Suspeitos de tráfico são presos em operação

Quadrilha Salgado (5)

Pedro Augusto

A Polícia Civil de Pernambuco apresentou o saldo do desdobramento da operação Natrium, na manhã da última quinta-feira (28), no auditório da Dinter 1, às margens da BR-104, em Caruaru. De acordo com o titular da 20ª Delegacia de Homicídios, Márcio Cruz, que está presidindo o inquérito referente à associação criminosa que vem sendo desarticulada pela operação, desta vez dois supostos integrantes foram presos em flagrante, bem como nove mandados de busca e apreensão acabaram sendo cumpridos – todos na cidade.

Além de José Douglas da Silva Oliveira e de Rodrigo Manoel de Lima, que foram recolhidos na manhã da quinta, mais três suspeitos já tinham sido presos no desenrolar da Natrium. Foram eles: Bartolomeu da Silva, Diego da Silva Oliveira e José Carlos dos Santos Silva, de idades não informadas. Após passarem por audiência de custódia, os três últimos acabaram sendo soltos, enquanto José Douglas pagou fiança e escapou de ser encaminhado para Penitenciária Juiz Plácido de Souza. Em contrapartida, Rodrigo Manoel iria passar também por audiência até o fechamento desta matéria.

De acordo com o delegado Márcio Cruz, a associação criminosa possui atuação no Bairro do Salgado e outras pessoas ainda podem ser presas. “Iniciamos as investigações referente a este grupo em março deste ano e, ao longo dos meses subsequentes, efetuamos as detenções do Diego, do Bartolomeu e do José Carlos. Já o José Douglas e o Rodrigo Manoel acabaram sendo presos em flagrante na data de hoje (quinta-feira, 28). Esta associação possui ligação com o tráfico de drogas e mais suspeitos ainda podem ser recolhidos”, informou.

Ainda na coletiva de imprensa, o titular da 20ª Delegacia de Homicídios, detalhou de que forma vem agindo a quadrilha. “Em grande parte, ela vem comercializando entorpecentes no sistema varejo. As investigações irão permanecer, haja vista que mais pessoas podem estar envolvidas. Chegamos até ela, após passarmos a apurar alguns crimes de morte que ocorreram neste ano no Salgado. Entretanto, ainda não podemos confirmar a autoria da associação nestes homicídios”, finalizou Márcio Cruz.

ARTIGO — Qual é a importância do propósito na relação entre empresas e colaboradores?

Por Indianara Ferreira

Por quase toda a história humana, empresas tiveram um único propósito: lucrar. Entretanto, de uns anos para cá isso se tornou mais uma consequência de um trabalho bem realizado, ou serviço bem prestado, do que efetivamente um propósito. As novas gerações de empreendedores passaram a compreender que o desenvolvimento e perpetuação de uma marca estavam intimamente ligados ao alinhamento ideológico que a mesma apresentava aos clientes, mercado e sociedade.

O propósito sofreu uma ressignificação, de objetivo tangível para ideologia intangível. Essa ideologia determina hoje quem se mantêm no mercado. O propósito pode ser a satisfação do cliente, a preocupação com o meio ambiente, ou qualquer outra finalidade desde que haja um impacto social, de importância no alinhamento comportamental e de repercussão para o público. Vivemos um desligamento do Eu para a preocupação com o coletivo.

Isso não ocorreu apenas com o empresário. Na verdade, começou como um movimento vindo pelo próprio funcionário, colaborador ou prestador de serviços. O público que buscava emprego, sendo mais jovem, cresceu alinhado a ideologias que dialogam com sua personalidade. Sobretudo a geração Y, se recusa a trabalhar para uma empresa que não respeite suas crenças particulares sobre a sociedade e seu modo de ver o mundo.

Com o tempo, eles foram se tornando funcionários exemplares, chefes e até empreendedores, mas sempre levando seus ideais como bandeira e objetivo primário para as empresas. Como uma marca se posiciona em relação a diversos assuntos, hoje em dia, tem mais peso do que seu produto em si. O propósito ganhou papel central, pois vivemos uma época de ideologias no centro da sociedade.

O impacto de melhora na produtividade de uma equipe é de 100% quando ela realiza uma atividade em que realmente acredita, que está de acordo com seu modo de ver o mundo. Isso os leva a superar metas estipuladas, não faltar e até trabalhar mais. Vivemos a geração do trabalho pelo prazer, pela vontade de realizar, e não só pela necessidade de sobreviver.

Muito disso vem das condições gerais do mundo. A fome, o saneamento básico, todas as necessidades primárias, são muito mais facilmente atendidas hoje na maioria dos países, e a informação transita livre e em alta velocidade. A ausência de preocupação exacerbada com o caráter prático, permite uma reflexão mais profunda da atuação do profissional como indivíduo no mercado de trabalho e na sociedade.

É possível ver como isso é impactante na retenção de talentos, por exemplo. O engajamento é altíssimo, levando o turn over para 2% a 3% ao ano. A empresa investe no profissional e o colaborador também investe na empresa pois ele confia que crescerá na carreira, já que acredita na companhia, nos ideias de sua fundação e linha de trabalho. Hoje já mal se fala em motivar, pois a motivação vem de alinhamento e comportamento que já são parte do funcionário. Ele não busca benefícios apenas, busca ser ele mesmo dentro da empresa.

Quem tem funcionários alinhados com seu propósito atende o lado comportamental. O técnico pode ser ensinado, o comportamento é quem determina o real comprometimento e resultado. Por séculos se buscou que funcionários “vestissem a camisa da empresa”, quando na verdade o necessário era transformar as empresas para que buscassem propósitos mais elevados, e encontrar uma equipe que já estivesse alinhada a esses ideais. Afinal, de camisa se troca toda hora.

É por isso que cada vez mais a vida pessoal e profissional se unem. Não é mais preciso ter ideais e comportamentos diferentes em casa e na empresa, e essa comodidade e tranquilidade combatem o estresse de uma vida tão corrida. Sempre se recomenda que se faça o que ama, porém é preciso se atentar à importância de estar onde se ama também, pois quando se está seguindo ideais que são iguais aos seus, o compromisso é consigo mesmo e não só com a empresa.

ARTIGO — Como incluir a carreira nas metas do ano novo?

Por Marcelo Olivieri

Nessa época do ano é comum fazermos um balaço de tudo o que foi realizado durante o período, aquilo que ficou esquecido ou que foi perdendo o sentido com o passar do tempo. É hora de projetar nossas intenções e metas para a nova fase que está chegando. A carreira está entre as resoluções de ano novo mais comuns. Não importa se o desejo é recolocação profissional, mudar de emprego, ser promovido, pedir um aumento ou aprimorar o currículo. O planejamento de carreira é fundamental para realizar as metas em 2018.

