Do Diario de Pernambuco
O corpo de Reginaldo Alves Ferreira, mais conhecido como Mestre Camarão, chegou à Câmara Municipal do Recife para ser velado por volta das 18h45 de ontem, dia em que o forrozeiro veio a óbito em virtude de uma infecção generalizada. O sanfoneiro estava internado no Hospital Santa Joana desde a última quinta-feira por conta de uma bateria de exames que realizaria para investigar uma infecção intestinal. Com problemas cardíacos, ele não teria resistido a uma queda de pressão, o que agravou seu quadro. Mestre Camarão faleceu aos 74 anos.
Na Câmara dos Vereadores, localizada no bairro da Boa Vista, área central do Recife, cerca de 50 pessoas, entre amigos e familiares, prestaram suas condolências. Coroas de flores enviadas pela própria Câmara, por equipes do Museu Cais do Sertão e do Paço do Frevo, pela Sociedade dos Forrozeiros e também pelo músico Geraldinho Lins serviam à uma homenagem póstuma. No palanque da casa dos vereadores, alguns sanfoneiros, incluindo Cezzinha, um dos discípulos de Camarão, entoaram melodias, a partir das 19h10. Os presentes aplaudiram a iniciativa. O corpo, no entanto, deve ser velado durante toda a madrugada. A previsão é de que siga para o município de Caruaru, no Agreste do estado, onde será sepultado, na manhã desta quarta-feira.
Mais cedo, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), divulgou nota de pesar pelo falecimento do Patrimônio Vivo. “Pernambuco e o Brasil perderam um dos seus mestres da música popular nordestina com a morte de Camarão. Um mestre pela maestria com a qual desempenhava sua arte e também pelo apoio e o incentivo que deu às novas gerações. Fica mais uma lacuna que dificilmente será preenchida. Presto minha solidariedade aos familiares e amigos do Mestre Camarão”. A Secretaria de Cultura e a Fundarpe também se pronunciaram. “Em nome de todos que fazem a gestão estadual de Cultura, o secretário Marcelino Granja e a presidente da Fundarpe, Márcia Souto lamentam o falecimento do sanfoneiro Camarão, patrimônio da cultura pernambucana”.
Mestre Camarão nasceu na Fazenda Velha, no município do Brejo da Madre de Deus, em Pernambuco, no dia 23 de junho de 1940. Ele era o último dos forrozeiros de Pernambuco que tinham o título de Patrimônio Vivo, ao lado de João Silva e Arlindo dos 8 Baixos, ambos falecidos no ano passado. O apelido veio no início da carreira artística, por meio de Jacinto Silva, apresentador de um programa da Rádio Difusora de Caruaru, ao qual o sanfoneiro chegou atrasado e com o rosto vermelho. “Chegou o camarão”, teria dito o comunicador.