Por Pedro Augusto
Assim como em todo o país, Caruaru comemorará neste domingo (1º), mais um Dia do Trabalho. Fugindo um pouco dos paradigmas os quais a data remete, em 2016, a reflexão que certamente deverá mais pairar sobre as cabeças dos trabalhadores locais ao analisá-la certamente não corresponderá aos já batidos direitos trabalhistas alcançados tampouco ao simplório dia de descanso. Diante dessa crise financeira, que ainda não tem prazo para acabar e vem provocando uma onda de demissões que há muito tempo não se via, o raciocínio mais comum deverá se referir à atual situação do mercado de trabalho da cidade.
Se eles tomarem como parâmetro o cenário dos últimos 12 meses para construir uma noção de que como se encontra esse segmento do município, provavelmente ficarão ainda mais preocupados. De acordo com o estudo da Agência Regional do Ministério do Trabalho e Emprego, realizado esta semana e especialmente para o VANGUARDA, em 2016, o mercado de Caruaru vivenciará um dos seus piores dias do Trabalho da história em termos de empregos formais contabilizados. Foi o que o ressaltou o auditor fiscal do MTE, Francisco Reginaldo.
“Não há registros no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), pelo menos desde 1992, de um momento tão negativo como esse, conforme todo o mercado de trabalho de Caruaru vem atravessando. Para se ter ideia, no intervalo do Dia do Trabalho de 2015 até este de 2016 foram fechados cerca de 4.400 postos de trabalho formais na Capital do Agreste. Infelizmente, por conta dessa crise, todos os setores econômicos da cidade vêm demitindo de forma significativa. Dentre os campeões de demissões neste primeiro semestre estão o comércio, com o fechamento de 686 postos, o setor de serviços, com 215 demissões, e a construção civil, com 184 postos eliminados”.
Em 2016, de acordo também com o estudo do MTE, pouco mais de 74 mil trabalhadores locais terão motivos para comemorar o 1º de Maio. Este número representa o montante total de profissionais que estão inseridos hoje no mercado formal da cidade. De cara, o volume citado pode até soar como positivo, mas ao ser tomado como parâmetro o quantitativo de trabalhadores que se encontrava em atividade no mesmo mercado e no mesmo período de 2015, a diminuição dos postos de emprego de um intervalo para outro correspondeu a 1,5%. Segundo especialistas, boa parte dessa mão-de-obra que deixou de ser utilizada, em sua maioria tem migrado para o mercado informal.
Quem vem observando com bastante freqüência tal prática tem sido o Sebrae de Caruaru.“Não contamos com dados oficiais a respeito do número de trabalhadores que vem operando atualmente no mercado informal de Caruaru. Porém, se tomarmos como padrão o volume de pessoas que tem se dirigido até a nossa unidade a procura de orientações e capacitações para investir no microempreendedorismo, realmente podemos afirmar que vem ocorrendo mesmo essa migração de um mercado para outro de forma considerável. Por necessidade, os desempregados do mercado formal têm procurado encontrar alternativas rentáveis para trabalharem em seus próprios negócios”, destacou a gerente regional do Sebrae, Débora Florêncio.
De acordo com o especialista em economia, Maurício Assuero, pelo menos hoje, as perspectivas para o Dia do Trabalho do próximo ano também não são nada otimistas. “Para se ter ideia, no último mês de março, a taxa de desemprego no país ficou na casa dos 10,2%. Acredito que se não houver boa vontade por parte do Governo Federal e do Congresso Nacional para resolver de uma vez por todas esses que entraves que vem afetando a nossa economia, não observaremos avanços a respeito da criação de empregos formais no Brasil e em Caruaru até o Dia do Trabalho de 2017. É claro que os trabalhadores devem comemorar a data em qualquer ano que seja, porém de uma forma maior, quando eles perceberem que os índices da nossa economia voltaram a crescer”, analisou.