Movimentos fazem manifesto contra o ajuste fiscal e Eduardo Cunha

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Ato da Frente Povo Sem Medo, na avenida Paulista, em frente ao Masp (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

Da Agência Brasil

Cerca de 600 pessoas, segundo a Polícia Militar, compareceram na tarde deste domingo (8) ao ato de lançamento da Frente Povo Sem Medo, contra o ajuste fiscal e pela destituição de Eduardo Cunha da presidência da Câmara dos Deputados, na Avenida Paulista, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp).

Representantes de 27 movimentos sociais fizeram discursos em cima de um trio elétrico, antes de iniciar uma marcha rumo ao Parque Ibirapuera, por volta das 15h40. Várias viaturas e motocicletas da PM estavam de prontidão nas proximidades, mas o ato seguiu pacífico.

“Somos contra o ajuste fiscal porque ele está cortando os direitos trabalhistas, está cortando os programas sociais e está fazendo o trabalhador pagar a conta pela crise [econômica brasileira]”, defendeu um dos organizadores, Guilherme Boulos. O líder social também justificou que o ato também defende a saída de Cunha por causa das medidas “antipopulares e conservadoras” tomadas pelo parlamentar.

Com faixas e cartazes de movimentos sociais, com participação, principalmente, de ativistas do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), a marcha seguiu o carro do trio elétrico, provocando morosidade nas ruas próximas da avenida Paulista.

Em Brasília, cerca de 100 manifestantes ocupou parte do gramado em frente ao Congresso Nacional. Eles também reivindicam a saída de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara dos Deputados e protestam contra o ajuste fiscal do governo.

O grupo é o mesmo que há alguns dias entrou em confronto com outros manifestantes do Movimento Brasil Livre, que está acampado no mesmo gramado pedindo o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Para evitar novos confrontos, a Polícia Militar formou um cordão de isolamento entre as duas manifestações e escoltou a descida dos ativistas que compõem a Frente Povo Sem Medo.

Apesar de alguns relatos de provocações de ambas as partes, o protesto aconteceu sem confrontos entre os dois grupos. Um incidente entre manifestantes que compunham a frente, que iniciaram uma briga envolvendo três pessoas, terminou com três manifestantes detidos. O coordenador do grupo, Eduardo Borges, no entanto, disse “desconhecer” os envolvidos.

De acordo com a coordenadora nacional do MTST, Maria Almeida, o objetivo da manifestação não era provocar o grupo contrário e sim “dizer que o povo não vai pagar a conta pela crise”, além de protestar contra a “criminalização dos movimentos sociais” e defender “a saída do Cunha”.

“Do nosso ponto de vista de movimentos sociais, eles [grupo pró-impeachment] têm o direito de estar aqui. Nós somos um movimento pacífico”, disse. Segundo ela, o ato não era a favor do governo, nem em defesa da presidenta Dilma Rousseff. “Nossa pauta é essa, o governo que pegue a parte que lhe cabe”, disse.

Coordenador do Movimento Brasil Livre, Alexandre Paiva, também considerou que o protesto da Frente Povo Sem Medo é um “direito democrático de livre manifestação”, e disse acreditar que a polícia seria suficiente para manter o clima de paz.

“Hoje as lideranças disseram que vão ficar pacificamente. Esperamos que siga assim e depois voltem para as casas deles. Nós vamos ficar indefinidamente, até que o processo de impeachment seja colocado em votação”, disse.

Coordenando os trabalhos da PM, o tenente-coronel Rodrigues Ferreira disse ter conversado com as lideranças de ambos os lados para garantir que não houvesse confrontos. “A Esplanada é livre. Há uma área de segurança nacional que não pode ser ultrapassada, mas até aqui a Constituição está sendo respeitada. Todos são livres para se manifestar”, disse.

Ao menos 7 presidentes no Congresso se envolveram em escândalos

Da Folhapress

Vinte e um dias após ser protocolado pelo PSOL e pela Rede, o pedido de cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi instaurado no Conselho de Ética no início da semana passada.

O peemedebista é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro e também suspeito de esconder contas na Suíça em seu nome e de sua esposa, Claudia Cruz.

Cunha, porém, não é o primeiro presidente da Câmara ou do Senado que se envolve em um escândalo. Pelo menos outros sete já passaram por isso:

José Sarney
Em 2009, no comando do Senado, Sarney (PMDB-AP) foi protagonista do escândalo dos atos secretos, em que 511 medidas administrativas deixaram de ser publicadas. O caso motivou dez representações contra Sarney, todas arquivadas pelo Conselho de Ética da Casa, na época controlado por aliados.