Pensando em ajudar àqueles que planejam aproveitar o ano novo para investir no crescimento profissional, listei abaixo as metas mais comuns de serem buscadas e selecionei dicas exclusivas para cada uma delas. Aproveite-as e tenha uma grande vida profissional no ano que se inicia.

#1 Mudar de emprego: Se o maior desejo é encontrar uma nova oportunidade e trocar de emprego, o profissional precisa ser realista e avaliar o mercado de atuação, além de promover uma auto avaliação sobre suas próprias qualificações. Essas dicas são para quem deseja mudar de emprego ou buscar uma recolocação. A primeira coisa a se fazer é analisar o mercado, avaliar se é um setor que está em crescimento ou não e estudar quais são as possibilidades dessa área de atuação prosperar em 2018. Minha dica é, ao invés de esperar reativamente que vagas de trabalho sejam abertas, o profissional deve fazer uma lista de empresas com as quais se identifica e tem interesse em trabalhar.

Com os alvos em mãos está na hora de ativar o networking, conversar com as pessoas e ver quem você conhece que pode te deixar mais próximo da empresa em questão. Nessa etapa, também é importante, monitorar as vagas que abrem dentro da empresa e se candidatar para as oportunidades que tiverem o mesmo perfil. Saber quais são as empresas potenciais, manter o networking ativo e ficar atento às oportunidades é o melhor caminho para buscar uma colocação. Se o profissional já estiver trabalhando, todo esse movimento precisa ser feito de maneira muito discreta. O mercado de trabalho é pequeno e você pode causar constrangimentos em seu trabalho atual. Se não for esse o caso, quanto mais aberta e direta for a busca e ativação da rede, melhor. Deixe as pessoas saberem o que você deseja e não tenha medo de pedir ajuda e indicações.

#2 Ser promovido/ Pedir um aumento: Se você está feliz na empresa onde trabalha, mas quer subir alguns degraus na carreira, a resolução de 2018 será ser promovido ou mesmo pedir um aumento. Em ambos os casos a resolução de ano novo só será cumprida caso você tenha realizado um excelente trabalho em 2017. Essa é uma meta de médio e longo prazo, onde só é possível avançar caso haja merecimento pelo trabalho realizado no passado e presente. Ou seja, depende de tudo o que você realizou no ano que passou. Se você avaliar que ao longo de 2017 os resultados que você entregou para a empresa e equipe foram bons, busque sentar com o seu chefe e defenda seu merecimento com base em resultados reais. A melhor forma é expor seu interesse em realizar novos desafios, mostrar que você está pronto e disposto para entregar mais.

No entanto, se você avaliar que os resultados não estão tão bons, trace uma estratégia para o médio prazo, comece a trabalhar mais e melhor. Com clareza, honestidade e transparência, deixe claro o que você deseja, peça ajuda para atingir os resultados e saiba que uma avaliação realista e resultados reais valem mais do que uma apresentação cheia de adjetivos. É possível que mesmo entregando ótimos resultados a empresa não tenha oportunidades abertas, nesse caso a paciência e a sabedoria de esperar o melhor momento precisam estar presentes.

#3 Mudar de profissão: A mudança de área de atuação é sempre de longo prazo e comparada com as outras resoluções é a que mais demora para se realizar. Se o profissional deseja mudar de área dentro da mesma empresa é mais fácil, uma vez que basta ativar o networking e saber quais são os requisitos para a vaga. Sem falar que não precisa se preocupar com a adaptação com a cultura organizacional. Agora se não existe essa possibilidade, o profissional precisa fazer uma movimentação para mudar de área e de empresa, e nesse caso, a dedicação é ainda maior.

Para mudar de carreira, o primeiro passo é escolher qual será a nova ocupação e se dedicar a investir em conhecimento técnico e requisitos para esse novo cargo. Como a transição é lenta, o profissional pode planejar a mudança em etapas e, antes de chegar onde realmente deseja, escolher uma área intermediária. Quando estiver buscando a recolocação, deixe evidente que apesar de não ter conhecimento técnico, suas características pessoais são requisitos importantes para a área. Dessa forma, durante uma entrevista, você vai conseguir prender o interesse do recrutador e esse, por sua vez, não vai descartar o currículo mesmo sem a formação ou experiência necessária.

#4 Atualizar o currículo: A atualização de currículo também faz parte da carreira e das resoluções de ano novo. Essa é a menos complexa e que depende muito mais do profissional se dedicar e investir tempo e dinheiro em si mesmo. O desejo pode ser fazer um intercâmbio, estudar outro idioma, fazer uma especialização, fazer um curso, ou qualquer outra forma de atualização profissional, como bons livros, seminários, congressos e eventos.

Nesse caso, comece escolhendo o que é mais importante pra você, depois planeje o investimento financeiro e também o tempo que precisará dispor para cumprir essa meta. Escolha bem entre as opções de mercado para não ficar frustrado ou desistir no meio do caminho. Por fim, comece! Dedique-se a fazer o melhor e apenas faça. Afinal de contas, esse é, antes de tudo, um investimento em você e o sucesso de 2018 depende do quanto você está disposto em fazê-lo ser um ano, não só de planejamento, mas principalmente de realizações.

Descaso com o diabetes tipo 2 implica danos à saúde e prejuízo financeiro

Subestimar uma doença crônica, negligenciando cuidados e tratamentos, não resulta apenas em danos à saúde, mas também em prejuízos financeiros para pacientes e governo. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), apenas 50% das pessoas com doença crônica segue o tratamento corretamente. E o diabetes tipo 2, enfermidade que cresceu 60% na última década apenas no Brasil, exemplifica bem esse cenário.

“A cada seis segundos, uma pessoa morre no mundo em decorrência das complicações do diabetes tipo 2, mas, como o seu potencial de letalidade costuma ser desprezado pelos portadores da doença, por desconhecimento, na maioria da vezes, a situação é mais crítica do que aparenta ser”, alerta o endocrinologista Luiz Turatti, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes

O envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida explicam o crescimento no número de casos de diabetes no mundo. “A doença, no entanto, ainda está diretamente relacionada à epidemia da obesidade e aos maus hábitos de vida, como alimentação desequilibrada e sedentarismo – que também estão em curva de ascensão. Ou seja: todas as causas da patologia, com exceção do componente familiar, vêm aumentando ao longo dos anos”, destaca.

Somado a isso há outros impasses que tornam o problema uma bola de neve. No Brasil, 50% das pessoas não sabem que têm a doença. E, quando descobrem, nem sempre se comprometem a tratá-la como deveriam, seja por desconhecimento ou descaso. Ou seja, são anos de negligência que agravam as consequências da doença no organismo e resultam em gastos que poderiam ser evitados. A baixa aderência ao tratamento, segundo levantamento da OMS, inclusive, aumenta em 125% os custos com a doença no mundo.

