaram todas as medidas para evitar isso. Isso vai ser apurado pela Polícia Civil”, enfatizou.

Risco de visitas

Documentos obtidos pelo ‘Jornal Nacional’ mostram que, antes da rebelião, a empresa Umanizzare alertou o secretário de Administração Penitenciária do Amazonas, Pedro Florêncio Filho, dos riscos de se permitir visitas no fim do ano aos presos.

O governo estadual havia permitido que cada um dos mais de 1,2 mil presos pudessem receber ao menos um acompanhante no Natal e no Ano-Novo.

No dia 27 de dezembro, quatro dias antes da rebelião, a empresa ainda pediu providências imediatas porque, no dia 24, com autorização da Secretaria de Administração, os horários de visitas não foram respeitados, o que prejudicou a revista de celas e a contagem de presos.

A empresa mandou, no dia 30, um novo ofício para o secretário pedindo novamente providências porque os presos tinham retirado do telhado sete barras de ferros de seis metros de comprimento cada uma.

Material semelhante tinha sido usado em uma tentativa de fuga recente. A empresa pedia uma revista com escolta armada para recuperar as barras de ferro. O objetivo era desmobilizar os presos que poderiam fugir. Mas a rebelião aconteceu dois dias depois.

O secretário Pedro Florêncio Filho admitiu ao Jornal Nacional que autorizou as visitas de fim de ano aos presos do Compaj, permitindo a pernoite das famílias, mas disse que não sabia do ofício da administradora sobre os possíveis riscos porque estava fora da cidade quando o documento foi enviado.

IML confirma seis mortos em presídio de Caruaru

Do Portal G1 Caruaru

O Instituto de Medicina Legal em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, confirmou ao G1 na manhã deste domingo (24) que seis pessoas morreram durante a rebelião na Penitenciária Juiz Plácido de Souza. O IML informou que os corpos ainda estão sem identificação e as causas das mortes são desconhecidas.

Em nota, a Polícia Militar informou que ainda não há número oficial de mortos. O tenente-coronel Roberto Galindo disse que não houve fuga e a situação é considerada estável no presídio. A PM esclareceu que alguns vídeos estão sendo divulgados – de forma criminosa – nas redes sociais como se fossem em Caruaru.

“No presídio só temos efetivo extra, ou seja, o policiamento ostensivo na cidade de Caruaru não foi afetado. Pelo contrário, foi reforçado com Guarnições de cidades vizinhas, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Civil”, informou a nota da Polícia Militar.

Na manhã de hoje, uma comissão – formada por representantes da polícia militar, da polícia civil e da administração do presíido – está reunida com os presos. A administração da penitenciária informou que os presos estão ajudando na contagem dos detentos nos pavilhões e que onze pessoas feridas saíram da unidade para receber atendimento médico e quatro delas já retornaram ao presídio.

Familiares de presos estão na porta da penitenciária. O domingo será de visitas na unidade, mas elas foram canceladas por conta da rebelião.

Divergência pode ter motivado

A rebelião na Penitenciária Juiz Plácido de Souza pode ter sido motivada por brigas de grupos que existem dentro da unidade prisional. “A motivação ainda estamos investigando, mas, provavelmente, há um núcleo que vinha promovendo violência contra a maioria dos presos. Todos [os detentos] alegam divergências de grupos na cadeia”, informou o secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico, na noite deste sábado (23).

De acordo com o secretário, tudo o que foi dito pelos presidiários será investigado. Por enquanto, não há nenhuma informação oficial de mortes dentro da penitenciária. “Se tiver acontecido algum óbito, vai ser aberto um inquérito. Não abriremos mão de punir quem praticou homicídio”, ressaltou.

Promessa de presídio não resolve problema do sistema prisional, diz Silvio Costa

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A construção de um novo presídio de segurança máxima no Estado, ainda sem recursos garantidos ou localização definida, como anunciado às pressas pelo governador do Estado, Paulo Câmara, não é a solução para o problema do degradado sistema prisional de Pernambuco. O debate sobre a nova promessa do Governo do Estado foi levado ao Plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco, na tarde desta quarta-feira, pelo deputado Silvio Costa Filho (PTB), líder da Bancada de Oposição.

Segundo o parlamentar, sempre que é surpreendido com uma agenda negativa, o Governo reage fazendo promessas. “Foi assim agora, depois que Pernambuco foi apontado como o Estado que possui o pior sistema prisional do País, quando a resposta foi o anúncio de um novo presídio de segurança máxima, mas sem dizer quando e como será feito e qual será a fonte de financiamento”, criticou o parlamentar.