Parentes de Sarney e de vários outros senadores foram contratados e exonerados da Casa por meio desse mecanismo. Apesar da crise, acabou reeleito para o Senado em 2011.

Renan Calheiros
Antes das suspeitas de que recebeu propina no escândalo do Petrolão, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) já havia sido acusado, em 2007, de usar laranjas para comprar um grupo de comunicação em Alagoas.

Na época, foi aberto um processo de cassação contra Renan, que renunciou à presidência do Senado. No mesmo dia em que abdicou do posto, foi livrado da cassação pelos colegas. Cinco anos depois, ele voltou à presidência da Casa, que ainda ocupa.

Paes de Andrade
Paes de Andrade (PMDB-CE) foi presidente da Câmara dos Deputados entre 1989 e 1991. Neste período, o peemedebista assumiu, interinamente, por 11 vezes a presidência da República, de acordo com informações do site da Câmara.

Em uma das ocasiões, o peemedebista convidou parentes, aliados e amigos para voar no avião presidencial de Brasília até a sua cidade-natal, Mombaça (CE), quando assumiu o comando do país interinamente na ausência de José Sarney. O episódio rendeu-lhe o apelido de “Mombacinha”. Paes de Andrade morreu em junho deste ano.

Severino Cavalcanti
O deputado impôs uma das maiores derrotas políticas do governo Lula ao vencer a disputa pela presidência da Câmara em fevereiro de 2005. Em setembro do mesmo ano, porém, Cavalcanti (PP-PE) renunciou à presidência e a seu mandato depois de ser acusado de cobrar propina de R$ 10 mil para prorrogar a concessão de uma lanchonete da Casa legislativa.

Ibsen Pinheiro
Presidente da Câmara entre 1991 e 1993, foi Pinheiro (PMDB-RS) quem recebeu o pedido de impeachment de Fernando Collor em 1992. Ele acabaria cassado em 1994, após ser acusado de envolvimento no escândalo dos Anões do Orçamento, que revelou desvio de verbas do Orçamento por deputados.

Inelegível por 8 anos, ele voltou a se eleger vereador de Porto Alegre em 2004 e deputado estadual do Rio Grande do Sul em 2006.

Jader Barbalho
Jader (PMDB-PA) era presidente do Senado quando foi acusado de desviar recursos da Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). Acabou renunciando à presidência da Casa em setembro de 2001 e, no mês seguinte, também ao seu mandato de senador, o que evitou que fosse cassado.

Reeleito senador em 2011, Jader agora é acusado de receber propina no escândalo da Petrobras.

João Paulo Cunha
Presidente da Câmara de 2003 a 2005, Cunha (PT-SP) foi condenado a 6 anos e 4 meses de prisão por envolvimento no escândalo do mensalão pelos crimes de corrupção passiva e peculato (desvio de dinheiro público). As irregularidades foram cometidas quando Cunha estava no comando da Casa, mas ele só foi denunciado após o período de sua presidência, cumprida até o fim.

Cunha foi preso em 2014, quando renunciou a seu mandato de deputado. Hoje, cumpre a pena no regime semi-aberto.

Quanto menor é a economia de estados e capitais, maior é o gasto com parlamentares

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Na Alepe, deputados estaduais recebem mais que federais para manter seus assessores (Foto: João Bita)

Por SÁVIO GABRIEL
Do Diario de Pernambuco

O Produto Interno Bruno (PIB) per capita de Pernambuco – soma dos bens e serviços produzidos em determinada região dividido pela quantidade de habitantes – é de R$ 13,1 mil, um dos menores do país. Mas o estado gasta mais com seus 49 deputados que o Rio de Janeiro, que tem um PIB duas vezes maior e uma Assembleia Legislativa com 21 parlamentares a mais. A tendência é observada em outras unidades da Federação, segundo levantamento realizado pela ONG Transparência Brasil. Os dados mostram uma realidade na qual estados mais pobres gastam, em média, 20% a mais que os mais ricos para manter os representantes do Legislativo. Nas capitais de menor poder econômico, a despesa com os vereadores é 16% maior que as registradas por cidades com mais recursos financeiros.