Diferentemente do senso comum, o diabetes tipo 2 não só traz riscos de perda de visão, amputação de membros e comprometimento renal, mas aumenta a incidência das doenças cardiovasculares, como o infarto e o AVC (acidente vascular cerebral). E como as doenças do coração são a principal causa de morte no mundo, a sensação de descontrole fica evidente. Inclusive, as patologias cardiovasculares no diabético matam mais do que o HIV, que a tuberculose e o câncer de mama.

Para o Dr. Turatti, recuperar esse cenário é desafiador, mas não impossível. Uma das armas para isso é a disseminação contínua de informação sobre a doença, dando maior capacidade de empoderamento ao paciente para que ele se conscientize e cuide de sua própria saúde.

Mostrar o quanto o diabetes tipo 2 faz mal ao coração deve ser um assunto constante para servir como alerta. Adotar hábitos mais saudáveis de vida é outra forma de combate ao mal.

Acidente de Michael Schumacher completa quatro anos

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Um dos segredos mais bem guardados da Fórmula 1 e uma das histórias mais trágicas do esporte completa exatos quatro anos nesta sexta-feira (29): foi em dezembro de 2013 que o maior vencedor da história da categoria, Michael Schumacher, sofreu um grave acidente de esqui.

O alemão teve uma lesão traumática cerebral ao bater a cabeça em uma rocha enquanto esquiava com o filho Mick e um grupo de amigos, na região de Grenoble, perto da fronteira entre a França e a Suíça. Schumacher ficou em coma induzido por seis meses, até ser liberado para voltar para casa, em setembro de 2014. Desde então, está em tratamento em sua casa nos arredores de Genebra, na Suíça.

Apenas os amigos mais próximos estiveram com Schumacher nestes quatro anos, e eles evitam falar sobre o assunto. Mesmo nos bastidores da Fórmula 1 não se comenta sobre a situação médica do ex-piloto.

Embora seja grande o esforço da família e da agente de Schumacher, Sabine Kehm, para manter o sigilo sobre a situação do alemão, muito já foi dito – e uma das tentativas de furar este bloqueio acabou até em morte, quando um homem acusado de ter roubado o prontuário médico e tentado vendê-lo a publicações europeias cometeu suicídio na prisão.

A última informação falsa é da existência de um vídeo que teria registrado o momento do acidente. As imagens foram postadas nas mídias sociais e estão sendo usadas para direcionar os usuários a anúncios virais.

Na imprensa, cada vez menos boatos sobre Schumacher são ventilados, até em função do cerco fechado da família, que processou publicações especialmente na Alemanha. Na última onda de notícias, comentava-se sobre uma possível transferência para os Estados Unidos, em um centro especializado em traumas cerebrais no Texas, o que nunca foi confirmado.

Tentando manter-se longe das especulações, a família oficializou recentemente a criação de uma iniciativa sem fins lucrativos para “usar o espírito de luta de Michael para inspirar pessoas”. Para começar, os fãs podem escolher imagens para criar um mosaico de uma foto do GP do Japão de 2001, quando o alemão conquistou seu primeiro título pela Ferrari.

A fundação tem como base uma frase do próprio Schumacher, de 2007. “Sempre acreditei que você jamais deveria desistir e que deveria continuar lutando mesmo que houvesse apenas uma chance mínima”.

Aos poucos, enquanto progride em sua carreira no automobilismo, seu filho Mick também tem aparecido com mais frequência na mídia. Ele marcou presença no paddock da Fórmula 1 no GP da Bélgica deste ano, em uma homenagem ao pai, dando uma volta no circuito de Spa-Francorchamps com a Benetton com a qual Michael conquistou sua primeira vitória na categoria, em 1992.

Caixa libera mais de R$ 300 mi para obras de saneamento em Pernambuco

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A Caixa Econômica Federal liberou R$ 951,26 milhões em empréstimos a companhias estaduais de saneamento de quatro estados, com assinatura de 24 contratos. Os recursos, do programa Saneamento para Todos, são destinados aos estados do Espírito Santo, Pernambuco, Goiás e Rio Grande do Sul. A fonte dos recursos são o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Em Pernambuco, são R$ 321,490 milhões para obras e serviços no sistema de abastecimento e água e esgotamento sanitário. No Espírito Santo, a liberação é de R$ 63,564 milhões para obras e serviços de esgotamento sanitário e desenvolvimento institucional. Também foram liberados R$ 210,568 milhões para o Rio Grande do Sul para investimento no sistema de água e esgotamento sanitário. Em Goiás, o total de empréstimos chegou a R$ 341,386 milhões para o abastecimento de água.

Com essas contratações, a Caixa informou que atingirá o montante de R$ 4,084 bilhões em financiamentos ao saneamento ambiental. Os projetos do Saneamento para Todos foram incluídos no programa Agora é Avançar, lançado em novembro desta ano, com o objetivo de finalizar 7.439 obras paralisadas. O investimento previsto é de R$ 130,9 bilhões e a entrega das obras deve ocorrer até o final de 2018.

O programa prevê a conclusão de obras de saneamento, creches, unidades básicas de saúde, recuperação de pistas de aeroportos e duplicação de rodovias, entre outras iniciativas.

Os recursos desse programa são de três fontes: R$ 42,1 bilhões. do Orçamento Geral da União; R$ 29,9 bilhões, da Caixa Econômica Federal, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e R$ 58,9 bilhões, de empresas estatais do setor de energia, em especial a Petrobras.

Artigo: Mega-Sena da Virada: mude de vida mesmo se não ganhar

Reinaldo Domingos *

As lotéricas daqui a pouco estarão lotadas, com filas enormes, por causa da Mega-Sena da Virada, que, neste ano, premiará com R$ 280 milhões, o maior valor da história.. Muita gente aposta não só dinheiro, mas também a esperança em ganhar essa quantia de dinheiro e resolver, de uma vez por todas, a vida financeira.

Embora a situação seja de euforia, é preciso cautela. Fazer “uma fezinha”, destinando pequenos valores para esta finalidade, faz parte da brincadeira e é divertido. No entanto, há pessoas que se tornam “viciadas” em apostar, o que, ao invés de ajudar, atrapalha – e muito – as finanças pessoais.

O grande erro é achar que a única forma de se tornar independente financeiramente é por meio da sorte. Chegar a uma fase da vida em que não precisa mais trabalhar por necessidade, apenas por prazer, é um mérito de quem busca se educar financeiramente, planejando-se para alcançar esse objetivo.

Na educação financeira, a pessoa aprende a ter sonhos materiais que serão realizados e entre estes sempre deverá estar o da independência financeira. Na Metodologia DSOP, dividimos os sonhos em: curto (até um ano), médio (de um a dez anos) e longo prazo (mais de dez anos). Se tornar sustentável financeiramente deve ser um objetivo de longo prazo, porém, para atingir, o início deve ser imediato.