O Estado tem uma série presídios em construção com as obras paradas, segundo dados da Caixa Econômica Federal, responsável pela gestão dos recursos para as obras. “Além de Itaquitinga, que foi apresentado ao País como base de um novo modelo de gestão prisional que surgiria em Pernambuco e que até hoje não se sabe quando ficará pronto, há uma coleção de projetos paralisados no Estado. O presídio de Araçoiaba, por exemplo, que teve o convênio assinado em 2012 e terá 800 vagas, tem apenas 0,16% de execução realizada, porque faltou o Governo fazer a terraplanagem do terreno. Outro exemplo é a ampliação do Aníbal Bruno, que deveria ter sido entregue em 2010, mas ainda está em execução. Há um verdadeiro conjunto de ações prometidas à população, mas nada foi entregue”, destacou Costa Filho.

A deputada Priscila Krause (DEM) ressaltou a contradição no discurso do Governador Paulo Câmara, que há cerca de um mês garantiu que não iria começar nada novo. “No dia 22 de setembro, o governador afirmou que o momento era de fazer os serviços hoje oferecidos funcionarem e não começar nada novo. E que o cenário para 2016 prometia ser tão adverso como o de 2015, ou até pior. No anúncio do novo presídio foi dito também que o Estado terá que fazer a obra, mesmo que não venham recursos federais. Gostaria de saber o que mudou nesse período”, questionou.

Presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, o deputado Edilson Silva (PSOL), ressalta que o Governo responde críticas com promessas, como se estivesse ainda em campanha. “Será que ninguém avisou a ele que a campanha acabou e que ele já é governador? Essa situação dos presídios é extremamente grave e não se resolve com manchetes de jornal”, reforçou.

Para Silvio Costa Filho, o momento é de fazer funcionar bem o que o Estado já possui. “É preciso concluir as obras em execução, ampliar o número de agentes penitenciários e melhorar as condições internas dos presídios. Acreditamos na tese de que é preciso primeiro melhorar os serviços prestados hoje, para depois pensar em ampliar”, defendeu.

 

Governo inaugura presídio em Santa Cruz

Pedro Augusto

O Agreste passou a contar nesta semana com mais uma unidade prisional. Trata-se da Penitenciária de Santa Cruz do Capibaribe, que foi inaugurada na manhã de hoje (10), por representantes do Governo do Estado e autoridades ligadas ao sistema de segurança de Pernambuco. Implantado numa área de 8.000 metros quadrados, no quilômetro 14 da BR-160, o complexo tem capacidade para comportar até 186 reeducandos, distribuídos em 22 celas. Presente na solenidade, o secretário estadual de Justiça e Direitos, Pedro Eurico, destacou a importância da finalização da obra.

“Na verdade, não gostaríamos de estar construindo presídios, mas sim escolas. Infelizmente, eles ainda se fazem necessários por conta da criminalidade em Pernambuco. Essa unidade é moderna e, com certeza, contribuirá bastante para atender as demandas não só de Santa Cruz do Capibaribe como também de municípios circunvizinhos, a exemplo de Jataúba, Toritama, Taquaritinga do Norte e Brejo da Madre de Deus”. Com duração de dois anos, a construção da unidade custou na ordem dos R$ 2,6 milhões.

Além de beneficiar os municípios citados, a expectativa é de que o Presídio de Santa Cruz também minimize os problemas de superlotação na Penitenciária Juiz Plácido de Souza, em Caruaru. “Para se ter ideia, atualmente, a PJPS está comportando em torno de 1.800 detentos. Mas não tenho dúvidas de que a partir de agora haverá um desafogamento na nossa unidade na medida em que os infratores dessa região não serão mais encaminhados para lá. Outro ponto importante se refere ao fato de eles agora permanecerem próximos de seus municípios e famílias e não mais em Caruaru”, avaliou o diretor da PJPS, Sérgio Siqueira.

Em paralelo ao complexo da Terra da Sulanca, o Governo de Pernambuco também está se movimentando para inaugurar mais uma unidade até o término deste segundo semestre. “Trata-se do Presídio de Tacaimbó, também no Agreste do Estado. Como 90% das obras já foram concluídas, a expectativa é de que ele seja inaugurado no prazo máximo de 60 dias. A unidade comportará 700 vagas com atendimento também às demandas de vários municípios da região. Além de Tacaimbó, ainda deveremos inaugurar em breve mais dois presídios em Pernambuco. Os municípios beneficiados serão Araiçoaba e Abreu e Lima, ambos na RMR”, finalizou Pedro Eurico.

