João Lyra acompanha palestra de Sérgio Moro em São Paulo

 Wagner Gil
O juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato, que investiga e julga corrupção na Petrobrás, proferiu palestra na última quinta-feira, para 583 pessoas, o hotel Hyatt, em São Paulo. A platéia foi formada por lideranças empresariais de todo país. Bem-humorado, Sérgio Moro começou explicando que tem recebido muitos convites de palestras, mas aceitou o do LIDE por achar importante falar para a iniciativa privada. “Almoço-debate é bom porque se a palestra não é boa o almoço salva”.

O juiz que atua na Vara Federal do Paraná, falou sobre ‘Operação Mãos Limpas’, na Itália, que revelou um quadro de corrupção sistêmica. Na Itália, através das ‘Mãos Limpas’ que ocorreu no final dos aos 90, vários esquemas de corrupção envolvendo pagamento de propina por empresas privadas e desvios de recursos para o financiamento de campanhas políticas, foram descobertos. O juiz federal afirmou que ‘assim como na Lava-Jato, é uma oportunidade de mudança’. 

Moro pediu mudanças reais no âmbito da iniciativa privada e das instituições públicas, além de reformas no sistema de justiça criminal. Na sua opinião, o empresário pode contribuir com essa mudança. “O empresariado tem muita força para fazer as reformas das instituições e para dizer não no caso de cobrança de propina e, em caso de extorsão, deve levar as denúncias para as autoridades”, disse o juiz. “A corrupção chegou a um nível sistêmico”, afirmou o juiz.

Ele também falou em reforma no sistema jurídico e que se não houver mudanças, há um risco desses processos caiam no esquecimento. “Muitos deles (investigados) dizem simplesmente que o pagamento de propina era a regra do jogo. Em muitos casos não houve extorsão, apenas pagamento”, revelou. Indagado sobre delação de alguns acusados, o juiz disse que em muitos casos a corrupção ocorre em um “mundo de sombras” e só quem tem informações são os próprios criminosos. Na opinião dele, colaboração premiada é um desses métodos. Ele reforçou que ninguém foi ou será preso sem provas que demonstrem a veracidade das palavras do delator.
  
Bastante aplaudido, Moro se mostrou mais solto durante a palestra e não cansou em dizer que a sociedade civil tem um papel muito importante em cobrar as autoridades por mudanças. O ex-governador falou sobre à palestra. “O comportamento do juiz Moro nós faz acreditar que podemos construir uma sociedade brasileira diferente”, disse João Lyra.

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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