Como é de conhecimento geral, o atual quadro de saúde pública de Pernambuco vem sendo alterado em relação à epidemia tríplice que se desenvolve com a dengue-zika–chikungunya, tendo como transmissor o Aedes Aegypti. De acordo com o Boletim Epidemiológico nº 11 da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, 1819 casos de microcefalia já foram notificados, destes 720 são casos prováveis, sendo 450 do sexo feminino que corresponde a 62,5% e 269 do sexo masculino que corresponde a 37,4% e apenas 1 caso ignorado. Dos 1819 notificados, 341 foram descartados (18,7%), 1210 estão em observação e 268 foram confirmados (14,7%).
Esta realidade epidemiológica compõe a problemática sanitária do Estado e revela o universo da população feminina em idade fértil, expostas à virose durante seu período gestacional, afetando de forma significativa as mulheres negras que habitam os territórios de maior concentração dos casos, determinante para o avanço da epidemia, além da gravidade do quadro ambiental, baixa renda e acesso precário da assistência à saúde, violando frontalmente o direito à saúde e os direitos reprodutivos.
Visando discutir este cenário não só das arboviroses, mas também sobre os direitos das mulheres, a roda de diálogo pretende ser mais uma iniciativa de enfrentamento da Epidemia do Aedes a partir do projeto Obirin Ilá Dudu – A fala da mulher negra para garantia do direito à saúde. O projeto é uma iniciativa da United Nations Population Fund – UNFPA, órgão das Nações Unidas, em parceria com a Uiala Mukaji – Sociedade das Mulheres Negras e com a coordenação da Saúde da População Negra da Secretaria de Saúde de Caruaru.
A roda de diálogo será comandada por Vera Regina Paula Baroni, que é coordenadora geral do projeto. O encontro ocorrerá a partir das 14h, nesta sexta, 07, no auditório da Secretaria Municipal de Saúde, que fica localizada na avenida Vera Cruz, 654, no bairro São Francisco. Além de Caruaru, Recife, Olinda e Paulista foram os municípios escolhidos para discutirem o atual momento.