Opinião: Unir para transformar

Por Daniel Finizola

Coletivos. Esse nome vem se multiplicando por todo país junto a homens, mulheres e jovens que têm interesse em mudar a realidade do contexto no qual estão inseridos. Constantemente, vemos nas redes sociais páginas e blogs que se dispõem a debater algo de interesse coletivo. Há muitas virtudes sociais nessa construção.

Apesar da demonização que temos hoje da política partidária no Brasil, é importante perceber que os coletivos são constituídos de ações políticas, pois envolvem diálogo, relações, metas, propõem debates e amplificam a voz de uma determinada comunidade.

De modo geral, os coletivos estão relacionados com conceitos como economia solidária e gestão compartilhada, fundamental para a organização desses grupos. De modo geral, essas organizações fogem do modelo tradicional de administração, cujas deliberações seguem uma lógica hierárquica.

Normalmente, o processo é de autogestão compartilhada, onde  as decisões acontecem por meio de colegiados. Mas o êxito de uma organização como essa passa pela adesão dos seus membros de forma livre, consciente, esclarecida e sobre tudo participativa.

Caruaru vem dando passos significativos na constituição de coletivos cada vez mais atuantes. O Coletivo Cine Club do Alto do Moura sempre traz debates acerca dos filmes que são exibidos para a comunidade. O coletivo Meio de Rua fez uma ótima cobertura do festival Agreste in Rock. Também organizou eventos com êxito na cidade. Mas um coletivo, em especial, me chamou a atenção nos últimos dias: Lombrare, esse é o nome!

Em uma dessas manhãs de domingo, saí pra comprar o jornal e me deparei com uma imagem com os seguintes dizeres: “valorize sua cultura”. A imagem era uma xilogravura que fazia referência ao mestre J. Borges. Logo depois, descobri que o coletivo tem uma conta no Instagram e prontamente passei a segui-los. O último trabalho do grupo que me chamou a atenção foi uma gravura que fazia referência ao homem vitruviano de Da Vinci. Não conheço a rapaziada que faz o trabalho, mas digo logo que sou um fã do coletivo!

Acredito que aos poucos, por um necessidade orgânica, esses coletivos devam ocupar espaços institucionais públicos para debater a cultura de Caruaru. O Conselho de Cultura da cidade foi constituído e precisa começar a se reunir para discutir ações e possibilidades com o ímpeto de fortalecer a cultura e a economia criativa de nossa cidade.

Há alguns anos, Francisco de Assis França cantava “O homem coletivo sente a necessidade de lutar.”

Então, vamos à luta! Vamos convergir ideias e articular os coletivos de Caruaru. Tenho certeza que isso pode render bons frutos pra cidade.

@DanielFinizola, formado em ciências sociais pela Fafica, é músico, compositor e educador. Escreve todas as quartas-feiras para o blog. Site: www.danielfinizola.com.br