O Blog do Wagner Gil reproduz, neste sábado (28), entrevista concedida pelo deputado federal Wolney Queiroz (PDT) ao Jornal VANGUARDA. Na conversa, ele fala sobre a “saia justa” que vai passar nas eleições deste ano, quando votará em Paulo Câmara (PSB) para governador, enquanto que a sua sigla vai para o palanque de Armando Monteiro (PTB). O parlamentar também diz acreditar que, para ser eleito, terá que obter, no mínimo, 85 mil votos. Leia a seguir:
Jornal VANGUARDA – Como o senhor avalia essa “queda de braço” entre a direção nacional com o PDT de Pernambuco em relação ao apoio à candidatura de Paulo Câmara?
Wolney Queiroz – Na verdade, ainda não entendi as razões que levaram o presidente Carlos Lupi a fazer essa intervenção em Pernambuco. Ele contrariou a vontade da esmagadora maioria do partido e, a cada vez que era perguntado, alegava uma razão diferente para fazê-lo. Os critérios foram obscuros.
JV – É verdade que 95% do partido no Estado quer caminhar com a Frente Popular?
WQ – Sim. Além disso, posso afirmar que os nomes que têm liderança e voto no partido estão todos com Paulo Câmara e Fernando Bezerra Coelho.
JV – Com o apoio a Armando, vocês ficarão numa “saia justa”?
WQ – Não posso negar que cria um certo desconforto, afinal não poderei produzir material de propaganda e impressos com os meus candidatos a governador e presidente. Também não poderei pedir votos para eles no rádio e na TV.
JV – Exceto por esses fatores, a campanha será tocada normalmente. O senhor concorda que o PDT fechado com Armando, sua reeleição será mais fácil?
WQ – Não concordo e também nunca fiz essa conta. Mas pelas limitações impostas, às quais me referi antes, a campanha será diferente de todas as outras que disputei. Ela terá contornos um pouco mais difíceis.
JV – Nos seus cálculos, quantos votos serão necessários para eleger um deputado federal na Frente Popular e na coligação “Pernambuco Vai Mais Longe”?
WQ – Nas duas coligações, o último a ser eleito deverá ter cerca de 85 mil votos.
JV – Como o senhor avaliou a última pesquisa para governador?
WQ – Não há campanha nas ruas e não há interesse do eleitor com as eleições, portanto não há como medir isso agora. Os indicadores só serão confiáveis a partir do início de agosto. Pelo tempo de estrada de Armando e pelo chamado “recall” da eleição de senador, é natural que ele esteja muito à frente nessas primeiras pesquisas. Paulo Câmara é absolutamente desconhecido do eleitor e muitos acham que Armando é apoiado por Eduardo Campos. Veja que confusão.
JV – Como o senhor avalia o quadro da Frente Popular estar tão amplo em Caruaru, incluindo aí a presença de adversários históricos no mesmo palanque? Me refiro a Miriam Lacerda e Tony Gel, que agora fazem parte da Frente Popular. Isso pode mexer com a cabeça do eleitorado em Caruaru?
WQ – Olha, isso pode mexer na cabeça do eleitor deles. No nosso, nada mudará. Estamos onde sempre estivemos, do mesmo lado, com o mesmo discurso.
JV – Na eleição passada, o senhor foi apoiado pelos três candidatos da Frente Popular. Este ano, como serão seus apoios em Caruaru?
WQ – Para este ano, já contamos com os apoios do vereador Demóstenes, da deputada Laura Gomes e do Pastor Carlos. Para mim será importante receber o apoio também da deputada Raquel Lyra. E não vejo motivos para que isso não ocorra. Ainda que o apoio de João Lyra e Raquel tenha nos faltado na eleição de 2012 – quando enfrentamos e vencemos o grupo de Tony Gel – não vejo problema em estarmos juntos este ano.
JV – Mas o apoio do PDT a Armando não poderia dificultar a aliança com o grupo Lyra?
WQ – Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Nosso grupo vota e apóia publicamente Paulo Câmara e Fernando Bezerra. A prova de que isso não interfere é a própria Raquel, que é votada pelo prefeito de São Caetano, Dr. Neves, que é do PTB e apóia Armando Monteiro. Nem por isso Raquel desprezou o apoio dele.