Apesar de, entre as capitais, ter um dos maiores PIBs per capita do país (R$ 23,6 mil), Recife também se encaixa nessa realidade. Para se ter uma ideia, o custo médio de cada um dos 39 vereadores é de R$ 24,5 mil. Na capital fluminense, que tem um PIB de R$ 34,5 mil por habitante (R$ 10,9 mil a mais), o gasto médio com cada um dos 55 legisladores é de R$ 17,5 mil (R$ 7 mil a menos). Ainda segundo a pesquisa, os gastos com os legisladores recifenses são quase duas vezes maiores que a média dos gastos com cada um dos 41 vereadores de Belo Horizonte, que é de R$ 13,6 mil.

O levantamento leva em consideração salários, verbas e auxílios diversos concedidos aos representantes dos legislativos estaduais e municipais, sem incluir na conta as verbas de gabinete. “É algo desproporcional. O que se esperaria era que fosse justamente o contrário”, diz Juliana Sakai, coordenadora de pesquisa da Transparência Brasil e uma das responsáveis pelo levantamento. De acordo com ela, a inversão ocorre porque nos municípios com uma economia menor a capacidade de controle dos gastos é reduzida. “Assim, os parlamentares conseguem inflar seus gastos, seja por meio da verba indenizatória ou de outras despesas”, pontuou.

Enquanto as Câmaras Municipais das capitais mais pobres gastam, em média, por vereador, R$ 25,8 mil, as mais ricas têm uma despesa média de R$ 22,3 mil. “Além disso, em algumas Casas Legislativas, os vereadores recebem adicionais para cumprir funções que já são próprias do mandato”, afirmou Sakai. É o caso das câmaras de Recife, Curitiba, Porto Alegre e Florianópolis, onde os presidentes recebem adicionais que variam de 6% a 50% do salário base.

No caso das Assembleias Legislativas, os 12 estados com menor PIB per capita gastam, por deputado estadual, R$ 61,5 mil, em média, enquanto as federações com economias mais robustas têm uma despesa média de R$ 51,3 mil por parlamentar. Nesse cenário, chama atenção também o valor das verbas indenizatórias a que eles têm direito. Como não existe qualquer tipo de regulação, as cifras variam em cada estado. Mato Grosso do Sul tem a maior verba indenizatória (R$ 65 mil), mas esses gastos não precisam ser comprovados. “Cada um recebe o valor integral, sem a necessidade de apresentação de notas fiscais”, explicou Juliana Sakai.

Ainda segundo o levantamento, a Assembleia Legislativa de Pernambuco é uma das quatro do Brasil onde os deputados estaduais recebem mais que os federais para custear suas equipes de assessores. Cada parlamentar recebe R$ 97 mil mensais, valor R$ 5 mil maior que os pagos em Brasília.

Em três anos, dívida bruta vai de 53% para 72% do PIB

Do Estadão Conteúdo

Após três anos seguidos de baixo crescimento e recessão, com aumento de desemprego, a dívida pública bruta saltará fortemente, deixando o governo mais dependente de um ajuste fiscal para evitar uma crise mais grave. Essa descrição, usada para explicar as turbulências dos últimos anos na Europa, deve servir ao Brasil de 2014 a 2016.

O próprio governo admitiu ao Congresso que a dívida pública bruta chegará a quase 72% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016. Haverá, portanto, um salto de quase 20 pontos porcentuais da dívida pública em apenas três anos – em dezembro de 2013, ela representava 53,2% do PIB.

A combinação entre recessão e debilidade fiscal pode ser explosiva? Para o economista Luis Eduardo Assis, ex-diretor do Banco Central, o risco para o País é se aproximar da realidade de alguns países europeus, como Itália, Espanha e Portugal, que viram sua dívida pública subir muito em poucos anos e hoje convivem com baixo crescimento econômico. “A diferença é que eles já enriqueceram, nós não. O grande risco aqui não é mesmo o de uma explosão, como na Grécia, mas de uma mediocridade de crescimento por muitos anos.”

Para Nelson Marconi, coordenador do curso de Economia da Fundação Getulio Vargas em São Paulo (FGV-SP), o quadro de baixo crescimento e alta do endividamento é semelhante ao de países europeus, mas, no limite, o Brasil “se salva” pelo fato de a dívida ser predominantemente lastreada em moeda nacional. “Os europeus estão presos ao euro, uma moeda comum, mas que não é controlada por cada país. Nós, no limite, desvalorizamos muito a moeda para pagar a dívida. Seria uma opção dramática, mas é uma saída limite.”

