Américo Rodrigo: Secretário de Juventude unânime no PT

 

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Ontem, aconteceu em Caruaru o 3º Congresso da Juventude do PT, o congresso elegeu por unânimidade o militante do MAIS (Movimento Ação e Identidade Socialista), Américo Rodrigo, de 28 anos.

O congresso acontece a cada dois anos e elege, além do Secretário, uma coordenação da Secretaria de Juventude do PT. A de Caruaru será formada por membros de todas as tendências e grupos organizados no PT que participaram da construção do processo. Isso só foi possível graças ao entendimento entre esses grupos.

Durante toda a tarde, militantes debateram sobre o cenário político nacional e por fim, também elegeram 3 representantes à etapa estadual do congresso, todos do MAIS.

“A gente acredita no diálogo entre todas e todos aquelas e aqueles que se propõem a renovar o projeto que tirou o Brasil do Mapa da Fome, pois sabemos que o PT também precisa mudar e estamos na disposição de contribuir!”, disse Américo Rodrigo.

 

Lula reúne cúpula do PT para debater reforma ministerial e crise

Da Folha de S. Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reúne, nesta quarta-feira (30), com o comando nacional do PT para discutir saídas para crise política e contra eventual processo de impeachment. A participação de Lula atende a um pedido da cúpula do partido, que pretende discutir com ele os rumos do PT.

Embora não exista uma pauta pré-definida, petistas afirmam que a intenção é debater a reforma ministerial elaborada pela presidente Dilma Rousseff e estratégia em defesa da permanência da presidente Dilma Rousseff.

O PT também recorreu a Lula para que ele detenha a debandada de deputados e senadores, além dos prefeitos que, temendo derrota nas eleições, migraram de partido.

A reunião consumirá todo o dia. A movimentação de Lula é fruto de uma estratégia traçada com a concordância de Dilma. Segundo seus colaboradores, Lula deve ampliar sua presença na vida do partido, além de viajar pelo país e a Brasília.

Cristovam Buarque: “A democracia entrou em crise”

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Na opinião do senador, PT é responsável pela “desmoralização” da esquerda no país (Foto: Agência Brasil)

Por CAROL BRITO
Da Folha de Pernambuco

No primeiro governo do ex-presidente Lula, uma foto do líder petista com crianças carentes no bairro de Canaã, em Caruaru, chamou a atenção do então ministro da Educação, Cristovam Buarque, que também foi ao encontro daqueles garotos, na época. De volta à Brasília, enviou uma carta ao chefe do Executivo ponderando que ele não tinha responsabilidade pela situação, mas que carregaria este peso por dez anos, se não adotasse medidas para melhorar a vida da população. No último fim de semana, Buarque voltou a Canaã e percebeu que os 13 anos do Governo do PT não mudaram a realidade local. Hoje, não poupa criticas ao PT, que considera responsável pela “desmoralização” da esquerda no País.

O que nos levou a essa crise?
Tem duas maneiras de analisar. Uma do ponto de vista histórico, estrutural. Outra do ponto de vista conjuntural, político. Do ponto de vista histórico e estrutural, eu venho há um bom tempo dizendo que se esgotou esse modelo que começamos em 1994 com o Governo do Itamar, e que atravessou Fernando Henrique, Lula e Dilma. Esse modelo do Brasil, diferente dos anos 1930 e dos militares, tinha quatro pilares de sustentação e que fizeram muito bem ao Brasil: a democracia, a estabilidade monetária, o compromisso com o crescimento econômico, baseado no agronegócio e nas indústrias do metal mecânica, e a generosidade das transferências de renda, que começam com o Sarney, mas que se consolidam com Fernando Henrique com o Bolsa Escola e o Lula com o Bolsa Família. Os quatro entraram em crise. Isso eu já venho dizendo. A democracia entrou em crise. A juventude está sem utopia e os partidos sem ideologias. Nós também temos uma Constituição e leis que obrigam a gastar mais, mesmo em crise e sem dinheiro. A transferência de renda se esgotou duplamente, porque não conseguimos tirar as pessoas da pobreza, apenas mantemos as pessoas pobres. Não se criou uma porta de saída e o custo disso é muito alto.

