Aliado de Lula e Dilma desde o tempo em que parte do empresariado ainda achava que o PT comia criancinhas, Abílio Diniz desembarcou. Em entrevistaao Estadão, o ex-dono do Pão de Açucar, hoje acionista do Carrefour, disse considerar “Dilma uma pessoa honesta e bem intencionada”. Mas avalia que o governo dela “não deu certo.”
“O país está andando para trás, perdendo emprego, receita e PIB”, disse Abílio. “Todo mundo sabe o que não dá certo. O Brasil tem uma nova chance. O Temer está num período de silêncio, mas as sinalizações que tem dado, têm sido boas. O PMDB tem o programa ‘Uma Ponte para o Futuro’, que é uma declaração de bons princípios e tem bons fundamentos. Minha esperança, é que vai ser muito melhor.”
Na contramão da média do empresariado, Abílio não bate na madeira quando questionado sobre a hipótese de o governo aumentar a carga tributária. Chega mesmo a defender a recriação da CPMF:
“Se a atividade econômica toda cresce, aumenta a receita. Enquanto não cresce, tem de aumentar imposto. E aí vão dizer: ‘De jeito nenhum! Não podem aumentar imposto.’ Isso é contra o país, é hipocrisia. Se não tem como (elevar a receita), tem de aumentar imposto. […] Tem de zerar esse déficit fiscal. Se for ter aumento de imposto, teria de ser de maneira transitória e por lei. Muita gente fala da CPMF como se fosse um palavrão. Palavrão é deixar a classe mais pobre sofrer, não gerar emprego, não ativar a economia. Isso, sim, é ruim para o país. Por que recomendo a CPMF? Porque é simples de implantar e arrecadar.”