Brasil é apenas o 152º em ranking mundial de participação feminina na política

Congresso em Foco

O Brasil é o último país da América do Sul em presença feminina na Câmara dos Deputados. Elas ocupam apenas 54 (10,5%) das 513 cadeiras da Casa. O percentual relega o país à 152ª posição, entre 190 nações pesquisadas, no ranking mundial da participação das mulheres na política. Os dados foram divulgados na pesquisa “Estatísticas de gênero – Indicadores sociais das mulheres no Brasil”, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A conclusão é baseada em compilação feita pela União Interparlamentar. No mundo, as mulheres ocupam, em média, 23,6% dos assentos nas câmaras baixas ou parlamentos unicamerais.

O ranking é liderado por Ruanda (61,3%) e traz países como Cuba (48,9%), Suécia (43,6%) e Argentina (38,1%) bem à frente do Brasil. O IBGE também destaca que, entre as 28 autoridades que comandavam ministérios em dezembro de 2017, apenas duas eram mulheres. Esse número diminuiu recentemente com a saída de Luislinda Valois da Secretaria Especial dos Direitos Humanos.

Na Câmara, três estados não têm nenhuma deputada federal: Mato Grosso, Paraíba e Sergipe. Entre as três maiores bancadas, é tímida a presença feminina. As mulheres ocupam apenas 7 (10%) das 70 cadeiras ocupadas por parlamentares de São Paulo.

Em Minas Gerais, há 5 deputadas (9,4%) entre os 53 integrantes da bancada. No Rio de Janeiro, são 6 (13%) entre os 46 fluminenses. Vêm do Norte as duas representações com maior proporção de deputadas: Tocantins e Amapá têm três mulheres (37,5%) entre seus oito representantes na Câmara. No Senado, o índice de presença feminina é um pouco melhor, 16%.

Embora o país tenha cota de 30% das candidaturas para mulheres, a concentração das máquinas partidárias nas mãos de homens e a dificuldade no acesso a recursos financeiros para bancar as campanhas eleitorais são dois dos principais entraves para aumentar a representatividade das mulheres no Legislativo.

O estudo do IBGE faz um raio-x que mostra o quanto o Brasil ainda fecha portas para as mulheres, a começar pela disparidade salarial e presença em cargos de comando.

As mulheres ganham em média três quartos do salário dos homens. De acordo com a pesquisa, mesmo com escolaridade superior à dos homens, o rendimento médio mensal entre as mulheres é de R$ 1.764. Entre eles, essa média sobe para R$ 2.306.

O índice de profissionais do sexo feminino que ocupam cargos gerenciais é de 37,8%. Sobrecarregadas pelos serviços domésticos, as mulheres que trabalham fora de casa dedicam a essas tarefas de cerca de 73% a mais de horas do que os homens.