Qual a responsabilidade do atual Governo?
O fato de a crise estourar agora é consequência das irresponsabilidades da condução econômica em 2014 e no final de 2013. Em 2011, eu disse que a economia estava bem. Mas não estava. Ela estava bem com emprego alto, inflação controlada. Mas havia pontos que levavam ao desequilíbrio e desajuste, mas ninguém levou a sério. Um governo arrogante, uma cegueira do otimismo do Guido Mantega e da Dilma. Continuaram com desonerações fiscais altíssimas, insuflando o consumo e o endividamento. A poupança caindo, porque as pessoas consumiam e não poupavam. Era óbvio que ia acontecer isso. Agora, some-se a isso o fato que em 2014, além das irresponsabilidades de Dilma, ela cometeu um desvario na política econômica, prometendo coisas que não ia conseguir fazer e acusando os opositores de fazer o que ela agora faz. Temos a crise do modelo, na estrutura e a crise econômica do desajuste criado pelo governo. É uma crise séria de credibilidade de uma presidente que já se elege com 12 anos de um projeto político. Some-se a isso Lava Jato e a descoberta de que o PT, partido que veio para acabar com a corrupção, estava sendo mais corrupto que os outros.

Somente o Impeachment consegue solucionar uma crise tão estrutural?
Não. O impeachment não resolve, salvo um ponto que pode resolver, que é a credibilidade. Mas esse é um ponto muito pequeno de uma crise com muitos problemas estruturais. A saída dela pode trazer a credibilidade, mas não tenho tanta certeza. Eu estive com ela, faz um mês. Eu tentei fazer com que o Fernando Henrique e o Lula se encontrassem, mas não deu certo. E, finalmente, ela fez encontro com um grupo que chamo de senadores independentes. Nós levamos a proposta para que ela fosse a “Itamar” dela própria. Hoje, eu acho difícil. Nossa proposta era que ela fosse ao Congresso fazer um discurso, que ela reconhecesse os erros da condução do governo e da campanha, que ela dissesse que não é mais do PT, mas do partido do Brasil, que ela tem mais três anos e precisa de ajuda, inclusive, da oposição. Mas ela não fez. Ela fez o contrário e está virando presidente do PMDB. Não é um bom caminho. O Temer assumindo pode começar a recuperar a credibilidade, mas a crise ainda é estrutural. Vamos precisar de um debate mais profundo e isso vai levar muitos anos. Vamos levar muitos anos para reestruturar o Brasil.

Muito se fala da qualidade do Congresso em períodos como esse.
O Congresso já passou por isso, mas tínhamos o chamado Congresso dos Cardeais com Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e Miguel Arraes que, na hora H, se reuniam e discutiam. Hoje, não temos cardeais, não temos nem bispo. Não temos lideranças. Temos pessoas que têm liderança, domínio e que se impõem, mas não têm liderança. Hoje, eu estou pessimista em relação ao trabalho dos parlamentares. Não é a qualidade das pessoas, mas dos partidos, das ideias, das pessoas. A entidade Congresso está órfã de ideais, proposta, de rumo. Todos pensando no imediato da próxima eleição e nos grupos que eles representam. Como se não houvesse 2016, 2018, 2020.