ERROS

Segundo Marconi, a trajetória de forte alta da dívida desde o fim de 2013 é resultado dos erros de política econômica do governo Dilma e da elevada taxa básica de juros, que corrige os títulos do governo. “O governo concedeu uma série de estímulos fiscais e aumentou muito os gastos para fazer a economia crescer, mas a estratégia não deu certo. Isso piorou o quadro das contas públicas e não gerou crescimento. Os dois problemas, juntos, fazem a dívida pública crescer. Não ajuda o fato de termos a maior taxa de juros do mundo”, afirmou.

Segundo o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, o governo precisa, urgentemente, “arrumar sua casa”. Isto é, reduzir gastos com despesas obrigatórias, em especial na Previdência Social. “O governo precisa fazer um ajuste fiscal que possa, no mais curto espaço de tempo possível, sinalizar que voltará a produzir um superávit fiscal. Isso permitirá ao menos uma estabilização do endividamento público e também a redução dos juros, o que ajuda no crescimento econômico”, disse ele.

Para Schwartsman, a saída preconizada por economistas que defendem mais gastos e mais estímulo ao crédito (como sugeriu o ex-presidente Lula), não faz o menor sentido. “Se gastar fosse a saída, não haveria pobreza no mundo. Bastaria que todos os governos imprimissem dinheiro e entregassem para todas as pessoas.”

Segundo ele, a busca por receitas extraordinárias faz parte do jogo. Nos anos 90, o então governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) usou recursos das privatizações de empresas estatais para pagar os juros da dívida. Agora, o governo Dilma Rousseff pretende usar o dinheiro que pode vir com a regularização e repatriação de ativos de brasileiros mantidos ilegalmente no exterior para reforçar o ajuste fiscal. “A receita extraordinária ajuda. Mas serve apenas para um ano específico, não dá para ficar dependente dela.”

Os analistas, no entanto, concordam que nenhuma reforma estrutural, como mudanças em aposentadorias e pensões e ajustes nas contas públicas, sairá do papel no atual contexto de crise política. “A sociedade brasileira precisa discutir o Estado que ela quer, e isso terá impacto no futuro da dívida pública. Mas esse debate hoje é absolutamente impossível. Só depois de resolvida a crise política”, disse Assis. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nova etapa da Lava Jato vai responsabilizar partidos

Do Estadão Conteúdo

A força-tarefa da Operação Lava Jato vai imputar também aos partidos a responsabilidade pelo bilionário esquema de cartel e corrupção na Petrobras a partir de 2016. Com pelo menos R$ 2,4 bilhões recuperados aos cofres públicos até aqui, resultado de mais de 30 acordos de delação premiada com os réus e três termos de leniência com empresas, o Ministério Público Federal traça as estratégias para buscar a condenação na Justiça Federal das legendas – e não apenas seus dirigentes.

As penas serão propostas em ações cíveis – até agora só empresas foram acionadas fora da área criminal – e poderão representar duro golpe à saúde financeira das agremiações. Além da devolução dos valores desviados da estatal – ao todo, mais de R$ 20 bilhões, segundo os primeiros laudos – no período de 10 anos, entre 2004 e 2014, e de multas, partidos podem ficar sujeitos a retenção de valores do Fundo Partidário e suspensão e cassação de registro da legenda.

“Vamos entrar com uma ação cível pública contra os partidos que participaram dos crimes, que aturaram para que os benefícios de recursos acontecessem e se beneficiaram dele”, afirmou o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa. “Estamos caminhando na Lava Jato por etapas porque temos um mar de informações e evidências. É como se fossem frutos de uma árvores, nós colhemos quando eles ficam maduros. A ação dos partidos ainda está amadurecendo.”

Dallagnol e outros oito procuradores da força-tarefa da Lava Jato assinam também as ações por improbidade administrativa propostas em fevereiro deste ano na Justiça Federal em Curitiba contra as empreiteiras acusadas de cartel e desvios de recursos da Petrobras. Foram as primeiras ações cíveis da Lava Jato que buscam imputar responsabilidades às pessoas jurídicas.

O avanço da Lava Jato contra os partidos atinge, em especial, PT, PMDB e PP, que, conforme as investigações criminais, controlavam um esquema de fatiamento de postos estratégicos da Petrobras. Segundo o Ministério Público Federal, através do controle de diretorias da estatal, empresários e políticos sistematizaram uma sofisticada estrutura de desvios em contratos, cobrança de propinas e lavagem de dinheiro que abasteceu cofres das legendas.