Em uma aposta da Mega-Sena da Virada, a chance de acertar todos os seis números é de uma em 50.063.860, segundo os dados oficiais da Caixa Econômica Federal. Por outro lado, apostando na educação financeira, para se tornar sustentável financeiramente depende só de você.

Para isso, o caminho deve ser o contrário do que normalmente fazem: ao receber seus rendimentos, a pessoa já deve, imediatamente, separar uma parte para os seus sonhos. Com isso, não haverá risco de cair nas tentações do consumo e não sobrar dinheiro para poupar.

Também é fundamental que se saiba exatamente os valores desses sonhos, descobrindo, assim, o quanto deverá guardar mensalmente para cada um. O tipo de aplicação que deverá feito para realização dos sonhos também dependerá do tempo que pretende realizá-los. Para uma aposentadoria sustentável financeiramente, é preferível aplicações de longo prazo, como uma previdência privada ou título do tesouro direto.

Enfim, o problema não é apostar, mas não ter consciência desses atos e apostar o seu futuro nisso. Se quiser realmente ter chances de ter o dinheiro para sua segurança financeira o caminho é ter sonhos e buscar educar-se financeiramente.

* Reinaldo Domingos é doutor e mestre em educação financeira, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira, autor do best-seller Terapia Financeira, do lançamento Mesada não é só dinheiro, e da primeira Coleção Didática de Educação Financeira do Brasil.

PIB de Pernambuco supera o nacional

Folhape

A economia de Pernambuco deve crescer mais que a do Brasil neste ano. É que, apesar de ter diminuído o ritmo de crescimento no terceiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado consolidou uma curva de recuperação melhor que a do País. De acordo com a Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas (Condepe/Fidem), o indicador acumula uma alta de 2,1% no ano. Já o resultado brasileiro é de 0,6%. Por isso, enquanto o mercado projeta um crescimento de no máximo 1% para a economia nacional em 2017, o Estado já mira os 2,3%.

“Mesmo tendo uma ligeira queda em relação ao trimestre anterior, a nossa economia melhorou em relação ao mesmo período do ano passado. E nós esperamos ter um resultado ainda melhor no quarto trimestre, devido ao desempenho dos setores de comércio, serviços e turismo. Por isso, podemos fechar o ano com um crescimento de 2% ou até 2,3%”, explicou o diretor executivo da Condepe/Fidem, Maurílio Lima, que comentou os dados do PIB de Pernambuco no terceiro trimestre de 2017 nessta quinta-feira (28), destacando que, apesar dos efeitos sazonais, os números registrados entre julho e setembro consolidam um processo de recuperação da economia estadual.

De acordo com a Condepe/Fidem, apesar de ter sofrido um baque de 4,2% em 2016, o PIB de Pernambuco começou a se recuperar já no primeiro trimestre de 2017. O indicador subiu 1,9% no período e mais 2,7% no segundo trimestre do ano. Por isso, acumulou uma alta de 2,3% no primeiro semestre deste ano. Entre julho e setembro, no entanto, quase leva um susto. O PIB caiu 0,4% em relação aos três meses imediatamente anteriores, mas subiu 1,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Por isso, o acumulado do ano continuou no campo positivo. Ainda segundo a Condepe/Fidem, o PIB de Pernambuco subiu 2,1% nos nove primeiros meses de 2017 e esse número reforça a esperança de voltar a fechar o ano com um desempenho positivo – no balanço de 2016, a economia estadual caiu mais que a brasileira: – 4,2%.

Setores
É o desempenho da agropecuária e dos serviços que tem permitido essa recuperação da economia estadual. Segundo os números divulgados ontem pela Condepe/Fidem, a agropecuária subiu 20,1% no terceiro trimestre deste ano, acumulando uma alta de 16,1% no ano, devido ao bom desempenho das lavouras. Só as lavouras temporárias, como a cana-de-açúcar, a mandioca e o feijão, subiram 62,6% no período. E as permanentes, como a uva, subiram mais 0,8%. Além disso, o setor de serviços teve um incremento de 2,2%, puxado, sobretudo, pelo comércio e pelas atividades imobiliárias, que cresceram 4,6% e 3%, respectivamente. A indústria, por sua vez, continua no campo negativo: caiu mais 4,8% no terceiro trimestre, devido aos baques de 7,8% da construção civil e de 4,3% da indústria de transformação, que foi influenciada negativamente principalmente pelas atividades de refino de petróleo.

Defesa e Forças Armadas reforçam o compromisso com o Brasil

O ano de 2017 foi marcado por diversas ações do Ministério da Defesa (MD), reforçando o comprometimento das Forças Armadas com o Brasil. Foram desenvolvidas ações na área de indústria de defesa, missões de paz, apoio à segurança pública e à defesa civil, proteção e segurança nas faixas de fronteiras, assistência humanitária internacional, programas sociais, parcerias bilaterais e defesa cibernética.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, apresentou, na quinta-feira (28), durante coletiva de imprensa, as principais realizações da Pasta. Entre os avanços implementados no setor de indústria de defesa destacam-se a criação da linha internacional de créditos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a participação do MD na Câmara de Comércio Exterior (CAMEX).

Além disso, o Ministério garantiu a liberação de recursos dos Fundos Constitucionais e de Desenvolvimento da região Nordeste (FNE e FNDE) e da região Centro-Oeste (FCO e FDCO), para financiamento dos produtos de defesa. Outra ação relevante na área foi a abertura do mercado de munições, com o recente anúncio da instalação da empresa suíça RUAG AMMOTEC no País.

“Se um país é dependente em termos tecnológicos, industriais e de conhecimento de terceiros é um país que apresenta fragilidades. A base industrial de defesa é um elemento fundamental da defesa da soberania e dos interesses nacionais. Depois de 15 anos de tentativa, criamos uma linha de financiamento para a Base Industrial de Defesa por meio do BNDES. Isso é uma enorme conquista porque ela possibilita tanto o financiamento do cluster de defesa e segurança brasileiro como também a possibilidade de exportar, disputando mercado em condições de igualdade com outros países”, comentou o ministro Jungmann.

Jungmann explicou que a entrada na CAMEX foi essencial, pois lá são definidas as políticas de importação e exportação do Brasil “e a Defesa não fazia parte disso. É uma conquista institucional da maior relevância. A Base Industrial de Defesa, segundos dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, representa 3,7% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, empregando diretamente 60 mil brasileiros e 240 mil indiretamente”.

Ao ser perguntado sobre o controle da Embraer, o ministro Raul Jungmann reforçou que a manutenção do controle acionário da Embraer pelo governo brasileiro é uma questão de soberania nacional. “Nenhum país do mundo abre mão do controle de uma empresa como a Embraer. Pesquisa e Desenvolvimento nasce na Defesa. Somos favoráveis a negociações, menos controle acionário”, disse o ministro.