Como o senhor vê a posição PDT?
Meu partido só não é pior do que os outros. Não está bem, foi um erro grave ter entrado no governo Lula em 2006/2007. Em 2006, eu fui candidato a presidente, mas, em novembro, Lula chamou o Lupi e eu fui contra. O PDT poderia ser o partido da alternativa para o Brasil. Durante muito tempo, o Brasil ficou dividido entre o socialismo estatizante e o capitalismo liberal. O trabalhismo de Brizola e Goulart, o trabalhismo nem era estatizante, nem era do lado do capital. Era outra visão. De respeito ao lucro, ao trabalhador. É o primeiro ponto que nos faz atual. O capitalismo mostrou seus defeitos e o socialismo estatizante ninguém quer. O PDT poderia ser esse partido, mas ao entrar no Governo Lula, viramos um puxadinho do PT. Perdemos ideologia, perspectiva, é cada um por si. No Senado, nunca votamos juntos. Você não sabe o que nos une. É um partido que perdeu a identidade. Tem uma coisa boa: não entrou na Lava Jato. Agora, um dia desses, os deputados disseram que não estavam, mas já vi que estão discutindo dar um ministério para André Figueiredo. Isso não é certo e a gente está pagando o preço do processo eleitoral. O PDT deixou Brizola e Darcy Ribeiro em troca de ministério. É muito triste isso.

O senhor vê Ciro Gomes como alternativa do PDT para 2018?
Me perguntaram isso no Ceará e eu respondi que o PDT estava tão ruim que nem o Ciro piorava. Eu não vejo, sinceramente, como uma conquista boa para o partido. Ele é um político de votos, sem dúvida. Do ponto de vista ideológico, postura para o futuro, eu não vejo (como candidato). Acho Ciro atrasado em postura e não me parece ser um homem de diálogo como a gente precisa, para levar o País adiante. Se houver possibilidade, eu disputo com ele para ser o candidato. Eu não acredito que prevaleça, creio que já está arrumado. Eu acho que a entrada dele no PDT é o resultado de uma aliança do Lupi com o Lula e Ciro. Eu tenho impressão que Lula tem duas estratégias. Na primeira, a Dilma sai, ele vai para oposição ao Temer com discurso demagógico e críticas duras, dizendo que fez diferente. Não acho que o Lula se acabou, ele pode ressuscitar pela falta de alternativas. Se ele se complicar com a Lava Jato, ele pode ser o candidato. Se o PT estiver muito desgastado, ele funde o PT com PDT e PCdoB para fazer um novo partido. Ele pode dizer que o PT não acabou, mas não é mais o PT. E, se nada der certo, eles podem apoiar o Ciro. Eu topo lutar contra isso, mas não sou ingênuo de achar que ganho.

Cunha defende candidatos próprios do PMDB e fim da relação com o PT

Da Agência Brasil

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defendeu hoje (26) que o partido concorra, nas próximas eleições, com candidatos próprios e deixe a parceria com o PT. “Time que não joga não tem torcida”, disse ao discursar na cerimônia de filiação da senadora Marta Suplicy, em São Paulo.

“O PMDB tem de ter candidatos em todos os municípios, tem de disputar todas as prefeituras, tem de ter candidato para todos os governos estaduais, fazer o maior número possível de governadores. O PMDB tem de ter candidato à Presidência da República, não podemos mais ir a reboque de quem quer que seja”, afirmou.

Ao falar sobre a filiação de Marta Suplicy ao PMDB, Cunha disse que a senadora é bem-vinda e que a legenda deveria seguir o exemplo dela, e deixar o PT. “Marta, que sua presença possa aumentar e consolidar o PMDB em São Paulo e no Brasil. E não tenha dúvida, que o PMDB siga o teu exemplo, vamos largar o PT”, afirmou. “Chega de usar o PMDB apenas como parte de um processo para dar cobertura congressual para aquilo que a gente não participou”, acrescentou.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), presente também ao ato de filiação, reconheceu que o partido tem divergências internas, mas considerou que essa seja uma característica positiva da sigla. De acordo com ele, o ingresso da senadora Marta Suplicy no partido mostra grandeza da legenda.

“O PMDB é um partido que não tem dono. É o maior partido congressual, tem cada vez uma grande responsabilidade com o nosso país. A vinda da Marta, pela sua extraordinária capacidade de formulação, o reforço que ela será, nos deixa todos muitos felizes. No PMDB podemos divergir, isso é estatutário, e o produto dessa divergência é a unidade”, disse Renan.