Os procuradores sustentam que para isso foram usadas doações eleitorais e partidárias oficiais, além de caixa 2. A lista inclui legendas da situação e também oposição – apesar do controle governista do esquema. Os partidos têm negado envolvimento em irregularidades.

As ações com pedidos de ressarcimento podem ser ajuizadas num momento em que as legendas veem diminuir a capacidade de arregimentar recursos com a proibição das doações empresariais decidida pelo Supremo Tribunal Federal em votação concluída em setembro deste ano. A previsão dos partidos é de forte queda de receita no próximo ano.

CORRUPÇÃO

Em outra frente, com apoio dos coordenadores da Lava Jato, um projeto de lei do Ministério Público Federal quer aumentar a responsabilidade de partidos e políticos para desestimular a prática de contabilidade paralela do caixa das agremiações e das campanhas. Um pacote com 10 medidas anticorrupção foi lançado em março deste ano e está em fase de coleta de assinaturas – serão necessários 1,5 milhão para apresentação ao Congresso.

“A medida é importante porque, até então, apenas os dirigentes (pessoas físicas) respondiam por eventuais crimes cometidos em benefício do partido. No mesmo sentido, propomos a criminalização do caixa 2″, informa o MPF, em sua justificativa do anteprojeto.

Como não existe uma legislação regulamentada específica que responsabilize os partidos como pessoa jurídica, outro item previsto é o que imputa às legendas responsabilidade por atos de corrupção. Partidos poderão ser responsabilizados com multa ou até cancelamento do registro – nos casos de condutas de responsabilidade do diretório nacional. As legendas poderão ser multadas com valor entre 10% e 40% dos repasses do fundo partidário relativos ao exercício no qual ocorreu o ato, podem ainda ser suspensos do recebimento de repasses do fundo ou ter o registro cancelado.

“O objetivo é espelhar nas agremiações partidárias exigências feitas para quaisquer pessoas jurídicas”, afirma Dallagnol.

Atualmente, a legislação de combate à corrupção de 2013 abriu a possibilidade de impor penalidades para empresas por envolvimento em atos de corrupção, mas deixa uma brecha de como isso ocorre na prática, quando os alvos são partidos. É que as penalidades previstas no regramento jurídico são medidas como multa sobre o faturamento do último ano e proibição de contratação com o poder público.

Partidos, porém, não têm faturamento, nem contratam com o poder público. “Então nós (MPF) criamos previsões para que se possa ter penalidades aplicáveis aos partidos envolvidos com atos de corrupção, como retenção de parte do fundo partidário até a suspensão ou mesmo a cassação do registro.” Procurados pelo Estado, PT, PP e PMDB não se manifestaram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Auxílio-doença volta a ficar na mira do ajuste fiscal

Por PAULO VERAS
Do Jornal do Commercio

Menos de um ano após o governo federal editar uma Medida Provisória endurecendo a concessão de benefícios previdenciários, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, volta a defender uma análise dos gastos do governo com o auxílio-doença, como uma forma de economizar até R$ 15 bilhões no orçamento da União. Em 2015, só em Pernambuco, o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) já concedeu mais de 46 mil benefícios desse tipo, somando mais de R$ 55,5 milhões.

Há um ano, o governo propôs que o benefício só fosse pago pelo INSS a partir do 30º dia de afastamento do empregado; o dobro do tempo atual. Sob resistência do setor patronal, o mecanismo acabou não sendo transformado em lei. Mas o governo aprovou duas medidas para que o benefício não seja superior ao salário atual do trabalhador e permitindo o cancelamento do auxílio para segurados que exerçam atividades que permitam sua subsistência.

“Em geral, aqui no Brasil, 17% dos benefícios são com auxílio-doença. Na maior parte dos países é 10%. Se você conseguir reduzir o número para a média dos países desenvolvidos, você vai estar economizando de R$ 10 bilhões a R$ 15 bilhões. É fundamental fazer isso. Você não vai estar piorando a qualidade de vida de ninguém, vai estar se alinhando às melhores práticas”, disse Levy na semana passada, trazendo o tema de volta ao debate.

