Por Thamiris Barbosa
É comum ver escolas com turmas especiais para alunos, digamos, mais avançados e com uma possibilidade maior de rendimento. Uma instituição bem colocada é ideal para chamar atenção dos pais que querem dar uma educação decente para os filhos. O problema é quando essa necessidade de atrair novos “clientes” é maior do que a ética na educação.
Em tudo existe ética. Trabalho, amor, convivência e na educação não seria diferente. Para você, existe ética em separar os chamados alunos top’s em uma falsa unidade de ensino para alcançar um nível elevado no ranking do Enem? Meio confuso isso.
Algumas escolas da Região Metropolitana do Recife, apesar de serem consideradas grandes referências em ensino, possuem apenas uma unidade escolar. Porém, para a montagem dessa classificação, os gestores criam uma unidade fictícia da escola que alcança um lugar maior no final.
Ora, numa escola onde apenas alunos diferenciados estudam e todos eles são “treinados” para tirar notas altas, a disputa por um lugar maior na colocação acaba sendo injusta. A divisão, além de não ser ética, é motivo de chacota entre clientes – sim, clientes, já que isso não passa de uma jogada de marketing para atrair mais dinheiro. Novamente surge o questionamento: quando um ranking é maior que a ética?
Isso é apenas um exemplo básico que acontece no Recife, mas o problema é muito maior, é nacional. As explicações – para não chamar de desculpas – são as mais estranhas. Uma delas, de uma escola do Rio de Janeiro, é de que as turmas especiais são feitas de alunos que vieram de escolas de programas de apoio. O que chamou atenção foi a falta de necessidade dessa separação elitista.
É comum a prática de divisão de turmas especiais no 3º ano, mas subiu a cabeça o fato de conseguir chamar atenção dos pais e da mídia na hora de divulgar essas colocações. Além disso, existe o problema do investimento. Se meu filho não faz parte dessa turma especial e eu pago o mesmo que os pais de um aluno de turma diferenciada, por que o meu filho não pode ter a mesma atenção? Aulas especialmente programadas para um primeiro lugar no curso de medicina do vestibular, testes e acompanhamento psicológico com um “q” a mais de atenção. Tudo isso pesa. No final das contas, a ética ficou esquecida no Ensino Fundamental.
Thamiris Barbosa é Jornalista