O presidente da República em exercício, Michel Temer, afirmou que o PMDB se une quando está em jogo o interesse público. Segundo ele, a entrada de Marta Suplicy no partido renova a grandeza da legenda. “Há uma convergência quando se trata do Brasil, do interesse público. Eu comecei lá atrás, exatamente em função das suas características. Abrimos as portas para aqueles que querem colaborar. Temos as portas abertas, mas Marta faz a renovação da grandeza do PMDB”, disse.

Entre outros líderes do PMDB, como Eduardo Cunha, Michel Temer, e Renan Calheiros, estavam o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o presidente municipal do partido em São Paulo, Gilberto Chalita, secretário de Educação do município. Também marcaram presença os ministros de Minas e Energia, Eduardo Braga, e de Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo.

Diante da pressão por reforma, PT resiste a entregar a Casa Civil

Da Folha de S. Paulo

Na reformulação da equipe do Palácio do Planalto em estudo pela presidente Dilma Rousseff, o PT não quer perder o comando da Casa Civil, hoje nas mãos do petista Aloizio Mercadante.

Segundo a Folha apurou, o partido da presidente aceita e até estimula a troca de Mercadante, mas quer ver no seu lugar o ministro da Defesa, Jaques Wagner, nome preferido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Conforme a Folha revelou na sexta-feira (11), Dilma estuda até um nome de fora do PT para ocupar a Casa Civil.

Um nome que é visto com simpatia entre aliados é o da ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB-TO). É uma opção que poderia sinalizar um apelo de paz na direção dos peemedebistas.

Oficialmente, o Palácio do Planalto divulgou nota negando com “veemência” que a presidente pretenda trocar Mercadante, mas a Folha ouviu relato de interlocutores de Dilma em que ela manifestou abertamente sua intenção de ceder às pressões, tanto de peemedebistas como de petistas, e mudar o comando da Casa Civil.

Jaques Wagner esteve cotado para assumir a Casa Civil por sugestão do ex-presidente Lula no início do segundo mandato de Dilma.

Mercadante colecionou ao longo dos últimos meses atritos com o PMDB, principalmente com o vice-presidente, Michel Temer.

O petista acabou virando alvo de pressões de aliados, que passaram a defender sua saída como solução para a crise política. Seus críticos o consideram abrasivo no trato e centralizador na tomada de decisões.

PROXIMIDADE

Dentro do PMDB, uma ala do partido, ligada ao vice-presidente, acredita que um correligionário no comando da Casa Civil poderia reaproximar os peemedebistas do Palácio do Planalto.

Kátia Abreu, contudo, não conta com o apoio integral do partido.

Seu nome como candidata ao posto de Mercadante foi citado durante jantar de governadores do PMDB com Temer, os presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e os líderes da sigla no Congresso.

Os presentes ponderaram que, embora não seja um quadro tradicional da legenda, a peemedebista é próxima à presidente Dilma, que foi madrinha de seu casamento no início deste ano, e também de Temer.

Kátia seria como um “ombro amigo” para Dilma, que se fortaleceria com alguém de sua confiança por perto.

As resistências internas no próprio PMDB a seu nome e, principalmente, no PT, tornam, porém, seu caminho em direção à Casa Civil complicado.

NOTA

Uma nota da Presidência sobre o caso afirma que “o governo federal desmente com veemência a manchete da Folha desta sexta (11), sobre a busca por um substituto para Mercadante. Afirma que “a reportagem não condiz com a realidade”.

O texto traz elogios a Mercadante, afirmando que o ministro da Casa Civil faz um “trabalho fundamental para a gestão”, que “tem colaborado para a construção da estabilidade política”. Segundo a nota, a reportagem “serve apenas para fomentar especulações desnecessárias”.

A Folha mantém a informação publicada, apurada com três interlocutores da presidente e reiterada por um quarto na manhã desta sexta.

A negativa do governo reflete a irritação da presidente Dilma Rousseff com o vazamento de suas intenções.