Segundo o Ministério da Fazenda, não há uma proposta formatada para a modificação do benefício. Desde setembro, o governo instaurou um fórum de debates para rever esse tipo de gasto. Para Olacir Luchetta, chefe da divisão de benefícios do INSS no Recife, é difícil reduzir a quantidade de benefícios porque os critérios são definidos em lei, mas uma mudança no cálculo é mais simples.

“Cada região tem uma situação diferente. Aqui, nós temos o Porto de Suape, onde chegaram mais de 30 mil trabalhadores. Então, obviamente aumentou muito o número de seguros”, explica Olacir. Pernambuco é hoje o sétimo estado do País que mais concede auxílios-doença e o nono que mais gasta com o benefício.

Benefício similar, a licença-saúde dos servidores públicos estaduais não deve passar por mudanças, segundo o Instituto de Recursos Humanos (IRH) do Estado, que concede 1,5 mil auxílios por mês. Dados da bancada de oposição na Assembleia mostram que foram concedidas mais de 56 mil licenças entre janeiro de 2012 e junho de 2015. Mais de 20 mil servidores receberam mais de 1,8 milhão de dias de afastamento nos últimos anos; número não confirmado pelo IRH.

Crise fortalece a bancada BBB na Câmara dos Deputados

Por ANDERSON BANDEIRA
Da Folha de Pernambuco

O início da 55ª Legislatura na Câmara dos Deputados já preconizava que o período (2015019) seria marcado pelo avanço das pautas conservadoras, dado o exponencial crescimento de deputados ligados à bancada BBB (Bala, Boi e Bíblia). Com pouco menos de um ano do início dos trabalhos, premonição tem se cristalizado com a aprovação recorrente de temas polêmicos que contrariam bandeiras progressistas, humanistas, feministas e da comunidade LGBT.

No entanto, com o agravamento da crise política entre o Congresso e o Planalto, o que poderia ser um motivo para frear o ímpeto de temas indigestos na Casa Baixa, se tornou um campo aberto para o avanço das pautas BBBs.

Em meio ao fogo cruzado entre o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDBJ), e o governo Dilma Rousseff (PT), ambos mergulhados em escândalos de corrupção e irregularidades administrativas, bancada composta por 300 deputados se vê fortalecida.

A prova é que nos últimos dias, pelo menos, três matérias polêmicas da bancada foram aprovadas nas comissões da Câmara. Tudo chancelado pelo conservador Eduardo Cunha e pela vista grossa da oposição, que tem apresentado propostas semelhantes e está mais preocupada com a derrocada da presidente.

Principal fiador das pautas conservadoras, mas de certo modo agindo como um moderador entre o avanço e o recuo, Cunha perdeu força. Se vê acuado e nas mãos do bloco, que também lhe ajudou a chegar ao poder e agora defende a sua saída abertamente. Contudo, atuam para manterem suas pautas como apoio à figura de outro presidente.

“Se acontecer de ele (Cunha) sair, vamos eleger, de novo, alguém que dê independência à Câmara”, afirmou, recentemente, o deputado Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ). “Não nos preocupamos com a saída de Cunha. Ele só sai se quiser. Mas, se sair, não vamos colocar outro presidente que não seja alinhado com nossos anseios”, disse o deputado Capitão Augusto (PR-SP).

“É claro que quem for entrar será eleito com nossa participação forte”, defendeu o coordenador da frente parlamentar da Agropecuária na Câmara, deputado Marcos Montes (PSD-MG).

Na ótica do cientista político Antônio Lucena, o crescimento das pautas conservadora vem em função do enfraquecimento do Governo e de Cunha, que tentam manter-se no poder e barganham com o setor apoio em troca de aprovação dos textos.

Porém, Lucena chama a atenção para o perigo dessa articulação, alertando para os riscos as conquistas sociais. “São pauta que vão trazer prejuízo para a sociedade brasileira”, pontua. À Folha, em entrevista recente, a pesquisadora e professora na área de Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Ana Maria de Barros também alertou que esses temas polêmicos defendido pela bancada – como o estatuto do desarmamento – podem intensificar as tensões sociais diante do contexto de crise política, econômica, moral.

Prefeitos pernambucanos engajados em protesto

Do Diario de Pernambuco

Amanhã, a partir das 9h, na Assembleia Legislativa, prefeitos pernambucanos participam de um ato para protestar contra os cortes de recursos feitos pelo governo federal para os municípios. A mobilização, organizada pela Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), tem a finalidade de mostrar à sociedade as dificuldades financeiras dos gestores que, segundo a entidade, se agravaram ainda mais “com a crise que afeta a população brasileira”.

