Da Folha de S. Paulo
Ao menos seis Estados já informam aumento inesperado no número de recém-nascidos com microcefalia, malformação do crânio que pode levar a sequelas graves no desenvolvimento da criança.
Outros têm reforçado os alertas para que médicos e hospitais redobrem a atenção para diagnósticos. Além de Pernambuco, Estado que concentra a maioria das ocorrências, com mais de 141 notificações, há registros no Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe e Piauí, de acordo com secretarias de Saúde.
Também há casos em investigação no Ceará, afirma o Ministério da Saúde.
Juntos, esses Estados concentram ao menos 240 casos confirmados de microcefalia.
Na quarta (11), o país decretou emergência nacional de saúde pública devido ao crescimento nos casos identificados da anomalia, considerada rara. O bebê diagnosticado com microcefalia nasce com o perímetro da cabeça igual ou abaixo de 33 cm –a média é de 35 cm a 37 cm.
“O crânio fica menor porque o cérebro não cresceu”, diz Mônica Coentro, coordenadora de pediatria do Imip (Instituto de Medicina Integral Fernando Figueira), um dos hospitais de referência no acompanhamento em PE.
Segundo ela, possíveis limitações à criança vão depender da gravidade de cada caso. “Vamos ter que acompanhar para ver se haverá deficit, e quais vão apresentar. Podem ter deficiência visual, ou auditiva, motora e cognitiva.”
Os motivos que levam à malformação, porém, ainda não foram identificados.
Parte das mulheres que deram à luz aos bebês com microcefalia no Nordeste informou ter tido manchas vermelhas no corpo durante a gestação, um dos sintomas relacionados a vírus como o da zika, doença transmitida pelo mesmo vetor da dengue e já identificada em 14 Estados.
O ministério estuda enviar amostras coletadas em exames para o exterior.
O diretor do departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, disse ao jornal “O Estado de S. Paulo” que mulheres no Nordeste devem adiar a gravidez para evitar casos de microcefalia.
“Não engravidem agora. Esse é o conselho mais sóbrio que pode ser dado”, afirmou.
Em nota, o ministério disse apenas que essas mulheres devem “conversar com a equipe de saúde de sua confiança” até que sejam esclarecidas as causas do aumento de microcefalia em Estados do Nordeste. “Nessa consulta, devem avaliar as informações e riscos.”