<< Mulheres na política, um desafio Veja abaixo as principais conclusões do IBGE: “Mulheres que trabalham dedicam 73% mais horas do que os homens aos cuidados e/ou afazeres domésticos Em 2016, desagregando-se a população ocupada do país por sexo, as mulheres dedicavam 18,1 horas semanais aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos – cerca de 73% a mais de horas do que os homens (10,5 horas semanais). Regionalmente, a maior desigualdade estava no Nordeste, onde as mulheres dedicaram 19,0 horas semanais àquelas atividades, ou 80% de horas a mais do que os homens. As mulheres pretas ou pardas são as que mais se dedicam aos cuidados de pessoas e afazeres domésticos, com 18,6 horas semanais. Entre os homens, o indicador pouco varia quando se considera a cor ou raça ou região. 28,2% das mulheres e 14,1% dos homens trabalham em tempo parcial Mulheres que necessitam conciliar trabalho remunerado com os afazeres domésticos e cuidados, em muitos casos, aceitam ocupações com carga horária reduzida. A proporção de ocupados trabalhando por tempo parcial (até 30 horas semanais) mostra um percentual mais elevado de mulheres (28,2%), quando comparado com os homens (14,1%). Nas regiões Norte e Nordeste, a proporção de mulheres passa de 36%. As mulheres pretas ou pardas foram as que mais exerceram ocupação por tempo parcial, alcançando 31,3% do total, enquanto 25,0% das mulheres brancas se ocuparam desta forma, em 2016. Para os homens, somente 11,9% dos brancos se ocuparam por tempo parcial, ao passo que a proporção de pretos ou pardos era de 16,0%. Mulheres continuam recebendo menos do que os homens Em relação aos rendimentos médios do trabalho, as mulheres seguem recebendo, em média, cerca de ¾ do que os homens recebem. Em 2016, enquanto o rendimento médio mensal dos homens era de R$2.306, o das mulheres era de R$1.764. Considerando-se a rendimento médio por hora trabalhada, ainda assim, as mulheres recebem menos do que os homens (86,7%), o que pode estar relacionado com à segregação ocupacional a que as mulheres podem estar submetidas no mercado de trabalho. O diferencial de rendimentos é maior na categoria ensino superior completo ou mais, na qual o rendimento das mulheres equivalia a 63,4% do que os homens recebiam, em 2016. Mulheres e homens têm proporção equilibrada de acesso a telefone celular Quanto ao acesso e uso de novas tecnologias, importante para análise do grau de autonomia da mulher, os resultados indicam que a proporção de mulheres que possuem telefone celular no Brasil (78,2%) é levemente superior a dos homens (75,9%). Tal proporção é superior para as mulheres em todas as grandes regiões, com exceção da região Sul, onde a masculina (82,1%) é ligeiramente maior que a feminina (81,9%). Atraso escolar é maior entre homens pretos ou pardos A vantagem educacional das mulheres fica evidente a partir da análise de indicadores sobre o atraso escolar e o nível educacional dos adultos. Uma forma de medir o atraso escolar é por meio da taxa de frequência escolar líquida ajustada. Esse indicador mede a proporção de pessoas que frequentam escola no nível de ensino adequado a sua faixa etária, incluindo aquelas que já concluíram esse nível, em relação ao total de pessoas da mesma faixa etária. Em 2016, segundo a PNAD Contínua, a taxa de frequência escolar líquida ajustada no ensino médio dos homens de 15 a 17 anos de idade era de 63,2%, 10,3 pontos percentuais abaixo da taxa feminina (73,5%). Isso significa que 36,8% dos homens dessa faixa etária possuíam atraso escolar para o ensino médio, resultante de repetência e/ou abandono escolar. Considerando-se a cor ou raça, a desigualdade no atraso escolar era considerável entre as mulheres: 30,7% das pretas ou pardas de 15 a 17 anos de idade apresentaram atraso escolar no ensino médio, enquanto 19,9% das mulheres brancas dessa faixa etária estavam na mesma situação. Mas o maior diferencial (mais que o dobro) foi entre os percentuais desse atraso nas mulheres brancas (19,9%) e dos homens pretos ou pardos (42,7%). Proporção de pessoas com superior completo é maior entre as mulheres Como resultado dessa trajetória escolar desigual, relacionada a papéis de gênero e entrada precoce dos homens no mercado de trabalho, as mulheres atingem em média um nível de instrução superior ao dos homens. A maior diferença percentual por sexo encontra-se no nível “Superior completo”, especialmente entre as pessoas da faixa etária mais jovem de 25 a 44 anos de idade, em que o percentual de homens que completou a graduação foi de 15,6%, enquanto o de mulheres atingiu 21,5%, indicador 37,9% superior ao dos homens. Novamente, constata-se desigualdade entre mulheres por cor ou raça. O percentual de mulheres brancas com ensino superior completo (23,5%) é 2,3 vezes maior do que o de mulheres pretas ou pardas (10,4%) e é mais do que o triplo daquele encontrado para os homens pretos ou pardos (7,0%). 94,7% das mulheres teve acesso a pré-natal Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2013, entre as mulheres de 18 a 49 anos de idade, 97,4% tinham sido atendidas pelo menos uma vez em uma consulta pré-natal com profissional de saúde especializado na última gravidez. As mulheres nessa faixa etária que chegaram a ser atendidas em pelo menos quatro consultas foram 93,9%. Na desagregação por cor ou raça, ambos os indicadores sobre atendimento em consulta pré-natal apresentam desigualdade: enquanto 98,6% das mulheres brancas foram atendidas em no mínimo uma consulta com profissional de saúde especializado na última gravidez, entre as pretas ou pardas esse percentual foi menor: 96,6%. Quando o parâmetro é ter frequentado no mínimo quatro consultas, o percentual foi de 95,4% para as mulheres brancas e 92,8% para as mulheres pretas ou pardas. Essas desigualdades se acentuam regionalmente: na região Norte, por exemplo, o percentual de mulheres brancas que foram atendidas em no mínimo quatro consultas (98,5%) superou o de mulheres pretas ou pardas (87,9%) em mais de dez pontos percentuais. Uma em cada quatro mulheres não utilizava método contraceptivo Ainda segundo a PNS 2013, 72,3% das mulheres de 18 a 49 anos casadas ou em união, sexualmente ativas e que não estavam na menopausa utilizavam algum método para evitar a gravidez, ou seja: mais de 1/4 das mulheres nesse grupo não utilizavam qualquer método contraceptivo. No Norte (68,4%) e Nordeste (71,5%) os percentuais estavam abaixo da média nacional. Tabagismo é mais frequente entre homens e a obesidade, entre mulheres A PNS 2013 também revela que o Brasil espelha a tendência mundial de maior incidência de tabagismo entre os homens e de obesidade entre as mulheres: 18,9% dos homens fumavam algum produto de tabaco, percentual que foi de 11,0% para as mulheres. Já a proporção de homens obesos (17,5%) era inferior à de mulheres obesas (25,2%). A esperança de vida das mulheres aos 60 anos era maior do que a dos homens e aumentou entre 2011 e 2016. Em 2011, a esperança de vida de uma mulher de 60 anos no Brasil era de 23,1 anos e passou para 23,9 em 2016. Já a dos homens subiu de 19,6 para 20,3 anos. Apenas um em cada dez deputados federais era mulher em 2017 Em dezembro de 2017, o percentual de mulheres parlamentares no Congresso Nacional era de 11,3%. No Senado, 16,0% eram mulheres e, na Câmara dos Deputados, 10,5%. Três estados brasileiros não tinham nenhuma deputada federal: Paraíba, Sergipe e Mato Grosso. Em 2017, o Brasil ocupava a 152ª posição entre os 190 países que informaram à Inter-Parliamentary Union o percentual de assentos em suas câmaras baixas (câmara de deputados) ou parlamento unicameral ocupados por mulheres parlamentares em exercício. Na América do Sul, o Brasil mostrou o pior resultado. No mundo, as mulheres ocupavam, em média, 23,6% dos assentos nas câmaras baixas ou parlamentos unicamerais. Mulheres ocupavam 37,8% dos cargos gerenciais em 2016 No Brasil, em 2016, 62,2% dos cargos gerenciais, tanto no poder público quanto na iniciativa privada, eram ocupados por homens e 37,8% por mulheres. A participação das mulheres em cargos gerenciais era mais alta entre as gerações mais jovens, variando de 43,4% entre as mulheres com 16 a 29 anos, até 31,3% entre as mulheres com 60 anos ou mais de idade. Mulheres eram 26,4% do efetivo das polícias civis em 2014 O percentual de policiais mulheres é um indicador que, além de atender à meta de integrar as mulheres à vida pública, compõe as medidas de assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar. Esse atendimento se dá no âmbito das polícias civis, subordinadas aos governos estaduais. Segundo a Pesquisa de Informações Básicas Estaduais (Estadic), em 2013, a proporção de mulheres no efetivo das polícias civis das unidades da Federação era de 26,4%. Considerando o total efetivo das polícias civis e militares, a proporção de mulheres no país era de 13,4%; o total de mulheres no efetivo nacional das polícias militares era de 9,8%. A unidade da Federação com a menor participação de mulheres no somatório do efetivo policial militar e policial civil era o Rio Grande do Norte, com 5,1%, e a que tinha a maior participação era o Amapá, com 23,4%. Apenas 7,9% dos municípios têm delegacias especializadas para atender mulheres A existência de delegacias especializadas no atendimento à mulher não integra o Conjunto Mínimo de Indicadores de Gênero elaborado pela Divisão de Estatísticas das Nações Unidas. No entanto, é oportuno lembrar que a Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) 2014 e a Estadic 2014 identificaram que apenas 7,9% dos municípios brasileiros contavam com este tipo de delegacia. Segundo essas mesmas pesquisas do IBGE, em 11 das 27 Unidades Federação, o tema da violência doméstica e de gênero havia sido abordado no programa de capacitação continuada oferecido aos profissionais no ano anterior. No Acre, uma em cada dez mulheres de 15 a 19 anos de idade foi mãe em 2016 Em 2016, a taxa de fecundidade adolescente era de 56,0 nascimentos a cada mil mulheres na faixa dos 15 aos 19 anos de idade. Essa taxa vem diminuindo gradativamente a cada ano, tendo alcançado 64,5 nascimentos por mil mulheres em 2011. Entre as regiões, as menores taxas estavam no Sul (45,4 por mil) e Sudeste (45,6); no outro extremo, a região Norte registrou 85,1 nascimentos para cada mil mulheres de 15 a 19 anos. A menor taxa entre as unidades da Federação foi do Distrito Federal, 38,6. O Acre apresentou a maior taxa de fecundidade, 97,8 nascimentos por mil mulheres de 15 a 19 anos, ou cerca de um nascimento para cada dez mulheres nessa faixa etária.”

