Por Magno Martins
Réu em cinco processos na Operação Lava Jato, que podem levá-lo à cadeia, o ex-presidente Lula (PT) andou cantando de galo, ontem, em Salvador. Num ato promovido pelo MST, avisou que será candidato ao Planalto. ”Se preparem, porque, se necessário, eu serei candidato à Presidência. Se eu for candidato, é para a gente ganhar as eleições desse País”, disse Lula, em tom arrogante, a uma plateia que usava bonés vermelhos com a inscrição ”Estamos com Lula”.
Lula defendeu, também, a antecipação das eleições para outubro deste ano e afirmou que o partido “não deve ter vergonha” de dizer que quer um novo pleito presidencial. Ele foi a Salvador para participar do 29º Encontro Estadual do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), no Parque de Exposições da Bahia, numa estratégia do PT de reaproximação dos movimentos sociais ligados ao partido. Parte dos dirigentes petistas defendia que Lula oficializasse sua pré-candidatura à presidência da República neste evento, o que não ocorreu.
Em discurso, Lula afirmou que “se necessário”, voltaria a disputar a presidência da República. E disse que está “pedindo a Deus” que apareçam outras pessoas para serem candidatas ao cargo. Mais cedo, no mesmo evento, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou que o partido ainda não tomou a decisão sobre uma eventual candidatura do ex-presidente, mas que ele é ”aspiração nacional”.
Durante o discurso, Lula era interrompido pelo público com o grito ”Brasil pra frente, Lula presidente”. O ex-presidente da República disse ainda que durante este ano vai andar pelo País para recuperar a imagem do PT e sua própria imagem. Ele voltou a afirmar que a legenda está sendo criminalizada pela mídia e pela Justiça. Lula defendeu que todos que queiram sair candidatos tenham esse direito.
”Se o Temer quer ser, ótimo, se o Serra quer ser, ótimo, se o Moro quer ser, ótimo, se os delegados querem ser, todo mudo que quer ser candidato tem direito, entre num partido e vá para as ruas”, afirmou. O ex-presidente fez um discurso defendendo que o País volte a crescer através de investimentos do governo.
”O único jeito de o País voltar a crescer é o Estado investir, pode mexer no compulsório, pode aumentar a dívida. A melhor forma de diminuir a dívida com proporção do PIB e fazer o PIB crescer”, afirmou. Lula destacou que o Brasil precisa fazer a reforma agrária e voltar a usar os bancos públicos para financiar a agricultura familiar, os pequenos empresários e os consumidores.
PROVOCANDO MORO– Na sua fala, Lula chegou a citar o seu principal desafeto, o juiz Sérgio Moro, incitando-o a ser candidato também. “Se o [José] Serra quer disputar, se o Aécio [Neves] quer, se o [juiz Sergio] Moro quer ser presidente, se os delegados querem, ótimo. Se ‘grampinho’ [ACM Neto] quer ser presidente, ótimo. Entre num partido e vá para a rua pedir voto. O que não pode é querer ser presidente dando golpe na base da canetada”, afirmou. Lula defendeu-se das suspeitas nos processos afirmando que, aos 71 anos, “não ia envergonhar a alma” da mãe.