Por ELAINE VILAR*
Nascido como um dia de luta dos trabalhadores, o 1º de Maio foi inicialmente proposto pela segunda Internacional Socialista, reunida em 1889 na cidade de Paris, para homenagear as lutas sindicais ocorridas nas ruas de Chicago, em 1886, pela redução da jornada de trabalho de 10 para 8 horas diárias. Os primeiros de maio dos anos seguintes se destacaram devido a manifestações trabalhistas convocadas por correntes e partidos comunistas em diversos países.
Em 1891, uma dessas manifestações, no norte da França, foi marcada pela morte de dez manifestantes como consequência da forte repressão policial ao evento. O fato fez com que a Internacional Comunista de Bruxelas adotasse a data como dia internacional de reivindicação de condições de trabalho.
Em 1919, o Senado francês ratificou o dia de 8 horas de trabalho e, para inibir as manifestações “comunistas”, proclamou o dia 1º de Maio como feriado. No ano seguinte, a União Soviética transformou o dia em feriado nacional e diversos outros países lhe seguem o exemplo.
Da história e significado original da data, pouco tem se mantido nos últimos anos. Na contemporaneidade nacional, assistimos centrais sindicais que promovem verdadeiros eventos de “Pão e Circo”, com show de bandas e artistas com cachês bem distanciado do salário dos trabalhadores, premiações e sorteios que nada fazem lembrar as bandeiras e reivindicações ou sacrifícios dos homenageados.
Chegamos ao ponto de nos perguntar: comemorar o que no primeiro de maio? Dia do Trabalho? Dia do Trabalhador? A data deveria nos lembrar que tantos direitos, hoje aparentemente banais, estão na mira das letras aniquiladoras de emendas e projetos de lei, a fim de atender interesses que nem se dão mais ao trabalho de se dizerem ocultos, uma vez que guardam seus espaços legais de poder e decisão nas bancadas da Câmara e do Senado Federal, pública e publicitariamente divulgados como um trunfo.
Mas se a memória falha ou se deixa corromper, a história não abre mão de suas sínteses trágicas e episódios irônicos. Episódio como o vivenciado pelos professores do Paraná parece querer reacender nossa memória e alertar-nos para o significado original de lutas que não podem ser relegadas às regiões mais obscuras e profundas da memória, pois os ataques contra diretos de toda natureza não cessam.
A truculência do Governo do Paraná contra os trabalhadores da educação demonstra aterradoramente a necessidade de nos manter alerta a certas ressignificações ou, pelo menos, de reavivarmos o significado histórico desta e de outras datas.
*Elaine Vilar é jornalista e servidora do Tribunal de Justiça de Pernambuco