Por WAGNER GIL
Do Jornal VANGUARDA
A semana foi de cautela para a deputada Raquel Lyra, que pretende ser candidata à Prefeitura de Caruaru pelo seu partido, o PSB. O problema é que está surgindo um impasse entre ela e a ex-deputada Laura Gomes, que tentam o comando da legenda no município, fato fundamental para organizar uma candidatura majoritária no pleito do próximo ano. A parlamentar e o seu pai, o ex-governador João Lyra Neto (PSB), já tiveram uma série de reuniões com lideranças do partido, entre elas com o governador Paulo Câmara (PSB).
Após o encontro com Câmara, o Diario de Pernambuco e o colunista político Inaldo Sampaio (Folha de Pernambuco) noticiaram que o governador já teria decidido entregar o comando do PSB na Capital do Agreste aos Lyra. Na semana passada, cogitou-se a possibilidade dos dois deixarem a legenda, em caso de uma negativa da direção estadual de garantir o nome de Raquel na sucessão municipal.
O presidente do PSDB, Antônio Moraes, e os senadores Aécio Neves e José Serra já teriam dado o aval para a ida dos dois para a legenda, caso João Lyra e Raquel não resolvessem o seu impasse dentro do ninho socialista.
Ao noticiar que Raquel teria o comando do partido, o Diario de Pernambuco disse ainda que o anúncio poderia ocorrer neste final de semana, provavelmente no domingo (13), quando ocorre uma Agenda 40 do PSB na Região Metropolitana. Segundo o periódico recifense, a deputada teria sido convidada pelo governador para participar do evento, embora suas bases eleitorais estejam no Interior. “Lá (RMR) não vamos discutir sucessão, apenas trabalho”, garantiu a deputada caruaruense que, na eleição de 2014, foi a terceira mais votada, com mais de 80 mil votos, quase 30 mil deles só em Caruaru.
O problema pela disputa do comando do diretório muni-cipal do PSB ocorre em várias cidades, como Petrolina e Olinda. No Sertão, a direção do partido foi passada para o deputado Miguel Coelho. Segundo fontes, o motivo de tirar o PSB das mãos do deputado Gonzaga Patriota teria sido densidade eleitoral, ou seja, o grupo Coelho, comandado pelo senador Fernando Bezerra Coelho, reelegeu ainda o deputado federal Fernando Bezerra Filho. Na Terra das Carrancas, o candidato deve ser Miguel Coelho.
Já em Olinda, o PSB tem o nome do advogado Antônio Campos, irmão do ex-governador Eduardo Campos. O problema lá é que a prefeitura está nas mãos do PCdoB, com Renildo Calheiros, que deve apoiar Luciana Santos, presidente nacional dos comunistas.
Nas reuniões que tiveram com a presidência do PSB estadual, João e Raquel cobraram o mesmo critério para Caruaru: densidade eleitoral. Nesse caso, Raquel foi eleita e Laura não conseguiu se reeleger e, hoje, atua como secretária-executiva no Governo do Estado. Além disso, a parlamentar foi a terceira mais votada, passando da casa dos 83 mil votos.
Nas entrevistas que concedeu nas principais emissoras de rádio da cidade, João Lyra garantiu que o nome de Raquel está na disputa, seja no PSB ou em outra legenda. “Esperamos que seja no PSB, mas, se não for, temos outras possibilidades”, afirmou o ex-governador de Pernambuco.
Além do PSDB, outras legendas abriram suas portas para Raquel ser candidata. “O momento não é de convite, mas Raquel e João Lyra são pessoas que têm muito o que dar a Caruaru, a Pernambuco e ao Brasil”, disse André de Paula, presidente do PSD. “Qualquer legenda teria orgulho de ter os dois em seus quadros”, completou o presidente do PSDB, Antônio Moraes.
Os órgãos de comunicação do Recife afirmam ainda que um dos problemas enfrentados pelo PSB na cidade é o fato do prefeito José Queiroz (PDT) ter sinalizado apoio ao atual vice-prefeito Jorge Gomes (PSB). Queiroz também teria dito que não vota de forma alguma em Raquel Lyra. Já João Lyra disse que espera construir a unidade da Frente Popular dentro do partido.
Apesar de nova, Raquel já tem uma larga experiência no poder público. Foi funcionária do Banco do Nordeste (advogada trainee), delegada da Polícia Federal e procuradora do Estado. Todos esses cargos foram conquistados através de concurso.
Raquel também foi convocada por Eduardo Campos para atuar no setor jurídico, logo quando ele foi eleito governador pela primeira vez, sendo chefe da Procuradoria, onde todos os projetos passavam por ela antes de chegar na Alepe.
Ela também foi secretária da Infância e Juventude, tendo, inclusive, de criar a estrutura da pasta, que não existia na gestão anterior. Atualmente, é presidente, pela segunda vez consecutiva, da Comissão de Legislação da Alepe, uma das mais importantes e que analisa todos os projetos que serão votados.
Raquel tem política em seu sangue. É neta do ex-prefeito de Caruaru (duas vezes), João Lyra Filho, que em 1959 criou, junto com Miguel Arraes, a primeira Frente Popular de Pernambuco. João Lyra Filho foi ainda deputado federal (uma vez) e deputado estadual (três vezes).
Outro nome de destaque na família Lyra é o do ex-ministro Fernando Lyra, eleito deputado estadual (uma vez) e sete vezes consecutivas deputado federal. Fernando foi um dos nomes mais influentes no Congresso Nacional nas décadas de 80 e 90, sendo uma das molas para a volta da democracia ao país e para a eleição de Tancredo Neves no Congresso Nacional.