De acordo com os dirigentes da Amupe, está faltando dinheiro “para tudo” e os municípios são os mais afetados. “Junte-se a nós neste dia de luta em defesa dos municípios”, diz o slong usando na página da entidade na internet para convocar os gestores e a população em geral.

Logo após o protesto, os prefeitos irão até o Palácio do Campo das Princesas para uma audiência com o governador Paulo Câmara. Na pauta, as dificuldades dos gestores para enfrentar a crise econômica e a recriação da CPMF. O encontro foi agendado na última sexta-feira durante uma reunião entre o socialista e o presidente da Amupe, José Patriota.

Projeto de nova lei da magistratura segue sem avançar

Estadão Conteúdo

O projeto de nova Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman), que prevê o aumento de prerrogativas e benefícios dos magistrados, não deve ser aprovado até o final deste ano, conforme inicialmente previsto pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. Os integrantes da Corte fizeram, pelo menos, cinco reuniões sobre o tema no segundo semestre, mas nenhuma das medidas mais polêmicas entrou em pauta.

A lei que regula a função da magistratura no Brasil é de 1979, mas em 1988 a Constituição determinou que sua atualização fosse feita por meio de lei complementar de iniciativa privativa do STF – o que até hoje não foi feito.

O novo texto, elaborado e apresentado no final de 2014 pelo ministro Ricardo Lewandowski a partir de proposta do ministro Luiz Fux, é polêmico ao ampliar gastos do Judiciário, polemizar com o Conselho Nacional de Justiça e com os juízes de primeira instância por não incluí-los em votações para presidentes de tribunais. Outro ponto de discordância considerado reflexo da ampliação de benefícios da magistratura é um a proposta de emenda à Constituição apresentada pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que estende a influência do Legislativo sobre o Judiciário.

O projeto cria, por exemplo, auxílio-educação para filhos com até 24 anos de juízes, desembargadores e ministros do Judiciário em escolas e universidades privadas; auxílio-moradia equivalente a 20% do salário; transporte, quando não houver veículo oficial; reembolso por despesas médicas e odontológicas não cobertas por plano de saúde, e licenças para estudar no exterior com remuneração extra. Hoje, o teto salarial dos ministros é de R$ 39.293,38, sem nenhum desses benefícios.

Uma emenda de Fux estabelece que juízes condenados por improbidade não percam as suas funções. O ministro também pede que, se houver feriados nos 60 dias de férias que os juízes têm direito a tirar por ano, esses dias não contem, e o período de folga seja prolongado na mesma quantidade de dias. O projeto determina o livre ingresso e trânsito de magistrados em qualquer recinto público ou privado, quando em serviço, e prioridade em transportes públicos em urgências.

Entre as propostas em discussão no projeto, também estão a proibição de indiciamento de magistrados em inquéritos policiais, salvo se o tribunal a que pertencem o autorizar. O projeto também proíbe que juízes, desembargadores e ministros do Judiciário sejam interrogados em processo disciplinar ou criminal, a não ser por magistrado de instância igual ou superior.

Os poderes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também serão reduzidos, se a proposta for aprovada. Os conselheiros não poderão mais, por exemplo, criar as semanas de conciliação e os mutirões carcerários, que agilizam o trabalho do Judiciário. O conselho também não poderá mais criar “normas abstratas”, contexto em que se insere, por exemplo, a resolução que proíbe o nepotismo no Poder Judiciário.

CRÍTICAS

A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) afirma que o projeto não é consensual na categoria. Segundo o presidente da entidade, João Ricardo Costa, a proposta não inclui, por exemplo, uma demanda antiga dos juízes de 1.ª instância para que eles sejam incluídos nas votações de presidentes dos tribunais.

“Um juiz, que faz audiência, que atende à população, resolve a maioria dos conflitos, não pode estar sem nem sequer um estagiário no seu gabinete, sem folha de papel para imprimir suas sentenças, enquanto os tribunais têm carro oficial, motorista e todos equipamentos mais sofisticados e modernos e atendem apenas um resíduo da demanda por Justiça, a população que tem recursos”, criticou Costa.

O presidente da AMB defende a inclusão dos benefícios para os juízes, assim como a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe). Em nota, a Ajufe alegou que os auxílios são justos porque a Constituição impõe “inúmeras restrições e limitações” à categoria.