‘Dizem que o Lula está morto, mas vou voltar a voar’, afirma ex-presidente

Da Folhapress

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em discurso neste sábado (29), em evento promovido pela Prefeitura de São Bernardo do Campo, que o PT é vítima de uma “tentativa de criminalização” e que ele próprio busca explicação para “o ódio” e a raiva “irracional” contra o partido.

O maior líder do petismo arrematou a fala de mais de uma hora dizendo que “a direita desse país resolve dizer que o Lula está morto, que o Lula já era”, mas que ele vai reagir. “Você só consegue matar um pássaro se ele ficar parado no galho olhando para você. Então, é o seguinte: eu voltei a voar outra vez”, afirmou.

O ex-presidente disse que vai voltar a falar, dar entrevista e andar pelo país para responder aos adversários e dar “um sossego” para sua sucessora, Dilma Rousseff. “Como eu tenho as costas largas e já apanhei um pouco nessa vida, vou ver se dão um pouco de sossego para a Dilma e voltam a se incomodar comigo”, afirmou.

A fala ocorre um dia depois de Lula admitir a possibilidade de ser candidato nas próximas eleições. O petista disse que sentiu necessidade de voltar a se expor porque “as pessoas não me deixam em paz. Os adversários só falam de mim”.

O discurso foi feito em um seminário com a participação do ex-presidente uruguaio Jose “Pepe” Mujica.

Lula relembrou conversas que teve com líderes políticos como Hugo Chávez e Mujica para dizer que todo homem que se sente insubstituível “quando pensa isso já está nascendo nele um ditador”. Mas a verdade, continuou, “é que não se cria líderes como você faz pão”.

Ele voltou a dizer que há um processo contra o PT movido pelas elites inconformadas pela melhoria de vida dos pobres.

“Preferem ir no parque para o cachorro fazer cocô do que ver uma mãe pobre passeando com o filho”, afirmou.

PREOCUPADO

Numa fala repleta de mensagens veladas ao governo Dilma e ao seu próprio partido, Lula disse que hoje é “um cidadão mais preocupado do que antes”. “O político parte do pressuposto que as pessoas tem de ser agradecidas a ele. (…) Mas a verdade é que quanto mais você faz, mas eles se sentem no direito de querer.”

Num momento de avaliação do cenário, mas sem mencionar o governo federal, defendeu que prefeitos do PT dialoguem com suas cidades. “As coisas estão mal, estão mal. Então vou dizer para o povo o porquê”, recomendou.

Lula disse que seu partido deve voltar às origens e se mostrar como verdadeiro interlocutor do povo. Ele disse ainda que é preciso modificar costumes. Citou prefeitos de sua sigla que, questionado sobre a qualidade da educação, dizem que está “fantástica”. “É aí eu pergunto, onde o seu filho estuda? Se é na particular não está tão fantástica assim.”

PT apoia Janot, mas cobra rigor contra o PSDB

Aprovada com 59 votos favoráveis, 12 contrários e uma abstenção, a recondução de Rodrigo Janot ao cargo de procurador-geral da República ganhou o apoio fechado da bancada do PT no Senado. Mas, durante a sabatina de mais de 10 horas na Comissão de Constituição e Justiça, os parlamentares petistas cobraram do procurador-geral que as investigações do Ministério Público Federal (MPF) alcancem todos os partidos políticos indistintamente, sem blindagem a qualquer legenda, especialmente o PSDB.

Com base em documentos e nas delações premiadas conhecidas, os senadores questionaram Janot sobre a apuração de denúncias de corrupção cuja apuração está parada. Um dos casos levantados é o de recebimento de propinas por parte do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, derrotado na eleição presidencial do ano passado.

Segundo o doleiro Alberto Yousseff, epicentro da operação Lava-Jato, seu compadre e amigo já falecido, deputado federal José Janene, havia lhe confidenciado que Aécio se beneficiava de dinheiro de natureza criminosa vindo de Furnas. Yousseff confirmou a afirmação em depoimento à CPI da Petrobras da Câmara dos Deputados, na última terça-feira (25).

