Pressão: ministro anuncia Força Nacional para AM e RR

Folha de S.Paulo

Sob cobrança de governadores, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, informou nesta segunda (9) que autorizou o envio de membros da Força Nacional para o Amazonas e Roraima com o objetivo de ajudar a controlar a crise nos presídios.

Serão, segundo ele, cem homens para cada Estado. Eles não atuarão dentro das penitenciárias, de acordo com o ministro, mas nas ruas, no perímetro das cadeias. Os integrantes da Força Nacional chegarão aos dois locais na madrugada desta terça (10) em aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) com viaturas e equipamentos, informou Moraes.

A governadora de Roraima, Suely Campos (PP), havia solicitado o reforço da Força Nacional, vinculada ao Ministério da Justiça. Em uma carta, ela reconheceu que o seu governo não pode “garantir a integridade física” dos presidiários de “forma plena”. Sob essa justificativa, solicita “em caráter de urgência” maior auxílio financeiro para financiar construções em duas penitenciárias do Estado.

Moraes disse que o governo federal autorizou Roraima a usar R$ 9,9 milhões de seu orçamento para ampliar em 660 vagas a cadeia pública de Boa Vista.

Diante da pressão por reforma, PT resiste a entregar a Casa Civil

Da Folha de S. Paulo

Na reformulação da equipe do Palácio do Planalto em estudo pela presidente Dilma Rousseff, o PT não quer perder o comando da Casa Civil, hoje nas mãos do petista Aloizio Mercadante.

Segundo a Folha apurou, o partido da presidente aceita e até estimula a troca de Mercadante, mas quer ver no seu lugar o ministro da Defesa, Jaques Wagner, nome preferido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Conforme a Folha revelou na sexta-feira (11), Dilma estuda até um nome de fora do PT para ocupar a Casa Civil.

Um nome que é visto com simpatia entre aliados é o da ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB-TO). É uma opção que poderia sinalizar um apelo de paz na direção dos peemedebistas.

Oficialmente, o Palácio do Planalto divulgou nota negando com “veemência” que a presidente pretenda trocar Mercadante, mas a Folha ouviu relato de interlocutores de Dilma em que ela manifestou abertamente sua intenção de ceder às pressões, tanto de peemedebistas como de petistas, e mudar o comando da Casa Civil.

Jaques Wagner esteve cotado para assumir a Casa Civil por sugestão do ex-presidente Lula no início do segundo mandato de Dilma.

Mercadante colecionou ao longo dos últimos meses atritos com o PMDB, principalmente com o vice-presidente, Michel Temer.

O petista acabou virando alvo de pressões de aliados, que passaram a defender sua saída como solução para a crise política. Seus críticos o consideram abrasivo no trato e centralizador na tomada de decisões.

PROXIMIDADE

Dentro do PMDB, uma ala do partido, ligada ao vice-presidente, acredita que um correligionário no comando da Casa Civil poderia reaproximar os peemedebistas do Palácio do Planalto.

Kátia Abreu, contudo, não conta com o apoio integral do partido.

Seu nome como candidata ao posto de Mercadante foi citado durante jantar de governadores do PMDB com Temer, os presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e os líderes da sigla no Congresso.

Os presentes ponderaram que, embora não seja um quadro tradicional da legenda, a peemedebista é próxima à presidente Dilma, que foi madrinha de seu casamento no início deste ano, e também de Temer.

Kátia seria como um “ombro amigo” para Dilma, que se fortaleceria com alguém de sua confiança por perto.

As resistências internas no próprio PMDB a seu nome e, principalmente, no PT, tornam, porém, seu caminho em direção à Casa Civil complicado.

NOTA

Uma nota da Presidência sobre o caso afirma que “o governo federal desmente com veemência a manchete da Folha desta sexta (11), sobre a busca por um substituto para Mercadante. Afirma que “a reportagem não condiz com a realidade”.

O texto traz elogios a Mercadante, afirmando que o ministro da Casa Civil faz um “trabalho fundamental para a gestão”, que “tem colaborado para a construção da estabilidade política”. Segundo a nota, a reportagem “serve apenas para fomentar especulações desnecessárias”.

A Folha mantém a informação publicada, apurada com três interlocutores da presidente e reiterada por um quarto na manhã desta sexta.

A negativa do governo reflete a irritação da presidente Dilma Rousseff com o vazamento de suas intenções.

Impeachment: sem a pressão das ruas não sai

Por DENISE ROTHENBURG
Do Correio Braziliense

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, tem feito as contas sobre os votos para o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Descobriu que hoje não tem os dois terços (343) necessários para abertura de processo contra ela.

Se não houver uma pressão popular forte, como foi a de 1992 contra Fernando Collor, o impeachment não sai. Geraldo Alckmin é contra, assim como, nos bastidores, o próprio Aécio Neves. Afinal, ninguém despreza a habilidade de Michel Temer em construir um governo de união nacional e conquistar apoios para o futuro.

O governo vai tentar ganhar tempo para a votação das contas de 2014 no TCU. A ideia é a de que algum ministro peça vistas ao processo, adiando o parecer final da Corte para meados de setembro. Assim, Dilma teria tempo para tentar recompor alguma musculatura, ver os efeitos da reforma ministerial que pretende colocar em curso e mais prazo para verificar os desdobramentos da Lava-Jato. Ou seja, saber se vem aí algo mais contundente contra o homem que conta os votos pró-impeachment.

Lava Jato: o dedo de pressão do governo para acordo

Executivos de empreiteiras dizem que a AGU (Advocacia-Geral da União) pressiona bancos públicos a cortarem financiamentos a grupos empresariais investigados na Operação Lava Jato, que apura indícios de desvios em obras da Petrobras. A ameaça de fechar a torneira do crédito seria, no entendimento das empresas, uma forma de convencê-las a aderir ao acordo de leniência que o governo começa a estruturar com a criação de um grupo de trabalho nesta semana. A informação é de Vera Magalhães, na Folha de S.Paulo desta segunda-feira. Detalha mais a colunista:

‘Para as empreiteiras, a pressa em selar acordos é para evitar que outros presos na operação apontem relação entre os desvios de recursos na Petrobras e doações para as campanhas do PT.

O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, confirma que o órgão e o Banco Central discutem com os bancos públicos limites de crédito às empresas, mas nega que haja pressão para acelerar acordos.

Adams diz que, ao emprestarem dinheiro para obras cujos contratos podem ser anulados, os bancos estariam sujeitos ferir regras de gestão financeira. Segundo ele, o governo quer selar os acordos para dar segurança jurídica a essas operações.’