POR EDSON BARBOSA
Estive ao lado de Eduardo Campos nos últimos dez anos de sua vida. No próximo dia 13 faz um ano que ele se foi. Coordenei a estratégia e as suas ações de marketing e comunicação junto de outros grandes profissionais. Muitas homenagens serão feitas e outras tantas coisas ditas a respeito do seu valor.
Ele poderia ter sido eleito presidente do Brasil ou poderia, ao menos, estar aqui entre nós. Por tudo o que vivi e pelo que aprendi com sua substância política, entusiasmo pelo trabalho em união e competência para avançar, penso, nestes tempos nebulosos, o que estaria pensando, pregando e fazendo.
O Brasil vive o melhor momento em 515 anos de história. Temos informação plena das nossas riquezas e dos nossos problemas.
Somos 200 milhões, cada vez mais incluídos, processo que vem se ampliando em todos os sentidos. Com 1,2 bilhão de habitantes, a Índia, um dos nossos concorrentes diretos, pena com 400 milhões de pessoas em situação de pobreza extrema.
Temos US$ 368 bilhões em reservas e participação no contexto comercial mundial que nos transportou de escravos comerciais da Inglaterra para construtores e sócios do porto de Mariel, em Cuba, futuro “hub” portuário do Golfo do México.
Temos uma mulher digna e corajosa como presidente da República, legitimamente escolhida pelos brasileiros. Enquanto o patrimonialismo, o egoísmo e a vulgaridade política dominam, ela firma protocolos de investimento com potencial para mais de US$ 500 bilhões no médio prazo com EUA e China.
As instituições nacionais, governo e sociedade evoluem. Polícia, Ministério Público, advocacia e magistratura trabalham em atinência à ordem democrática, com naturalidade impensável há pouco tempo.
Enquanto fazemos ajustes, mesmo que tardiamente, na conduta da nossa economia e política, a Europa vive um clima de pré-guerra por causa de € 320 bilhões de pendura da Grécia. Ora, isso é cafezinho perto do que Alemanha, França, Inglaterra e outros deveriam pagar pelo que devem de hora/aula a Platão.
Temos todas as possibilidades de fazer valer o ativo chamado Brasil e grandes oportunidades estão em nossas mãos, para crescer com justiça social, equilíbrio econômico e modernidade política.
Penso que Eduardo estaria buscando, como sempre dizia, juntar os bons de espírito, mobilizando as pessoas, andando pelo país, conversando com todos, defendendo a ordem democrática, combatendo o anacronismo regimental da velha política, apontando para o futuro.
Tenho convicção, pelo que fez nos sete anos e três meses de governo em Pernambuco, que Eduardo Campos estaria articulando com firmeza os poderes constituídos e a sociedade, para que se perceba a delicadeza da equalização que é necessária à condução administrativa, política e da comunicação.
É como se um ano depois da sua passagem por aqui eu escutasse a sua palavra orientadora, fazendo ecoar em todos os corações a bandeira de sua luta, proclamada cabalisticamente na sua última intervenção, na bancada do Jornal Nacional, na noite de 12 de agosto de 2014: “Não vamos desistir do Brasil”.