O Conjunto Habitacional Wirton Lira, em Caruaru, foi a obra escolhida pelo curador da exposição “Brasil 1914-2014: Modernidade como Tradição”, o diplomata e crítico de arquitetura André Aranha Corrêa do Lago, para ser um dos representantes do Nordeste na mostra. Segundo ele, “o Brasil é um dos países que absorveu de forma mais interessante os preceitos da arquitetura moderna e pode-se dizer que esta contribuiu para o fortalecimento da identidade nacional”.
Com referências modernistas, cores fortes e marcantes empenas laterais, as casas do Wirton Lira apresenta uma face diferente do que normalmente costuma-se encontrar em conjuntos habitacionais deste tipo. Eles geralmente são repetitivos e sem grande esmero estético. O projeto escapa do estereótipo de casas feias do segmento de habitação popular. Ele se propõe a dar qualidade e beleza sem onerar os custos ou inviabilizar economicamente o empreendimento. As altas empenas laterais de alvenaria contribuem para o fortalecimento da identidade do conjunto ao mesmo tempo em que mascara a diferença inconstante de nível entre as unidades, já que o loteamento deu-se em terreno acidentado.
A casa foge um pouco do usual, já que ao invés de apresentar a sala à frente, cozinha nos fundos e quartos na lateral, ela apresenta seus dois quartos à frente, com a sala sendo acessada por um terraço na lateral e a cozinha nos fundos. Dessa forma, permite-se que a sala se integre com mais facilidade ao jardim externo, possibilitando a transformação deste jardim numa área de lazer, quase que extensão da sala.“Mais que qualidade e beleza, este projeto entrega dignidade ao consumidor de habitação popular, já que ele não se sente inferiorizado em comparação a moradores de outros bairros da cidade”, completa o arquiteto Bernardo Lopes.
A Bienal de Veneza teve início em 07 de junho e segue até 23 de novembro. Cerca de 50 escritórios de arquitetura e 180 projetos compõe a mostra brasileira, que reúne várias gerações, incluindo os jovens caruaruenses e evidencia grandes personalidades da arquitetura brasileira, particularmente Oscar Niemeyer, João Filgueiras Lima – Lelé e Roberto Burle Max.
Wagner Gil
Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.