Por PEDRO AUGUSTO
Do Jornal VANGUARDA
A grande repercussão da aceitação na Câmara do projeto de lei nº 6.940, que trata da transferência da Feira da Sulanca do Centro para as margens da BR-104, não se limitou apenas à semana passada. Na primeira feira – manhã do último dia 3 – após a matéria ter sido aprovada em segunda votação, o assunto foi amplamente debatido entre os comerciantes que atuam no Parque 18 de Maio. Com o objetivo de coletar as suas opiniões, a equipe de reportagem do Jornal VANGUARDA esteve circulando por alguns setores do local no intervalo das 8h às 10h. Pelo menos no levantamento feito pelo semanário, a grande maioria dos entrevistados se mostrou contra a proposta.
“Primeiro, gostaria de deixar bem claro que não sou contra a transferência da feira. Agora, não posso ficar calado diante da falta de transparência conforme ocorreu o processo de aprovação do projeto. Mesmo com parecer negativo do jurídico da Câmara, grande parte dos vereadores votou a favor, o que me deixou bastante preocupado, até porque ainda estão faltando diversos pontos a serem esclarecidos. Até hoje não sei, por exemplo, quem terá prioridade para se instalar no novo local, os valores exatos dos bancos e como eles poderão ser adquiridos pelos pequenos feirantes. Na verdade, o que foi apresentado através desse projeto não vai atender de jeito nenhum a maioria”, criticou o feirante José Edílson. Ele possui bancos no antigo terreno da Fundac.
Ainda por lá, a reportagem do VANGUARDA ouviu o comerciante Reginaldo Silva, que não poupou críticas em relação à matéria. “Gostaria de saber da prefeitura se quem vai trabalhar na nova feira é Nino do Rap e os demais vereadores que votaram a favor. Isso porque, em nenhum momento, os feirantes foram ouvidos na elaboração do projeto. Esse grupinho que vem andando com ela e se diz representante da nossa categoria só está preocupado mesmo com os seus interesses. Estive presente na Câmara, na quinta-feira (30), quando ocorreu a segunda votação, e saí de lá enojado.”
Em contrapartida, o sulanqueiro José Carlos Santos, que opera no setor da Brasilit, fez questão de elogiar a aprovação do projeto. “Não vi nada demais na votação da semana passada. Todo mundo tem o direito de mudar de opinião e foi o que aconteceu com Nino da Rap. Na primeira, ele votou contra e na segunda, a favor. Esses feirantes que estão criticando têm o pensamento pequeno, porque ainda não enxergaram que, do jeito que está a Sulanca, irá acabar. Já escutei e vi várias entrevistas dos representantes da prefeitura sobre o assunto e, para mim, não restam dúvidas de que esse projeto irá beneficiar toda a categoria. Quem estiver insatisfeito que se mude para o Moda Center ou para o Parque das Feiras.”
O feirante Eronilson Pereira também se mostrou favorável à aceitação da matéria. “Acredito que já perdemos bastante tempo com essas polêmicas, porque o que importa mesmo é a sobrevivência da Feira da Sulanca. Trabalho nela há mais de 30 anos e já passou da hora de vê-la organizada. Se for para gastar dinheiro e ter um ponto fixo, não vejo problema. O que não pode acontecer mais é a Sulanca perder espaço para feiras menores. Agora, muita gente está criticando, mas depois que ela estiver funcionando num local mais adequado, elogio é o que não vai faltar”, disse. O Poder Executivo tem 30 dias para regulamentar a lei.