Segurança Pública

Sobre a crise de segurança pública no estado do Rio de Janeiro, o ministro Jungmann declarou que a liderança deste processo é sempre da área de segurança pública do Rio. “As Forças Armadas se dispuseram a ser auxiliares e não falharam em absolutamente nada. Não assumimos a Segurança do Rio de Janeiro, nós fizemos uma parceria, mas a liderança não é nossa”, complementou Jungmann.

Jungmann mais uma vez disse que a solução para a crise da segurança pública não será resolvida por sua Pasta. “A Defesa pode auxiliar (em situações extraordinárias) e apoiar”, disse.

Ainda sobre o Rio de Janeiro, onde atuam desde julho, também em GLO, Jungmann lembrou que mais de 40 mil militares já participaram de 15 operações em conjunto com os órgãos de segurança pública, e as ações prosseguirão até o final de 2018. As Forças Armadas continuarão responsáveis pelas operações de cerco, ocupando pontos estratégicos, de forma a liberar os efetivos policiais para atividades dentro da comunidade e atuarão em ações de inteligência.

Em apoio à segurança pública, os militares realizaram 33 varreduras em 31 presídios de sete estados (Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte). Ao longo do ano, 11 mil militares participaram dessas operações.

Com uma nova concepção, ao longo de 2017, composta de operações de duração limitada, baseada em inteligência e fator surpresa, a Operação Ágata integrou as Forças Armadas e as agências federais que intensificaram as atividades nas faixas de fronteiras com 88 operações coordenadas pelo MD. A Força Aérea reforçou a vigilância do espaço aéreo com a realização da Operação Ostium, coibindo voos irregulares ligados a crimes, como o narcotráfico.

Jungmann enfatizou que neste final do ano, a Marinha divulgou o documento de Solicitação de Proposta (em inglês, Request for Proposal – RFP) ao mercado de defesa nacional e internacional, para obtenção de navios de superfície do Projeto “Corveta Classe Tamandaré”. O investimento do projeto será de US$ 1,6 bilhão, ao longo de oito anos. A iniciativa foi possível com a capitalização da Emgepron, uma empresa pública, que não é dependente do Tesouro, e, portanto, fora dos limites do teto de limites de gastos do Governo.

Ayres Britto saúda instituições que “impedem desgoverno” em balanço de 2017; leia a entrevista

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Congresso em Foco

Há cerca de duas semanas, o jurista Carlos Ayres Britto, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), passava os olhos por revistas em uma banca de Brasília, acompanhando por sua esposa, Rita de Cássia, certamente sem qualquer preocupação com o mundo das leis. Era um domingo chuvoso, e a capital federal se encaminhava para o fim de mais um ano de maneira típica. Após a abordagem cuidadosa da reportagem, o ex-ministro sorri, devolve o cumprimento e, dali a alguns instantes, recita uma frase que diz ter proferido recentemente a uma das autoridades da República.

“O jurista que mora em mim encontrou o poeta que também vive em mim e lhe disse: ‘Conheço você de algum lugar’. ‘Claro’, respondeu o poeta. ‘Eu vi você nascer’…”, disse o sergipano de Propriá, com a leveza de quem não mais é obrigado a usar a toga preta do Supremo.

Aos 75 anos, Ayres Britto mantém otimismo em meio à quase ruína institucional que acometeu o país depois das eleições de 2014. Diz que a democracia brasileira está “vencendo por pontos”, com fala pausada e zelo extremo pela gramática – a ponto de, em certo momento desta entrevista exclusiva ao Congresso em Foco (veja íntegra abaixo), corrigir o som desarmonioso de um cacófato que lhe escapou.

Em profusão de menções a pensadores, líderes internacionais e personalidades históricos, Ayres Britto fez uma breve e criteriosa retrospectiva sobre o ano do Judiciário, com foco no STF, e de importantes questões brasileiras. Com a experiência de quem já presidiu a Corte e, consequentemente, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão instituído por ocasião da mais recente reforma do Judiciário (Emenda Constitucional 45/2004), o ex-ministro diz que, dos blocos institucionais criados pela Constituição, aquele destinado a “impedir o desgoverno” teve melhor desempenho, em 2017, do que aquele concebido para governar.

“Há um segundo bloco, de instituições que não governam, mas que impedem o desgoverno. Aí eu coloco o Ministério Público, a polícia, o Judiciário e o sistema tribunais de contas. São instituições concebidas para, no limite, impedir o desgoverno. Então eu lhe responderia que as instituições concebidas para impedir o desgoverno, no ano de 2017, funcionaram melhor do que o outro bloco”, argumentou Ayres Britto, que hoje se dedica à condução do escritório de consultoria jurídica e advocacia que abriu em Brasília.

Inconciliabilidade

Cidadão baiano desde 2015 (“Meu coração sempre bateu pendularmente entre o Sergipe de meu pai e a Bahia de minha mãe”, disse na cerimônia da Assembleia Legislativa da Bahia, em 8 de maio), Ayres Britto falou sobre a “tormentosa” questão dos parlamentares presidiários e seus direitos políticos; referiu-se “com toda delicadeza” aos recentes embates entre os ministros Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, que protagonizaram discussões ásperas no STF; divergiu da decisão do Supremo que, “em última análise”, beneficiou o senador Aécio Neves (PSDB-MG), um dos principais alvos da Operação Lava Jato.

“Entendi que, ali, na base da inspiração – e, por isso, a maioria votou a favor de Aécio, em última análise – está o juízo equivocado de que, no limite da inconciliabilidade entre o princípio da harmonia e o princípio da independência entre os Poderes, a meu juízo a maioria [do STF] pensa que prevalece o da harmonia. Então, qual dos princípios é mais importante para a Constituição, no limite da confrontação? É uma pergunta fundamental. E eu digo que é o princípio da independência”, opinou.

Mas foi ao responder sobre cassação de mandatos depois de condenação criminal que o ex-ministro demonstrou mais preocupação intelectual. Depois de uma primeira parte da entrevista, por telefone, Ayres Britto havia sugerido que a última pergunta, relativa à perda de direitos políticos, fosse respondida por escrito, pois fora obrigado a interromper a ligação. Horas depois, ao avançar da noite, o jurista preferiu retornar a ligação e, como que em um aviso, disparou: “Está disposto”?

A disposição era recíproca, e entrevista continuava. O resultado está logo abaixo, na oitava resposta do ex-ministro, quando o assunto é a “inconciliável” situação do senador Ivo Cassol (PP-RO) e dos deputados Paulo Maluf (PP-SP) e Celso Jacob (PMDB-MG). Os três estão condenados criminalmente, mas mantêm não só os mandatos parlamentares como os direitos políticos. Dos três, só Cassol não tem restrição de liberdade, uma vez que foi beneficiado com conversão de pena. “Esta é uma questão que chamamos de tormentosa”, advertiu, passando a enfrentá-la.

