Estudantes do curso de Jornalismo do Centro Universitário UniFavip Wyden estiveram, no sábado (17), na Aldeia Pedra D’água, no Território Indígena (TI) Xukuru do Ororubá, em Pesqueira, para acompanhar a abertura da 25ª Assembleia Xukuru do Ororubá, que este ano tem como tema: ‘Limolaygo Toype: Do passado violado ao presente criminalizado’. A atividade envolveu estudantes matriculados em duas disciplinas do curso de Jornalismo: ‘Introdução à Fotografia’ e ‘Fotojornalismo’. Que se deslocaram até Pesqueira buscando conhecer mais sobre o povo Xukuru do Ororubá, bem como suas tradições, cultura, arte e, claro, as lutas que travam para manter viva a sua própria história.
É isso que explica o professor Diogenes Barbosa, docente das duas disciplinas, que coordenou a participação dos estudantes e o desenvolvimento das atividades na aldeia. Ele reflete sobre a participação dos estudantes e o impacto de atividades como esta na formação dos alunos de Jornalismo do UniFavip.
“Durante a visita, pudemos acompanhar atividades que sequer podem ser registradas, por fotografia ou vídeo. Momentos que nos aproximam e nos ajudam a entender melhor sobre tradições as quais conhecemos muito pouco ou quase nada. Tenho certeza que, para a formação dos estudantes, a atividade foi muito importante”, analisa Diogenes.
O professor acrescenta que, para quase todos os alunos, foi a primeira visita ao povo Xukuru do Ororubá. “Apenas uma das nossas estudantes já havia participado da Assembleia e conhecia a dinâmica. Foi ela, inclusive, quem sugeriu a visita e, a partir da provocação feita por ela, que nos mobilizamos para estar em Pesqueira no sábado (17)”, complementa o professor Diogenes.
Trata-se da estudante Ana Beatriz Maciel, que cursa o primeiro período de Jornalismo no UniFavip. Ela é de Pesqueira, de descendência Xukuru, e viu na visita uma oportunidade de possibilitar a outras pessoas da turma conhecerem mais sobre o significado da Assembleia, realizada anualmente, neste mesmo período. “Participar da 25ª Assembleia Xukuru do Ororubá foi uma experiência profundamente significativa, não apenas por ser realizada em minha aldeia, mas por representar um reencontro com minhas raízes, minha cultura e minha espiritualidade”, destaca Ana Beatriz, apontando a importância desta vivência.
“Estar presente nesse momento coletivo de luta, memória e resistência me fortaleceu enquanto parte do povo Xukuru, reafirmando a importância da nossa identidade, do nosso território e da sabedoria ancestral que nos guia. Ver nossa gente reunida, renovou meu compromisso com a continuidade dessa história”, complementa Ana Beatriz.
Em outros casos, como o da estudante Adrya Vila Nova, foi a primeira vez no território Xukuru. “A visita foi, sem dúvidas, uma experiência fora do comum. Uma cultura forte, sagrada e colorida, que me surpreendia a cada momento. Sentir o chão tremer no momento em que os pés eram batidos na terra se somava com um canto em que não era preciso gritar para ser escutado”, relata.
*AUTORIDADES* – Os estudantes também puderam acompanhar os discursos de lideranças, inclusive de fora do território Xukuru do Ororubá. Entre eles, o da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, que representou o Governo Federal no evento; e o prefeito de Pesqueira, o Cacique Marcos Xukuru (Republicanos).
*SOBRE A ASSEMBLEIA* – A Assembleia Xukuru do Ororubá acontece todos os anos, entre os dias 17 e 20 de maio, em homenagem ao Cacique Chicão – assassinado em 20 de maio de 1998, em uma tentativa de silenciar os Xukuru que exigiam a demarcação de seus territórios. As atividades são uma demonstração de que eles permanecem lutando.