Da Folha de São Paulo
Em encontro com um grupo de pesos-pesados do empresariado, o presidente interino, Michel Temer, prometeu que não será candidato à reeleição e dará prioridade ao ajuste fiscal para garantir a retomada do crescimento da economia brasileira.
“Eu disse a eles que não vou ser candidato e que informações deste tipo só prejudicam meu objetivo, que é recuperar a economia do Brasil e voltar a gerar empregos”, disse Temer à Folha.
O presidente interino recebeu, nesta quarta-feira (10), oito grandes empresários no Palácio do Planalto, que manifestaram sua preocupação com o andamento da agenda econômica do governo no Congresso Nacional e apoio às reformas propostas pelo peemedebista.
Estavam presentes Carlos Alberto Sicupira (Ambev/Inbev), Carlos Jereissati (Grupo Jereissati), Edson de Godoy Bueno (Grupo Amil), Josué Gomes da Silva (Coteminas), Jorge Gerdau Johannpeter (Grupo Gerdau), Luiz Carlos Trabuco (Bradesco), Pedro Moreira Salles (Itaú Unibanco) e Pedro Passos (Natura).
Recentemente, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), lançou a candidatura de Temer à reeleição caso o peemedebista venha a ser confirmado e termine o atual mandato com aprovação acima de 50%.
“As declarações do Rodrigo foram dadas com boas intenções, mas eu afirmei aos empresários que elas acabam não ajudando na tarefa de governar porque geram incômodos. Por isto reiterei minha posição de não ser candidato à reeleição”, afirmou.
Durante o encontro com Temer, os empresários manifestaram a preocupação com as dificuldades do governo em aprovar medidas de ajuste fiscal, como a renegociação das dívidas estaduais.
Em conversas antes da reunião com o presidente, alguns dos presentes comentaram com a Folha que a avaliação é que “a ficha ainda não caiu” para boa parte do Congresso, que não estaria compreendendo que os governos estão “quebrados” e, mesmos assim, “são aprovados mais gastos”.
O peemedebista disse aos empresários que não irá recuar de sua determinação de adotar medidas para reequilibrar as contas públicas e justificou recentes medidas, como o aumento dos servidores públicos –criticado por analistas de mercado como uma concessão do governo prejudicial ao ajuste fiscal.
Temer disse que ele tinha de cumprir um acordo que havia sido assinado com os servidores pelo governo anterior e destacou que os reajustes foram todos abaixo da inflação do período.
Ele disse ainda que não houve recuo na votação da renegociação das dívidas dos Estados, argumentando que foi mantido o mecanismo essencial, que é a obrigação de os governadores seguirem o teto dos gastos públicos.
Aos empresários, o presidente afirmou que adotará medidas para recuperar a confiança dos investidores no país e que, assim que forem aprovados os projetos do ajuste fiscal no Congresso, serão criadas as condições para a volta dos investimentos e a queda dos juros.