Apesar de elogiar a iniciativa do governo, o promotor de Execução Penal, Marcellus Ugiette, espera que outras ações sejam colocadas em prática no intuito de melhorar as condições do sistema penitenciário de Pernambuco. “Não se resolve os problemas desse sistema apenas com a construção de presídios. É necessário que mais agentes sejam nomeados bem como novas alternativas sejam implantadas em prol da ressocialização dos cárceres. Mesmo assim, não poderíamos deixar de parabenizar o governo pela conclusão de uma obra tão importante como essa para a região Agreste”, analisou.

Paulo: “A decisão já foi tomada. Nós vamos finalizar o presídio de Itaquitinga”

O governador Paulo Câmara determinou a retomada das obras do presídio de Itaquitinga, na Mata Norte. Com a intervenção, o Governo de Pernambuco ampliará em quatro mil o número de vagas do sistema prisional. “A decisão já foi tomada. Nós vamos finalizar o presídio de Itaquitinga”, cravou Paulo, em duas entrevistas concedidas nesta sexta-feira (23). O Chefe do Executivo salientou que, como haverá a necessidade do emprego de recursos públicos, o Estado está avaliando a questão jurídica da obra, que, inicialmente, foi concebida para ser uma Parceria Público-Privada (PPP).

Nesse sentido, o governador também assegurou a conclusão das unidades de Tacaimbó, no Agreste, e Araçoiaba, na Região Metropolitana, que vão oferecer 700 e três mil vagas, respectivamente. “Outras medidas já estão sendo tomadas. Medidas que buscam, justamente, ajudar o Judiciário nessa questão da análise dos processos, com a contratação de advogados e com a indicação de defensores públicos”, explicou Câmara, lembrando que a unidade de Araçoiaba será entregue até o fim deste ano.

Paulo Câmara adiantou ainda que, durante a sua gestão, o Governo de Pernambuco ampliará ainda mais as vagas do sistema prisional, com o objetivo de garantir a ressocialização dos presos. “Temos uma população carcerária de cerca de 30 mil presos. Por isso, nós vamos criar uma série de novas vagas”, afirmou o governador. Em paralelo, serão contratados mais agentes penitenciários.

DIÁLOGO – Ainda sobre a questão da Segurança Pública, o governador ressaltou que o diálogo com os comandos e as associações de policiais militares está aberto, e que a negociação com a classe vai continuar. “Eles nos entregaram uma pauta relativa às promoções, que está sendo analisada pelo secretário de Administração, Milton Coelho. Não vamos admitir nenhum tipo de desordem em relação à nossa segurança. O diálogo será mantido. Vamos, dentro desse processo, mostrar as condições do Estado”, reiterou.

Paulo se comprometeu em analisar um mecanismo de promoções que atenda a questão dos praças, soldados, e, principalmente, a promoção de cabo para soldado. “Tenho certeza que, com diálogo e a nossa disposição para resolver, teremos condições de encerrar esse debate nas próximas reuniões. E termos, a partir do Carnaval, do mês de fevereiro, a tranquilidade para trabalhar cada vez mais por um Estado seguro”,frisou o governador.

SECA – Além de garantir investimentos em campanhas educativas para evitar o desperdício de água, o governador assegurou a continuidade das ações de enfrentamento da estiagem. “Nós vamos continuar  com projeto de Convivência com o Semiárido, que prevê uma série de investimentos na infraestrutura hídrica de Pernambuco. Nós temos mais de 400 mil famílias na zona rural; apenas 25% têm algum tipo de abastecimento por sistema. Temos que investir para que chegue água nas demais; a partir de ações estruturadoras, que envolvem a construção de poços e de mini-barragens”, disse o Paulo, lembrando que os investimentos acontecem do Litoral ao Sertão. 

MOBILIDADE –  Assegurar a mobilidade urbana nos principais centros urbanos de Pernambuco é outra prioridade do governador. Na Região Metropolitana, o Governo executa diversas intervenções importantes. Uma delas é a construção do Túnel da Abolição, na Zona Norte do Recife, que será entregue até o fim do mês de fevereiro. “Eu tenho uma reunião com a construtora responsável pela obra nesta terça-feira para finalizar essa questão. Tenho a convicção que é possível entregar nas próximas três ou quatro semanas. Mas desde que haja um devido entendimento para que essa obra continue. A construtora está ciente desses questões, nós já garantimos os recursos”, argumentou Câmara.