Do Congresso em Foco
O caso é citado por Delcídio para justificar o seu atraso na reunião com Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, responsável pelas gravações que levaram à prisão do líder do governo no Senado. O petista diz que se atrasou devido a uma reunião em seu gabinete com Romário, Paes, Pedro Paulo e o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES).
Confira o diálogo em que Romário é citado:
Delcídio – O problema, rapaz, hoje eu tava com minha agenda toda organizadinha só a partir das 13 horas. Pra acabar de complicar ainda mais o jogo aparece o Eduardo Paes, com Pedro Paulo, e com Romário. E com o Ferraço.
Edson – Ué, fizeram acordo, né?
Delcídio – Diz o Eduardo que fez.
Edson – Tinha conta realmente do Romário.
Bernardo – Tinha essa conta?
Delcídio – E em função disso fizeram acordo.
Edson – Seu amigo, então, foi comprado.
Delcídio – O que eu achei estranho, ele ter chegado. Eu perguntei “o que você está fazendo aqui, Romário? “Não, não, vim acompanhar o Eduardo”…
Edson – Esquisito.
Delcídio – Esquisito pra caramba.
Edson – Essa é informação que me deram.
Delcídio – Aí o Eduardo falou assim… Delcídio – porque o Eduardo tenho intimidade, o Eduardo foi companheirão meu aqui, principalmente na CPI dos Correios, ele foi meu braço direito aqui– aí (Eduardo Paes) disse: Delcídio, eu chamei aqui o Romário, ele falou na frente do Romário… chamei o Romário, nos acertamos uma aliança para o Romário apoiar o Pedro Paulo. Mas tem esse motivo.
Edson – Foi o que eles disseram… quem pode melhor apurar é você.
Delcídio – Porque… não é possível, hoje quando eles chegarem… “ué, o que vocês tão fazendo aqui … juntos!” Aí o Eduardo explicou, diz que fizeram uma composição juntos.
Edson – Para apoiar o Pedro Paulo.
Delcídio – Eu fui tirar uma foto com ele, né, que ele… porra, ia tirar uma fotografia com todo mundo com a mão assim, uma em cima da outra. Eu não entendi mais nada.
Edson – Loucura, né.”
Veja a nota publicada por Romário no Facebook sobre o caso:
“Galera, sobrou de novo para mim. Está brabo o negócio.
Encontrei o senador Delcídio Amaral no dia 4 de novembro, quarta-feira, para tratar da votação de um Projeto de Resolução do Senado (PRS 50/2015), do senador José Serra, do qual fui coautor.
Na ocasião, foi feito um pedido ao senador Delcídio Amaral, que preside a Comissão de Assuntos Econômicos, para agilizar a tramitação do projeto, que tinha o senador Ricardo Ferraço como relator.
Participaram da reunião o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o secretário de Governo, Pedro Paulo, e o senador Ricardo Ferraço. Todos diretamente interessados na aprovação dessa resolução, que propôs o fim de barreiras à cessão de dívida ativa de estados e municípios. Esse foi o teor da reunião.
Hoje chegou à imprensa o áudio de uma conversa do senador Delcídio Amaral e do seu chefe de gabinete com o advogado e o filho do investigado na Operação Lava Jato, ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
No áudio, meu nome é citado. E uma história diferente da relatada acima é contada. O advogado levanta suspeita sobre um assunto que já foi esclarecido por mim e pelas autoridades brasileiras e suíças. Aqueles que novamente fazem acusações inverídicas claro que responderão à Justiça. Qual a credibilidade do advogado de um bandido, corrupto e responsável por roubar uma das principais empresas do país?
Não é novidade para ninguém que o prefeito Eduardo Paes tem interesse que eu apoie o seu candidato à sucessão. Não sou responsável pelo que terceiros falam, apenas pelos meus atos. Assim sendo, deixo claro que não tenho nenhum acordo com ninguém e, infelizmente, o dinheiro não é meu. Digo infelizmente porque, com certeza, se fosse meu, seria fruto de muito trabalho honesto.”