ARTIGO — O líder, o mentor e o papel de cada um

Por Marcelo Tertuliano*

Na Copa do Mundo de 2014, nas oitavas de final, Brasil e Chile decidiram quem iria para a próxima etapa nos pênaltis. Apesar do sufoco – do qual a seleção brasileira escapou ilesa – um personagem ocupou os noticiários no dia seguinte à partida: o capitão Thiago Silva.

Antes das penalidades, as câmeras mostraram um capitão assustado, visivelmente transtornado diante daquele desafio. Quem esperava vê-lo junto ao grupo de jogadores, com palavras de incentivo, espantou-se ao vê-lo isolado. E desolado. Informações de bastidores disseram, até, que o capitão disse ao técnico Luiz Felipe Scolari que não queria ser um dos batedores da seleção. Não se sentia confiante.

Por que será que esta postura do capitão se transformou em assunto nacional? Porque ele era o líder daquela equipe e ninguém esperava vê-lo tão abatido.

Thiago Silva é humano como todos nós. Está sujeito a momentos de fraqueza, a “não dar conta”. É que a expectativa que se tem em torno do líder é grande. Ninguém se autoproclama líder. Líder a gente reconhece.

Não vou buscar referências acadêmicas para definir o líder. Vou defini-lo com base em minha vivência de mais de 20 anos em grandes corporações. O líder é pura inspiração, é referência. É aquele que se destacou no grupo de colaboradores e, naturalmente, passou a exercer uma influência sobre essas pessoas.

O líder passa confiança, sabe por quê? Porque ele tem coerência entre o discurso e a prática. Com ele, não tem essa de “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. É por isso que ele tem uma admiração espontânea.

Tente se lembrar de um grande líder da história. Todos tinham um objetivo e perseveraram. Foram adiante apesar das adversidades, conquistaram apoio ao longo do caminho. Colecionaram conquistas. E muitos admiradores!

Não é raro ouvirmos, nos corredores da empresa, um colaborador falando assim de seu líder: “Quando eu ‘crescer’, quero ser como ele”.

O mentor – Há também uma outra figura igualmente importante e estratégica na minha visão: o mentor. Ele não precisa ser um líder. Basta que tenha a experiência suficiente para servir de catalisador àqueles que carecem de amadurecimento e maturidade profissionais.

Estabelece com o mentorando uma relação individual, levando em conta as vivências, necessidades e objetivos daquela pessoa em especial. Promoverá reflexões, provocará discussões, sempre tendo em mente a evolução daquele que está sob seus ‘olhos’.

O líder também pode ser um mentor. Ou ter momentos em que atua como mentor. Na verdade, o rótulo nem é tão importante. Importante mesmo é ter a sensibilidade para reconhecer, no momento certo, se é preciso ser líder de um grupo ou o mentor de um talento que faz parte de planos sucessórios.

Líder e mentor. Dois papéis positivos e importantes para as organizações que sabem que, mais importante que seus produtos, serviços, diferenciais e tecnologia, são as pessoas. E me arrisco a dizer que as empresas vencedoras – com chances de se perpetuar no mercado – são aquelas que dão valor à sua gente.

Câmara aprova projeto de Humberto que tipifica crime de importunação sexual

O esforço conjunto do Senado e da Câmara para aprovar propostas que beneficiam diretamente as mulheres, em meio à comemoração do Dia Internacional da Mulher, nesta quinta-feira (8), incluiu um projeto de lei de autoria do senador Humberto Costa (PT-PE), líder da Oposição na Casa.

