Comunidade quilombola de Agrestina sediará projeto da Funarte

Terá início amanhã, dia 4 de março, na região quilombola de Agrestina, uma oficina que pretende fazer o ‘Registro e o Resgate da História dos Orixás’ através da xilogravura cheia. A técnica, que será ensinada pelo xilogravurista Ricardo Pessoa, se diferencia das demais por evidenciar mais o espaço negro da folha onde a obra de arte nasce. A oficina será ministrada, aos alunos da rede municipal, na Escola Maria Stela Cavalcante, na Vila Pé-de-serra dos Mendes, durante quatro semanas e com encontros a cada sete dias. A iniciativa, aprovada pela Fundação Nacional das Artes, chegou ao município após apoio da Secretaria de Cultura, Turismo e Juventude, que conta também com a parceria da Secretaria de Educação e Esportes. Além de Agrestina, Lagoa dos Gatos também sediará a ação.
O xilogravurista Ricardo Pessoa é natural de Olinda,  mas foi em Lagoa dos Gatos que fixou morada e passou a divulgar mais sua arte. Ele sempre conta que aprendeu a técnica com J.Borges, ícone da arte de talhar em madeira imagens do cotidiano nordestino, mas preferiu utilizar a talha de forma contrária, até como forma de valorizar mais a cor preta da tinta, cor está que sempre fez questão de ligar à cultura afrodescendente tão forte no Brasil. Foi justamente pensando em difundir esse tipo de arte tão relegada a poucos que surgiu o projeto aprovado pela Funarte e que agora chega agora Agrestina.
A comunidade quilombola do município vive no entorno da Vila Pé-de-serra dos Mendes, a cerca de nove quilômetros da sede da cidade. Lá, alguns casarios resistem ao tempo e parte da população ainda incrementa a renda com a venda de castanhas assadas, atividade está que foi herdada dos antigos habitantes do lugar. A escola escolhida para receber esse projeto está inserida nesse contexto e atende às crianças da localidade.
De acordo com o secretário de Cultura, Turismo e Juventude de Agrestina, Josenildo Santos, é “uma oportunidade de trabalhar a temática dos orixás abordando um contexto cultural e não religioso dentro do ambiente escolar. Além de apresentar novos horizontes às crianças, também fortalece os vínculos com a história de grande parte delas”. Os encontros ocorrerão nos dias 04, 11, 18 e 25 deste mês.

 

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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