Confira a íntegra da entrevista:

Congresso em Foco: Com base no que senhor tem visto no país, com foco em 2017, institucionalmente o Estado brasileiro faliu? Como anda o Judiciário?

Ayres Britto: Não. Eu penso que há muitos modos de encarar o que vem acontecendo com o Brasil nos últimos dois anos. Vê-se por um prisma negativo, de desânimo, diante das malfeitorias, dos desvios de conduta no âmbito, sobretudo, da parceria do poder público com a área econômica. Porém, por outro lado, vê-se as coisas com ânimo, com otimismo, porque tudo está vindo a lume. Nada, hoje, se passa no espaço do mistério. E já é possível perceber que a democracia brasileira nos possibilita colher frutos importantíssimos. Como, por exemplo, liberdade de imprensa em plenitude; hiperaquecimento da cidadania, notadamente pelas redes sociais; soberania e independência do Poder Judiciário – como nunca antes se viu, a despeito de um ou outro revés, uma ou outra situação, digamos, de interpretação equivocada da própria Constituição. Mas, em linhas gerais, estamos em fim de ano, e fim de ano é para balanço do que se ganhou e do que se perdeu. Embora a gente reconheça, a gente deva concluir que nenhuma democracia vence por nocaute – principalmente democracia jovem como a nossa, que em rigor só tomou contornos mais nítidos com a Constituição de 1988; há menos de 30 anos, portanto –, o fato é que nós, por pontos, estamos vencendo, democraticamente falando. Porque a democracia brasileira tem batido mais, juridicamente, do que apanhado – estamos fazendo balanço. De novo: estamos fazendo a contabilidade de ganhos e perdas.

Nesse sentido, como o senhor avalia o desempenho do STF em 2017, com tantos desafios enfrentados e a enfrentar?

Não foi um bom ano, 2017, para o Supremo se o compararmos com anos anteriores. Mas em 2016 o Supremo produziu, exarou uma decisão que talvez corresponda à mais importante guinada política desses últimos 30 anos, para não dizer da história político-partidária do Brasil. Qual foi essa decisão, arejadora dos nossos costumes, significante de uma inflexão histórica altamente positiva? Foi o Supremo entender que o parágrafo nono, artigo 14, da Constituição, é proibitivo ao financiamento empresarial de campanha eleitoral. Essa foi uma decisão tecnicamente correta, cientificamente perfeita, e que demandou do Supremo aquela coragem moral de que falava [o filósofo grego] Aristóteles, e que tem merecido do ministro Luís Roberto Barroso toda a ênfase. Eu já vinha dizendo, desde meu tempo de Supremo, que em um país de subserviências multisseculares, sobretudo em torno do Poder Executivo, é preciso muita coragem para ser independente. O que eu vinha chamando de coragem para ser independente, Aristóteles – bem lembrado por Luís Roberto Barroso – chamava de coragem moral. A necessidade de coragem moral.

O que senhor diz, por exemplo, sobre o episódio em que o Senado se negou a receber um oficial de Justiça incumbido da missão de comunicar o afastamento do então presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), de suas funções institucionais? Foi um problema de falta de autoridade do STF ou o deslize está na desobediência do senador?

Ali faltou ao Supremo essa disposição para assumir, com toda coragem, a independência que é própria do Poder Judiciário. O Supremo deveria, sim, ter dobrado a resistência do senador Renan Calheiros. Foi uma conduta muito ruim do Supremo, historicamente acabrunhante. E faço questão de que seja registrado que eu digo isso com todo o respeito, debaixo de todas as venias, mas entendo que houve uma decisão equivocada, tecnicamente, e politicamente acabrunhante.

Como o senhor tem visto o recorrente confronto teórico entre o ministro Luís Roberto Barroso, que tem priorizado a questão ética na interpretação da lei, e o ministro Gilmar Mendes, cujas decisões têm privilegiado os direitos dos investigados?

São dois ministros reconhecidamente de formação constitucionalista. Dois brilhantes intelectuais que têm, sobre a Constituição brasileira, notadamente sobre o programa normativo principiológico da Constituição, visões divergentes. Visões, digamos, de reduzida coincidência. Só não digo “pouco coincidência” porque aí ficaria a pronúncia “co” e “con” – e eu, como sou meio purista na linguagem, evito as cacofonias. Então, eu diria de baixa coincidência. E que minha inclinação pessoal, sem desdouro algum para os posicionamentos do ministro Gilmar Mendes, minha posição pessoal se inclina na direção daquela perfilhada pelo ministro Barroso, a propósito desses últimos embates. Mas eu os considero, sem favor algum, constitucionalistas de envergadura, grandes teóricos do Direito, escritores consagrados. É fato que os dois, a propósito de interpretação de textos constitucionais importantíssimos, delicados, complexos, eles têm divergido mais do que convergido. É um fato. Com toda delicadeza, quero dizer que sou admirador dos dois nesse plano científico. Porém, nos meus escritos, nas minhas aulas, nas minhas entrevistas tenho manifestado entendimentos que se aproximam mais daqueles perfilhados pelo ministro Roberto do que os perfilhados pelo ministro Gilmar – sem qualquer desdouro, desapreço pelo elevado teor de cientificidade do ministro Gilmar Mendes.

Há uma tendência no STF disposta a reformular entendimentos como o que assegura a prisão após condenação em segunda instância e legislações como a que exige ficha limpa de candidatos. Trata-se de ameaça contra o combate à corrupção, ou retrocesso quanto ao que o próprio Supremo já decidiu?

Não vejo como, digamos, uma séria ameaça à prevalência do entendimento até então espojado pelo tribunal no que toca a esses dois temas – o tema do início do cumprimento de pena e o tema da Lei da Ficha Limpa. Há o entendimento de que o Supremo já internalizou, consistentemente, a frase oracular de Albert Einstein que é a seguinte: “Quando a mente humana se abre para uma nova ideia é impossível retornar ao tamanho inicial”. E o que [o “pai da psicanálise”, o alemão Albert] Einstein, em última análise, relançou a frase igualmente, sábia, oracular, definitiva, de Victor Hugo [intelectual francês] segundo a qual “nada é tão irresistível quanto a força de uma ideia cujo tempo chegou”. O fato é que, consciente ou inconscientemente, pouco importa, a sociedade civil brasileira vem internalizando, mais e mais, avançando na direção dos princípios constitucionais até mais do que a esfera política. E mais, até, do que certos segmentos do Poder Judiciário no sentido de que há mesmo, nesses princípios, um fortíssimo traço de processo civilizatório avançado, o que me anima a diagnosticar a realidade brasileira afirmativamente, positivamente, otimisticamente. Ou seja, nós estamos, sim – embora com um recuo pontual, aqui e acolá – estamos acertando o passo das instituições. Estamos colocando os pontos nos “is” do nosso vocabulário ético-penal. É só vermos quem já foi condenado, quem já está atrás das grades…

A despeito da morosidade em alguns casos…

Isso. Perfeito.