O texto, que já havia passado pelo crivo do Senado no fim do ano passado, foi apensado a outras matérias de conteúdo semelhante durante a sua tramitação na Câmara, onde foi aprovado nessa quarta (7). Agora, por conta das modificações, a proposição volta ao Senado.

O projeto prevê o crime de importunação sexual, que é praticar, na presença de alguém e sem a sua anuência, ato libidinoso, com o objetivo de satisfazer sua própria lascívia ou a de terceiro. A pena de reclusão é de 2 a 4 anos.

A ideia original de Humberto era criar a figura de crime de constrangimento ofensivo ao pudor em transporte público, algo que, até então, não aparecia tipificado na legislação. A intenção inicial segue prevista no texto.

“Ao aumentar a pena específica para esses casos em que pessoas desequilibradas se aproveitam de transportes públicos ou aglomerações para satisfazer de forma animalesca seus instintos sexuais deturpados, cremos que estamos dando uma resposta rápida à questão, reafirmando os direitos da mulher quanto à dignidade sexual e a inviolabilidade corporal”, declarou.

A proposta também tipifica o crime de divulgação de cenas de estupro e aumenta a pena para estupro coletivo. Poderá ser apenado com prisão de 1 a 5 anos, se o fato não constituir crime mais grave, aquele que oferecer, vender ou divulgar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outro tipo de registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável.

Já o caso de estupro coletivo passa a ser punido com 1/3 a 2/3 a mais da pena. Atualmente é de 1/4.

Mulheres são exemplo de comportamento seguro no trânsito

As mulheres se envolvem menos em acidentes fatais de trânsito. Segundo o Movimento Paulista de Segurança no Trânsito, programa do Governo de São Paulo responsável pela gestão do Infosiga SP, apenas uma em cada cinco vítimas são mulheres. E a explicação está no comportamento mais prudente e na tendência de menor agressividade e competição nas ruas e estradas.

“Certamente, a relação de homens e mulheres com os veículos é muito diferente. Na maioria dos casos, vítimas do sexo feminino são pedestres ou passageiras, em pouquíssimos casos conduzem veículos em acidentes fatais”, explica a coordenadora do Movimento Paulista de Segurança no Trânsito, Silvia Lisboa.

Enquanto 93,1% dos condutores vítimas de acidentes são do sexo masculino, entre as mulheres esse índice é de apenas 6,4%. O principal tipo de acidente que vitimam as mulheres são os atropelamentos, que correspondem a 40% das fatalidades nesse grupo.

Prudência e paciência

Segundo Silvia Lisboa, fatores como agressividade e prática de infrações estão diretamente relacionados ao aumento de risco de acidentes de trânsito. “A agressividade tende a ser maior entre os homens e isso reflete em seu comportamento no trânsito”, analisa. “Basta ver a diferença de reação diante de uma ‘fechada’ ou acidentes. O homem sente-se agredido e tende a revidar. Já a mulher pode até reclamar, mas traz para si a responsabilidade e assume o dano”.

Outra característica feminina é a menor propensão a assumir riscos. “Mulheres são mais cautelosas, o que não quer dizer que sejam menos audazes. Mas elas tendem a considerar sempre as situações de risco e antever possíveis problemas no trajeto”, avalia a coordenadora do Movimento Paulista.

Exemplo a ser copiado

Segundo levantamento do Infosiga SP, o comportamento de condutores e pedestres é o maior fator de risco. Em 94% dos acidentes fatais, a falha humana é a principal causa, o que aponta para a necessidade de se ter mais cuidado e paciência no trânsito.

As estatísticas do Infosiga SP revelam, ainda, que quase metade das ocorrências fatais são colisões contra outros veículos. “Isso reflete o alto nível de competição e imprudência por parte dos condutores em geral”, destaca Silvia. “As mulheres, em sua maioria, nos dão o exemplo de como devemos nos comportar para evitar acidentes e fatalidades. Paciência, civilidade ao compartilhar o espaço e se colocar no lugar do outro são atitudes que devem marcar nosso comportamento em qualquer situação, principalmente no trânsito”, conclui.

Sobre o Movimento Paulista de Segurança no Trânsito

Programa do Governo do Estado de São Paulo, tem como principal objetivo reduzir pela metade os óbitos no trânsito no Estado até 2020. Inspirado na “Década de Ação pela Segurança no Trânsito”, estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para o período de 2011 a 2020, o comitê gestor do Movimento Paulista de Segurança no Trânsito é coordenado pela Secretaria de Governo e composto por mais nove secretarias de Estado: Casa Civil, Segurança Pública, Logística e Transportes, Saúde, Direitos da Pessoa com Deficiência, Educação, Transportes Metropolitanos, Planejamento e Gestão, Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação. As secretarias são responsáveis por construir um conjunto de políticas públicas para redução de vítimas de acidentes de trânsito no Estado.

O Movimento Paulista de Segurança no Trânsito envolve também a sociedade civil com o apoio de empresas – Abraciclo, Ambev, Arteris, Banco Itaú, CNseg, ProSimulador e Raízen – e do Centro de Liderança Pública (CLP).

SESI/PE estimula inserção feminina igualitária no mercado de trabalho no Agreste

A participação feminina no mercado de trabalho ainda enfrenta uma série de barreiras e alguns dos principais são a desigualdade salarial e a ascensão na carreira. O levantamento Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil, divulgado na terça-feira (7) pelo IBGE, mostra que, embora as brasileiras possuam nível de formação superior aos homens, elas ainda são minoria em cargos de liderança nas empresas. De acordo com a pesquisa, 37,8% dos cargos gerenciais no país são ocupados por mulheres e elas ainda ganham 3/4 do valor do salário pagos aos homens.

