Estadão admite: impeachment foi vingança de Cunha

O jornal Estado de S. Paulo admite, no editorial “O entulho começa a ser removido”,  que houve desvio de finalidade na aceitação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff por Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados. Cunha agiu por vingança, por não ter logrado receber votos do PT contra sua cassação no conselho de ética.

“Eduardo Cunha, por sua vez, convive com claras evidências de corrupção desde seus primeiros passos na vida pública. Nem mesmo o grande serviço que prestou ao País com a decisão de aceitar, como presidente da Câmara, o início da discussão do processo de impeachment de Dilma decorreu de um sentimento de grandeza ou da percepção da gravidade do momento. Foi motivado pelo fato de não ter logrado um acordo com o Planalto para evitar o processo de cassação de seu próprio mandato, que sempre colocou a serviço de seus escusos interesses pessoais”, diz o texto.

O editorial também afirma que “é verdade que contra  a presidente afastada não pesa suspeita de ter-se locupletado com a corrupção”.

Humberto diz que Senado não terá “processo guiado por vingança”‏

Comparando o processo de votação do impeachment, desse domingo (17), com um “circo de horrores”, o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT),
disse estar confiante no apoio a presidente Dilma Rousseff (PT) na Casa e
na postura do presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) na condução do processo.

“No Senado, tenham certeza, não teremos um processo guiado pela vingança,
pelo rancor e pela perseguição política que se viu no processo presidido de
forma arbitrária e parcial pelo presidente da Câmara. Confiamos na
responsabilidade e na análise mais serena dos senhores senadores.
Confiamos, igualmente, que, aqui, a presidência da Casa exercerá
restritamente o seu papel de magistrado, não será um cabo eleitoral de um
vice-presidente traidor e golpista”, disparou o senador.

Para Humberto, o processo na Câmara representou “um golpe contra a
Constituição”. “Não tem outro nome para o que foi feito. Mais de 54 milhões
de brasileiros tiveram desrespeitada a sua vontade expressa nas urnas, em
2014, sem justificativa. Um castigo sem crime. Um assalto à democracia”,
completou.

O senador defendeu a mobilização permanente nas ruas. “Temos o que defender
e lutamos o melhor dos combates. Isto porque temos ao nosso lado o povo
brasileiro que não aceitará perder as conquistas obtidas durante os
governos do presidente Lula e da presidenta Dilma”, afirmou.

Humberto também criticou a postura do vice-presidente da República, Michel
Temer, que vem anunciando possíveis reformas, caso assuma o mandato. “Vamos
brigar até o fim contra a tentativa de retirar do trabalhador os seus
direitos, de ver sumirem programas como o Bolsa Família, o Minha Casa,
Minha Vida, o Pronatec, o Fies”, disse e completou: “A supressão de tudo
isto está do arremedo de programa de governo que, a mando da Fiesp e, com
toda certeza, do PSDB, o vice-presidente golpista já distribui por aí, com
a mesma desfaçatez com que já negocia cargos e promete benesses”.

Para o líder, a condução do processo de impeachment também ameaça a
credibilidade internacional do País. “Não é só o Brasil que hoje está
absolutamente envergonhado pela repercussão internacional daquela farsa
grotesca que aconteceu no dia de ontem. Basta olhar o que dizem alguns
jornais importantes internacionais e revistas também. A Der Spiegel já está
chamando o impeachment de golpe frio. O Página/12, da Argentina, fala
abertamente em golpe institucional no Brasil e dá a um de seus artigos o
título de “O Golpe dos Escravocratas””, exemplificou o senador.