Já o professor da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas Thomaz Pereira é contra alguns dos novos benefícios. “Os salários dos magistrados, em geral, são os mais altos em comparação com o resto do funcionalismo público e com o que ganha o profissional brasileiro. Por isso, acho que só o subsídio poderia cobrir algumas dessas despesas dadas como auxílios.”

Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil informou que o Colégio de Presidentes dos Conselhos Seccionais da OAB manifestou preocupação em relação da Loman. Para a entidade, a remuneração dos magistrados deve ser estabelecida em parcela única, submetendo-se ao teto constitucional, incluindo as vantagens pessoais. Já assessoria de imprensa do STF declarou que a atual norma está sendo analisada e que ainda não existe um texto finalizado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ibope indica aumento da rejeição ao PT

Do Estadão Conteúdo

Ocupante da Presidência da República desde o início de 2003, o PT é hoje o partido com maior rejeição no Brasil, segundo pesquisa Ibope feita na segunda quinzena de outubro. Do total de entrevistados, 38% apontaram a legenda de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff como aquela de que menos gostam. No outro extremo, 12% indicaram o PT como partido preferido – ou seja, para cada petista, há cerca de três antipetistas no País.

No ranking da rejeição, o PT não apenas está em primeiro lugar, mas é o líder disparado. Em distante segundo lugar, com 30 pontos porcentuais a menos, está o PSDB (8% de rejeição). O PMDB, com 6%, aparece em empate técnico, também na segunda colocação.

É a primeira vez que o Ibope mede a rejeição às legendas com uma pergunta específica (“de qual desses partidos você gosta menos?”). Não é possível, portanto, saber se a onda antipetista está em seu ápice. Mas há indícios de que essa tendência no eleitorado se fortaleceu desde o ano passado.

Em outubro de 2014, pouco antes da eleição presidencial vencida por Dilma, o PT tinha uma imagem “favorável” ou “muito favorável” para 41% dos eleitores, também segundo o Ibope. Outros 46% viam o partido de forma “desfavorável” ou “muito desfavorável”. De lá para cá, a parcela com opinião contrária ao PT cresceu para 70%, enquanto os favoráveis se reduziram a apenas 23%.

Outro indicador do desgaste dos petistas é a evolução da taxa de preferência pela sigla. Em abril de 2013, pouco antes da onda de manifestações de protesto pelo País, o PT era o partido preferido de 36% da população – o melhor resultado para a legenda em uma década.

Mas os protestos de rua provocaram mudanças significativas na opinião pública: em julho de 2013, a taxa de preferência pelo PT já havia caído para apenas 22%.

Desde então, apesar de ter vencido a eleição presidencial de 2014, o partido foi associado a novos episódios de desgaste, entre eles o agravamento da crise econômica e o escândalo de corrupção na Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato.

O PSDB, partido que disputou com Lula e Dilma os segundos turnos das quatro últimas quatro eleições presidenciais, não se beneficiou diretamente da queda de popularidade de seu principal adversário.

Os tucanos também têm hoje uma imagem pior do que de outubro de 2014. Na época, segundo o Ibope, a soma de opiniões “desfavoráveis” e “muito desfavoráveis” sobre a sigla chegava a 45%. Atualmente, atinge 50%.

Por outro lado, no ranking da preferência partidária, é a primeira vez que o PSDB empata tecnicamente com o PT no primeiro lugar – mas o fenômeno se explica mais pela queda dos petistas que pela ascensão dos tucanos.

GEOGRAFIA

A rejeição ao PT é maior na região Sul, onde 46% dos entrevistados apontam a legenda como aquela de que menos gostam – taxa oito pontos porcentuais superior à média nacional. Também se concentra nos setores mais escolarizados e de renda mais alta

Entre os eleitores com curso superior, a taxa de rejeição ao partido chega a 50%, mas cai para 28% entre os que estudaram até a quarta série. Na divisão do eleitorado por renda, o PT é o mais rejeitado por 46% dos que ganham mais de cinco salários mínimos, e por 28% dos que recebem até um salário mínimo.

O partido também sofre maior rejeição entre os mais jovens (43% na faixa de 16 a 24 anos) que entre os mais velhos (33% entre aqueles com 55 anos ou mais).

O Ibope ouviu 2.002 pessoas em 140 municípios do País entre os dias 17 e 21 de outubro. A margem de erro estimada é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.