Por TAUAN SATURNINO
Da Folha de Pernambuco
A ex-ministra do Meio Ambiente e candidata à Presidência da República em 2014, Marina Silva (PSB), conversou, ontem, com a reportagem da Folha de Pernambuco e falou sobre a lacuna deixada pelo ex-governador Eduardo Campos (PSB) – morto em acidente aéreo em 13 de agosto do ano passado – no cenário político atual. Marina Silva foi a vice na chapa presidencial de Eduardo Campos. Entretanto, com o falecimento inesperado do ex-governador ela assumiu seu lugar na disputa, tendo como vice o deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS). Naquele ano, Marina Silva ficou em terceiro lugar, no primeiro turno, e apoiou, na sequência, o senador Aécio Neves (PSDB) no segundo turno da disputa presidencial.
“Ele (Eduardo) era um interlocutor respeitado pelos principais líderes políticos do País e tinha uma enorme capacidade de diálogo, como demonstrou no Governo de Pernambuco. Se estivesse vivo, certamente estaria conversando muito, viajando por todo o País, defendendo as propostas que considerava corretas e que compõem o programa que ele defendeu na campanha. Penso que aquele programa ainda é atual e o Eduardo certamente permaneceria comprometido com ele”, afirmou.
Ao comentar sobre os prognósticos que Eduardo Campos fez, no ano passado, sobre a crise econômica e a defesa da reformulação do pacto federativo, Marina Silva foi enfática. “Os prefeitos e governadores não desejam fazer figuração nas propagandas do governo e da oposição”. Ela também ressaltou a independência que Eduardo tinha em relação às forças políticas antagônicas no cenário nacional, capitaneadas pelo PT e PSDB.
“Precisamos, cada vez mais, de lideranças que constituam uma força independente e que não tenham um alinhamento automático e cego como situação ou como oposição. E essas lideranças devem também ter lucidez para dialogar e colocar a democracia em primeiro lugar. Ele (Campos) era assim. Eduardo falava da crise como uma situação adversa que poderia ser evitada, poupando os inúmeros prejuízos que a sociedade está sofrendo com a perda de milhares de empregos, a destruição da indústria e o aumento de preço dos alimentos e da energia. Há governadores e prefeitos que sentem diretamente os efeitos da crise e não concordam em serem chamados apenas para fazer figuração na propaganda do governo ou da oposição, eles querem resolver os problemas e sabem que é necessário debater sobre o pacto federativo, sobre a reforma tributária, a divisão de recursos e de responsabilidades nos níveis municipal, estadual e federal, ou seja, questões práticas e de conteúdo”, concluiu.