No caso do senador Aécio Neves (PSDB-MG), quando foi dada ao Senado a última palavra sobre medidas cautelares a mandatários, o Supremo causou certa estupefação, no mundo jurídico, e indignação na opinião pública. Objetivamente, qual dos princípios constitucionais deve prevalecer quando confrontados, o da harmonia ou o da independência entre os Poderes?

Em uma decisão tecnicamente equivocada [caso Aécio], ao meu juízo, ao contrário do que diz a Constituição, às vezes o erro está na base de inspiração. Eu entendi que, ali, na base da inspiração – e, por isso, a maioria votou a favor de Aécio, em última análise – está o juízo, igualmente equivocado, de que no limite da inconciliabilidade entre o princípio da harmonia e o princípio da independência entre os Poderes, a meu juízo a maioria pensa que prevalece o da harmonia. Então, qual dos princípios é mais importante para a Constituição, no limite da confrontação? É uma pergunta fundamental. E eu digo que é o princípio da independência. Basta comprovarmos o seguinte. No artigo 2º da Constituição, encontra-se a seguinte redação – estou falando de memória: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Veja: há duas ordens tão lógicas quanto cronológicas nesse enunciado normativo do artigo 2º. Primeira ordem lógica e cronológica: são três Poderes da União, e o que vem primeiro? “Independentes e harmônicos”, percebe? Então, primeiro a independência. Se for possível a harmonia, é o ideal, mas sem qualquer sacrifício da independência. Principalmente para o Judiciário, porque sem independência, no rigor dos termos, o Judiciário não é nada, se esfacela, se desmilingue, implode. Quer ver que isso é verdade? Quando vamos ao artigo 60, sobre cláusulas pétreas, no parágrafo quarto, inciso 3º, a cláusula pétrea é a separação dos Poderes, e não a harmonia.

Agora, a segunda ordem, tão lógica quanto cronológica: Legislativo, Executivo e Judiciário. Ou seja, tudo começa com o Legislativo. Por quê? Porque a Constituição diz, no artigo 5º: “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. E quem produz a lei é o Legislativo, que vem em primeiro lugar na ordem do artigo 2º. Imediatamente vem o Poder Executivo, que é assim chamado porque executa as leis, com imediaticidade. O Executivo baixa decretos e regulamentos, diz a Constituição, para fiel execução da lei. Então, o Legislativo é um gravitar em torno da lei com imediaticidade. Eis que vem o fecho maravilhoso, lógico: o Judiciário. Porque tudo afunila para o Judiciário, que é o Poder que vai dizer que o Legislativo legislou de acordo com a Constituição e que o Executivo baixou decretos e regulamentos para fiel execução da lei. Então, tudo afunila para o Judiciário, e a maioria não entendeu assim [no caso Aécio]. Mandou afunilar para o Legislativo, e não para o Judiciário. Ao meu juízo, partiu-se dessa base de inspiração, que eu tenho como equivocada, de que no limite da confrontação entre harmonia e independência prevalece o princípio da harmonia.

O STF converteu em pagamento de multa e prestação de serviços comunitários a condenação de prisão em regime semiaberto imposta ao senador Ivo Cassol (PP-RO). Ou seja, ele não foi absolvido. A propósito disso, a Constituição diz, em seu artigo 55, que “perderá o mandato o deputado ou senador […] que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado”, e que a Casa correspondente deve votar a perda do mandato em plenário (parágrafo 2º daquele dispositivo). Não só Cassol, como o deputado Celso Jacob (PMDB-MG) e, mais recentemente, Paulo Maluf (PP-SP) ainda detêm os mandatos.

Esta é uma questão que chamamos de tormentosa. O artigo 15 da Constituição tem tudo a ver com o artigo 55, parágrafo segundo. O artigo 15, redação originária, diz assim: “É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de…”. Aí vem um dos casos: condenação criminal transitada em julgado. O artigo optou por uma lógica de incidência, e não de eficácia automática – condenada criminalmente, a pessoa tem seus direitos políticos ou cassados ou suspensos, o juiz é que decide. E isso é incompatível com o exercício do mandato. Mas a Constituição também diz o seguinte, no parágrafo 3º do artigo 14: “São condições de elegibilidade, na forma da lei […] o pleno exercício dos direitos políticos”. Veja a lógica. Se você não estiver na plenitude dos direitos políticos, não pode ser eleito, certo? Aí vem o artigo 15, portanto subsequente ao 14, dizendo que a condenação criminal transitada em julgado acarreta ou a cassação dos direitos políticos ou a suspensão, o que é incompatível com o exercício do mandato. Mas acontece que, na Assembleia Nacional Constituinte, houve abstrações. Paradoxalmente, o artigo 55, fingindo ignorar tudo isso, traz o parágrafo 2º, que diz o seguinte: “Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal […]“. Olhe que impasse! Por isso digo que a questão é tormentosa. Então, a meu juízo, há que se conciliar as interpretações, porque a Constituição originária não pode conter contradição, tem que eliminar a contradição. O Direito não pode conter antinomia, porque se não perde sua característica de ordem lógica das questões humanas. Então, como conciliar essas questões? Vamos ao atigo 15, que fala de perda ou suspensão dos direitos políticos, e interpreta assim: se o juiz suspender ou cassar os direitos políticos, deixa de operar aquele parágrafo 2º do artigo 55. Se o juiz não suspender e nem cassar, aí sim… Olha como isso é tormentoso. Então, eu respondo que se trata de uma questão tipicamente, classicamente tormentosa, em face da redação de todos os dispositivos aqui mencionados. Todos eles.

Ou seja, um grande conflito de conteúdo sobre o mesmo assunto.

Há um conflito de conteúdo. Estamos à espera de que o Supremo Tribunal Federal resolva, de uma vez por todas, essa questão interpretativa tormentosa. Os direitos políticos fazem parte dos direitos e garantias fundamentais da Constituição, segundo o Título nº II, de que o artigo 15 faz parte. Ao passo em que aquele artigo 55, parágrafo 2º, não faz parte dos direitos e garantias fundamentais. O que quero dizer com isso? É que há uma preferência interpretativa mais favorável, mais elástica, para os direitos e garantias fundamentais. Então, quem for interpretar o parágrafo 2º do artigo 55 há de fazê-lo de modo deferente para com o artigo 15. Se eu estivesse lá no Supremo, eu faria isso, como fiz tantas vezes – por exemplo, nas questões da homoafetividade, das células-tronco embrionárias, da liberdade de imprensa, da proibição do nepotismo. Entre o certo e o certo, eu vou homenagear [o preceito dos] direitos e garantias fundamentais, porque fundamenta, cimenta a personalidade humana, a personalidade coletiva.

