O ex-presidente Lula está articulando com as diversas correntes internas e a cúpula do PT uma alteração na estrutura da direção partidária para que ele possa ser eleito presidente nacional da sigla. Para aceitar o cargo, Lula defende a criação de cinco vices-presidências regionais. Esses dirigentes o ajudariam a administrar os assuntos burocráticos da legenda. Essa é a solução proposta pelo ex-presidente para voltar a dirigir o partido que fundou no início da década de 1980 e, ao mesmo tempo, lançar-se candidato novamente à Presidência da República em 2018.
Com essa solução estatutária, Lula teria a ajuda de um vice-presidente que ficaria responsável pelo partido em cada região do país. A fórmula desejada pelo ex-presidente ainda será definida no 6º Congresso do PT, marcado para 7 de abril. No congresso partidário, serão eleitos o novo diretório nacional, a comissão executiva e o novo presidente nacional petista. Ele avalia que, com essa fórmula, terá mais tempo para cuidar da articulação política, em vez de ter de se dedicar à burocracia no comando da máquina partidária.
Consulta interna
O atual presidente do PT, Rui Falcão, lançou nesta segunda-feira (16) uma consulta aos militantes da legenda para saber se o nome de Lula ainda é o preferido dos petistas para concorrer novamente à Presidência da República. Falcão pretende lançar o nome do ex-presidente em abril e antecipar a campanha para que ele retorne ao cargo que ocupou de 2003 a 2010. Lula já avisou que viajará pelo país este ano para tentar se viabilizar como candidato.
Mas o ex-presidente enfrenta problemas na Justiça. Ele é réu em cinco processos originados pelas investigações das operações Lava Jato, Zelotes e Janus pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro, tráfico de influência, organização criminosa e tentativa de calar o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. As denúncias foram aceitas pelos juízes Sergio Moro, de Curitiba, e Vallysney de Souza Oliveira, de Brasília.
Lula não admite oficialmente que é candidato à presidência do partido ou ao Palácio do Planalto. Mas, nos eventos organizados pelo PT e pela CUT – central sindical ligada ao PT – ele tem feito discursos típicos de candidato à Presidência da República. Na última vez que esteve em Brasília, há cinco dias chegou a usar o bordão “até a vitória” ao discursar no encontro nacional de trabalhadores em educação.