Por WAGNER GIL
Do Jornal VANGUARDA
O ex-governador João Lyra Neto (PSB) deu entrevista, na última sexta-feira (7), à Rádio Cultura e, como não poderia deixar de ser, dois temas predominaram a conversa, que teve o comando dos jornalistas César Lucena e Risoni Santos: a mudança da Feira da Sulanca e a sucessão municipal. Também foram debatidos outros assuntos, entre eles as crises política e econômica que assolam o país. O político admitiu que a atual situação do Brasil é uma das piores da história e disse que ficou surpreso, negativamente, com os resultados da Operação Lava Jato. “Quando imaginávamos ver tanta gente importante envolvida em corrupção presa, a exemplo do maior empresário do país, Marcelo Odebrecht?”, indagou.
Com duas horas e dez minutos de duração, boa parte do programa foi dedicada à mudança da Feira da Sulanca. Foram 40 minutos só no primeiro bloco tratando sobre este assunto. Depois, ele ainda falou a respeito do tema, respondendo perguntas de ouvintes e internautas. Na opinião de João Lyra, o projeto é “equivocado porque a prefeitura não participa do processo”. “A prefeitura tem de assumir sua responsabilidade. De quem é esse projeto? Quem faz parte do condomínio que ainda vai ser criado? Quantas pessoas vão fazer parte do condomínio? Quanto vai custar? São muitas indagações e responsabilidades que precisam ser respondidas”, argumentou.
Segundo Lyra, todo processo tem de ser tocado pela PMC. “Você pode até discutir o modelo, se é PPP (parceria público-privada) ou não. Mas uma coisa é certa: a prefeitura não pode repassar sua responsabilidade”, completou o ex-governador. Ele disse ainda que todos os setores da feira e da economia precisam ser contemplados e ouvidos. Como exemplo, citou a transferência da Feira de Caruaru do Centro para o Parque 18 de Maio quando foi prefeito pela primeira vez.
“Naquela época, a transferência começou com o prefeito José Queiroz, que pavimentou o Parque 18 de Maio. Depois, eu construí a ponte que liga o parque. Também ergui o açougue e o Mercado de Farinha, com dezenas de lojas ao lado. Criamos várias lanchonetes, mas, para isso, foram realizadas mais de 60 reuniões e eu participei de todas elas.”
SUCESSÃO MUNICIPAL
Outro tema que dominou a entrevista foi a sucessão municipal. Com alguns nomes sendo cogitados, entre eles o da deputada estadual Raquel Lyra (PSB), o do senador Douglas Cintra (PTB) e o do deputado e ex-prefeito Tony Gel (PMDB), além do casal Laura e Jorge Gomes (PSB), Lyra descartou a possibilidade de tentar um novo mandato. “Tenho saudades da Prefeitura de Caruaru, mas acho que já dei minha contribuição. Não tenho interesse em disputar novamente a PMC. Vou trabalhar pela unidade da Frente Popular.”
Ele ressaltou que irá trabalhar para que o nome da deputada Raquel Lyra represente essa frente. “Ela tem de ser candidata, não por ser filha de João, mas por ser deputada estadual com dois mandatos e ex-secretária do governo de Eduardo Campos. Raquel tem de ser candidata pela sua capacidade. Mas repito que é preciso pensar primeiro num projeto e num novo modelo de gestão.”
Atualmente, João Lyra vem aparecendo nas pesquisas e enquetes de rádio com os maiores percentuais em relação aos demais possíveis adversários. Indagado sobre se esse favoritismo poderia lhe fazer mudar de ideia, ele foi direto: “Se eu tiver, por exemplo, 36% das intenções de voto, vou trabalhar para que esse eleitorado vote em Raquel.”
Durante sua entrevista, o ex-governador enfatizou as mudanças que deverão ocorrer no próximo pleito, como um novo modelo de gestão e mais participação popular. “Neste momento, é preciso ouvir mais o povo”, disse Lyra Neto.
Ele aproveitou o final da conversa para parabenizar o vereador José Aílton (PDT), que assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Rural. “Acredito que ele fará um bom trabalho na zona rural”. No lugar do pedetista na Casa Jornalista José Carlos Florêncio ficou Bruno Lambreta (PSD).