Apesar disso, é possível mudar esse cenário com medidas de reconhecimento e valorização da competência. Um exemplo disso, é o que é realizado pelo Serviço Social da Indústria de Pernambuco (Sesi/PE). Na empresa, 53% dos cargos são ocupados por mulheres. Elas também respondem por 60% dos cargos de liderança, incluindo de diretoria. Em Caruaru, um dos cargos de destaque da unidade, o de administradora escolar, que seria equivalente à diretoria escolar, é ocupado por Robervânia Cordeiro. Em Belo Jardim, a supervisora pedagógica, espécie de gerente escolar, é de Izabelle Araújo, além de muitos outros talentos que fazem o Sesi no Agreste.

Outro ponto relevante é que no Sesi/PE, homens e mulheres recebem o mesmo salário ao exercerem a mesma função. “Para nós o que conta é a competência e o talento, não o gênero. É esse o exemplo que desejamos deixar para o mercado”, afirma o superintendente da entidade, Nilo Simões.

Sensibilização – Para disseminar essa visão, o Sesi/PE realizou, nesta quinta-feira (8), eventos de comemoração ao Dia da Mulher em suas escolas, a maior rede de Educação particular do Estado, formada por 12 colégios, e palestras para jovens estudantes dos cursos técnicos do Senai Jaboatão sobre mulher: valores e empoderamento.

Umas dicas importantes para igualdade de oportunidades para mulheres no mercado de trabalho que são dadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e praticadas pelo Sesi são:

1. LIDERANÇA: Estabelecer uma liderança corporativa de alto nível para a igualdade entre gêneros

2. IGUALDADE DE OPORTUNIDADE, INCLUSÃO E NÃO DISCRIMINAÇÃO: Tratar todos os homens e mulheres de forma justa no trabalho – respeitar e apoiar os direitos humanos e a não discriminação

3. SAÚDE, SEGURANÇA E FIM DA VIOLÊNCIA: Assegurar a saúde, a segurança e o bem estar de todos os trabalhadores e trabalhadoras

4. EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO: Promover a educação, a formação e o desenvolvimento profissional para as mulheres

5. DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL E PRÁTICAS DA CADEIA DE FORNECEDORES: Implementar o desenvolvimento empresarial e as práticas da cadeia de abastecimento e de marketing que empoderem as mulheres

6. LIDERANÇA COMUNITÁRIA E ENGAJAMENTO: Promover a igualdade através de iniciativas comunitárias e de defesa

7. ACOMPANHAMENTO, MEDIÇÃO E RESULTADO: Medir e publicar relatórios dos progressos para alcançar a igualdade entre gêneros.

Chuvas melhoram níveis de barragens no Agreste e Sertão

As chuvas espalhadas pelo Sertão e algumas áreas do Agreste estão colaborando para a melhoria dos níveis de barragens nessas regiões, inclusive, recuperando mananciais que estavam secos há anos. É o caso das Barragens Poço Fundo, em Santa Cruz do Capibaribe, e Sítio Luiza, em Jataúba, que estavam em colapso total há cinco e sete anos respectivamente. Poço Fundo registra 19,81% da sua capacidade de armazenamento, que é de 27,6 milhões de metros cúbicos de água, e Sítio Luiza está vertendo. Agora a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) está realizando os ajustes operacionais para reativar os sistemas e voltar a abastecer pela rede de distribuição o distrito de Poço Fundo, em Santa Cruz do Capibaribe, e Jataúba.

Para o diretor Regional do Interior, Marconi de Azevedo, essa quantidade de chuvas dos últimos dias, mesmo de forma irregular, aponta para a ocorrência de um bom inverno neste ano, principalmente para a região Agreste, cuja quadra chuvosa está prevista entre os meses de abril a julho. Em Pesqueira, a chuva melhorou o nível da Barragem de Santana, responsável pelo atendimento de 70% da população da cidade. Santana tem capacidade para acumular 1,2 milhão de metros cúbicos e atingiu 15% do seu nível, volume suficiente para abastecer Pesqueira, no sistema de rodízio, pelos próximos quatro meses.

Duas barragens localizadas no município de Pedra, no Agreste, também acumularam água. A Barragem de Riacho do Pau (16,8 milhões de metros cúbicos), que atende a cidade de Arcoverde e estava com 37% da sua capacidade no mês de fevereiro, alcançou 49,85% do seu nível de armazenamento. Já a Barragem de Mororó, que abastece a cidade de Pedra, está agora com 63,81% de sua capacidade total (2,9 milhões de metros cúbicos). Essas melhorias no entanto, ainda não são suficientes para alterar o calendário de abastecimento de Arcoverde e, no caso de Pedra, que já conta com fornecimento de água diário para 80% da cidade, a Compesa está realizando obras para levar água para o restante da população.

Serra Talhada, no Sertão do Pajeú, que estava sendo atendida somente pela Adutora do Pajeú, graças às chuvas, voltará a ser abastecida pela Barragem Cachoeira II, que está registrando 28% do seu nível, volume suficiente para reativar o sistema local. A expectativa é anunciar um novo calendário de abastecimento para Serra Talhada na segunda quinzena de março. A Barragem de Brotas, que atende as cidades de Afogados da Ingazeira e Tabira por meio de um sistema integrado, aumentou o seu nível de reservação de 21,81% para 42,6%, nas últimas três semanas. Em função da alta turbidez da água, a Compesa ainda precisa aguardar cerca de 20 dias para aumentar a produção do sistema. O maior manancial para abastecimento humano de Pernambuco, a Barragem de Jucazinho, em Surubim, permanece seca.

