O PSDB quer desestabilizar Meirelles

 O Globo

O PMDB já matou a charada tucana. Desvendou a estratégia de seus dirigentes. Sabem o que o aliado quer. Identificaram seu método de ação. Sabem os reais motivos dos ataques a Henrique Meirelles. Os peemedebistas estão em estado de alerta e resumem (abaixo) os objetivos dos companheiros de viagem. E, buscando preservar do tiroteio o presidente interino, Michel Temer, seu presidente, o senador Romero Jucá, é incansável ao repetir: “A única certeza para 2018 é que o Temer não será candidato”. Ah, bom!

O PSDB pensa na sua sorte nas eleições presidenciais de 2018 ao deflagar um ataque especulativo contra o ministro Henrique Meirelles (Fazenda). Os tucanos o acusam de estar fazendo concessões para garantir sua candidatura ao Planalto. Com isso, questionam a condução do ministro para vencer a crise na economia. Escalado como uma âncora do governo Temer junto ao mercado, o PSDB está entregue a ação deletéria de desconstruir a imagem e a capacidade de Meirelles de cortar gastos, propiciar a estabilidade e colocar o Brasil no rumo do crescimento.

Ao mesmo tempo em que vão para cima de Meirelles, inclusive com críticas públicas, os tucanos poupam e afagam o presidente interino, Michel Temer, mesmo que pelo poder a ele conferido é quem decide em última instância. O PSDB não ataca Temer, porque isso os obrigaria a um rompimento com o PMDB e a perda de seus cargos no Ministério e nos escalões inferiores. Eles também não reconhecem que é frágil a sustentação política do governo devido a pulverização partidária no Congresso.

Acusam o governo Temer de fazer concessões, mas votam a favor dos recuos. O PSDB também omite o apoio dos governadores do partido, beneficiários, por exemplo, da renegociação da dívida dos estados. O governador Geraldo Alckmin terá uma folga de caixa a dois anos das eleições para sucedê-lo. Mas os parlamentares, tucanos e paulistas, vociferam contra a frouxidão de Meirelles. Primeiro pressiona por concessões, depois o critica por ter feito as concessões reclamadas.

Aliás, como se pode ver, é fácil acusar os aliados ocupando uma posição confortável, recebendo benesses e sem responsabilidade alguma. Os tucanos, com bancadas de 54 deputados (um décimo da Câmara dos Deputados) e 11 senadores (um oitavo do Senado), sabem que não são capazes de deter nada que seja nocivo ao país, muito menos abrir caminho para qualquer medida que for positiva.

Diante disso, abdica de sua tarefa de tentar ganhar o conjunto do Congresso e joga a tarefa nas costas do PMDB. Querem, por exemplo, que o PMDB se comprometa a apoiar a candidatura do seu líder, Antonio Imbassahy, para a presidência da Câmara. Os tucanos atacam Meirelles, hostilizam o PMDB (também era assim no governo Fernando Henrique) e pressionam Temer. Os acusam de recuar e de não cumprir a tarefa pela qual foram colocados no poder, como enfrentar milhões de aposentados e eleitores.

Para os tucanos a vida é simples e cristalina. Se o governo Temer der errado, será a despeito de seus alertas. Se der certo, será devido à sua orientação. Para os tucanos, está escrito nas estrelas: o PSDB será o principal beneficiário se o governo Temer der certo ou se der errado. Para eles, a política são como o sol, a lua e as nuvens paralisadas no céu e ao dispor de seus desejos e vontades. Está tudo amarrado ao destino. Eureca!!

Natural do Rio de Janeiro, é jornalista formado pela Favip. Desde 1990 é repórter do Jornal VANGUARDA, onde atua na editoria de política. Já foi correspondente do Jornal do Commercio, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo e Portal Terra.

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