No começo da sabatina, afirmando ser imparcial no trabalho de investigação, Rodrigo Janot buscou um dito popular mineiro para mostrar que não protegia ninguém: “pau que dá em Chico, dá em Francisco”. Coube ao 1º vice-presidente do Senado, Jorge Viana (AC), contraditar com ironia a afirmação: “pau tem dado em Chico, mas poupado Francisco, procurador”, disse, criticando, também, os vazamentos seletivos das delações premiadas, que deveriam correr em segredo de Justiça.

Fátima Bezerra (RN) solicitou ao procurador-geral que aprofunde, também, as investigações sobre a denúncia do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e de Alberto Yousseff – feita em delação premiada – de que teriam pago R$ 10 milhões ao então presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE), falecido em 2014 e antecessor de Aécio Neves, para que a CPI da Petrobras, montada em 2009 no Senado, fosse enterrada. “Essa vultosa soma foi destinada a parlamentares com o intuito de esvaziar a CPI. Para onde foi todo esse dinheiro, destinado a vários parlamentares, sob a coordenação do presidente nacional do PSDB à época? Pergunto ao procurador: as investigações morreram com o acusado?”, questionou.

Os senadores do PT disseram estranhar, ainda, o fato de Aécio ser citado por um dos principais colaboradores da Operação Lava Jato e, mesmo assim, não está entre os investigados no Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, o PSDB – que ingressou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com ação em que afirma ser propina a doação de R$ 7,5 milhões feita pela UTC à campanha da Presidenta Dilma – recebeu R$ 8,5 milhões da construtora e também não está sendo investigado pelo fato.

“É possível uma empresa ter uma conta suja para financiar determinado candidato e, ao mesmo tempo, uma conta limpa, da mesma empresa, para financiar outro candidato? É possível fazer essa investigação e essa separação?”, disparou o líder do Governo no Congresso Nacional, José Pimentel (CE).

O líder do PT no Senado, Humberto Costa, que orientou a bancada a votar favoravelmente pela recondução de Janot, reforçou a reprovação dos parlamentares ao vazamento seletivo de delações que prejudicou uma série de candidatos nas eleições de 2014, sem que muitos deles sequer fossem alvos de investigação. “Houve pessoas que disputaram a eleição e perderam por uma pequena margem. Provavelmente, esse episódio influenciou na decisão do eleitorado”, declarou. “Outros candidatos, no entanto, tiveram seus nomes convenientemente preservados. Não foram prejudicados na eleição por delações criminosamente vazadas”, analisou.

Janot afirmou aos parlamentares que uma série de investigações segue em curso no âmbito do Ministério Público Federal. Apenas esta semana, 30 novas petições sigilosas foram depositadas no STF pelo procurador-geral pedindo a abertura de mais inquéritos.

Cabeça da lista tríplice na eleição do MPF, Rodrigo Janot foi indicado ao Senado pela presidenta Dilma Rousseff, cumprindo uma tradição dos governos petistas de encaminhar o nome do candidato mais votado. Ao ser reconduzido ao cargo pelos senadores, Janot exercerá seu novo mandato até setembro de 2017.

Em vídeos, Lula e Dilma reconhecem dificuldades e prometem crescimento

Do G1

A presidente Dilma Rousseff e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, reconhecem, em vídeos de 30 segundos da propaganda do Partido dos Trabalhadores, que começam a ser veiculados neste sábado (22), que há dificuldades na economia, mas prometem melhora do quadro e retorno do crescimento econômico.

“Sei que muita coisa precisa melhorar. Tem muito brasileiro sofrendo. Mas juntos vamos sair desta. Estamos em um ano de travessia e essa travessia vai levar o Brasil a um lugar melhor. Estamos atualizando as bases da economia e vamos voltar a crescer com todo nosso potencial. Tenho o ouvido e o coração dos que mais precisam e do que vivem do suor do seu trabalho. Esse é o meu caminho. Por ele seguirei”, declara a presidente Dilma Rousseff.