Artigo: A delicada relação entre sócios em Escritórios de Advocacia

José Paulo Graciotti

Sócios de escritórios de advocacia são empreendedores com relação comercial das mais delicadas e sensíveis, comparando-a aos outros mercados. As razões são várias, mas apenas apontando a mais importante: escritórios de advocacia não são empresas patrimoniais onde a importância relativa ou a relação de poder é definida pela quantidade de cotas que cada sócio tem dos bens da empresa ou do valor que investiu.

Os fatores que determinam essa relativização, na sua maioria, não são objetivos. Atributos como conhecimento jurídico, experiência, relacionamentos, reconhecimento no mercado, capacidade de captação, são apenas alguns deles que interferem decisivamente na importância relativa do sócio e que são quase todos subjetivos e muito difíceis de serem avaliados. Alguns dos poucos fatores objetivos nessa complicada equação são faturamento próprio ou da equipe e percentual da carteira, que normalmente são utilizados pelos escritórios que utilizam o modelo “eatwhatyoukill”.

Em última instância, cada sócio “vale” na sociedade aquilo que todos os outros sócios “acham” que ele vale.

Outro fator que torna mais difícil essa relação é que tudo isso é mutável ao longo do tempo e à medida que o profissional vai se tornando mais experiente (e velho), vai também alterando a forma como encara suas ambições e sua própria vida pessoal. Tudo isso vai mudando o tecido societário de maneira lenta, quase imperceptível e uma situação de conforto entre sócios, definida num determinado momento, pode não garantir esta estabilidade para sempre.

Devemos lembrar que essa relação entre sócios é em princípio a base de tudo, pois os comportamentos dos principais formadores de opinião permeiam pela sociedade e vão, em última instância, determinar de forma explícita e/ou subliminar todo o comportamento da equipe, definindo assim a filosofia empresarial da mesma.

Toda essa subjetividade, aliada à diversidade de personalidades e às diferentes fases da vida de cada sócio, geram visões, às vezes, totalmente diferentes do que deveria ser a filosofia empresarial e dos objetivos a serem perseguidos.

Para que tudo isso conviva de uma maneira harmônica devem existir duas premissas básicas: respeito de todos sócio aos princípios da sociedade, a consciência de que os interesses do todo são maiores que os interesses individuais; e principalmente ter a real visão da relação entre sua contribuição à sociedade e sua participação (em termos de cotas ou percentual nos lucros) com a humildade de entender que a palavra sociedade dá o direito a qualquer outro sócio de solicitar esclarecimentos sobre as atitudes que interfiram na vida da empresa (accountability).

Resumindo: “é obrigação e direito de todo sócio dar e receber esclarecimentos sobre todas as suas atitudes e as de outros, que interfiram na sociedade”, ou em outras palavras: “o direito de saber é exatamente igual ao dever de explicar”!

José Paulo Graciotti é autor do livro “Governança Estratégica para escritórios de Advocacia” www.graciotti.com.br

Em reunião do PSC, André destaca o crescimento da sigla em Pernambuco

Faltando um mês para o final de prazo de filiação para as pessoas que pretendem disputar as eleições de outubro próximo, o PSC reuniu a sua Executiva Nacional para fazer um balanço preliminar de adesões e traçou as perspectivas eleitorais. Presidente do partido no Estado, o deputado e pré-candidato ao Senado André Ferreira, colocou os dados na mesa e a avaliação, no encontro, foi de que, em Pernambuco, o PSC poderá ter um dos melhores desempenhos do País.

André assumiu o comando da legenda há dois anos com números pouco animadores. Tinha poucos vereadores e nenhum deputado. Na primeira eleição que disputou com a nova direção, em 2016, o PSC elegeu 51 vereadores, sendo três no Recife, e dois vice-prefeitos.

A perspectiva para as eleições deste ano é que a sigla eleja um senador, o próprio André, dois deputados federais e entre seis e sete estaduais.

“Há três meses nós estamos trabalhando para construir a chapa para a Assembleia Legislativa. Ela contará com representantes de várias regiões e segmentos sociais do Estado. E a conta é eleger entre seis e sete deputados, sem brigar com a matemática”, destacou André Ferreira, após o encontro, ocorrido na final da tarde desta quarta-feira.

O PSC vem trabalhando para fortalecer a bancada na Câmara Federal. Na eleição passada foram eleitos 17 parlamentares. Durante a reunião, o presidente do partido, Pastor Everaldo, avaliou que a legenda fará ao menos 31 de deputados.

Relatório de Riqueza Global do Grupo Allianz: recuperação em tempos de turbulência

O Grupo Allianz divulgou a oitava edição do seu relatório sobre a riqueza global (em inglês, “Global Wealth Report”), que examinou em detalhes a situação de ativos e dívidas das famílias em mais de 50 países em 2016. Do ponto de vista político, foi um ano muito turbulento. No entanto, as fortunas privadas minimizaram esse aspecto: após um 2015 mais fraco (+4,7%), os ativos financeiros voltaram a crescer 7,1% em 2016, mais ou menos igualando a média observada após a crise de 2008. Em termos mundiais, os ativos financeiros atingiram um novo recorde, de quase 170 trilhões de euros.