O senhor participou da concepção do Conselho Nacional de Justiça, por ocasião da mais recente “reforma do Judiciário”, e já presidiu o colegiado. Como vê as críticas de que o CNJ não tem exercido um controle consistente da magistratura e ainda não estabeleceu, efetivamente, uma orientação de punição a juízes flagrados em malfeitos?

O CNJ é uma instituição do Judiciário absolutamente necessária. Faz parte do Judiciário, segundo o artigo 92, mas não tem função propriamente jurisdicional. Das competências do CNJ, duas são fundamentais, sobrelevam. Uma, porque é anticorporativa; compete ao CNJ o controle das atividades administrativas e financeiras do Poder Judiciário. A outra, porque compete ao CNJ zelar tanto pela autonomia do Poder Judiciário quanto pelo cumprimento dos deveres dos magistrados. A Constituição fez dele [CNJ] um necessário antídoto institucional para livrar o Judiciário de si mesmo naquele sentido do cometimento de, digamos, eventuais desvios de poder. Porque vejamos: não se pode impedir a imprensa de falar primeiro sobre as coisas, nos termos da Constituição, nem o Judiciário de falar por último, não é isso? Ora, quem fala primeiro sobre as coisas é superempoderado. Quem fala por último também é muito empoderado. Cito [o filósofo francês] Montesquieu: como quem detém o poder tende a abusar dele, é preciso criar antídotos contra esse abusos. E o CNJ é um antídoto institucional necessário. O desafio do CNJ é ser rigorosamente independente, imparcial, e não cair na tentação do corporativismo. Eu fui um defensor, quando estava no Supremo, da proposta de emenda constitucional instituidora do CNJ. Fui presidente do CNJ e o conheço de perto. Acho que ele é fundamental para essa qualificação democrática, ética, qualificação de desempenho, também de planejamento da função jurisdicional.

Para finalizar, que nota o senhor daria ao cenário institucional do Estado brasileiro no ano que se encerra em dois dias?

A nota eu não gosto de dar porque é juízo de valor. E eu só gosto do juízo técnico. O juízo técnico, científico, é objetivo – você vai lá e diz: “Olha, aqui na Constituição é assim, assim e assim”. E quando se vai dar uma opinião, eu não gosto, pois é juízo de valor, e não juízo técnico, objetivo. Juízo de valor é juízo subjetivo. E não gosto pelo seguinte. Se eu vou dar uma nota às instituições… Por exemplo, a Polícia Federal, cinco; ao Ministério Público, cinco; ao Poder Judiciário, seis… Digamos assim que eu termino projetando a imagem ruim daquelas menos ranqueadas. E eu acho que estamos em uma fase da vida nacional em que é preciso entender – e o grande público já começa a entender, e a imprensa tem informado muito, consciente ou inconscientemente, volto a dizer – que [o dramaturgo alemão Bertold] Brecht tinha razão quando disse: “Triste de um povo que precisa de heróis”. Que precisa de líderes, de chefes. O povo precisa é de instituições, porque elas são o reino da impessoalidade, o reino da sustentabilidade, da permanência. E [o jurista e diplomata brasileiro] Ruy Barbosa, melhor do que Brecht, disse o seguinte, uma frase pouquíssimo conhecida – a de Brecht é conhecida: ”Salvação, sim; salvadores, não”. Que maravilha, não? Frase fantástica, maravilhosa. Então, eu, você e todos, que gostamos do Brasil, nosso grande amigo – não é fulano, beltrano e sicrano, mas o Brasil que é nosso grande amigo, institucionalmente falando –, nós queremos o fortalecimento das instituições. Queremos desfulanizar a vida brasileira, livrá-la deste compadrio, deste chiclete psicológico, deste grude entre fulano, beltrano e sicrano. Você veja: o Cunha, por exemplo [deputado cassado, preso e condenado Eduardo Cunha, do PMDB fluminense], elegeu 170 deputados, para termos uma ideia. Uma coisa horrorosa.

E hospedou muitos deles em um hotel de luxo em Brasília, em plena campanha para se eleger presidente da Câmara…

Então, o que eu poderia lhe responder, em uma tentativa de pensar grande – e pensar grande pensar institucionalmente –, é o seguinte: há dois blocos de instituições criadas pela Constituição. Há o bloco das instituições que governam, concentradas no Parlamento e no Executivo; e há um segundo bloco, de instituições que não governam, mas que impedem o desgoverno. Querendo e tendo a coragem de agir com independência, elas impedem o desgoverno. Aí eu coloco o Ministério Público, a polícia, o Judiciário e o sistema tribunais de contas. São instituições concebidas para, no limite, impedir o desgoverno. Então eu lhe responderia que as instituições concebidas para impedir o desgoverno, no ano de 2017, funcionaram melhor do que o outro bloco. [O terceiro presidente norte-americano] Thomas Jefferson cunhou duas frases que parecem responder pelo momento brasileiro nos últimos dois, três anos. Primeira frase: “O preço da liberdade é a eterna vigilância”. Por isso lhe disse que a cidadania nunca esteve tão ativada, a imprensa nunca foi tão livre e o Poder Judiciário, a despeito de tudo, nunca foi tão independente. Diga-se o mesmo do Ministério Público, da Polícia Federal. Há recuos, há tropeços, aqui e ali. Mas, no conjunto da obra, sob intensa vigília popular e da imprensa, sob intensa vigília da cidadania, as instituições brasileira avançaram, notadamente as impeditivas do desgoverno.

Segundo pensamento de Thomas Jefferson: “A arte de governar consiste, exclusivamente, na arte de ser honesto”. Por isso que, no Brasil de hoje, consciente ou inconscientemente, a sociedade civil já vitaliza essa ideia de que a corrupção… Os três conteúdos do patrimonialismo, que é aquela indistinção entre o público e o privado para prevalecer o privado; é confundir “tomar posse no cargo” com “tomar posse do cargo”. Eu disse isso em um voto lá no Supremo, quando votei contra o nepotismo e emplaquei meu voto. A sociedade brasileira já entendeu que os três conteúdos do patrimonialismo – corrupção sistêmica, corporativismo e irresponsabilidade com o bem público –, terríficos, deletérios, são uma declaração de guerra ao nosso Estado de civilização, à nossa ânsia de alcançar um patamar civilizatório de vida coletiva. Se combatermos esses três conteúdos, faremos um ajuste fiscal tão heterodoxo quanto eficaz. O ajuste fiscal começa por aí, e vai sobrar dinheiro. Claro que os economistas vão dizer que isso não tem nada a ver com ajuste fiscal, mas tem tudo a ver. Sabe por quê? Porque são esses três conteúdos que exaurem a capacidade estatal de financiar saúde, educação, segurança, serviços públicos, infraestrutura… Se fecharmos as três torneiras do patrimonialismo – desperdício de dinheiro público, corporativismo e corrupção sistêmica –, vai sobrar dinheiro.