Lula, por sua vez, reconhece que “a situação não está fácil”, mas avalia que o Brasil é “muito grande para ficar assustado com uma crise econômica, por mais grave que seja”. E completa: “Já tivemos muitas crises, algumas bem piores do que a atual, e o povo brasileiro sempre soube vencê-las. Não tenho a menor dúvida de que venceremos mais essa. Com o esforço e a luta de todos, vamos controlar a inflação, gerar empregos e derrotar o pessimismo. Podem ter certeza, o brasil vai voltar a crescer”, afirmou ele.

INDICADORES ECONÔMICOS RUINS

Nesta última semana, foram divulgados vários indicadores econômicos, todos eles ruins. Na quarta-feira passada (19), o Banco Central divulgou a chamada “prévia” do PIB, que mostrou uma retração de 1,89% no segundo trimestre deste ano, após um recuo de 0,88% nos três meses de 2015 – o que aponta para um cenário que os economistas classificam de “recessão técnica”. O mercado financeiro, por sua vez, prevê retração da economia também em 2016.

Nesta sexta-feira (21), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a prévia da inflação oficial ficou em 0,43% em agosto, após avançar 0,59% no mês anterior. Apesar da desaceleração de julho para agosto, esse foi o índice mais alto para o mês desde 2004, quando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) chegou a 0,79%. Em 12 meses, a inflação somou 9,57% – o maior valor desde dezembro de 2003.

A arrecadação de impostos e contribuições federais, segundo dados oficiais do Fisco, continuou sofrendo, em julho, os efeitos da crise econômica e do baixo nível de atividade e teve queda – apesar do aumento de vários tributos autorizado no começo deste ano. Em julho, teve o pior desempenho, para este mês, desde 2010.

Com dificuldades no fluxo de caixa, o Tesouro Nacional informou que não realizará a antecipação da primeira parcela do décimo terceiro salário dos aposentados e pensionistas em agosto – algo que acontecia desde 2006. O governo dividirá essa antecipação em dois meses – em setembro e outubro.

Além disso, o Brasil seguiu perdendo vagas com carteira assinada em julho. No mês passado, as demissões superaram as contratações em 157.905, segundo informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgadas nesta sexta-feira (21). O resultado de julho foi o pior para este mês desde o início da série histórica do Ministério do Trabalho para este indicador, em 1992.

Lula pede mobilização social pela educação

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Ex-presidente acena para público ao lado do ministro da Educação, Renato Janine (Foto: Ricardo Stuckert)

Em um discurso de quase uma hora no ato “Todo o PT pela Educação”, o ex-presidente Lula cobrou que a sociedade brasileira se mobilize integralmente em favor da educação e do futuro do país. O evento, realizado na noite de ontem, em Brasília, contou com a participação do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), governadores, prefeitos, ministros e outros parlamentares.

“O Brasil depende de mais educação para dar mais igualdade para os nossos jovens. Transformar o Brasil numa nação maior, melhor e mais justa é a nossa tarefa”, declarou o ex-presidente.

Para Humberto, o discurso acalorado de Lula, recheado de dados importantes sobre o que foi feito no setor nos últimos anos e os próximos passos com base nas metas e compromissos do PNE (Plano Nacional de Educação), serve como um norte para um avanço ainda maior dos brasileiros.

“Esse encontro em Brasília não foi somente mais um encontro do PT, mas sim um encontro de compromisso nosso com a educação. O partido tem uma responsabilidade histórica de mudar nossa sociedade”, afirmou o senador. Para ele, é preciso mostrar que o Brasil não nasceu para ser atrasado. “Atrasada é a elite deste país, que durante cinco séculos sonegou o direito à educação para a maioria do nosso povo”, disse.