Bolsas puxam o crescimento, mas poupadores preferem depositar seu dinheiro em bancos

O bom desempenho de 2016 se deveu, em grande parte, à corrida de final de ano nas Bolsas, especialmente em países industrializados. Quase 70% do crescimento de ativos de 2016 foram atribuídos a mudanças no valor das carteiras. Apenas 30% se deveram a poupanças originais, ao contrário do que se viu em 2015. A composição das novas poupanças é bastante surpreendente. Os poupadores privados venderam mais títulos do que compraram, porém, colocaram até dois terços de novos fundos nos bancos – o que representa uma nova alta recorde. “O comportamento poupador dos investidores privados ainda se mostra decididamente avesso a riscos”, comentou Michael Heise, economista-chefe do Grupo Allianz. “Enquanto os ativos financeiros cresceram ao longo dos últimos anos, sobretudo graças ao bom desempenho dos mercados de valores, o dinheiro novo é colocado principalmente em contas bancárias e em países industrializados. Aqui, no entanto, eles não deixam apenas de gerar retorno, como ainda sofrem perdas reais. Só em 2016, estima-se que os poupadores tenham perdido em torno de 300 bilhões de euros devido à inflação. Em 2017, com a inflação em ascensão, esse número pode duplicar. E na maioria dos mercados emergentes a situação não é muito melhor, com menos de 20% dos ativos financeiros estimados para serem investidos em produtos seguros e de longo prazo. Há uma necessidade generalizada de ação. A digitalização pode ser a chave para melhores processos de investimento”.

Ásia cresce com taxas que são, de longe, as mais aceleradas

A aceleração do crescimento em 2016 veio principalmente de países industrializados, onde duplicou e atingiu a marca de 5,2%. A Ásia (excluindo o Japão) foi mais uma vez a líder inconteste em 2016, com um crescimento de 15%; os ativos financeiros no Leste Europeu aumentaram 7,9%. Também em uma comparação de longo prazo, a Ásia (excluindo o Japão) é a região dominante, especialmente quando também levada a inflação em conta. Os ativos financeiros brutos per capita na Ásia (excluindo Japão) subiram em termos reais quase 11% ao ano na última década. As outras duas regiões emergentes, América Latina e Leste Europeu, obtiveram elevação de apenas 5%, o que ainda assim é mais que o dobro das taxas de crescimento na América do Norte (+2,1% de crescimento real desde 2006) e na Europa Ocidental (+1,4%). Por conseguinte, essas três regiões — América Latina, Leste Europeu e Ásia (excluindo Japão) responderam por pouco menos de 23% dos ativos financeiros brutos mundiais em 2016. Essa proporção mais do que duplicou nos últimos dez anos. Os mercados emergentes têm um peso ainda maior quando se trata do avanço de ativos, com 42% do crescimento atribuível a esse grupo de países na última década. No entanto, isso se deve em grande medida ao desenvolvimento na China que, sozinha, respondeu por cerca de 30% do crescimento mundial desde 2006.

Dívida cresce mais rápido do que a economia

O passivo global das famílias aumentou 5,5% em 2016, a taxa mais alta desde 2007. Isso significa que a dívida também avançou mais rápido do que os resultados econômicos nominais pela primeira vez desde 2009 e o índice de endividamento mundial aumentou quase 1 ponto percentual, atingindo 64,6%. O quadro variou amplamente entre as regiões. O crescimento acelerou levemente – a partir de um nível moderado – na Europa Ocidental, no Leste Europeu e na América do Norte. A América Latina vivenciou um declínio maior no crescimento. Na Ásia (excluindo o Japão), por outro lado, o crescimento da dívida subiu acentuadamente com mais 4 pontos percentuais, chegando a pouco menos de 17%; no topo ficaram as famílias chinesas, que ampliaram seus passivos em vertiginosos 23%. Isso significa que essa região é responsável por quase 20% dos passivos privativos mundiais que totalizam pouco menos de 41 trilhões de euros, comparado a menos de 7% há dez anos . “A situação do endividamento na China deveria ser monitorada de perto”, comentou Michaela Grimm, coautora do relatório. “Embora a taxa de endividamento das famílias ainda não esteja na zona de perigo, a dinâmica é alarmante: o índice saltou 17 pontos percentuais nos últimos cinco anos e quase seis pontos somente em 2016 – ambos são números que se destacam em termos mundiais. Apenas para comparar, nos cinco anos que antecederam a grande crise financeira de 2008, o índice de endividamento nos EUA aumentou cerca de 20 pontos percentuais. As autoridades chinesas deveriam tomar cuidado para não cometerem o erro de achar que a China estará imune a uma crise financeira – contramedidas oportunas seriam bem melhor.”

Apesar do aumento substancial da dívida, os ativos financeiros líquidos – que são os ativos financeiros brutos menos a dívida – alcançaram um novo recorde mundial, de 125 trilhões de euros no final de 2016. Isso representa um aumento de 7,6% face ao ano anterior. Embora isso esteja ligeiramente abaixo da média para os anos desde a crise, ainda assim está bem acima do crescimento de 4,8% de 2015. Em contraste, no Leste Europeu o crescimento dos ativos financeiros líquidos desacelerou para 9,7%.

Inflação pesa sobre acumulação de ativos no Brasil

O crescimento nos ativos financeiros das famílias brasileiras se recuperou e chegou a 19,5% em 2016 – bem mais rápido do que nos três anos anteriores, nos quais a média foi de 6%. Essa aceleração pode ser atribuída a dois fatores: primeiro, os passivos expandiram apenas cerca de 3% – bem abaixo da média no longo prazo que era de aproximadamente 13% ao ano desde 2006. À medida que o resultado econômico nominal superava o crescimento da dívida, a razão dívida-PIB baixou quase um ponto percentual, para 38,5%. Contudo, o endividamento privado no país segue bem acima da média regional de quase 29%. Em segundo lugar, as famílias, que detêm quase metade de seus ativos sob a forma de ações, fundos e outras participações acionárias, se beneficiaram do forte crescimento das Bolsas. As detenções de valores mobiliários tiveram um aumento substancial estimado em 17%, enquanto os recebíveis provenientes de seguradoras e fundos de pensão também tiveram crescimento de dois dígitos na esteira dos mercados de ações. Contrastando com isso, os depósitos bancários ficaram mais ou menos estagnados pelo segundo ano consecutivo, refletindo a crise econômica em curso. Mesmo assim, os ativos financeiros brutos dos brasileiros cresceram em torno de 12%, atingindo aproximadamente 1,7 trilhão de euros, o que representa cerca de metade de todos os ativos da região. Após a dedução da taxa média da inflação de quase 9%, no entanto, as famílias tiveram um crescimento bem modesto.

