Da Agência Brasil
As contas externas fecharam o mês de março com déficit de US$ 855 milhões, de acordo com dados do Banco Central (BC) divulgados esta semana. É o menor saldo negativo das transações correntes – as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do país com o mundo – desde agosto de 2009, quando ficou em US$ 828 milhões. No mesmo mês do ano passado, o déficit foi bem maior: US$ 5,759 bilhões.
No primeiro trimestre deste ano, o déficit ficou em US$ 7,591 bilhões, contra US$ 25,099 bilhões no mesmo período de 2015.
No balanço das transações correntes, a conta de renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) apresentou saldo negativo de US$ 2,449 bilhões.
A conta de serviços (viagens internacionais, transportes, aluguel de equipamentos, seguros, entre outros) contribuiu para o resultado negativo com US$ 2,904 bilhões.
A conta de renda secundária (gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens) apresentou resultado positivo de US$ 240 milhões.
A balança comercial contribuiu para reduzir o déficit das contas externas, ao apresentar superávit de US$ 4,258 bilhões.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel destaca que o resultado positivo da balança comercial foi o principal fator que contribuiu para reduzir o déficit das transações correntes. “Isso ajuda a mitigar o processo de retração da atividade econômica do país”, disse.
Mesmo assim, o país gastou além de sua renda. Quando isso ocorre, é preciso financiar esse resultado negativo com investimentos estrangeiros ou tomar dinheiro emprestado no exterior. O investimento direto no país (IDP), recursos que entram no Brasil e vão para o setor produtivo da economia, é considerado a melhor forma de financiar por ser de longo prazo.
No mês passado, o IDP chegou a US$ 5,557 bilhões e foi mais do que suficiente para cobrir todo o déficit em transações correntes. No primeiro trimestre, esses investimentos somaram US$ 16,933 bilhões.
Para Maciel, o fluxo de investimento direto tem se mostrado “muito resiliente a qualquer período de incerteza”. “Os níveis se mantiveram elevados”, acrescentou. Maciel destacou que o país continua sendo um grande mercado consumidor, com 200 milhões de habitantes. “Isso, sem dúvida, é um ponto relevante nessa análise de investimento direto. E a oscilação do câmbio e situação da atividade econômica têm tornado os ativos mais atraentes para o investidor estrangeiro”, acrescentou.
O país também registrou entrada de investimento em ações negociadas em bolsas de valores no Brasil e no exterior e em fundos de investimento, no total de US$ 2,027 bilhões em março, e de US$ 2,901 bilhões no primeiro trimestre de 2016. Houve saída líquida de investimento em títulos negociados no país de US$ 1,965 bilhão, no mês passado, e de US$ 7,070 bilhões, de janeiro a março deste ano.