Por Geyson Magno
Fala-se muito hoje em segurança, ou falta da mesma, em violência e em leis mais duras com quem pratica crimes. E eu me pergunto, nunca houve no Brasil violência, não é mesmo? Os negros, não vou nem citar quando apanhavam nos pelourinhos em praça pública, mas, quando ganharam “a liberdade” em 1888 foram tratados sem violência, não é mesmo? E a vida nacional foi seguindo, sendo construída no coronelismo, através do jagunço, um escravo moderno, cheia de amor e carinho para quem pensava diferente do coronel; vamos para a frente e militares no poder, o país tratou seus filhos com muito afeto, violência zero; burocratas no comando da vida nacional, progresso, sucesso, milagre econômico e os “homens de bem” arriando a lenha nos dissonantes, nos subversivos. Hoje eles, os burocratas, continuam a ditar as regras violentamente contra o cidadão comum, seja ele pedreiro, seja ele presidiário. A real é que esses homens alimentam a insegurança no país, engendrando violência sobre a população de diversas maneira e entenda-se população, meu pai, seu filho, a namorada dele e até de D. Alice que costura para a sulanca, no bairro do Salgado. Ninguém escapa da violência que nossa classe política e jurídica implementa em seus gabinetes e salas climatizadas, regadas aos bons costumes e vícios da vida agitada e tranquila que se dão.
Ditar uma lei como a da mudança da previdência, digo ditar porquê os quinhentos e noventa e quatro “homens de bem” do congresso, além dos onze ministros do STF, que poderiam barrar essa excrescência com a nossa constituição e com o trabalhador brasileiro que paga seu cafezinho, já estão acordados em cometer mais esta violência; no caso dos primeiros, propor e engendrar a ação, no caso dos segundos, serem coniventes com ela, ou seja, fechar os olhos, como a imagem da justiça. Mais uma vez, o coronel, o senhor de escravo, o industrial penteadinho, o jurista de sobrenome imperial que são homens públicos, entendem que o público é quem deve pagar a conta sozinho.
Quando no Brasil se tem um regime previdenciario que paga uma aposentadoria integral de R$ 33.700,00 a um deputado ou senador e que permite a um juiz ou desembargador aposentadorias até superiores a esse valor, como se pode falar em mudança da previdência do trabalhador comum que recebe pelo salário mínimo e que não tem benefício nenhum do Estado, como auxilio moradia, auxilio paletó, auxilio universidade para os filhos, entre outros? Como sustentar que apenas essa previdência vem quebrando o país. Sejamos decentes senhores “homens de bem” e comecemos a mudar a previdência nacional unificando todas as previdências existentes. Quem está quebrando o país é a cópula entre os responsáveis pelos três poderes da nação. Nos tratemos com equidade enquanto cidadãos brasileiros; eu, tu, ele, nós, vós, eles, Gilmar Mendes, Renan Calheiros, Michel Temer, Roberto Jeferson, Luís Inácio Lula da Silva, a família Marinho, e o resto dos 5% que violentamente comandam economicamente, política, administrativamente e juridicamente esse país. Digo comandam porque é assim que os chefes atribuem sua atividade nas quadrilhas de criminosos violentas ou não Brasil afora.
Não sei se, em reação ao que andam pregando sobre a previdência do brasileiro comum, digo que são as condutas do legislativo, do executivo e do judiciário, além dos modos dessas casas quem estão quebrando o Brasil. Não sei dizer se a própria existência dessas instituições é realmente importante para o ordenamento da nação. Pelo que estou vendo, penso realmente que não. Nossos “melhores homens” fracassaram. A opressão e violência nas filas, nas vilas, favelas mostram esse fracasso. Nossos “homens de bem” falharam por não serem públicos, por serem patrimonialistas e não vão assumir isso nunca, mesmo depois de delatados e denunciados, pois, para fazer a cortina de fumaça e encobrir tudo, ainda contam com a grande
mídia em conluio, divulgando de acordo com interesses espúrios, criando mitos e monstros, idolatrando, disseminando a ideia de incapacidade no brasileiro, praticando um desserviço jornalístico ao país. Em troca de concessões e benesses fiscais, poder. Em troca de anúncios publicitários nas Televisões e páginas de seus periódicos, revistas, sites e blogs fascistas, dinheiro.
Onde está a violência? Na rua de casa? Ela começou na favela do lado do shopping, quando o futuro visto pelas crianças é a falta de um? Ou foi no presidio do Rio Grande do Norte, ou de Manaus, quando por falta de gestão o presidio torna-se o exemplo maior de insegurança? Será que foi no congresso nacional, quando o senador alagoano dos bois fantasmas, exposto em mentira e denunciado em corrupção, faz seus conchavos e se reelege presidente do senado, gerando assim uma insegurança institucional? Ou será que foi no Supremo, quando o escritório do ministro advoga para grileiros no Planalto Central e junto com eles instaura uma forte insegurança jurídica?
Quem é mais violento e nocivo à nossa sociedade? O ladrão de colarinho branco da merenda escolar, ou, o ladrão desdentado do Mac lanche feliz? O criminoso que articulou a compra de remédios falsos, ou o que dá uma “butada” no caixa da farmácia? O bandido que se aposentou aos cinquenta e cinco anos e como mandatário maior da nação defende que você se aposente aos sessenta e cinco, ou, o trabalhador comum, que coagido pela polícia nas manifestações de rua, quebra o pau e está vendo seus direitos previdenciários violentados por uma grande quadrilha de “homens de bem”?
Onde está o problema; onde está a solução?
Geyson Magno é professor, jornalista e fotógrafo