Os programas de fidelidade estão cada vez mais populares entre os turistas brasileiros – e já influenciam no modo como o consumidor realiza suas escolhas de compras. A analista contábil Fernanda Machado, de 32 anos, só abastece no posto que rende pontos, só paga com o cartão de crédito que acumula milhas e passou a assinar uma revista motivada pela pontuação que aquilo renderia para um de seus três programas de fidelidade.
A parceria de Fernanda é tão forte que ela já viajou para Salvador gastando R$ 600. Emitiu as passagens e reservou o hotel com os pontos que acumulou durante um ano inteiro. Pagou taxa de embarque, os 10% de serviço e algumas refeições e passeios que fez por lá. “As vantagens nem sempre são explícitas, mas um turista atento consegue economizar bastante se associando a esses programas”, disse.
Os principais programas deste tipo no Brasil, inicialmente projetados para resgate de passagem diretamente com as companhias aéreas, hoje reúnem um grande número de empresas parceiras, que vão de redes de farmácia a postos de gasolina e supermercados. De acordo com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o maior desejo de consumo dos brasileiros é viajar. E o principal desafio é driblar a falta de dinheiro.
A dica para conseguir mais bônus, segundo Bruna Milet, gerente executiva de marketing de um dos principais programas de fidelidade do país, é concentrar os gastos nas situações comuns do dia a dia, em empresas cadastradas do programa de fidelidade. Além disso, quem viaja por companhias internacionais geralmente pode transferir os pontos para programas parceiros no Brasil.
“Muita gente nem sabe que está acumulando e acaba deixando os pontos expirarem, em vez de trocar por passagens ou reservas de hotéis”, diz Bruna. Em geral, as empresas possuem três modelos de parcerias comerciais: acúmulo de pontos, resgate de prêmios e “coalizão”, no qual é possível tanto o acúmulo quanto o resgate de prêmios. O cliente, por sua vez, deve se cadastrar individualmente em cada empresa parceira para receber o benefício.
Em média, uma passagem aérea para um destino nacional custa cerca de 10 mil pontos ou milhas. Segundo uma grande administradora, cada milha equivale, a cerca de R$ 0,07 em gastos nas empresas parceiras, como postos de gasolina, por exemplo. Há também opções como pagar uma parte com dinheiro e uma parte com pontos, para reduzir o gasto na viagem. A estimativa das administradoras é que mil pontos sejam suficientes para abater 10% do valor da passagem.
Em uma grande rede internacional de hotéis, a parceria do programa de fidelidade com companhias aéreas permite também o uso dos pontos em “experiências exclusivas”, como visitas ao camarim e áreas VIPs de grandes shows, espetáculos e eventos esportivos. Na hospedagem, a rede oferece benefícios como tarifa com 50% de desconto, atendimento prioritário, upgrade de quarto, horários flexíveis de check in e check out, além de reserva antecipada.
“As inúmeras possibilidades oferecidas para a troca melhoram ainda mais a experiência de viagem dos clientes”, diz Emanuel Baudart, vice-presidente Global dessa rede de hotéis.
A troca de pontos por passagens e hospedagem segue a lógica parecida com a da compra tradicional: reservas com antecedência têm grande chance de saírem mais baratas, bem como a escolha de destinos na baixa temporada. Também é recomendado acompanhar o site dos programas de fidelidade e segui-los nas redes sociais, pois promoções relâmpago são frequentes.