Para o ex-presidente, a educação é a única forma que pode garantir a igualdade entre pobres e ricos, homens e mulheres, negros e brancos. De acordo com ele, nenhum país do mundo tornou-se melhor sem educação de qualidade. “E o Brasil não pode ficar atrás nessa corrida”, afirmou.

O líder do PT no Senado ressaltou que o PSDB teve a chance de ampliar a destinação de recursos para a educação e iniciar esse processo de reformulação do país ainda nos anos 90. “Mas os tucanos não o fizeram. Quando governavam, o Congresso aprovou 7% do PIB para a educação e o então presidente Fernando Henrique vetou. Nos nossos governos, nós aprovamos não 7%, mas 10% do PIB para a educação”, disparou.

O índice consta de uma das metas do PNE que foi enviado por Lula ao Congresso Nacional e sancionado por Dilma sem nenhum veto. “O PT entende de educação. As elites atrasadas deste país têm preconceito e não gostam de ver os pobres ocupando espaços onde só os ricos frequentavam”, avaliou Humberto. O PNE tem 20 metas planejadas para a próxima década e mais de 200 estratégias a serem adotadas pelo Estado brasileiro.

Análise: Crises no governo ameaçam imagem do legado lulista

Por MAURO PAULINO
Diretor-geral do Datafolha
Por ALESSANDRO JANONI
Diretor de Pesquisas do Datafolha

O recorde de reprovação a Dilma Rousseff (PT) revela um fenômeno curioso de homogeneização da opinião pública. O resultado produz um quadro simetricamente oposto à curva de aprovação de seu padrinho político no último ano de mandato. Ao longo de 2010, Lula pavimentava a vitória de sua ministra sobre patamares históricos de popularidade que variavam de 73% a 83%.

Taxas tão altas em universo tão heterogêneo ocorrem apenas quando os vetores que as compõem têm impacto abrangente e alcançam diferentes segmentos da população. A característica aguda da crise política e econômica anulam o discurso ostensivo da inclusão social, marca do lulismo, mesmo junto aos estratos que mais se beneficiaram das ações do governo.

Para melhor compreender essa tendência, o Datafolha replicou na pesquisa de 4 e 5 de agosto método desenvolvido para dividir a população em classes socioeconômicas com base em renda familiar mensal, posse de itens de conforto e escolaridade.

A clivagem foi uma das variáveis que demonstraram maior grau de correlação com o comportamento do brasileiro na última eleição presidencial. Percebia-se claramente a preferência das classes alta e média-alta por Aécio Neves (PSDB) e das classe média-baixa e dos chamados excluídos por Dilma. A classe que mais cresceu nos governos petistas –média-intermediária– mostrava-se dividida. Filhos da inclusão da era Lula, acabaram, no final, pendendo à candidata do PT.

Como a expectativa era positiva, os estratos que mais apoiavam a presidente na ocasião são hoje os mais frustrados. De outubro de 2014 até aqui, a aprovação a Dilma caiu 44 pontos percentuais entre os excluídos contra 34 na média da população. Apesar de ser o subconjunto que menos reprova a petista, o crescimento de sua insatisfação perde apenas para a classe média-baixa, onde a popularidade caiu 40 pontos e a rejeição subiu 63 (doze a mais que a média).

Na classe média-intermediária, a reprovação cresceu 53 pontos e a aprovação caiu 38. Nas classes mais altas, a queda de avaliação de Dilma também é importante, mas não tão elevada quanto nos outros segmentos nos quais sua imagem era melhor.

Mais dependentes do governo, especialmente na educação e na assistência social, esses estratos temem o retrocesso que tentaram evitar ao reeleger Dilma. No final do governo FHC, por exemplo, 17% dos brasileiros pertenciam à classe média-intermediária (hoje são 32%). Entre eles, 22% eram assalariados registrados (hoje são 30%).

Por enquanto, mesmo com poder aquisitivo menor, esses estratos ainda “não perderam a classe”. Mas há de se perguntar se a impopularidade de Dilma hoje é maior do que o medo do que pode acontecer a partir de agora.