JV – Como o senhor avalia a volta dos dez vereadores envolvidos nas Operações Ponto Final I e II? O prefeito terá mais dificuldades em aprovar os projetos?
WQ – Nunca dei uma palavra sobre esse assunto, mas é evidente que o prefeito José Queiroz terá mais dificuldades na Câmara. E quem deve estar preocupado com isso não é só ele, mas sim todo cidadão caruaruense. Afinal, quando um projeto importante para a cidade for derrotado, quem perderá será a cidade e não José Queiroz.
JV – O senhor é contra ou a favor da CPI da Petrobras?
WQ – Eu assinei em favor da CPI da Petrobras. O PDT decidiu que todos os seus deputados deveriam assiná-la.
JV – Como o senhor avalia o governo de Dilma?
WQ – Não seria possível fazer uma análise em profundidade num espaço tão pequeno, mas em relação aos meus pleitos, não tenho do que reclamar. Tenho conseguido trazer muita coisa do Governo Federal para Caruaru nesses últimos quatro anos. Dilma esteve aqui duas vezes, a meu convite. Uma como candidata e outra como presidenta, portanto não posso dizer que não houve atenção dela comigo e com a cidade. Um ponto negativo tem sido a concentração de recursos em poder da União. Isso tem dificultado a vida dos prefeitos de todo Brasil. Escuto isso de gente de todos os estados da Federação.
JV – E o governo Eduardo Campos?
WQ – Um governo excelente. Avançou em todas as áreas e teve sensibilidade para construir uma “paz política” que nunca foi vista em Pernambuco.
JV – E o de João Lyra?
WQ – Temos menos de três meses de governo. Vamos aguardar mais um pouco.
JV – Qual a sua avaliação do governo de José Queiroz?
WQ – A administração do prefeito José Queiroz será melhor compreendida no futuro. Ele é um gestor experiente, sério e que dedica sua vida a Caruaru. Duvido que haja outro político que ame tanto a cidade como ele. A cidade está mais bonita, mais bem cuidada. A saúde tem novos equipamentos e não faltam médicos nas unidades. Tudo isso foi construído com a participação da prefeitura. O governo inova com políticas para a mulher e no quesito “participação social” somos pioneiros. As políticas sociais desenvolvidas pela prefeitura são de um alcance extraordinário e pouco conhecida pelos chamados formadores de opinião. Para ficar apenas nesses exemplos, mas teria dezenas de páginas para preencher com as realizações dessa gestão. Agora, Caruaru é uma cidade exigente e quer sempre mais. Além disso, é uma cidade muito politizada e qualquer assunto tende a virar polêmica. O que vai ficar para o futuro, como legado dessa gestão, é o conjunto de obras, ações e programas que mais uma vez mudaram a face da cidade e da zona rural.
JV – O prefeito tem dito que o senhor é o deputado que mais trouxe recursos para a cidade. O senhor tem ideia desse montante?
WQ – Eu costumo dizer que Pernambuco tem 25 deputados federais, mas Caruaru tem um deputado federal só dela. Como grande parte da minha votação foi obtida em Caruaru, posso dedicar a quase totalidade do tempo do meu mandato às questões e projetos daqui. Posso garantir que o volume de dinheiro que eu consegui para Caruaru é algo inédito e dificilmente será repetido por qualquer outro deputado. Foram recursos para quase todas as áreas, principalmente para infraestrutura urbana. Estou fazendo um levantamento detalhado para apresentar durante a campanha, mas acredito que nesses oito anos já destinei e viabilizei mais 300 milhões de reais para Caruaru. Se somarmos a isso os valores que serão trazidos pelos empréstimos do BNDES, o montante ultrapassará 500 milhões de reais.
JV – E a verba para asfaltar a zona rural? Esse projeto terá início ainda este ano ou o senhor está sofrendo retaliações pelo apoio a Eduardo Campos?
WQ – Essas coisas são demoradas mesmo. Há um rito que precisa ser cumprido. É uma burocracia enorme. Espero que as obras comecem antes das eleições, mas se isso não acontecer, não tem problema. O que realmente importa é fazer, é tornar esse projeto realidade e isso vai acontecer.