Brasil em 41o. lugar

O Brasil ficou em 41º lugar no ranking mundial dos países mais ricos, mantendo a classificação do relatório referente ao ano de 2015 (para os ativos financeiros líquidos per capita, ver tabela dos “Top 20”). Com 4.980 euros de ativos financeiros líquidos per capita, o Brasil está atrás do México, mas ainda à frente da Colômbia e Peru. Para alcançar o Chile (16.460 euros per capita em média), país que tem as famílias mais ricas da região, os brasileiros ainda têm muito caminho pela frente. No topo da lista ocorreu uma troca da guarda em 2016, com os EUA tomando o lugar da Suíça (por uma margem estreita). De resto, a lista dos mais ricos permanece a mesma, com os países escandinavos e asiáticos dominando o cenário.

Distribuição da riqueza global se iguala lentamente

A evolução na distribuição da riqueza global desde a virada do milênio tem sido definida por um fenômeno em particular: o crescimento galopante da classe média da riqueza global[2] .

O número de pessoas pertencentes a essa categoria mais do que duplicou durante esse período, passando de cerca de 450 milhões em 2000 para mais de 1 bilhão atualmente. A grande maioria dos que migrou provém da classe mais baixa de riqueza, totalizando quase 600 milhões de pessoas, que deram esse salto desde 2000. No entanto, se olharmos a nacionalidade dos que subiram de degrau, vemos que 80% deles são chineses; somente 6% são do Leste Europeu. Portanto, a duplicação da classe média da riqueza global reflete, basicamente, a ascensão da China.

A despeito da emergência de uma nova classe média da riqueza global, o mundo como um todo ainda está muito longe de uma distribuição “equitativa” da riqueza. Se dividirmos a população dos países que foram analisados em decis da população mundial com base nos ativos financeiros líquidos per capita, fica claro que os 10% mais ricos do mundo detêm, em conjunto, 79% dos ativos financeiros líquidos. Mesmo assim, a concentração da riqueza ainda se elevava a 91% em 2000.

O elefante não tem tromba

Esses decis de riqueza global podem ser usados para recriar o chamado “gráfico-elefante”, que mapeia o crescimento da renda para cada percentil da população mundial, em termos de crescimento de ativos. É impossível não notar as similaridades em relação ao gráfico original. Especialmente as famílias na porção média superior da distribuição da riqueza global – aspirantes à classe média em países emergentes – se beneficiaram do crescimento dos ativos nos últimos anos. Porém, há uma diferença gritante na extremidade superior da pirâmide da distribuição. O crescimento decresce consideravelmente no décimo decil, aquele dos 10% com os maiores ativos financeiros líquidos per capita. “O elefante não tem tromba”, declarou Heise. “Em contraste com a situação da renda, os ativos estão crescendo mais devagar na extremidade superior da escala do que no meio. No que se refere a uma distribuição de riqueza mais igualitária, essa é uma boa notícia. Contudo, é preciso não ter ilusões sobre um ‘mundo justo’. No decil superior os ativos financeiros líquidos médios per capita superam a marca de 200 mil euros; o 1% mais rico da população mundial possui em média ativos financeiros líquidos pouco acima de 900 mil euros. Pobres e ricos ainda são mundos completamente distintos e distantes.

Ebit espera crescimento de 10% nas vendas online no Dia do Consumidor

A Ebit, empresa referência em informações sobre o comércio eletrônico brasileiro, estima um faturamento de R$223 milhões para o Dia do Consumidor neste ano, celebrado em 14 de março, alta de 10% ante o mesmo período em 2017, quando foram registrados R$202 milhões. O aumento deverá ser impulsionado pela previsão de número de pedidos, de 421 mil para 479 mil, já que o tíquete médio caiu de R$480 para R$466 comparado ao ano anterior.

A data, criada pelo Buscapé em 2014, chega ao quinto ano consecutivo no país e já é uma das mais importantes do calendário nacional do e-commerce. “Hoje o Dia do Consumidor só perde para a Black Friday em questão de faturamento, uma data fundamental para os varejistas online”, afirma André Dias, Diretor Executivo da Ebit.

Entre as categorias mais desejadas pelo consumidor estão a de Eletrônicos, com 8% de intenção de compras, seguida por Telefonia e Celulares e Cosmésticos/Perfumaria/Cuidados Pessoais. “Identificamos que 26% dos consumidores pretendem comprar na data e, apesar da queda de 7% comparado a 2017, percebemos que atualmente 42% conhece o que é o Dia do Consumidor no Brasil, aumento de 4% em relação ao ano anterior. O boom das redes sociais impulsionou a visualização da data, já que 28% dos consumidores tem acesso a data pela internet. A ideia é promover preços atrativos e que agreguem valor ao cliente”, comenta Dias.

O crescimento de importantes datas, como o Dia do Consumidor, deverá ser um dos principais fatores a impulsionar o crescimento do e-commerce em 2018. No relatório Webshoppers nº 36, lançado em agosto de 2017, a Ebit aponta crescimento de 10% para o setor no ano, com faturamento de R$21 bilhões.