A culinária nordestina é conhecidíssima pelo seu sabor inconfundível e irresistível. Sempre que alguém prova um prato típico desta região delicia o paladar. É amor à primeira vista! Mas tem uma iguaria que sem dúvida é uma das mais queridas pelas pessoas: o cuscuz, chamado carinhosamente de “amarelinho”, e ele é responsável por alimentar diariamente milhares de pessoas.
Em Caruaru não poderia ser diferente e o povo adora comer cuscuz com charque, bode, galinha e o que mais tiver de mistura. E ontem, em pleno domingo, 14 de junho, uma verdadeira multidão foi em caminhada até o Alto do Moura para degustar a mais famosa das comidas de milho. De acordo com informações da organização do evento e da Polícia Militar, mais de 70 mil pessoas estiveram na caminhada do cuscuz este ano. O prefeito José Queiroz foi conferir de perto o evento.
Ao todo, mais de 800 quilos de cuscuz e 400 quilos de salsicha alimentaram a massa forrozeira que veio de diversos estados do Nordeste e de cidades vizinhas para prestigiar o evento que há 22 anos arrasta os amantes do forró e da culinária regional para o Alto do Moura. Da avenida Leão Dourado até o berço das artes figurativas, a animação ficou por conta da Banda Asas da América e de atrações regionais.
Ainda de acordo com informações da PM, a caminhada do cuscuz foi sossegada. “Encerramos pontualmente às 17h a caminhada do cuscuz. Podemos dizer que o evento foi sucesso de público e as estratégias de segurança funcionaram bem. Fechamos o evento com zero ocorrência”, pontua o capitão da Polícia Militar, Farias Junior.
“O trabalho em equipe deu certo. Estamos discutindo a caminhada do forró há um bom tempo. Nossa ideia enquanto poder público, assim como a do organizador, é promover um evento bonito e seguro. Que bom que este ano conseguimos alcançar o objetivo maior de proporcionar às pessoas uma festa boa de curtir. O balanço é positivo”, explicou a presidente da Fundação de Cultura e Turismo, Lucia Lima.
Concomitante à caminhada do cuscuz, o Alto do Moura funcionava a todo vapor. O polo teve apresentação a partir das 10h. Barra Mansa e Caetano da Ingazeira deram as boas-vindas aos visitantes que chegavam. Ainda teve Delmiro Barros, Forró Cigano e Cheiro de Sanfona. Durante todo o dia, o palhoção esteve lotado.
O Maior Centro de Artes Figurativas das Américas encantou ainda pela força da multiculturalidade. Quem queria ver arte do barro, encontrava produtos e ateliês. Os que preferiam um bom forró pé-de-serra, também foi possível se deparar com grupos formados por triangueiro, sanfoneiro e zabumbeiro. Mas pensa que ficou por aí? Um som bem peculiar se destacava dos outros: os tiros de bacamarte eram ouvidos de longe. A concentração dos batalhões ficou no terraço da Casa Museu Mestre Vitalino e chamou a atenção dos turistas.
“Caruaru é uma sopa cultural. Para onde olhamos tem uma pontinha de cultura. Como fico feliz em poder estar nesta terra tão fértil”, comentou feliz da vida o visitante de Olinda que pela 4ª vez prestigia os festejos juninos da capital do Agreste, Ronildo Firmino.
O Batalhão 41, lá de Cajazeiras, na zona rural de Caruaru, desde 1851 faz um espetáculo danado de bom de ser testemunhado. E para eles, a cultura do bacamarte tem que ser preservada e disseminada. Seu Severino José da Silva tem 47 anos e desde os sete é bacamarteiro. “Enquanto eu for vivo, não deixarei nossa tradição morrer”, destacou.
Para onde se olhava tinha gente dançando e curtindo a programação do Alto do Moura. Teve até improviso de camarote. A turma animada aproveitou a laje de casa para montar um espaço privilegiado, e de lá, acompanhou tudo. Allan Kardec mora no Pinheirópolis, mas todo ano organiza uma turma e vai para a casa do pai, no Alto do Moura.