Nós estamos vivendo um momento em que as cidades estão se transformando rapidinho, não é? Surgem novas praças, parques e edifícios com aquele ar todo sustentável. Mas será que tudo isso é o que parece? É fácil a gente se encantar com a ideia de cidades mais verdes e limpas, mas é importante a gente ter um olhar crítico para não cair em ciladas.
A moda agora é o tal do “greenwashing”, é tipo uma maquiagem verde que algumas empresas e governos usam para parecerem mais sustentáveis do que realmente são. Um exemplo clássico é aquele prédio todo de vidro com um jardimzinho no telhado, mas que consome uma tonelada de energia. Ou aquela praça linda que foi construída em cima de um mangue, sabe?
O greenwashing é um grande obstáculo para o avanço real da sustentabilidade, pois desvia o foco de ações realmente eficazes e passa a falsa impressão de que há progresso. Combater essa prática é fundamental para garantir que governos e empresas adotem comportamentos mais transparentes, responsáveis e que de fato ajudem a preservar o meio ambiente e a qualidade de vida.
Nos últimos anos, tem sido cada vez mais comum vermos cidades anunciando grandes obras com promessas de sustentabilidade. Ciclovias, parques lineares, prédios verdes, telhados vivos… tudo isso soa incrível, certo? Mas é importante parar e pensar: essas iniciativas realmente melhoram a vida das pessoas e do meio ambiente, ou são apenas uma forma de “parecer sustentável” sem resolver os problemas de verdade?
A infraestrutura verde quando bem-feita tem um enorme potencial para transformar cidades. Ela pode melhorar a qualidade do ar, ajudar a combater os riscos de enchentes, reduzir o calor e até criar espaços para a convivência das pessoas, e até aumentar o valor dos imóveis. No entanto, nem sempre o que parece bom na teoria funciona tão bem na prática. Muitas vezes, esses projetos acabam servindo mais como uma “vitrine ecológica” do que como uma solução real para os desafios urbanos. Um exemplo clássico é quando uma área verde é criada enquanto, em outra parte da cidade, o desmatamento ou a especulação imobiliária avançam sem controle.
Isso não quer dizer que obras verdes sejam sempre falsas promessas. Quando bem planejadas e, principalmente, acompanhadas de políticas públicas sérias, elas podem fazer uma diferença enorme. Mas isso exige compromisso real dos gestores públicos, com transparência, fiscalização e a garantia de que esses projetos beneficiem todos, e não apenas uma pequena parte da população. Não adianta plantar árvores no centro enquanto bairros periféricos seguem sem saneamento básico ou com pouca arborização.
A palavra da vez deve ser equilíbrio. Sustentabilidade verdadeira não é só colocar uma fachada verde em um prédio moderno ou instalar placas solares para ganhar aplausos. É pensar na cidade como um todo: nas pessoas, nos espaços, na natureza e no futuro. É usar os recursos de maneira inteligente e garantir que as mudanças sejam duradouras e inclusivas.
No fim das contas, a pergunta que devemos nos fazer diante de cada “grande obra sustentável” é: isso está realmente melhorando a cidade ou apenas criando uma imagem mais bonita para os gestores e empresas? Quando olhamos com atenção e cobramos mais responsabilidade, podemos transformar essas iniciativas em algo genuíno, capaz de deixar um legado positivo para as próximas gerações.
É claro que a gente precisa de mais áreas verdes nas cidades, mas é preciso ter cuidado para não confundir cosmética com sustentabilidade de verdade. Uma cidade de verdade precisa ter um planejamento urbano que leve em conta a natureza, os recursos naturais e a qualidade de vida das pessoas, por isso faz-se necessário que as pessoas estejam atentas e questionar tudo. Afinal, o futuro das nossas cidades está nas nossas mãos.
Marcelo Augusto Rodrigues, é advogado especialista em direito ambiental e urbanístico, ex-Secretário de Meio Ambiente do Recife, e sócio proprietário do escritório de advocacia Marcelo Rodrigues Advogados. Estudante de Botânica.